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NotíciasTranscrição
00:00O ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, tomou posse hoje como presidente da corte
00:04após a aposentadoria de Rosa Weber.
00:06No cargo, Barroso vai herdar um acervo de 4.889 processos.
00:11Já o ministro Edson Fachin assumiu a vice-presidência do Supremo.
00:15Vamos acompanhar um trecho do discurso de Barroso que falou em pacificar o país.
00:18Pode rodar.
00:19E por fim, terceira e última parte.
00:22O Brasil, o Brasil que queremos.
00:24A democracia venceu e precisamos trabalhar pela pacificação do país.
00:32Acabar com os antagonismos artificialmente criados para nos dividir.
00:37Um país não é feito de nós e eles.
00:40Somos um só povo.
00:42Do pluralismo das ideias, como é próprio de uma sociedade livre e aberta.
00:47Bastante.
00:54Bastar-se a si mesmo é a maior solidão, escreveu o poeta.
00:59O sucesso do agronegócio não é incompatível com a proteção ambiental.
01:05Pelo contrário.
01:06O combate eficiente à criminalidade não é incompatível com o respeito aos direitos humanos.
01:12O enfrentamento à corrupção não é incompatível com o devido processo legal.
01:16Estamos todos no mesmo bar e precisamos trabalhar para evitar tempestades e conduzi-lo a um porto seguro.
01:25Se ele naufragar, o naufrágio é de todos, independentemente de preferências políticas.
01:31No interesse da justiça, pretendo ouvir a todos.
01:35Trabalhadores e empresários, comunidades indígenas e agricultores, produtores rurais e ambientalistas,
01:41gente da cidade e do interior, e também conservadores, liberais e progressistas.
01:48Ninguém é dono da verdade.
01:51Ninguém tem o monopólio do bem e da virtude.
01:55A vida na democracia é a convivência civilizada dos que pensam diferente.
02:00E quem pensa diferente de mim não é meu inimigo, mas meu parceiro na construção de uma sociedade aberta, plural e democrática.
02:11Muito bem, está aí o Barroso fazendo o discurso da pacificação.
02:18Teve aquele trecho que ele falou que o sucesso do agronegócio não é incompatível com a proteção ambiental,
02:24o enfrentamento à corrupção não é incompatível com o respeito ao devido processo legal.
02:28Quer dizer, ele acena para todos os lados, mostrando os pontos ali de ruídos e de tensão e, enfim, pregando que seja possível compatibilizar essas questões.
02:42Que muitas vezes são alegadas também de uma maneira obscura para outros fins, para outros interesses exclusos, como a gente aponta caso a caso.
02:51Mas em termos genéricos, é aquele discurso conciliador que ele busca fazer.
02:55Madá, você destaca alguma coisa daí?
02:59Olha, ele vai tentar fazer esse discurso conciliador porque ele não é burro.
03:04Ele sabe que está uma situação de tensão muito grande entre o Congresso e o STF.
03:09E com o STF saindo perdendo porque a população está com uma avaliação ruim do STF.
03:16Só que isso não é a praxe. Vai falar, ah, do Congresso também tem.
03:19Só que do Congresso sempre teve.
03:21Porque brasileiro que confia em política é recente.
03:24Esse festival de gente louca e burra que confia em política.
03:27É uma coisa recente.
03:28Paquitas e paquitos de política.
03:31É, nunca teve paquita de político no Brasil porque era feio ser otário.
03:35Agora não. Agora é bonito ser otário.
03:37Então você tem isso.
03:38Mas é um fenômeno mais de rede social.
03:39Por exemplo, as paquitas eram da Xuxa, né, Madá?
03:41É.
03:42Que pelo menos era uma artista, né?
03:44Que elas estavam lá.
03:45Agora não.
03:46Agora fica lá.
03:47Pelo menos a Xuxa não toma dinheiro da gente, né?
03:51A Xuxa você pode gostar ou não gostar.
03:53Mas o meu dinheiro eu só dou para ela se eu quiser.
03:55As paquitas de hoje, elas são de gente que vive do nosso dinheiro e a gente não tem escolha.
04:01Mas, enfim, o que a gente tem do Barroso tentando é ele falar que, ah, não, vamos ouvir todo mundo.
04:08Só que está uma situação difícil porque ele vai pôr o quê?
04:10O aborto para votar?
04:12Vai.
04:13Vai porque ele sempre foi um ativista da causa.
04:15Inclusive, ele era advogado da causa dos fetos anencefos, né, Dor?
04:19Sim.
04:19Da legalização do aborto dos fetos anencefos antes de virar ministro do Supremo.
04:23Eu sempre lembro que Dilma Rousseff, às vésperas da reeleição, assim como fez também na época da eleição,
04:31ela foi lá para um encontro de evangélicos e católicos e disse que, não, era melhor deixar a legislação do aborto como estava, etc.
04:39E ela foi indicar ministro do STF e indicou o advogado da causa do aborto dos fetos anencefos.
04:44Só para dar um contexto político histórico em relação à própria indicação do Barroso.
04:48Mas a questão é, vai colocar isso para votar.
04:52Tem a questão das drogas, tem a questão do marco temporal.
04:55Já tem agora aquele projeto no Congresso, do Congresso poder revogar a decisão do Supremo com o voto de três quintos do Congresso.
05:05Ele está falando que ele quer, vamos dizer, meio que ser o algodão entre os cristais ali, né,
05:11não fazer todo mundo conversar.
05:13Só que ele tem uma marca que ficou, ficou muito importante, que é o perder o Mané.
05:19A coisa do perder o Mané ali...
05:21E nós derrotamos o bolsonarismo.
05:23Não, nós derrotamos o bolsonarismo, eu acho mais grave, mas acho que não pegou tanto em rede social.
05:27Acho que o perder o Mané, porque o perder o Mané é muito simples.
05:30É, muito simples, é direto.
05:31É muito direto.
05:32E chamar o cidadão de Mané, assim, pega muito mal, porque eles já têm fama de arrogante, aí piora.
05:42O nós derrotamos o bolsonarismo, além de ser uma frase que fala por si,
05:48o que o ministro do Supremo está fazendo de manga de camisa em Congresso da UNE?
05:53Exato.
05:53Ele entrou na cápsula de volta no tempo, ele está achando que ele é adolescente?
05:58Não é lugar para estar lá.
05:59Só contextualizar para quem não acompanha, né, o perder o Mané foi uma reação do Barroso
06:03a um bolsonarista que estava andando atrás dele com uma câmera, não é celular, provavelmente,
06:09em Nova York, né, nos Estados Unidos, e estava ali fazendo os questionamentos do ponto de vista
06:15bolsonarista sobre a atuação do Supremo, sobre a eleição, sobre código fonte, etc.
