A 'matemágica' de Toffoli

O Antagonista

O ministro Dias Toffoli, do STF, parece estar competindo com seu padrinho Lula para ver quem fala mais barbaridades nesta semana.   Na quinta-feira, 20, durante o julgamento sobre porte de maconha, Toffoli fez um generoso cálculo que rendeu 100 milhões de votos para ele e seus colegas de Supremo.  Isso ocorreu enquanto ele argumentava que o STF deveria tratar de um assunto que seu colega André Mendonça, por exemplo, destacou que seria de competência do Congresso.   Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:  Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:   https://bit.ly/planosdeassinatura   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.    https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.   Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Muito bem, falando nisso, o ministro Dias Toffoli do STF

00:03parece estar competindo com seu padrinho Lula

00:06para ver quem fala mais barbaridade nessa semana.

00:09Na quinta-feira, durante o julgamento sobre porte de maconha,

00:12Toffoli fez um generoso cálculo que rendeu 100 milhões de votos

00:17para ele e seus colegas de Supremo.

00:21O que é engraçado é que os outros ficaram olhando assim

00:24e pensaram, devo interromper, né?

00:26Porque no fundo ele está defendendo a gente,

00:28mas ele está defendendo de uma mania tão aloprada.

00:31Não, é melhor deixar o estagiário falar,

00:33é que ele tem esse apelido lá em Brasília, o estagiário.

00:36Isso ocorreu enquanto Toffoli argumentava que o STF

00:39deveria tratar de um assunto que seu colega André Mendonça,

00:42por exemplo, destacou que seria de competência do Congresso.

00:45Só para lembrar, nós tratamos disso ontem,

00:47aliás, viralizou o corte sobre esse trecho.

00:51O André Mendonça diz que estamos passando por cima do legislador.

00:57Ele usou a figura do legislador para representar o Congresso Nacional Poder Legislativo.

01:02Porque ele entende que as definições sobre o caso da maconha

01:05devem ser feitas por aqueles que legislam,

01:07não pelo Supremo Tribunal Federal.

01:11Mas o Toffoli não votou a favor da descriminalização.

01:16Ele só estava divergindo do André Mendonça

01:19em relação à autoridade do Supremo para julgar o caso.

01:22Mas ele divergiu do Barroso no mérito.

01:26Então, o Barroso está ali votando pela descriminalização,

01:29o Toffoli não.

01:30Apesar da confusão que foi o voto do Toffoli,

01:33que precisou de arqueólogos,

01:36precisou ali de gente para decifrar aquilo tudo.

01:41Indiana Jones ali para entender exatamente o que o Toffoli estava dizendo.

01:45Muita gente até de esquerda nas redes sociais estava atacando o Toffoli,

01:48dizendo assim, prepararam o voto, o assessor preparou um voto a favor

01:53e no final ele botou uma coisa contra.

01:57Então, esse é o Toffoli que começou a fazer a matemágica.

02:01Para citar uma expressão do nosso Rodrigo Oliveira,

02:03o Toffoli é o matemágico do dia.

02:05Vamos ver o cálculo dele.

02:07Pode soltar.

02:08Então, a mim não me incomoda o fato de nós estarmos deliberando sobre algo

02:15na medida em que há um clamor da sociedade e há um comando constitucional.

02:25Evidentemente que por isso nós somos um colegiado também.

02:29Nós somos um colegiado porque são as visões diferentes

02:33que vão chegar a um resultado e a voz da sociedade aqui se faz presente.

02:39Aqui nós temos pessoas indicadas por presidentes da República de direita,

02:46de esquerda, de centro, de centro-direita, de centro-esquerda,

02:51aprovados todos pelo Senado da República.

02:54Todos.

02:55Ou seja, passando por crivos, se somar os votos dos presidentes da República

03:00que receberam e foram eleitos,

03:03aos votos dos senadores que nos aprovaram,

03:08todos aqui estamos legitimados em cerca de 100 milhões de votos.

03:14Não há que se falar que aqui não há legitimidade popular.

03:19Nós temos autoridade popular com base na Constituição e com base na nossa indicação.

03:33É isso.

03:34O nosso produtor Vitor Martins está comentando aqui,

03:37porque a gente se diverte durante o programa também.

03:40Ele comentou, um ótimo comentário,

03:42do direito freestyle para matemática freestyle.

03:45Dias Toffoli, ele vai de uma área a outra sempre voando, não é mesmo?

03:52Olha só, em primeiro lugar, a gente tem que explicar até por que a gente ironiza tanto.

03:58Tem coisa que as pessoas entendem que tem uma barbaridade ali,

04:01mas precisa ir no detalhe.

04:03Que nem o Duda Teixeira ontem,

04:04da deputada bolsonarista caçada por causa da harmonização facial,

04:08ele foi descrever o processo da harmonização.

