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Transcrição
00:00Muito bem, métodos de investigação esvaziados nos últimos anos durante a ofensiva contra a Lava Jato no STF
00:07têm sido resgatados pelo próprio Supremo e por outras instâncias do Judiciário
00:12em casos que miram Jair Bolsonaro e aliados do ex-presidente.
00:17Foi matéria na Folha de São Paulo, mas você que acompanha o Papo Antagonista já sabe disso há muito tempo.
00:23Eu fiz aqui editorial de abertura no caso de delação que revelou provas no episódio envolvendo Marielle Franco,
00:33foi assassinada, nós comentamos aqui no caso da delação de Mauro Cid
00:39e agora vamos relembrar para vocês a luz dessa reportagem de um jornal.
00:44Em maio desse ano, por exemplo, o ministro decano do STF, que é o mais antigo da corte, Gilmar Mendes,
00:49comparou a delação de pessoas presas à tortura.
00:51Vamos refrescar a memória de vocês com esse vídeo, que circulou bastante quando eu estava de férias.
00:57Então, solta aí.
00:58São páginas que envergonham a justiça.
01:01O que se fez em Curitiba, nessa chamada República de Curitiba com a Lava Jato,
01:06nós temos que, na verdade, fazer um escrutínio muito severo.
01:09Muito severo.
01:10Muito severo.
01:12Porque se trata de algo extremamente grave.
01:17Isso teria que ter um inquérito.
01:18igual a esse inquérito que nós tivemos aqui,
01:23para saber o que se passou.
01:25Porque as pessoas só eram soltas, ministro Fachin,
01:30liberadas depois de confessarem.
01:33E fazer acordo de lei.
01:34Isto é uma vergonha.
01:36E nós não podemos ter esse tipo de ônus.
01:40Coisa de pervertidos.
01:42Claramente se tratava de prática de tortura.
01:49Usando o poder do Estado.
01:50É disso que se trata.
01:51Isto é uma vergonha.
01:54E eu acho que o CJF deveria investigar.
01:57A despeito deles terem deixado já as funções.
02:00Porque se trata de corrigir,
02:02para que isso não mais se repita.
02:04É isso, Gilmar Mendes.
02:07Como é que ele faz com as sobrancelhas, Greve?
02:08Fala aqui, vai.
02:10Faz um...
02:12Tem um bico também ali, né?
02:15Isso é uma vergonha.
02:17Tem gente que ouve isso,
02:19que assiste a essa cena,
02:21e acha que esse tipo de posição
02:25vai ser aplicado independentemente dos personagens,
02:29independentemente da investigação.
02:32Mas não.
02:33Você não está assistindo ao Papo Antagonista.
02:35Você está assistindo ao ministro do STF, Gilmar Mendes.
02:38Que agora tem defendido a atuação do Alexandre de Moraes.
02:42Que manteve o tenente-coronel Mauro Cidio
02:44detido por cerca de quatro meses.
02:46E determinou a soltura do ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro.
02:49após homologar a colaboração premiada
02:53fechada com o APF.
02:56Então, quer dizer, Gilmar Mendes era contra.
02:59Chamava de coisa de pervertidos.
03:01Você manter o sujeito preso e soltar
03:04quando ele fecha um acordo de colaboração premiada.
03:08Mas isso era no caso da Lava Jato.
03:10Porque a Lava Jato incomodou muito o sistema.
03:13Esse sistema tão protegido em tribunais superiores.
03:17Agora, em relação a golpismo do maior rival do atual presidente da República,
03:24que indica os apaniguados, afiliados, aliados, amigos de muitos ministros.
03:31Agora, curiosamente, coincidentemente, a posição muda.
03:37A reportagem da Folha menciona outras ações que foram retomadas,
03:40como as prisões preventivas alongadas.
03:43Também já foi pauta aqui no programa.
03:45O jornal cita o caso de Jorge Naime,
03:47ex-chefe do Departamento Operacional da PM do Distrito Federal,
03:51detido por determinação de Moraes desde fevereiro.
03:55Suspeito de omissão no 8 de janeiro,
03:57Naime não foi julgado até hoje.
