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O ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão preventiva de Luís Carlos de Carvalho Fonseca, réu do 8 de janeiro, em função da fuga para o exterior de condenados por envolvimento na invasão às sedes dos Três Poderes.

Na decisão, obtida por O Antagonista, Moraes citou o "fundado receio de fuga do réu" para autorizar substituição das medidas cautelares impostas pela prisão preventiva para "garantia efetiva da aplicação da lei penal".

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00O ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão preventiva de Luiz Carlos de Carvalho
00:04Fonseca, réu dos atos de 8 de janeiro de 2023, em função da fuga para o exterior
00:10de outros réus, condenados por envolvimento na invasão às sedes dos três poderes.
00:16Na decisão obtida por um antagonista, Moraes citou o fundado receio de fuga do réu para
00:22autorizar substituição das medidas cautelares impostas pela prisão preventiva para garantia
00:27efetiva da aplicação da lei penal.
00:31Se você não entendeu, você vai entender agora, abre aspas, produção, joga a decisão
00:35na tela e a gente explica em seguida.
00:37O término do julgamento do mérito da presente ação penal e o fundado receio de fuga do réu.
00:44Agora, atenção, como vem ocorrendo reiteradamente em situações análogas nas condenações referentes
00:53ao dia 8 de 1 de 2023, e aí cita ali os casos numericamente, dando os indicadores,
01:02autorizam a substituição das medidas cautelares diversas da prisão, impostas em 20 de janeiro,
01:10pela prisão preventiva, para garantia efetiva da aplicação da lei penal e da decisão condenatória
01:17deste Supremo Tribunal Federal.
01:20Fecho aspas.
01:22Então, se vocês não entenderam, é o seguinte, saiu matéria na imprensa dizendo que vários
01:28réus do 8.1 estavam fugindo do Brasil.
01:32Alguns estavam quebrando tornozeleira eletrônica, etc.
01:35Acontece o seguinte, a prisão preventiva tem como pré-requisito alguns itens, como risco
01:43de fuga, risco de destruição de prova, de coação de testemunha, ordem pública, etc.
01:51Só que o risco de fuga, geralmente, ele é apontado a partir de uma individualização de
01:57conduta, a partir de indícios, a partir de possibilidades envolvendo aquele indivíduo.
02:02Se você determinar que há um risco de fuga de um indivíduo, porque outros que cometeram
02:12crimes semelhantes ou, eventualmente, estão acusados pelo mesmo crime, eles estão fugindo,
02:22gera, evidentemente, todo um debate jurídico e críticas de diversas pessoas especializadas.
02:29Pelo menos 10 condenados ou investigados por envolvimento no 8 de janeiro conseguiram
02:34fugir do Brasil após quebrarem as tornozeleiras eletrônicas que usavam por determinação do
02:38STF, segundo o UOL.
02:40Deltan Dallagnol afirmou em suas redes sociais que a decisão de Moraes é indefensável e
02:45questionou onde estão os garantistas, que são aqueles advogados, não necessariamente
02:51advogados, né?
02:52Há outras pessoas aí que se institulam garantistas no debate público, que nem sequer exercem
02:56a profissão, que são aqueles que dizem que defendem as prerrogativas do cidadão, do
03:04acusado, etc.
03:06Ou seja, muitas vezes o garantismo é uma expressão acadêmica utilizada para cobertar
03:14o conchavo, para cobertar a blindagem.
03:17Já escrevi, aliás, artigos sobre isso, era quando eu era colunista do Estadão, chama
03:22a ideologia da conveniência, para quem quiser se aprofundar nesse tempo.
03:25Então, abro aspas aqui para o Deltan.
03:27Isso aqui é inacreditável em uma longa série de decisões inacreditáveis.
03:31A Constituição prevê que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas agora o ministro
03:36Moraes está decretando prisão preventiva porque outras, e aí ele coloca em maiúsculas,
03:41pessoas fugiram.
03:42É indefensável.
03:43Onde estão os garantistas?
03:45Fecho aspas.
