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Transcrição
00:00Muito bem, o assunto agora é a pestança que ocorreu logo depois da posse de Luiz Roberto Barroso,
00:06que a gente acompanhou praticamente em tempo real, fazendo uma análise minuciosa,
00:11aliás, rendeu um corte grande, evidentemente, porque a gente faz análise minuciosa,
00:16a gente lembrou o histórico dos embates de Luiz Roberto Barroso com Gilmar Mendes,
00:22mas está lá, Barroso e Gilmar Mendes, das farpas ao abraço, o vídeo no nosso canal de YouTube,
00:28depois aqui de assistir a esse episódio de sexta-feira ao vivo, vale a pena, principalmente para quem perdeu ontem,
00:34assistir ao histórico dos embates entre Barroso e Gilmar e a nossa análise sobre a situação atual
00:40e sobre a questão pacificação ou jogo de cena, principalmente à luz daquele abraço.
00:47Mas eu dizia que depois daquela cerimônia houve toda uma festança em que Luiz Roberto Barroso
00:53cantou ali com Diogo Nogueira, cantor, sambista, aquarela brasileira,
01:01um sambirredo histórico do meu querido Império Serrano.
01:08E eu estava falando ontem, inclusive aí no estúdio, Duda, para a Madeleine Lasso, que participou,
01:14é que eu sempre defendi que essas cerimônias deveriam ser protocolares.
01:22Quer dizer, você deveria ter uma autocontenção das autoridades públicas que tomam posse
01:28nesse momento de celebração, porque pode até ser uma conquista pessoal para elas o momento da posse,
01:37mas quando essa festa tem toda uma ostentação e ela reúne pessoas que estão ganhando mais de 40 mil reais por mês
01:49dos cofres públicos, quer dizer, sendo financiadas por pagadores de impostos que não têm uma situação
01:55em média ou majoritariamente boa no Brasil, que é um país onde existe muita pobreza, existe miséria, existe fome,
02:05Então, assim, não pega bem. Eu sempre acabo repudiando esse negócio de participação de artistas,
02:14e aí tem todo um coquetel, e aí começa a ter filmagem, aí todo mundo canta, vira aquela coisa assim
02:20que não condiz com o ambiente econômico e com aquilo que é a expectativa da população brasileira
02:32em relação às autoridades públicas.
02:35Então, vamos acompanhar aí o trecho, sem nenhum demérito, tá?
02:39Para o samba, para a música, são letras que eu sei de cor, são sambas históricos,
02:47mas não me agrada ver autoridades públicas nesses momentos em celebração de uma posse.
02:56Se pode soltar.
03:09Tá aí, muito bem.
03:17Barroso, Diogo Nogueira, cantando Aquarela Brasileira, salve, salve, grande compositor imperiano,
03:23Silas de Oliveira, e Duda, a gente, quer dizer, você acabou apurando e descobrindo
03:35quem é que financiou pelo menos uma parte significativa dessa festa, foi isso?
03:40É, não é uma apuração minha, é um dado público, a Associação de Magistrados Brasileiros,
03:47a AMB, né?
03:50E a cobertura, eu adorei o papo ontem, achei que foi muito bem as análises que vocês fizeram,
03:59mas, por exemplo, hoje, olhando a cobertura que foi feita, parece matéria de entretenimento.
04:06Coluna social.
04:07Coluna social, exatamente.
04:10E não se desculpe...
04:11É o que virou, com perdão do parênteses, é o que virou boa parte do mercado da comunicação, né?
04:18Boa parte daqueles que, enfim, dizem fazer uma cobertura, uma análise política, etc.,
04:24viraram colunistas sociais, né?
04:27E acabam gostando desse tipo de acontecimento, rende cliques, etc., né?
04:34Mas aqui a gente precisa falar que não é bacana, não é legal, com uma população
04:40pobre, com uma série de problemas, com todo um descrédito, inclusive, que o tribunal
04:46do ministro que está tomando posse como presidente tem com a população brasileira.
04:50Isso foi demonstrado, inclusive, na pesquisa na última semana do Instituto Atlas, citei
04:56aqui no Papo Antagonista, mostrando a impopularidade de vários ministros.
05:00Os mais impopulares são Gilmar Mendes e Dias Toffoli, mas o descrédito é bastante
05:07elevado, então fica aí algo bastante contrastante.