06:20E aí o Barroso andando ali, ele vira para trás e fala, perdeu o Mané, a eleição acabou,
06:25o Lula ganhou do Bolsonaro, era isso que ele estava querendo dizer.
06:29Só que o ministro do STF lá perdeu o Mané, obviamente pegou muito mal, e fica parecendo
06:34que ele tem lado, e é claro que cada um vai fazer um juízo a respeito disso.
06:38Aqui a gente vai distinguir todas as nuances ao longo dessa pauta, para dar todo o perfil do
06:43Barroso.
06:44E foi no Congresso da UNE que ele deu essa declaração, nós derrotamos o bolsonarismo,
06:48e se empolgou ali naquele ambiente de movimento estudantil de esquerda, a UNE sempre foi aí
06:53nas últimas décadas uma entidade mais ligada ao esquerdismo, e ele, que não devia estar
06:59ali, né, e ainda tirou foto com participação do Flávio Dino, de outras pessoas da política,
07:05ele soltou essa frase no meio do discurso dele, e claro, teve toda uma repercussão negativa
07:10também, porque faltou a liturgia do cargo.
07:13A questão é, ele consegue agora executar isso que ele quer, se é que ele realmente
07:19quer executar isso que ele disse?
07:22Ele não sabe, nunca se é discurso se os caras estão querendo executar, mas se ele quer
07:26executar isso, esse passivo dele num passado muito recente vai ter impacto?
07:34E tem essa questão, se continuar pegando tudo que o povo é contra, a corte constitucional
07:42tinha que ser para controle de constitucionalidade, o que a gente está vendo aqui na prática,
07:46o que é o Supremo Tribunal Federal?
07:49É uma elite que está protegendo o povo de si mesmo, e você tem essas decisões, a decisão
07:57do negócio sindical lá, Felipe, do imposto sindical, isso ainda vai dar um problema para
08:03a cabeça do Supremo, porque os sindicatos estão indo atrás da galera para cobrar retroativo,
08:08você sabia?
08:09Os sindicatos estão indo atrás da galera querendo cobrar imposto sindical desde 2017, e agora
08:17estão lá com um projeto de lei que você mesmo não sendo sindicalizado, você não poderia
08:21se opor à cobrança pelo sindicato, então assim, o Supremo já se meteu numa gama enorme
08:28de coisas, enquanto ainda está com esse julgamento do 8 de janeiro lá para fazer, que está dando
08:35ruído político, é um julgamento que ele não tem como não ser político, envolver a
08:39política.
08:41Eu acho que ele está numa posição complicada, o Barroso, ele está numa posição complicada,
08:45ali a gente viu muito aplauso, espero que a composição daquela plateia não tenha
08:52sido política, porque se ele está falando aquilo que ele está falando e quem ele chamou
08:58para estar ali é, vamos dizer, só de um lado do espectro, aí eu acho que fica muito
09:05complicado, fica muito complicado.
09:08Muito bem, eu vou traçar um pouquinho o perfil do Barroso, à luz ali de dois pontos fundamentais
09:16que eu considero nos posicionamentos a respeito dele, mas primeiro vou trazer aqui vários
09:21vídeos, um de hoje e outros mais antigos que eu pedi para a nossa produção compilar.
09:28Então a gente separou um trecho do discurso do ministro decano, atualmente é o mais antigo
09:32do STF Gilmar Mendes, que hoje, repito, hoje é, que dia? Quinta-feira, 28 de setembro
09:40de 2023.
09:42Rasgou elogios a Barroso, senhoras e senhores, a gente vai mostrar, vai lembrar depois os
09:47embates, mas hoje, na posse do Barroso, como presidente do STF, Gilmar Mendes o elogiou.
09:53Vamos acompanhar esse trecho.
09:55Sempre defendi que o presidente do Supremo, mais do que um magistrado constitucional, é
10:01um verdadeiro representante de um dos poderes da República, estando por isso autorizado
10:07e mesmo convocado a dar eco aos objetivos e princípios constitucionais.
10:14Com essa convicção, cabe reconhecer que as virtudes demonstradas pelo ministro Luiz
10:21Roberto Barroso no passado, resolutividade, resiliência, acuidade, certamente marcarão
10:28a presidência do ministro no presente.
10:32A história de vossa silência, ministro Luiz Roberto Barroso, é lastro seguro da dignidade
10:37que marca a posse que ora participamos e, mais que isso, celebramos.
10:42Seja feliz.
10:43Ah, senhoras e senhores, tem gente que está caindo nesse teatro.
10:53Olha, Barroso assume a presidência do STF, ele tem um certo poder de controle sobre a pauta
10:58do Supremo.
10:59Claro que não interessa a Gilmar Mendes ser um grande inimigo de Roberto Barroso, nesse
11:04momento em que Gilmar tem tantos interesses em pautas no Supremo Tribunal Federal.
11:08Existe uma afetação de institucionalidade nesse momento para se contrapor ao golpismo
11:16bolsonarista, vamos todos aqui afetar a nossa amizade, etc.
11:22Então, se tem esse momento protocolar em que há esse tipo de discurso, não quer dizer
11:28que Gilmar Mendes adora o Barroso, concorda com o Barroso, mas é ali uma maneira de se dirigir
11:38nesse momento do país, dentro desse contexto de um discurso de pacificação.
11:44Agora, vamos lembrar dos embates entre os dois.
11:48Aliás, não, tem o abraço deles hoje ainda.
11:51Pode soltar esse vídeo do abraço, produção?
11:54Sejam felizes.
11:55Ministro Gilmar Mendes, agradeço, honrado, sua
12:24bela oração em nome da Corte.
12:28Eu conheço esse abraço, Madara, aquele abraço assim, ó, assim, ó, é quase o cumprimento,
12:34o aperto de mão entre o Lula e o Bolodimir Zelensky, né?
12:37Aquela, é aquela, como que chama aquela camiseta que tem na internet pra quando os dois
12:42irmãos brigam?
12:44Tem.
12:44Que a camiseta do abraço...
12:46Não, a camiseta do abraço fraterno, você não sabe como é que é?
12:50Na internet tem os irmãos brigam, aí vem os pais com a camiseta, eu achei...
12:54E gruda eles, né?
12:55Eu achei meio...
12:58É, distante, né?
12:59Não existe tanto carinho entre os dois.
13:03As pessoas que têm afeto, elas se abraçam com uma maior região de contato, vamos dizer
13:11assim.
13:11Não parece que quando a gente encontra a ex em festa, não parece aquele abraço que
13:17você não tá esperando?
13:18Aquele abraço constrangido.
13:18Eis que te roubou, eis que te roubou, que não sei o que você encontra na festa.