04:00Outro caso citado é o do ex-ministro general Braga Neto,
04:03que foi vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022
04:06e teve sigilo telemático quebrado
04:09pela Justiça Federal do Rio de Janeiro recentemente.
04:12A medida ocorreu no âmbito de uma investigação da PF
04:15que mira supostas irregularidades na compra de coletes balísticos em 2018,
04:21quando Braga Neto era interventor do governo federal
04:23na Segurança Pública do Rio.
04:25Os advogados de Bolsonaro e seus aliados
04:27têm dito que, por ações como essas,
04:30têm como premissa o mesmo método do qual era acusada a Lava Jato,
04:34o Fishing Expedition.
04:36Nesses casos, o judiciário determina uma medida investigativa
04:39para apurar uma situação específica,
04:41mas acaba procurando provas ligadas a outros casos.
04:46Lembrando que isso era uma acusação feita
04:48por aqueles que até hoje se voltam contra a Lava Jato,
04:53contra, portanto, a força-tarefa.
04:55Quer dizer que, em todos os casos, isso realmente acontecia.
05:01Só que agora está acontecendo.
05:03Mas não importa no raciocínio dos líderes do sistema,
05:09como a gente muitas vezes denomina,
05:12não importa exatamente o que se faz,
05:16o que se fala,
05:18mas quem faz, quem fala.
05:20Outro ponto citado na reportagem da Folha
05:22é que Moraes tornou-se relator
05:24de quase todas as apurações contra bolsonaristas,
05:27que têm sido criticados pelo ex-presidente e seus aliados.
05:31Não só pelo ex-presidente e pelos seus aliados,
05:33mas por todos aqueles que cobram,
05:36pelo menos, alguma coerência do Supremo
05:39em relação àquilo que os seus ministros dizem
05:42e em relação àquilo que eles fazem.
05:45Anos atrás, quando era juiz,
05:47Sérgio Moro foi atacado por ter ficado com boa parte
05:50dos casos de corrupção na Petrobras.
05:53Greve, quais são as suas impressões gerais
05:55sobre esse duplo padrão, essa indignação seletiva?
05:58Filipe, a gente vem observando,
06:01como você bem disse, já há algum tempo.
06:04Eu também escrevi aqui no site
06:06que o Supremo, o Brasil,
06:10estava abrindo mão de toda a lógica de combate à corrupção,
06:13que tinha começado, todo o ferramental,
06:16toda a lógica de processo penal,
06:18que tinha começado a se formar ali
06:19na época do Mensalão,
06:21começo da década passada,
06:24o Supremo resolveu rasgar tudo isso,
06:26jogar tudo no lixo,
06:27botar para baixo do tapete,
06:29dar uma cambalhota
06:31e começar a ver as ações penais
06:36de um outro jeito.
06:37A gente sabe quando foi que isso começou,
06:41mais ou menos.
06:43Foi mais ou menos na mesma época
06:45em que a Cruzé, por sinal,
06:48acusou, acusou não,
06:51revelou que o ministro Dias Toffoli
06:54era mencionado nos casos da...
06:57nos papéis da Odebrecht.
06:59Foi acusado, na verdade, a revista,
07:01de mentir e não tinha
07:03nenhuma informação falsa.
07:05Quer dizer, havia o e-mail,
07:07todos, hoje em dia,
07:09temos acesso ao documento original
07:11do Marcelo Dias Toffoli
07:13para dois executivos da empreiteira
07:15se referindo a Dias Toffoli
07:16como amigo do amigo do meu pai.
07:18Depois, os advogados explicaram
07:20que o amigo do amigo do meu pai
07:22era o Dias Toffoli
07:22e o Marcelo Dias Toffoli,
07:23em depoimento filmado,
07:25também explicou.
07:26Quer dizer, foi absolutamente desmoralizada
07:28aquela medida determinada pelo Moraes
07:31em camaradagem com quem abriu
07:34o inquérito de ofício, Dias Toffoli.
07:35Então, a primeira palavra que eu usei
07:37foi indevida.
07:39A cruzinha não acusou ninguém de nada.