05:12Mas você dizia que a Associação dos Magistrados Brasileiros acabou financiando esse evento
05:19e ela tem causa de interesse no Supremo Tribunal Federal.
05:22Exato, é uma entidade privada que vira e mexe, está acionando o STF em causas próprias, né?
05:32Então, uma dessas causas, vocês comentaram bastante aqui, era em relação à possibilidade
05:40dos juízes poderem julgar casos de escritórios em que tem parentes trabalhando, né?
05:46Isso daí foi uma ação direta de inconstitucionalidade que a AMB mandou para o STF, né?
05:55E onde a AMB saiu vitoriosa.
05:59Então, graças a isso, é que hoje juízes no Brasil inteiro podem julgar casos de escritórios
06:05que têm parentes.
06:07Então, a festa de ontem é um pouco...
06:09Só para deixar bastante claro para quem viu as nossas análises, quer dizer, essa decisão
06:14do Supremo Tribunal Federal, um dos maiores escândalos dos últimos tempos, e eu tratei
06:19assim desde que houve esse julgamento, ela fez com que os juízes, inclusive os próprios
06:29ministros do STF, que são juízes, possam julgar as causas dos clientes dos escritórios
06:35de parentes ou cônjuges deles.
06:38Então, você tem ali ministros, por exemplo, homens do Supremo, que têm esposos...
06:44Mas eu, de fato...
06:45Incluí as esposas...
06:47Comandando a advocacia.
06:50E aí o maridão pode julgar a causa do cliente da esposa.
06:55E é claro que vai ficar toda uma percepção de parcialidade.
07:00E nós entrevistamos, a meu convite aqui, a Eliana Calmon, que sempre repudiou esse tipo
07:05de conflito de interesse, sempre acusou ali o filhotismo no poder judiciário, e ela
07:12falou que é o acasalamento perfeito, ironizando de uma maneira crítica, porque a mulher fica
07:17com o poder econômico e o marido fica com a influência, o poder político, portanto,
07:24dentro do poder judiciário.
07:27E isso pode fazer com que a família tende a fazer, por uma questão lógica, a gente não
07:32está nem fazendo uma acusação prévia, é por uma questão lógica, ela tende a fazer
07:38com que as famílias dos juízes fiquem mais ricas, ganhem uma fortuna.
07:45Mesmo que, numa eventualidade, nem sequer haja uma parcialidade, etc.
07:51Mas é porque os clientes que estão encalacrados com a justiça e, eventualmente, são criminosos,
07:57você pode ter algum caso de inocente que está encalacrado, contrata o escritório de advocacia,
08:03mas as pessoas que têm bala na agulha, elas preferem, evidentemente, contratar os escritórios
08:09das esposas dos juízes da causa.
08:13E, eventualmente, podem até fazer manobras, né?
08:16Contrata como se fosse para uma outra coisa, mas aí exerce uma influência aqui e ali.
08:21Isso que a tradição brasileira mostra é que acontece.
08:25Então, o chamariz do escritório de advocacia, de parente ou cônjuge, de ministro do STF
08:31ou de demais juízes, ele fica muito forte para atrair essa clientela.
08:36E a gente já teve casos noticiados na imprensa de grandes empresários que foram até alvos
08:43da Lava Jato que estão contratando.
08:46E as pessoas já começam a ironizar que certas pessoas, certas polícias, só podem ter chance
08:53de escapar de determinada causa se contratar o escritório de mulheres, de cônjuges, de parentes,
09:01de ministros do Supremo Tribunal Federal.
09:03Então, assim, é um escândalo que isso tenha passado.
09:08E, pelo visto, foi uma ação colocada pela AMB, pela Associação dos Magistrados Brasileiros.
09:15Não confundi com a dos médicos, né?
09:17Porque tem uma que tem essa mesma sigla.
09:20A gente está falando da Associação dos Magistrados Brasileiros.
09:22Ela foi quem entrou com a ação, Duda, questionando a constitucionalidade de um determinado artigo?
09:31Exato. E não é a única ação deles também, né?
09:34Já no passado, por exemplo, a AMB também tentou reduzir o poder do Conselho Nacional de Justiça,
09:41que é uma entidade que monitora o STF, por exemplo,
09:47e os demais tribunais, inclusive com medidas disciplinares, né?
09:53Então, isso não interessava a AMB.
09:55Eles tentaram reduzir o poder do CNJ no STF.