13:23É, hoje é...
13:24Olha só, vamos lembrar então dos embates entre Barroso e Gilmar, e esses são os pontos
13:36em que muitas vezes eu concordei com a postura de Luiz Roberto Barroso e achava fundamental
13:45que alguém fosse firme ao rebater as alegações e as narrativas da ala de Gilmar Mendes no Supremo
13:53Tribunal Federal, porque depois a gente vai ver ali um embate do Barroso com o Lewandowski
13:57também.
13:58Mas solta aí a primeira compilação que eu pedi, produção, e depois...
14:02Aliás, pra vocês já assistirem entendendo, deixa eu só falar do caso do José Dirceu,
14:08porque teve um momento em que o Gilmar citou ele querendo rebater o Barroso, colocar o Barroso
14:14na mesma roda, né?
14:16Da galera que zela pela impunidade geral.
14:20Ele citou o caso do José Dirceu, e aí o Barroso foi rebater citando um segundo caso
14:29envolvendo o José Dirceu, são dois.
14:31O Barroso rebateu dizendo que ele concedeu a liberdade para o José Dirceu, depois do
14:37Mensalão, seguindo o indulto de Natal concedido pela Presidente da República, Dilma Rousseff.
14:42Daí o Barroso tem uma ligação mais forte, porque você tem esse instituto, eu sou contra,
14:49evidentemente, mas você passa por uma análise do STF, tradicionalmente, se está dentro das
14:55regras, etc., eles acabam liberando.
14:58Repito, sou contra tudo isso, mas o Barroso estava pregando que não cabe a ele se colocar
15:06como obstáculo ao indulto de Natal concedido pela Presidente da República, de uma maneira que
15:11ele considera constitucional.
15:12O outro ponto é a decisão do STF, que acabou absolvendo José Dirceu e outros implicados
15:20no Mensalão do crime de quadrilha, de formação de quadrilha.
15:25Aliás, o Dirceu chegou a ser apontado como chefe da quadrilha pelo então PGR Roberto Gurgel.
15:31Então, nesse caso, houve uma votação no STF e foi 6 a 5 a favor do José Dirceu.
15:36E aí o Barroso ficou no grupo dos 6, porque ele não viu o crime de quadrilha, o Dirceu
15:42estava condenado por outro crime, se eu não me engano era lavagem de dinheiro, corrupção,
15:47enfim.
15:48Ele chegou a ser preso por causa desses crimes, mas de quadrilha ele acabou sendo absolvido
15:54na análise dos embargos infringentes.
15:56E naquela época em que ainda nem havia Lava Jato, muito menos a Lava Jato tinha chegado
16:03no PSDB, na turma do Gilmar, o Gilmar estava votando de uma maneira mais dura, então ele
16:09votou entre os 5 que foram favoráveis à tese da quadrilha, mas acabou sendo voto vencido.
16:16Então, só para vocês entenderem a parte do embate sobre o José Dirceu, só que tem
16:21um detalhe do que aconteceu depois, no âmbito já da Lava Jato, que investigou o Petrolão,
16:26que foi outro escândalo.
16:27O Gilmar Mendes, olha só, olha só como ele é capaz de falar uma coisa, mas não
16:33fazer exatamente aquilo que ele prega.
16:36Ele foi jogar a soltura do José Dirceu para cima do Barroso e quem soltou José Dirceu
16:41duas vezes foi Gilmar Mendes, na segunda turma do STF, quer dizer, ele ajudou a soltar com
16:47o voto.
16:48Então, duas vezes o José Dirceu foi solto por decisão da segunda turma, uma quando ele
16:52estava em prisão preventiva e a outra quando ele já estava condenado em segunda instância
16:56e a maioria da segunda turma não queria respeitar a então jurisprudência que autorizava a
17:02prisão após condenação em segunda instância.
17:04E soltando o José Dirceu, estava fazendo pressão para que o tema fosse rediscutido em plenário,
17:09como veio a acontecer, e aí o Gilmar mudou o voto para votar contra a prisão em segunda
17:15instância.
17:15Então, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli formaram duas vezes esse trio
17:21libertador na segunda turma a favor do Dirceu.
17:24Tudo contextualizado, pode soltar a compilação.
17:28E o que acha de fora desse seu mau sentimento?
17:31Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia.
17:36Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado.
17:39É um absurdo, Vossa Excelência, aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias.
17:45Vossa Excelência não consegue articular um argumento, fica procurando.
17:47Já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim.
17:51A vida, para Vossa Excelência, é ofender as pessoas, não tem nenhuma ideia, não tem
17:54nenhuma ideia, nenhuma, nenhuma.
17:57Só ofende as pessoas, ofende as pessoas.
18:00Qual é a sua ideia?
18:01Qual é a sua proposta?
18:02Nenhuma, nenhuma.
18:04É bilis, ódio, mau sentimento, mau secreto.
18:08É uma coisa horrível.
18:09Vossa Excelência nos envergonha.
18:11Vossa Excelência é uma desonra para o tribunal.
18:14Uma desonra para todos nós.
18:15Se eu permanecer preso sob minha jurisdição, inclusive revoguei a prisão domiciliar porque
18:22achei imprópria e concedi a ele indulto com base no decreto aprovado pela Presidente
18:28da República, porque ninguém é melhor nem pior do que ninguém.
18:31E, portanto, apliquei a ele a lei que vale para todo mundo.
18:35Quem decidiu foi o Supremo Alhaso, não fui eu, porque o Supremo tem 11 ministros.
18:39E, portanto, a maioria entendeu que não havia o crime.
18:44E, depois, ele cumpriu a pena e só foi solto por indulto e, mesmo assim, permaneceu
18:51preso porque estava preso por determinação na 13ª Vara Criminal de Curitiba.
18:56E, agora, só está solto porque a segunda turma determinou que ele fosse solto.
19:01Portanto, não transfira para mim esta parceria que Vossa Excelência tem com a leniência
19:06em relação à criminalidade do colarim branco.
19:09Imagine, advogado de bandidos internacionais.
19:13Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu.
19:16Isso não é Estado de Direito, isso é Estado de Compadrio.
19:19Juiz não pode ter correligionário.
19:21Portanto, o populismo criminal, judicial, é responsável por esse tipo de assanhamento
19:27e de erros graves que nós temos cometidos.
19:32E não vamos nos isentar.
19:34A história não vai nos poupar.
19:35Eu ouvi o áudio.
19:38Tem que manter isso aí, viu?
19:40Eu quero dizer que eu vi a fita.
19:43Eu vi a mala de dinheiro.
19:45Eu vi a corridinha na televisão.
19:47Sem mencionar as propinas para financiamentos públicos.
19:51Tudo documentado.