07:41Ela revelou a existência de um documento
07:45que fazia parte de uma investigação
07:47e, como disse o Felipe,
07:48esse documento depois se mostrou
07:49absolutamente fidedigno e tudo mais.
07:53Então, o Supremo começou a mudar
07:55a sua atitude em relação ao combate
07:57à corrupção naquela época
07:58e vinha fazendo isso.
08:01Continua fazendo isso
08:03em tudo que tem a ver com a Lava Jato.
08:05Mas, em tudo que tem a ver
08:06com o combate aos aloprados do 8 de janeiro,
08:13a velha lógica de combate voltou.
08:17Então, olha aí.
08:18Gente presa desde fevereiro.
08:21Estamos entrando em outubro.
08:23São sete, oito meses de prisão preventiva.
08:26Sem julgamento.
08:27E uma coisa importante para notar, Felipe,
08:29é que os presos da Lava Jato
08:33sempre tiveram acesso ao Supremo
08:37por meio de habeas corpus,
08:39dezenas, centenas de habeas corpus.
08:42Eles nunca foram proibidos
08:44de recorrer a todos os meios possíveis
08:47de proteção dentro do nosso sistema judiciário.
08:52E, inúmeras vezes,
08:53o Supremo Tribunal Federal
08:56relaxou as prisões preventivas
08:58e, em inúmeros outros casos,
09:00manteve as prisões.
09:02Então, não é que esses acusados da Lava Jato
09:07tenham ficado presos
09:10sem o conhecimento do STF
09:12e sem decisões dos ministros do STF,
09:17que por muito tempo,
09:18por muito tempo,
09:20consideraram absolutamente legítimo
09:23que eles permanecessem presos.
09:24E teve até o habeas corpus preventivo
09:28pedido pela defesa do Lula,
09:30que foi negado por maioria
09:32no Supremo Tribunal Federal.
09:34Ou seja,
09:35foi negado o pedido
09:37para que o Lula não pudesse ser preso.
09:40Então, na prática,
09:41o STF autorizou
09:43que o Lula fosse preso.
09:45E isso aconteceu.
09:47Aí, depois,
09:48vai toda uma campanha midiática
09:49baseada num produto
09:51sem autenticidade conferida pela PF,
09:54muito pelo contrário.
09:56Você tem o laudo da Polícia Federal
09:58apontando a não autenticidade
10:02daquele material.
10:04Então, você teve material ilícito
10:07obtido por meios criminosos,
10:09que originou toda uma campanha midiática,
10:12principalmente no campo da esquerda,
10:15para tentar desqualificar
10:17toda a operação
10:19e fingir
10:20que tudo aquilo
10:21tinha sido inventado
10:22por pessoas demoníacas,
10:24que, no fundo,
10:24tinham um projeto de poder político.
10:26E aí,
10:27mudando os ares da política
10:29e contando com a popularidade
10:32que o Lula ainda mantém
10:33em determinados setores da sociedade,
10:35eles acabaram mudando
10:37determinadas posições.
10:39Mas, repito,
10:40o Supremo autorizou a prisão do Lula.
10:43E, Felipe,
10:43é interessante você ter tocado
10:45nesse assunto,
10:45das mensagens da Vaza Jato.
10:51A Lava Jato, no começo,
10:53era muito criticada
10:54por juristas e advogados
10:56de esquerda
10:57ou os prerrogativistas,
11:00sei lá como chamar esses caras,
11:02porque,
11:03desde a época do Mensalão,
11:05começou a valer
11:07uma teoria,
11:10vamos dizer assim,
11:11ou um modo de pensar
11:12dentro do Supremo
11:13que autorizava
11:15os ministros
11:17a formar o seu convencimento
11:19mesmo com base
11:22em conteúdos,
11:25materiais e indícios
11:26que não constituíam
11:28prova dentro do processo.
11:31Certo?
11:31Criticados, criticados, criticados,
11:34isso é um absurdo,
11:35você só pode utilizar a prova,
11:37essa teoria
11:38de que o juiz
11:39pode ter liberdade
11:40para formar o seu convencimento
11:42com base
11:42no desenho
11:45que se forma
11:46dentro do processo,
11:48é um absurdo e tal.