03:46Quer dizer, nesse print aí vocês estão vendo que o Deltan apontou aquilo que eu estava
03:53explicando, que nenhuma pena passará da pessoa do condenado.
03:57Quer dizer, isso é o que está previsto na Constituição.
04:00Então, você se basear em outros para apontar um risco de fuga é algo, no mínimo, com muita
04:07generosidade, questionável.
04:09Aqui a gente não alivia.
04:11A gente vê que tem muita gente bolsonarista, alinhada ao bolsonarismo, que no debate público
04:15alivia os réus do 8.1, prega a anistia.
04:19Não, a gente acha que essas pessoas têm que ser julgadas e aquelas que são efetivamente
04:24responsáveis, que não são aquele inocente morador de rua que o Moraes manteve preso
04:28por 11 meses, que elas paguem pelos crimes cometidos.
04:33Acontece que a gente cobra do Poder Judiciário alguma coerência e, evidentemente, a fidelidade
04:40à legislação e não a uma corrente política ideológica que quer fazer discurso populista
04:46contra a outra ou a essa pose de defensor da democracia contra os antidemocráticos.
04:52Greve, o que você está achando?
04:55Acho que você e o Leuton já explicaram muito bem a situação.
04:59O tal do garantismo foi uma medida civilizatória, na época, lá no passado, em que você punia
05:09a família, os descendentes do acusado, que a culpa não se encapsulava na pessoa, que
05:21não existia essa ideia de que é preciso, em direito penal, individualizar de maneira
05:27absoluta às condutas.
05:30Então, o garantismo tem uma razão de ser.
05:35Agora, você vê que ele se transformou num discurso vazio no Brasil quando as pessoas
05:42que dizem defender este pensamento...
05:49Opa, tivemos uma intermitência com o Graeb, já vamos voltar.
05:54Já congelou a imagem do Graeb, estava aqui refletindo sobre essa decisão do Moraes.
06:01Fala, Graeb, agora sim.
06:02Voltei.
06:03Então, você vê que a ideia do garantismo virou lero-lero aqui no Brasil.
06:08Quando uma decisão como essa do Moraes, que, enfim, põe uma pessoa na cadeia porque os
06:17amigos dela fugiram, que se furta a fazer essa individualização das condutas, como você
06:25disse, ou que extrapola de algumas pessoas para outra uma punição...
06:34Não necessariamente amigas, né, Graeb?
06:37Perdão.
06:38Exatamente.
06:38Porque não eram todas as pessoas que se conheciam ali, muito menos que tivessem intimidade.
06:44Exatamente.
06:45Nem devem se...
06:46Na verdade, o mais provável é que nem se conhecessem.
06:48Os garantistas deveriam estar na rua, gritando, chamando uma passeata, para falar, opa, não,
06:57Moraes, não faça isso e tal.
07:00Boca Chiusa, como dizem os italianos.
07:03Ou boca de Siri, como a gente diz por aqui.
07:05Ninguém está abrindo a boca.
07:07O que não é aceitável.
07:09O que não é aceitável.
07:11Não pode.
07:11É uma decisão insustentável, né?
07:20Exatamente.
07:20Se fosse juiz de primeira instância que estivesse tomando esse tipo de decisão contra político
07:29de esquerda ou militante do MST, certamente os garantistas iam estar aí fazendo uma confusão
07:36no noticiário com todo o alinhamento, o endosso e a repercussão da claque alinhada a eles
07:45nas emissoras de TV.
07:47Então, aqui a gente dá o devido peso para as medidas e para as críticas que muitas vezes
07:55elas merecem em razão da incoerência do nosso ponto de vista de determinados julgadores.
08:02acontece que esses garantistas e os seus porta-vozes, eles não dão a devida dimensão
08:10a esses episódios.
08:12Eles só dão uma magnitude quando interessa a eles.
08:15Então, quem passa pelo noticiário de um veículo ou de determinadas emissoras, mas
08:21que são mais ou menos alinhadas, não tem exatamente o panorama completo.
08:27As pessoas que têm outras profissões, que não acompanham em minúcias o debate político,
08:32elas ficam com uma impressão errada e é importante assistir ao papo antagonista contra
08:38a manipulação para que ninguém se torne massa de manobra.

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