19:52Portanto, são diferentes visões da vida e do país.
19:58Mas eu não acho que há uma investigação irresponsável.
20:02Eu acho que há um país que se perdeu pelo caminho.
20:06Naturalizou as coisas erradas.
20:08E nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações
20:15de que vale a pena ser honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar
20:21que ricos criminosos têm imunidade.
20:23Porque não tem.
20:27Muito bem.
20:28Esse Barroso, esse Barroso que enfrenta o Gilmar Mendes, que aponta, como a gente vai ver, a vingança do sistema.
20:39Esse Barroso, ele é muito bem-vindo.
20:41O ativista judicial de esquerda, que também é parte do perfil do Barroso, que não tem o menor pudor em legislar no Supremo Tribunal Federal
20:51nas causas que defende há muito tempo, esse aí vai render ainda muita discussão, muita tensão entre os poderes,
21:02muita repercussão negativa aqui no programa cada vez que ele der uma canetada.
21:08Mas vamos lembrar aqui, destacar as frases dele sobre o Gilmar.
21:12Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu.
21:15Não transfira para mim essa parceria que Vossa Excelência tem com a leniense em relação à criminalidade do colarinho branco.
21:21Esse é o tipo de coisa que só um ministro do STF pode dizer para outro.
21:24Se a gente disser isso com todas as letras sobre um ministro do STF, é capaz de prenderem a gente.
21:30Então, daí a importância, muitas vezes, de um ministro do STF se erguer,
21:35se achar que o outro está fazendo alguma coisa errada.
21:41Teve o discurso que virou até hit com o remix, que foi esse do
21:45você é uma pessoa horrível, mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia.
21:50E teve esse discurso final, depois de algumas pessoas ali colocarem panos quentes,
21:55que ele falou que o Brasil se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas.
22:00Ele considera um ponto muito importante.
22:01E nós temos o dever de enfrentar isso, de ensinar as novas gerações que vale a pena ser honesto,
22:06sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade,
22:11porque não têm.
22:13Não têm, infelizmente, não é verdade.
22:15No Brasil, os ricos criminosos, eles têm imunidade, sim.
22:19Eles têm impunidade, como a gente está vendo acontecer há anos,
22:25em toda essa reviravolta, pela impunidade geral.
22:28Os grandes empreiteiros estão soltos e continuam bilionários e estão querendo desconto aí,
22:32e estão conseguindo com agentes aí que defendem as mesmas narrativas dessa turma,
22:39desconto agora de 6,8 bilhões de reais para o Joesley Batista.
22:44Tem gente que revoga e depois vai o outro e tenta de novo e tal.
22:47Eles têm muita gente atuando para facilitar a vida deles e eles não serem multados.
22:53O Dias Toffoli está aí anulando as provas do acordo de leniência da Odebrecht.
22:57A Odebrecht concorda com a anulação de provas, mas não exatamente do acordo,
23:01porque ela tem que pensar nos acordos internacionais,
23:03porque subornava agentes públicos e políticos em outros países.
23:08Citei essa semana aqui o caso da Colômbia,
23:10onde o PGR está lá apontando parcialidade e ilegalidade de juízes que estão anulando provas.
23:16Ao contrário do nosso PGR, que está trocando afagos com o Dias Toffoli aqui no Brasil.
23:20Isso acontece, o avanço da investigação, desdobramento da Lava Jato,
23:26da investigação da Odebrecht em países como a Colômbia.
23:30Tem casos ainda nos Estados Unidos e outros aqui da América Latina.
23:36Então, a gente mostrou aí esse contexto.
23:39E aí, Madá, eu acho que depois dessa compilação vale a pena a gente resgatar o abraço.
23:43Dá para soltar aí, produção, o abraço de novo?
23:47Se não tiver cortado, solta o vídeo inteiro.
23:51Fala, Robson.
23:52Dá sim, então pode soltar.
23:54A gente vê depois de tudo como é que fica.
23:57Seja feliz.
23:58Ministro Gilmar Mendes, agradeço honrado.
24:27Sua bela oração em nome da corte.
24:31Que coisa bonita, hein, Madá.
24:33Estou quase indo aí te dar um abraço.
24:36Eu gosto da cara do Rodrigo Pacheco.
24:39Que o Rodrigo Pacheco faz só essa cara de professor de geografia.
24:42A voz da institucionalidade.
24:44Ele está sempre com a mesma cara, o Rodrigo Pacheco.
24:46Nós precisamos pacificar o país.
24:48Mas essa coisa desses dois ministros especificamente, Gilmar e Barroso, quererem demonstrar para a comunidade jurídica e para o mundo político que eles fizeram as pazes, não é só de agora.
25:01Você sabe que recentemente, num caso, os dois ministros deram um voto conjunto.
25:08Que é algo que nunca aconteceu na história do Supremo Tribunal Federal.
25:13Não existe voto conjunto.
25:14Não foi requerido o voto conjunto.
25:17E os dois deram um voto conjunto.
25:20Então, assim, existe alguma necessidade aí de mostrar, não sei se é exatamente um alinhamento entre os dois, mas de mostrar que há uma posição una do STF com relação à Lava Jato.
25:38E eu acho que o alinhamento entre os dois, ele é muito significativo.
25:42E, ao mesmo tempo, as pessoas entendem que é um alinhamento contra a Lava Jato, mas o Supremo não precisa dizer isso.
25:51Não fala isso com todas as letras.
25:53Então, assim, esse afago entre os dois é uma forma, a forma como vocês veem, quem tem o poder sabe conservar.
26:00Eles estão mandando o recado que eles querem, sem ter que sair falando tudo.
26:05Que é a diferença entre quem tem poder, quem manda, e quem paga as contas dessa gente que obedece e fica xingando mulher no Twitter.
26:12Só para deixar claro aqui, o Barroso, ele foi muito mais rigoroso em relação ao combate à corrupção.
26:21Ele deu decisões ali para manter aquilo que foi investigado, como ele estava defendendo aí nos vídeos que a gente mostrou.
26:28Aliás, quando os bolsonaristas o atacam, tem determinados pontos que a gente pode colocar, mas não pode esquecer os fatos históricos.
26:37O Barroso, ele votou a favor da prisão em segunda instância.
26:43Então, se dependesse do Barroso, o Lula não teria saído da cadeia naquele momento em que houve a reversão da jurisprudência que autorizava a prisão em segunda instância.
26:55Então, a partir daquela votação em que o Barroso foi voto vencido, o STF passou a proibir a prisão após condenação em segunda instância e o Lula foi solto.
27:03O Barroso votou contra a suspeição do Sérgio Moro e a gente vai ver agora trechos, inclusive, dos embates que ele teve naquela sessão, naquele julgamento.