11:49O que o STF fez?
11:52Utilizou provas ilegais
11:54para fazer justamente isso,
11:56formar uma convicção,
11:57alegar uma convicção,
11:59a formação de uma convicção
12:00a respeito do comportamento
12:02do Moro,
12:03dos procuradores
12:05e tudo mais,
12:06e decidir
12:07desmontar
12:08com base nisso.
12:09Ou seja,
12:10é outra instância
12:11em que valeu
12:12um pensamento
12:14num certo momento
12:15e depois parou de valer.
12:17Eu até prefiro
12:18falar em material ilegal,
12:20porque quando se fala
12:21de prova ilegal,
12:22se tem a impressão
12:22de que se prova realmente
12:24um monte de coisa
12:25e aí, claro,
12:26cada um faz
12:27as suas exilações
12:28e aí deixa na percepção
12:30de parte do eleitorado
12:31que um monte de coisa
12:32foi inventada.
12:33Não tem nenhuma prova
12:35de manipulação de prova.
12:36Não tem nenhuma prova
12:38de fabricação de prova.
12:40Não tem nenhuma prova
12:41de que
12:42aquelas provas
12:44que foram coletadas
12:45na Lava Jato
12:46sobre o esquema
12:47de suborno,
12:48elas não eram verdadeiras.
12:50Não existe isso
12:52sequer,
12:53nem sequer,
12:54nas exilações
12:55feitas a partir
12:56de uma interpretação
12:57de conteúdo
13:00de material,
13:01de conteúdo
13:02não autenticado
13:03de material roubado.
13:05Então, assim,
13:05os fatos
13:06sobre o esquema
13:07de suborno,
13:08sobre os pagamentos
13:08de suborno,
13:10sobre imóveis
13:11preparados,
13:12reformados,
13:13customizados
13:14por empreiteiras
13:15de petrolão
13:16são fatos
13:17que existiram
13:18no universo real,
13:19no mundo real,
13:20na realidade.
13:22Pode-se criar
13:22multiverso,
13:23realidade paralela,
13:25colocar um monte
13:26de gente na bolha
13:27bombardeando
13:28de informações falsas
13:30e, eventualmente,
13:31há até milhões
13:32de pessoas
13:33para acreditar.
13:35Mas o jornalismo
13:36precisa distinguir
13:37essas nuances
13:38e apontar
13:38aquilo que é fato,
13:40que está registrado
13:40em reportagens,
13:41está registrado
13:42no material probatório
13:44de investigações,
13:46está registrado
13:46em livro,
13:47está registrado
13:48em um monte
13:49de programas
13:50como esse,
13:51que simplesmente
13:52apontaram
13:53que empresas
13:54dos maiores
13:56representantes
13:57da elite
13:59podre brasileira,
14:01quer dizer,
14:02aquela mancomunada
14:03com o poder,
14:05essas empresas
14:05estavam molhando
14:06a mão de agentes
14:07públicos e privados
14:08e políticos
14:09para obter
14:11contratos públicos.
14:12E vários políticos
14:13estavam ganhando
14:15muitas mordomias
14:16em razão
14:17desses esquemas.
14:18Então aqui
14:19a gente não esquece
14:20em razão
14:22de desafetos,
14:24inimigos,
14:25pessoas que se
14:26quer perseguir
14:27ou até
14:28eventuais erros,
14:30eventuais problemas
14:31de determinadas
14:32investigações.
14:33Isso não apaga
14:34o histórico
14:35dos fatos,
14:36é isso que as pessoas
14:37precisam ter na cabeça.
14:38Existe uma estratégia
14:39de você desviar
14:40o foco
14:40para uma ou duas pessoas,
14:42fazer a caricatura,
14:43fazer a caveira,
14:45etc.,
14:45para você botar
14:46o seu eleitorado
14:47para odiar alguém
14:48e fingir
14:49que o líder
14:50daquele grupo
14:51político ideológico
14:52é um santinho,
14:54é a alma
14:55mais honesta
14:55do Brasil.
14:57Então aqui não,
14:58aqui a gente vai
14:58continuar
14:59no mundo real.
15:17e aí
15:22o

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