04:11Onde ela mexeu? Nas olheiras? Aqui?

04:14Então, olha só, quando você vai votar,

04:18acontece, em algumas eleições,

04:21você, sozinho, um indivíduo,

04:24votar para presidente e para senador.

04:29O mesmo indivíduo vota tanto para presidente quanto para senador.

04:34O Toffoli, não sei se vocês notaram,

04:36ele soma os votos, quer dizer, os eleitores do presidente,

04:41com os eleitores do senador para chegar a 100 milhões de votos.

04:47Cada um deles.

04:48Que nem os presidentes da República têm.

04:52Porque o presidente é eleito com 50 e poucos milhões de votos,

04:55geralmente, no Brasil.

04:57O Brasil tem 200 milhões de habitantes,

04:59nem todos são eleitores que vão votar.

05:01Você tem gente fora da idade para votar,

05:04gente, enfim, que acaba não votando.

05:06Você tem uma série de limitações.

05:08Tem gente que se abstém, que vota nulo, que vota branco, etc.

05:14Então, você fica aquela divisão e tal.

05:16Em geral, o presidente é eleito com 50 e poucos milhões de votos.

05:21E o senador é votado pela mesma pessoa que votou para presidente.

05:26Ele soma tudo e fala,

05:27nós estamos aqui com 100 milhões de votos.

05:30É o matemático Toffoli.

05:32E você viu as pausas, né?

05:34De...

05:35Como é que é que ele fala?

05:37A medida...

05:39Aí parece a gente, quando acontece algum problema aqui,

05:42cai a luz, etc.

05:43Não acontece mais.

05:44Agora está tudo certo.

05:45Foi só um mau contato aqui, meu mesmo,

05:49com o controle remoto.

05:51Dá aquela pausa.

05:52Porque o raciocínio...

05:54O raciocínio se perdeu.

05:56Se perdeu e tal.

05:57E ele tem que voltar.

05:58E aí ele fala aquela frase, Grepe.

06:00Só para fazer aqui a exegese.

06:02Ele fala assim, a voz da sociedade está representada nessa casa.

06:08E aí como é que ele faz esse outro cálculo?

06:10Aqui tem pessoas indicadas por presidentes de esquerda, de centro, de direita, etc.

06:16Mas aí ele não conta.

06:18Quer dizer, ali tem mais pessoas indicadas por presidentes de esquerda.

06:23Pelos governos do PT.

06:24Isso também ele não diz.

06:26Então, assim, é indicação política.

06:29Não é voto direto do eleitor.

06:32O presidente, quando indica, já foi eleito.

06:35E ele indica a partir de critérios que a gente geralmente critica.

06:40No caso do Lula e de vários outros.

06:43Pela blindagem pessoal.

06:44Diga, Grepe.

06:45E você observou, Felipe, que na hora que ele está fazendo essa descrição do plenário,

06:51tem gente esquerda, de centro-direita, etc.

06:53Ele está fazendo um elogio do colegiado.

06:57O Toffoli fazendo um elogio do colegiado.

07:01É outra coisa.

07:02É maravilhoso.

07:04É inacreditável.

07:06É outra coisa inacreditável.

07:09Porque ele hoje é o magistrado, o ministro,

07:14que mais tem usado do poder de destruição que um ministro tem.

07:22Ele sozinho destruiu quase toda a Lava Jato, do ponto de vista jurídico.

07:29Ou seja, ele é o que tem mais recorrido a decisões monocráticas.

07:33Monocráticas.

07:33Que são as decisões individuais.

07:36E ele está exaltando o colegiado.

07:38Quer dizer, a quantidade de hipocrisia, de malabarismo e de ignorância misturada com isso aí,

07:47numa só fala, num trecho tão curto, realmente, olha, Toffoli merece o troféu.

07:55Cadê o troféu óleo de peroba?

07:56A gente tem que recuperar.

07:57Esse elogio do colegiado foi, realmente, mereceu.

08:11E esse cálculo maluco que ele fez é desespero, Felipe.

08:16É desespero porque ele sabe e ele sente que a legitimidade da corte foi para o Beleléu nos últimos tempos.

08:28Por causa das atitudes dos ministros.

08:35Para usar as proporções do Lula, vamos dizer que foi 80% por causa das atitudes dos ministros.

08:4220%, não sei por quê.

08:44Suponho que tem alguma outra causa.

08:45Os matemáticos.

08:47É, os matemáticos.

08:47Maravilhoso.

08:49Mas, enfim, ele sabe que a legitimidade foi para o Beleléu.

08:55E daí ele recorre a esse argumento maluco, desconjuntado, delirante,

09:03para dizer que sim, nós temos legitimidade.

09:07Não é assim, Toffoli.

09:09Toffoli.

09:10Não é assim que você vai recobrar aquilo que se perdeu no STF.

09:16Não é assim que você gostou de fazer.

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