27:16E ele descreveu na ocasião, inclusive, a vingança do sistema em três etapas que estão sendo cumpridas à risca.
27:23A gente está vivendo a última, que é a de recontar a história, reescrever a história, é a expressão que a gente tem mais usado, mas ele usou ali recontar, enfim, dá no mesmo.
27:35Então, o Barroso, ele teve essas posturas muito mais alinhadas às decisões da Lava Jato.
27:42No máximo, considerou alguns pecadilhos, foi a expressão que ele usou, mas nada capaz de anular todas as provas.
27:50Ele considerou o conteúdo, que na verdade não é uma questão de considerar, é reconhecer a falta de autenticidade,
27:58porque teve laudo da PF contra a autenticidade do material roubado,
28:04que ele considerou um material ilícito no embate com o Ricardo Lewandowski, que vocês vão assistir.
28:10Agora, faço todo esse contexto para dizer o seguinte, o lado de ativista judicial de esquerda do Barroso
28:18fica muito confortável agora com o governo Lula.
28:23O governo Lula é totalmente anti-Lava Jato, o Barroso não é totalmente anti-Lava Jato.
28:29Agora, existe um alinhamento do Barroso com várias pautas da esquerda lulista.
28:34Então, vamos dizer que será... Vou perguntar, não vou afirmar, porque a gente vai ver ao longo da gestão.
28:42O Barroso está deixando para trás esses embates, que ele não defende mais, que ele não reage mais à anulação de provas,
28:49a isso, aquilo, porque talvez ele prefira esse ambiente de pacificação, entre aspas, para tocar a agenda dele.
28:58Então, é isso que a gente vai ver daqui em diante.
29:00Mas vale lembrar essa outra compilação que eu já contextualizei. Pode soltar.
29:05Quem acompanhou o que aconteceu na Itália conhece o filme da reação da corrupção.
29:13Um, mudança na legislação ou na jurisprudência.
29:17Dois, demonização de procuradores e juízes.
29:21E três, tentativa de sequestro da narrativa e de cooptação da imprensa, para mudar os fatos e recontar a história.
29:32Na Itália, a corrupção venceu e conquistou a impunidade.
29:40E não por acaso.
29:41A Itália é, entre os países desenvolvidos, o que apresenta, há anos, a pior média de crescimento econômico,
29:51como aponta a professora Maria Cristina Pinotti, especialista nos efeitos da corrupção sobre as economias em estudos primorosos que tem divulgado repetidamente.
30:04Mas eu dizia, na Itália, a corrupção conquistou a impunidade.
30:11Aqui, entre nós, ela quer mais.
30:14Ela quer vingança.
30:16Quer ir atrás dos procuradores e dos juízes que ousaram enfrentá-la.
30:23Para que ninguém nunca mais tenha a coragem de fazê-lo.
30:27No Brasil, hoje, nós temos os que não querem ser punidos, o que é um sentimento humano e compreensível.
30:36Mas temos um lote muito pior, presidente, que é o dos que não querem ficar honestos nem daqui para frente.
30:44E gostariam que tudo continuasse como sempre foi.
30:48Fora, milhões de desempregados que esta operação causou.
30:54Ministro Lewandowski, me permite, mas a excelência acha que o problema, então, foi o enfrentamento da corrupção e não a corrupção?
31:01Não, não, não, não.
31:03A excelência acha que o problema, então, foi o enfrentamento da corrupção e não a corrupção?
31:07Não, não, não, não.
31:09Volto às mensagens, eminente ministro Barroso, volto às mensagens.
31:13O que que nos dizem as mensagens?
31:16Que os procuradores de Curitiba estavam acertando clandestinamente negociações com autoridades estrangeiras.
31:25Eu pensei que o senhor, senhora, fosse garantista.
31:28Essa é uma prova ilícita, colhida mediante o crime.
31:31Pode ser ilícita, mas, enfim, foi amplamente veiculada e não foi adequadamente, a meu ver, contestada.
31:39A Polícia Federal não atestou a autenticidade dessas provas?
31:42A pessoa que a integridade da cadeia de custódia só não pôde completar a perícia?
31:47Mas é produto de crime, ministro.
31:49Por quê?
31:49Por quê?
31:50Por quê?
31:51Então, o crime compensa para a vossa excelência.
31:55Então, o crime compensa para a vossa excelência.
31:58Frase de Luiz Roberto Barroso para Ricardo Lewandowski, portanto, encarou Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski,
32:04quando eles estavam, enfim, protegendo aí toda a classe política das investigações e condenações.
32:10E reparem, vocês que acompanharam o Papo Antagonista na última semana, nesses últimos
32:15dias, que o Lewandowski, nesse vídeo, ele falou que já naquela época, tá?
32:20Isso foi há bastante tempo, mas tem a ver com a decisão recente do Dias Top de anular
32:25provas do acordo de lenência da Odebrecht.
32:27Ele falou que as mensagens mostram que os procuradores negociaram clandestinamente com autoridades
32:34estrangeiras, etc.
32:36Nós explicamos ontem, de novo, essa questão aqui.
32:40Quer dizer, o Lewandowski estava usando as ilações que eles faziam antes de qualquer
32:45investigação sobre o caso e antes de trazer à tona os fatos verdadeiros para já anular
32:50tudo, para considerar suspeito o juiz, etc.
32:53Ele estava alegando aquilo.
32:55E nós mostramos o quê?
32:56Nós mostramos que houve a pedido de formalização da cooperação das autoridades suíças com
33:04os procuradores da Lava Jato, que o Ministério da Justiça do Flávio Dino, no governo Lula,
33:09não forneceu ao Supremo Tribunal Federal.
33:12Na verdade, disse que não existia.
33:14Foi depois do recurso da ANPR, Associação Nacional de Procuradores da República, apontando
33:18os dados dessa formalização, que o Ministério da Justiça teve que reconhecer.
33:21Ah, encontrei agora.
33:22Só que o Dias Toffoli tomou a decisão de anular as provas com base na alegação de
33:28que essa formalização não existia.
33:31E depois quer manter a decisão mesmo, a formalização tendo aparecido, que mostra
33:35que o objetivo é anular, independentemente do pretexto.
33:39Agora vai se criar um outro pretexto para manter aquela decisão.
33:43E o que aconteceu foi que, enquanto as autoridades suíças estavam providenciando, tem todo um
33:48trâmite, houve o fechamento do acordo de leniência no Brasil e a Odebrecht.
33:52Depois de fechar esse acordo, dentro do âmbito dele, entregou de espontânea atitude, espontânea
34:01no sentido de...
34:02Ela trouxe as provas, mas é claro que isso fazia parte do acordo, dos pagamentos de propina.
