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Por 15 votos a 1, o Conselho de Ética da Câmara recomendou nesta quarta-feira, 28, ao plenário da Casa a cassação do mandato de Chiquinho Brazão. 

O deputado, atualmente sem partido, está preso sob a acusação de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O próximo passo é a análise da recomendação no plenário da Câmara.

O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle e de Anderson Gomes, detalhou como os irmãos Brazão, suspeitos de orquestrar o assassinato, supostamente corrompiam a Segurança Pública no Rio de Janeiro. Ele afirmou que a dupla transferia delegados que não agiam de acordo com seus interesses.

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00Muito bem, a gente continua aqui agora falando da imensa interseção, principalmente no Brasil, entre a política e a criminalidade.
00:08O assunto agora é o caso Marielle Franco. Por 15 votos a 1, o Conselho de Ética da Câmara recomendou ao plenário da Casa a cassação do mandato de Chiquinho Brasão.
00:16O deputado, atualmente sem partido, está preso sob a acusação de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes em março de 2018.
00:25A relatora do caso, Jack Rocha, do PT, defendeu a perda de mandato de Brasão por quebra de decoro parlamentar.
00:33Apenas o deputado Gutenberg Reis, do MDB, se posicionou contra a cassação. Já Paulo Magalhães, do PSD, se absteve de votar.
00:41Os que votaram pela cassação foram Jack Rocha, do PT, que é a relatora, o delegado Ramagem, do PL do Rio de Janeiro, aliás, o candidato à prefeitura do Jair Bolsonaro, no Rio,
00:54Domingos Sávio, do PL de Minas Gerais, Gustavo Gayer, do PL de Goiânia, Marcos Polon, do PL do Mato Grosso do Sul,
01:01José Hildo Ramos, do PT da Bahia, Gilmar Tato, do PT de São Paulo, o delegado Fábio Costa, do PP de Alagoas,
01:07Júlio Arco Verde, PP de Piauí, Albuquerque, do Republicanos de Roraima, Márcio Marinho, Republicanos da Bahia,
01:14Rafael Simões, União Brasil de Minas Gerais, José Nildo, do PDT do Amapá, Bruno Gannen, Podemos de São Paulo,
01:21Chico Alencar, do PSOL, do Rio de Janeiro, está aí na tela, cada voto registrado para a gente identificar quem é quem.
01:28A recomendação vai ser analisada pelo plenário da Câmara dos Deputados e é necessário o aval de 257 dos 513 deputados
01:36para que Brasão efetivamente perca o mandato.
01:39A defesa do deputado ainda pode recorrer à CCJ, Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
01:45Caso, finalmente, avançando o grebe. Os indícios são cada vez mais provas robustas do envolvimento, da ordem dos irmãos Brasão nesse crime.
01:57Exato. E o que chama a atenção, né, Felipe, é o único voto contrário à recomendação de cassação.
02:06É, o deputado Gutenberg Reis é de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e ele não deu nenhuma declaração, não explicou por que votou contra,
02:18não estava na Câmara, aparentemente estava participando de uma carreata ou de uma caminhada eleitoral lá no estado dele, né.
02:28E, agora, é um cara também envolvido em histórias nebulosas, algumas delas ligadas à criminalidade.
02:43Apareceu em depoimento de policiais militares que tenham participado do assassinato de um advogado no começo desse ano.
02:49Já foi alvo de... O carro dele já foi alvo de tiros no Rio de Janeiro.
02:58Ele e os irmãos, que também são políticos, parecem envolvidos numa história de loteamento irregular lá em Duque de Caxias.
03:09Loteamento irregular era um dos negócios dos irmãos Brasão, né.
03:14Teria sido o grande motivo da irritação deles com a Marielle Franco, do ódio deles à Marielle Franco.
03:22Ela estaria interferindo, ela e o partido estariam interferindo na tentativa dos Brasão de, enfim,
03:30negociar uma área ali na área de influência deles, na região de influência deles.
03:35Então, o Gutenberg Reis é um personagem esquisito no Rio de Janeiro também.
03:40Ah, ele também foi indiciado por participar da trama lá de falsificação de cartões de vacina.
03:46Exatamente.
03:47No Rio de Janeiro.
03:48Então...
03:49Aquela do grupo do Bolsonaro.
03:51Do grupo do Bolsonaro.
03:52Ele e mais 16 pessoas foram indiciadas nesse caso.
03:55Exato.
03:57Então, o único que resolveu, segundo todos os indícios, ficar do lado errado da história.
04:06Exatamente.
04:08E o ex-policial Rony Lessa, assassino confesso de Marielle Franco e de Anderson Gomes,
04:12detalhou como os irmãos Brasão, suspeitos de orquestrar o assassinato,
04:17supostamente corrompiam a segurança pública no Rio de Janeiro.
04:20Em depoimento à Polícia Civil Fluminense, na terça-feira, 27,
04:23Rony Lessa afirmou que Domingos e Chiquinho Brasão transferiam delegados
04:27que não agiam de acordo com seus interesses.
04:29Esse é um método bastante frequente.
04:32Não é limitado aos irmãos Brasão, não.
04:35A gente já viu notícias como essa no próprio noticiário político.
04:40Outro dia nós estávamos comentando aqui de delegado que cai para cima,
04:44tem um relatório que não é do jeito que o sistema quer,
04:47depois o relatório é reescrito.
04:49Agora, a gente está aí vendo o depoimento de um assassino, confesso,
04:54de um matador de aluguel,
04:56que está mostrando os métodos com os quais líderes de facções criminosas