10:00E isso para dar alguns exemplos.
10:02Agora, Felipe, eu acho que tem outras...
10:04Além de questionar, então, qual que é a imparcialidade do Barroso em participar de uma festa da AMB,
10:13acho que tem umas outras... Tem pelo menos duas perguntas aí que a gente também deve fazer.
10:18Uma é... Por que dar uma festa quando alguém assume a presidência do STF, né?
10:24Veja que a gente dá uma festa quando alguém consegue, né?
10:29Passa num concurso, num exame...
10:35Nesse caso, o que o Barroso...
10:39Ele está virando o presidente porque ele é o cara que está lá há mais tempo
10:44e que ainda não assumiu a presidência.
10:46É um cargo rotativo.
10:47É um rodízio.
10:48Isso não é um prêmio, né?
10:51Não é uma coisa de mérito.
10:53Não tem nada disso, né?
10:55Então...
10:56A própria posse, convenhamos.
10:58A gente sabe que há pré-requisitos para se ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
11:03E a gente vê esses pré-requisitos serem cada vez mais flexibilizados, vilipendiados
11:10nas indicações de ministros por parte de presidentes da República
11:15que buscam blindagem pessoal, blindagem para o seu partido.
11:18E a gente está vendo isso acontecer agora, né?
11:21Na indicação do Cristiano Zanin para a vaga do Ricardo Lewandowski
11:24e ir na disputa entre Flávio Dino, Bruno Dantas, Jorge Messias
11:30para a vaga da Rosa Weber, que é a próxima a se aposentar.
11:35Então, assim, o sujeito chega no STF por indicação política.
11:40Sem ali um pré-requisito notável saber jurídico.
11:44Enfim, Dias Toffoli, por exemplo, era no mínimo bastante questionável.
11:49Nunca vi esse notável saber jurídico.
11:52Vi que ele não passou em dois concursos públicos.
11:55Vi que ele era advogado do PT.
11:57Vi que ele foi indicado pelo Lula para ser advogado-geral da União,
12:01a GU, que ele foi nomeado pelo José de Seu para a Casa Civil do governo Lula.
12:06Depois chegou ao Supremo Tribunal Federal.
12:07E aí, vamos comemorar, etc.
12:11Como se fosse um imenso reconhecimento de mérito pessoal
12:17de uma trajetória digna.
12:21Então, assim, já não é motivo para tanta festa essa indicação.
12:26Pode ser uma celebração pessoal.
12:28O sujeito realmente vai ganhar o teto constitucional.
12:32Quer dizer, hoje está em pouco mais de 40 mil reais.
12:35O sujeito fica feliz da vida.
12:36Vai ter o maior poder na mão, na caneta, durante mais tempo no Brasil.
12:43Agora, que isso seja transformado numa grande farra, já é criticável.
12:50Agora, a rotatividade na presidência também, quer dizer, é tudo muito contrastante
12:57com a questão do mérito e com a situação dos brasileiros em geral.
13:00Eu acho, Felipe, que não deveria ter nenhuma festa.
13:04Eu acho que a presidência do STF deveria ser encarada como uma responsabilidade a mais,
13:10um fardo.
13:11Você vai representar o STF.
13:16Você vai ser muito criticado.
13:18Você vai ter que entrar em contato com os outros poderes.
13:22Vai definir a pauta.
13:23É muita responsabilidade.
13:25Não é um benefício, um privilégio, um prêmio, uma condecoração.
13:31É o oposto.
13:32Não é bingo de fim de ano de empresa privada.
13:36Não é amigo oculto de empresa privada no fim do ano.
13:39Não é.
13:40É outra coisa.
13:41E uma outra pergunta é...
13:43Por que as pessoas estão pagando 500 reais para participar dessa festa?
13:47É óbvio que existem...
13:49O mundo quer ficar próximo do poder.
13:51Exato.
13:51As pessoas querem estar lá em contato com os outros ministros, com os familiares do Barroso,
13:58para poder, em algum momento, se o caso for para o STF, eles terem algum benefício, levar
14:05algum tipo de vantagem.
14:07Então, é um absurdo ter uma festa.
14:09É um absurdo isso ser organizado por uma entidade privada.
14:14E é um absurdo cobrar 500 reais para as outras pessoas participarem.
14:21Obrigado.
14:22Obrigado.
14:23Obrigado.
14:23Obrigado.
14:23Obrigado.

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