34:09Os dados do sistema Drauzes, os dados do departamento de propina da empreiteira, como era chamado
34:15lá o sistema de operações estruturadas.
34:18Então não houve a necessidade de esperar o fornecimento pelas autoridades suíças,
34:22porque a própria empreiteira, no âmbito do acordo, entregou esse material.
34:26Então vejam aqui a luz de tudo que se revelou depois, como a base também para aquela decisão
34:33era bastante falseada.
34:36E teve um momento que ficou registrado para a história que o Lewandowski falou
34:38pode ser ilícita, pode ser, qualquer coisa serve, não precisa ser autenticada, não precisa ser nada.
34:46Então esse Barroso, que enfrenta o sistema, seria ótimo que ele continuasse entre nós.
34:53E aí, Madá, o que você destaca?
34:54Olha, esse Barroso que a gente viu lá atrás, que é muito diferente do Barroso do Perdeu Mané
35:02e do Barroso da UNE, talvez seja diferente do Barroso, presidente do Supremo.
35:06Ah, é?
35:08Nós não sabemos ainda o que virá.
35:13Sobre essa questão toda da Odebrecht, que a gente está vendo aí,
35:17tem uma parte dessa narrativa, Felipe, que eu acho que é sempre muito bom
35:20da gente deixar explicado, que essa história de que a ação da Lava Jato
35:26quebrou as empresas, de que a ação da Lava Jato poderia ter sido feita
35:32de maneira a não quebrar as empresas,
35:35ou de que o problema eram algumas pessoas nas empresas e não a empresa.
35:40Então, por isso, você não precisava ter quebrado a empresa.
35:44Geralmente, a resposta é uma resposta puramente moral,
35:49como essa que deu o ministro Barroso.
35:51Ah, então não foi a corrupção que quebrou a empresa,
35:54foi a investigação.
35:57Ela, sob o ponto de vista moral, é correto,
35:59mas a resposta sob o ponto de vista fático,
36:03ela é mais interessante.
36:05O grande problema de empresas como essas empreiteiras brasileiras
36:09é que elas só davam lucro na atividade que dependia de corrupção.
36:17E para ter esse lucro na atividade vinda de corrupção,
36:21elas assumiam uma série de outras atividades que eram deficitárias.
36:28Por exemplo, saber que a Odebrecht chegou a um ponto
36:30que ela estava administrando creche de criança em Belo Horizonte
36:34e até o cafezinho da Câmara dos Deputados.
36:38Eles assumiram uma enormidade de estaleiro,
36:41de coisa de construção naval e disso, daquilo,
36:45que não dava dinheiro nenhum,
36:47era um baita de um prejuízo.
36:49E por que isso acontece?
36:51Porque essas empresas que eram empreiteiras
36:54começam a sobreviver num capitalismo de compadrio
36:58e num tomar lá da cá de propina com os políticos,
37:02desde sempre.
37:04A construção de Brasília foi o que foi e continuou.
37:08Esse pessoal ainda opera do mesmo jeito.
37:12Depois da Lava Jato,
37:15essas empresas, por exemplo,
37:16teve empresa que mudou de nome,
37:18eles puseram um compliance,
37:21só que não fizeram, por exemplo,
37:23muita gente compara essas empresas com a Siemens.
37:25Essas empresas são empresas que é o seguinte,
37:27elas sempre operaram com corrupção.
37:29Se tirasse a corrupção, ela ia cair.
37:32Isso que fala, não, mas podia ter feito de jeito a não cair,
37:35não tinha como.
37:36Porque o que não tinha corrupção no meio era deficitário.
37:39Não tinha o que fazer ali.
37:43Ah, mas a Lava Jato podia ter feito de outro jeito?
37:45Podia.
37:45Ia ter o mesmo resultado.
37:47Porque onde não estava corrompendo,
37:49vocês imaginam uma empresa que tem um departamento de propina.
37:52E que todo mundo sabe.
37:54Agora, a Odebrecht pagava salários,
37:56eu trabalhei em empreiteira,
37:5730% maiores que o do mercado.
38:00Ela sempre pagou melhor.
38:01Ela sempre foi uma empresa que pagou melhor.
38:03Inclusive, tem amizade com a pessoa que prescreveu o polenguinho
38:06Eu já falei qual é a tua música, né?
38:07Para o Marcelo na prisão.
38:08Eu já passei por quase tudo nessa vida.
38:10Passei.
38:10Em matéria de guarida, espera ainda a minha vez.
38:13Conheça esse pessoal.
38:14Era uma coisa assim, da cultura dessas empresas.
38:17Se falava abertamente em reunião de conselho,
38:19quanto que vai oferecer pra isso.
38:20Era uma coisa vergonhosa.
38:22Existia isso.
38:22Aquela expressão entre vários delatores,
38:24que é da regra do jogo.
38:26Isso, mas era uma coisa falada, inclusive, Filipe.
38:29Não é uma coisa como o povo acha.
38:30Quem trabalha na área sabe.
38:31Não era mais velado,
38:33de tão naturalizado que ficou por gerações.
38:35Então, assim, a Lava Jato, então,
38:38não vai mexer com ninguém que não está envolvido em propina.
38:41Só com quem está.
38:42Ela mexeu só com quem está, ela quebrou a empresa.
38:44Porque a empresa era propina.
38:46E aí, comparam com a Simens,
38:48que falou que a Simens também teve um problema,
38:51mas depois você viu que mudou tudo.
38:52Ok, a Simens tirou todo mundo que estava metido na propina.
38:57Ninguém mais manda nessas empresas.
39:00Não está mais como acionista.
39:01Quebrou a continuidade delitiva, né?
39:03Para a gente ser, assim, bastante específico.
39:06Tirou, tirou de vez.
39:07Não pode mais ser acionista,
39:09não pode mais estar em conselho de administração,
39:11não pode mais.
39:11Saiu da empresa.
39:13Diz terra, vai arrumar sua turma.
39:15Foi isso que foi feito.
39:17Nas brasileiras, não foi.
39:18Então, por exemplo,
39:19a Odebrecht, que é a Novo Honor,
39:21eu conheço o diretor de compliance.
39:22É o novo nome, tá?
39:24Ele é muito...
39:25Eles mudaram de nome para a Novo Honor.
39:27Tem um diretor de compliance maravilhoso.
39:28Nem partido brasileiro.
39:29Quando se queima, muda de nome.
39:31Muda de nome.
39:31Mas, assim,
39:32você põe lá um diretor de compliance maravilhoso.
39:35Quem tem ações da empresa,
39:37quem está no conselho de administração,
39:40tem relação com o pessoal que é da corrupção?
39:43Tem.
39:44Aí vai fazer o quê?
39:46Entende?