05:02agem para estancar a sangria, literalmente, para usar aquela expressão do Romero Jucá,
05:10para queimar inquéritos.
05:12Enfim, a gente vai detalhar isso para vocês.
05:14Abra o aspas.
05:15Porque a corrupção está em todas as esferas, pô.
05:17Então, simplesmente, o delegado não quer fazer o que eles querem?
05:20Tira ele, pô.
05:21É assim que funciona.
05:23Parece, né?
05:24Fora essas expressões mais chulas,
05:26aquilo que eu estava comentando outro dia,
05:29num caso analisado no Papo Antagonista.
05:31Eles mesmos botam e tiram o delegado de onde quiserem.
05:35Seria influência política, mas acho que eles precisavam exatamente disso.
05:38A gente está lidando com a cúpula, tá?
05:40Fecha o aspas.
05:41O ex-policial também afirmou que a digitalização de inquéritos
05:45dificultou o processo de acobertamento,
05:48já que antes criminosos queimavam documentos para apagar rastros.
05:52Então, literalmente, botavam os inquéritos debaixo do braço,
05:54acendia lá o fogo e pronto, tudo virava cinza.
05:58Aspas para o Rony Lessa.
05:59Antes era pegar inquérito, jogar debaixo do braço, jogar gasolina e tacar fogo.
06:03Era por aí, funcionava.
06:04Então, sumiam instantes inteiras de processos.
06:07Isso quando era físico.
06:08Então, depois que digitalizou, a coisa ficou um pouco mais difícil.
06:12O que eles fazem hoje?
06:13Eles podem tentar manipular o processo.
06:15O inquérito manipula, desvia para outro foco, por aí.
06:18Fecha o aspas.
06:20Eu já ouvi vários desses relatos de fontes policiais no Rio de Janeiro,
06:24de quando as investigações atingem os tubarões,
06:27seja da política, do crime organizado, da contravenção.
06:30Os inquéritos passam a assumir as forças-tarefas,
06:34elas passam a ser desmanchadas.
06:36Você bota numa gaveta, bota num armário, você troca o chefe da investigação.
06:42Tem esses procedimentos, lamentavelmente, comuns,
06:47que mostram o grau de interferência política e criminosa.
06:51Porque política é até uma maneira generosa de se falar
06:54em determinadas corporações que deveriam zelar pelo interesse público.
06:58Grae.
06:58É, Felipe, foi exatamente essa espécie de desvio do foco da investigação
07:06que aconteceu no caso Marielle.
07:09Já estava digitalizado, eles não podiam simplesmente botar fogo no inquérito,
07:14mas o delegado que estava ali no topo da hierarquia...
07:18Barbaldo Barbosa.
07:19Exatamente.
07:21Tratou de pôr a investigação numa pista falsa, numa pista errada.
07:30Eu volto a dizer, a política brasileira é bichada há muito tempo.
07:39Os sistemas todos são horrorosos.
07:46Dificilmente trabalham em favor do cidadão.
07:50São sistemas políticos frustrantes,
07:54que puxam a vida das pessoas para baixo,
07:58que impedem o país de ir para frente, um monte de coisas ruins.
08:02Mas eu ainda acho que a gente precisa traçar algumas linhas,
08:11algumas fronteiras,
08:13mesmo separando um certo tipo de coisa ruim de outro tipo de coisa ruim.
08:20Quando a gente está falando da infestação de uma política
08:27que já é criminosa em muitos sentidos,
08:31por facções que assassinam,
08:35que fazem tráfico de armas, de drogas,
08:38a gente está se afundando ainda mais no inferno.
08:45Não estou de jeito nenhum
08:48passando a mão, passando pano
08:52para político que desvia dinheiro público,
08:55que usa dinheiro de emenda
08:58para asfaltar a estrada que leva para a sua propriedade.
09:03Não é disso que eu estou falando.
09:06Eu estou dizendo que ainda é pior piorar.
09:10Há países que são muito mais violentos do que o Brasil
09:14porque se tornaram presas do crime organizado nesse sentido.
09:20Estou falando de México, estou falando do Haiti.
09:22Países falidos completamente,
09:26onde não dá nem para sair na rua.
09:28Então a gente está vendo esse movimento ser ensaiado no Brasil,
09:34no Rio de Janeiro,
09:35já está bichado, como a gente pode ver aí,
09:39e é preciso ficar atento.
09:40É preciso ficar atento,
09:42porque a ameaça se espalha.
09:45Não é só no Rio que isso está acontecendo.
09:47Aliás, já que você citou o delegado Rivaldo Barbosa,
09:50tem trechos sobre ele no depoimento do Rony Lessa também,
09:54e ele citou três apelidos do delegado Rivaldo Barbosa.
09:57O mais usado era Topa,
10:00porque, segundo o Rony Lessa,
10:02o Rivaldo topava tudo por dinheiro.
10:05Os outros apelidos eram Tio Patinhas,
10:07o personagem conhecido por nadar em dinheiro,
10:10naquela piscina de moedas,
10:12e Silvio Santos, lamentavelmente colocado nessa história.
10:16O Silvio que morreu em 17 de agosto,
10:18aos 93 anos, dono do SBT,
10:21que construiu o império e distribuía dinheiro
10:23em programas de auditório.
10:25Mas, obviamente, o Silvio Santos fazia essa distribuição
10:28num programa de entretenimento,
10:30e ali se associava o nome dele
10:32a esse Topa Tudo por Dinheiro,
10:33porque era um quadro lá do Silvio Santos,
10:37e se associava o Rivaldo
10:39a uma versão ilícita dessa distribuição.
10:42Então, tinha esses três apelidos,
10:44mas o principal era o Topa.
10:47Então, é nesse nível que estava a Polícia Civil
10:51do estado do Rio de Janeiro,
10:52e Lessa fala que a Polícia Militar
10:54não é muito diferente, não.
10:55Tomara que as coisas melhorem daqui para frente.

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