39:46Os executivos, eles têm, vamos dizer,
39:51um limite de ação
39:53que é imposto pelo conselho de administração
39:57e pelos acionistas.
39:59Então, a gente não teve aqui no Brasil
40:01uma operação dentro dessas empresas
40:04para que elas operem, vamos dizer,
40:05100% limpas,
40:07até porque, com toda sinceridade,
40:09eu não sei se sabem.
40:11Não sei se conseguem.
40:12Não sei se tem pessoal para isso.
40:14Vamos traduzir aqui.
40:15Isso é tese para enganar o otário.
40:16Isso, se você for traduzir ao pé da letra,
40:18é o rouba, mas faz essa narrativa.
40:21Ah, não podia, não podia.
40:23Não podia punir, não podia multar, não podia.
40:25Tinha que tudo continuar funcionando
40:27porque é uma empresa tão importante,
40:29uma empreiteira tão importante.
40:30Olha, nós já falamos várias vezes aqui,
40:33eu com o Carlos Graieff,
40:34ela corrompe o próprio mercado em que atua
40:37porque atua em concorrência desleal.
40:40Ela está faturando bilhões de reais
40:43em contratos públicos
40:44e, portanto, tendo mais acesso a recursos humanos,
40:48a equipamento, ao maquinário,
40:49a toda uma infraestrutura
40:51que o empresário, o empreendedor
40:53que está afim de construir um negócio no mesmo ramo
40:57não consegue, se ele for honesto,
41:00se ele pagar os seus impostos,
41:01ele nunca vai conseguir concorrer
41:02com uma empresa que está subornando
41:05agentes públicos e políticos
41:06e conseguindo, em razão disso,
41:09bilhões de reais.
41:10Então, quando você quebra essa continuidade delitiva,
41:13você prende os criminosos da empresa
41:14e você multa como precisa multar
41:17porque o crime não pode ficar impune,
41:21você tem uma dificuldade dessas empresas
41:23de continuar sobrevivendo no mercado
41:26no bem bom que elas viviam antes.
41:28porque aí elas vão ter que concorrer
41:30de igual para igual
41:31com as outras.
41:32Qual era o esquema do Petrolão?
41:34Era um revezamento
41:35de vitórias em licitações.
41:37Então, você tem ali casos de fraude
41:38à licitação,
41:39enquadrado muitas vezes como cartel,
41:41aí tem gente que diz que não é e tal.
41:43O que importa é que havia uma combinação,
41:45havia um favorecimento
41:46para se ganhar contrato público
41:48à base de pagamento de propina,
41:51suborno, maior esquema de suborno
41:53que a gente tem notícia
41:54na história da República.
41:55Então, esse discurso
41:58de que isso gerou desemprego,
42:00olha, o que gera desemprego
42:02é a corrupção cometida
42:05por grandes empresários
42:06que expandiram um negócio
42:08nessa base.
42:10E aí, depois, você constrói
42:13sob bases criminosas.
42:15Quando elas são retiradas,
42:17você tem ali uma derrubada
42:19daquele império.
42:21Infelizmente, no Brasil,
42:23o império está sendo reerguido
42:25sem que tenha sido
42:27completamente abalado
42:30nos termos da devida punição.
42:33Eles estão escapando
42:34das punições.
42:36E a gente aqui não zela pelo desemprego,
42:38a gente zela pelo emprego das pessoas.
42:40Agora, o emprego das pessoas
42:42num mercado saudável,
42:44num mercado em que a concorrência
42:46é leal,
42:47em que se atua
42:48na mesma base,
42:50sob as mesmas regras.
42:51Então, é nessas bases,
42:54nessas regras,
42:55que políticos e os seus protetores,
42:58empresários e os seus protetores,
43:00não queriam que as empreiteiras
43:02amigas atuassem.
43:04Então, a gente vê
43:05esse tipo de narrativa
43:06chegando até a justificar,
43:09mesmo que informalmente,
43:10um voto de ministro
43:11do Supremo Tribunal Federal.
43:13Houve artigo naquela época,
43:14no dia seguinte,
43:15a essas colocações
43:15do Lewandowski,
43:17sobre o roubo a mais faz.
43:18E aí, você sempre tem militantes
43:20para fazerem estudos,
43:21entre aspas,
43:22para tentar legitimar
43:23a narrativa.
43:25Agora, o fato
43:25é que estavam subornando.
43:27E é essa história
43:28que estão querendo apagar.
43:30E, por exemplo,
43:32o que as pessoas falam é
43:32que era uma empresa
43:33super eficiente.
43:35Como operava
43:35num ambiente
43:37do território africano?
43:38Vou citar o exemplo
43:38que eu presenciei.
43:39Angola.
43:40É, vários escândalos
43:42lá também.
43:43Então, mas por que
43:44que eles eram
43:45tão competitivos em Angola?
43:46Angola tinha,
43:47a Odebrecht tinha
43:48praticamente lá
43:49uma cidade,
43:50depois lá da rotunda
43:51do Gamec,
43:52em Luanda,
43:53que era o único lugar
43:54que você tinha luz,
43:55que tinha isso,
43:55que tinha aquilo.
43:56Os maiores condomínios
43:57construídos pelo Odebrecht,
43:58grandes pontes,
43:59mesma coisa em Moçambique.
44:01Sabe como é que
44:01funcionava o negócio, Felipe?
44:03Por que que o negócio
44:04funcionava?
44:05Eles apresentavam,
44:07eles se apresentavam
44:08lá para competir,
44:09competição internacional.
44:10Um monte de empresa
44:12do mundo inteiro
44:13se apresentava.
44:14Por que que o nosso
44:15era o mais competitivo?
44:17Porque a empresa nossa
44:20que estava lá,
44:20não só o Odebrecht,
44:21Andrade fazia isso,
44:23Camargo Correia,
44:24todas elas.
44:25Ela apresentava
44:27a proposta dela
44:28já levando em conta
44:30que ela ia convencer
44:31o BNDES
44:33a financiar essa obra
44:35com juros de pai para filho.
44:38E isso, assim,
44:39nem o governo russo faz isso.
44:41Claro.
44:41Nem o governo chinês
44:43faz isso.
44:45Estou falando,
44:45ditaduras que têm interesse
44:47pelo controle da região ali
44:48não faziam isso,
44:50não fazem até hoje.
44:51É, e depois pagavam
44:52um certo palestrante, né,
44:54para dar palestra
44:54de combate à fome, né?
44:56Não, não, não.
44:56Estou falando em outra oportunidade.
44:57Teve o sobrinho do Lula,
44:59o Taiguara, lembra?
45:00Eu sei, eu só estou dizendo.
45:01O Taiguara virou um,
45:03vamos dizer,
45:04o Taiguara virou...
45:05Um mega empresário.
45:06Cara, grande empresário
45:07em Angola, gente,
45:09é coisa assim,
45:09shake e árabe.
45:10A elite vermelha,
45:11procure o meu artigo
45:12daquela época.
45:13Então, era isso.
45:14Não era uma empresa
45:15que era...
45:16A gente ouve como se fosse
45:17competitiva,
45:18mas não era,
45:19porque assim,
45:19no mundo inteiro,
45:20que empresa que vai apresentar
45:22uma proposta em outro país
45:23e no bolso dela está
45:24um financiamento público
45:26do governo do país
45:27que ela vem
45:28para ela fazer uma obra
45:29num outro lugar
45:30com juros de pai para filho.
45:33Então, ela não era competitiva,
45:35era tudo vinculado com isso.
45:37E o mercado da construção civil,
45:38ele precisa ser competitivo
45:39por quê?
45:40Porque senão ele está
45:41dando emprego de um lado
45:42e tirando emprego do outro cara.
45:44Ele está dando emprego
45:44para o dele
45:45e tirando emprego de cinco
45:46do outro lado
45:47por causa de como
45:48gasta o imposto.
45:49Então, assim,
45:50essa questão de que
45:51ai, devia preservar
45:53o lado saudável.
45:55Devia, se tivesse.
45:56O problema é que
45:57não tinha o lado saudável.
45:59Esse era o problema.
46:00Então, mas agora eles estão...
46:02Eles não sei se vão conseguir
46:03se reestabelecer lá
46:05em território africano.
46:07Acho que vai ter que financiar bem,
46:08porque os chineses
46:09foram para lá,
46:10fizeram ponte,
46:11igual aquelas pontes
46:12de São Francisco, sabe?
46:14Umas coisas maravilhosas,
46:16tão interessadíssimas.
46:17Não sei como vai ser isso agora.
46:18O que nós vamos ter que pagar
46:20para esse povo voltar
46:21a operar por ali?
46:22É, eu só estava lembrando
46:23da etapa
46:24em todos esses procedimentos
46:28heterodoxos
46:29que havia o pagamento
46:30de palestras
46:31para Luiz Inácio Lula da Silva.
46:33Recebeu milhões de reais
46:35da Udebrecht
46:36e de várias outras empreiteiras.
46:38Na verdade, eram seis no total.
46:40Que, coincidentemente,
46:41eram os empreiteiros
46:41do clube das empreiteiras,
46:43envolvido no Petrolão.
46:45Recebia, portanto,
46:47centenas de milhares de reais
46:48por palestra
46:49para combater a fome
46:51no mundo,
46:52era o tema da palestra.
46:53E aí ele ia dar a palestra
46:54nesses países
46:55e conversava com as autoridades locais
46:57defendendo os interesses
46:59das empreiteiras brasileiras.
47:01Como ele gosta de dizer,
47:01defendo o interesse
47:02das empresas brasileiras,
47:03que isso é importante,
47:04para a geração de emprego, etc.
47:06Na verdade,
47:07é importante
47:08para manter
47:08os amigos.
47:09O amigo Lula
47:10de Emílio Odebrecht,
47:12que tinha ali
47:14a ascendência
47:17sobre a Odebrecht,
47:18o Marcelo Odebrecht,
47:19o filho dele,
47:21para a empresa
47:22ganhar bilhões de reais
47:23em contratos públicos.
47:24Ganhou no esquema
47:25de corrupção da Petrobras
47:26e ganhou no capitalismo
47:28de compadrio
47:28no BNDES
47:29para tocar obras,
47:30inclusive,
47:31em ditaduras amigas,
47:32em Venezuela,
47:33Cuba,
47:34e tudo isso
47:35que a gente acompanhou.
47:36E a gente não esquece,
47:37falei essa semana,
47:39que nós aqui
47:39lutamos pela memória.
47:40está cheio
47:42de porta-voz
47:43do sistema
47:43no mercado
47:45da comunicação,
47:46atuando
47:47pelo esquecimento.
47:48Aqui no Antagonista,
47:49vocês vão ver
47:50uma análise minuciosa
47:51de tudo
47:52que está acontecendo.
47:54A gente vai trazer
47:55o histórico,
47:56a gente vai trazer
47:57o perfil
47:58de cada um
47:58e a perspectiva.
48:00Então,
48:00a gente está apresentando
48:01a presidência
48:03do Luiz Roberto Barroso
48:04e trazendo o contexto
48:05com vários elementos.
48:07O Barroso tem
48:07esse perfil.
48:08Foi rigoroso
48:09em relação ao combate
48:11à corrupção,
48:12mais pelo menos
48:12do que os demais ministros,
48:14ou seja,
48:14menos complacentes.
48:15Teve alguns pontos ali,
48:16deu uma aliviada
48:17para um dos crimes
48:18do Dirceu,
48:19mas o Dirceu
48:20foi condenado
48:21por outros crimes.
48:23Agora,
48:23em relação
48:24à Lava Jato,
48:25aliás,
48:26faltou contextualizar
48:27a parte do Michel Temer.
48:28Ele se referiu ali
48:29ao áudio gravado
48:30pelo Joesley Batista,
48:31a frase do Michel Temer
48:33tem que manter isso aí,
48:34e a corridinha
48:35que foi dada
48:36pelo Rodrigo Rocha Loures,
48:37que era quem
48:39o Michel Temer,
48:40naquela conversa
48:41com o Joesley
48:41que foi gravada
48:42pelo empresário,
48:43dono da JIS,
48:44era quem
48:46o Michel Temer
48:47apontou
48:47para ser o interlocutor,
48:49para ser o intermediário
48:50entre eles.
48:51E duas semanas depois
48:52daquela conversa,
48:54o Rodrigo Rocha Loures
48:55saiu ali
48:56do estacionamento
48:57de uma pissaria,
48:58algo assim,
48:59carregando aquela mala,
49:00se eu não me engano,
49:01com 500 mil reais
49:02de propina,
49:04como foi apontado
49:06pelos investigadores
49:06na época.
49:07E aí deu uma corridinha
49:08ali até colocar
49:09no porta-mala
49:10de um táxi.
49:11É essa cena
49:11que o Barroso
49:12se referiu no vídeo.
49:14Então,
49:14você tem esse Barroso
49:15e você tem
49:16o ativista judicial
49:17de esquerda
49:19disposto a legislar
49:20no Supremo
49:21sobre o aborto,
49:23sobre drogas,
49:24sobre o marco temporal,
49:26sobre imposto sindical
49:28e outros temas.
49:29Vamos ver
49:30como é que vai ficar
49:31essa acomodação
49:32a partir de agora.
49:36Música
49:36Música
49:37Música
49:38Obrigado.
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