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Transcrição
00:00Muito bem, eu continuo falando com o Carlos Graebi
00:02só mais um pouquinho a respeito desse tema,
00:05porque, olha, quem quiser maior detalhamento
00:08sobre toda essa cronologia, está lá no meu artigo
00:10em antagonista.com.br,
00:12Moraes ou Mendonça, entenda a omissão no caso de Clériston.
00:17Só para a gente pegar pelo final,
00:20o Luiz Roberto Barroso, ministro do STF,
00:22disse hoje o seguinte, em nome do STF,
00:25como ele próprio colocou,
00:27toda perda de vida humana,
00:29ainda mais quando se encontra sob custódia do Estado brasileiro,
00:32deve ser lamentada com um sentimento sincero.
00:36Palavras do Barroso, agora as minhas.
00:38Mas tentou jogar a responsabilidade para o sistema carcerário,
00:43onde quatro pessoas morrem por dia.
00:45Quatro pessoas morrem por dia, palavras dele.
00:48E afetar, ele tentou também,
00:50afetar a virtude do Supremo por ter declarado inconstitucional
00:53esse estado de coisas.
00:55Quer dizer, o sistema carcerário foi declarado
00:57um estado de coisas inconstitucional pelo STF
01:00para que houvesse determinadas providências, etc.
01:04Nada disso exime o STF
01:07e de responsabilidade por não ter avaliado simplesmente o caso.
01:14Abro aspas de novo para o Barroso.
01:17Registro que não é o judiciário que administra o sistema penitenciário.
01:22Seja como for, manifesta em nome do tribunal
01:25solidariedade à família do cidadão brasileiro
01:27que faleceu no presídio da Papuda.
01:30Fecho aspas.
01:31Eu registro que tampouco o sistema penitenciário
01:35administra o poder judiciário,
01:39não podendo ele próprio, sistema penitenciário,
01:42por motivos de saúde,
01:43acatar pedidos de prisão domiciliar
01:45feitos por advogados comuns,
01:48como o Bruno Azevedo de Souza,
01:50que não podem andar de bermuda no STF.
01:53Aqui a gente deixou muito claro
01:55que as críticas, as análises são nossas,
01:57ele não tem nada a ver com isso,
01:58mas a gente não pode deixar de apontar o duplo padrão.
02:02É inconcebível imaginar que advogados
02:06alinhados aos ministros do STF,
02:09que muitas vezes participam dos mesmos eventos,
02:13que a causa deles fosse ficar lá engavetada
02:17durante tantos meses.
02:18Não foi isso que aconteceu,
02:19como eu mostrei em artigo anterior,
02:21com diversos políticos
02:23defendidos por esses advogados
02:26mais próximos de ministros do STF.
02:30E o Alexandre de Moraes,
02:32hoje, decidiu pela soltura de quatro réus do 8 de 1,
02:38que estavam ali com pedidos
02:40de relaxamento de prisão.
02:43Quer dizer, ele passou recibo,
02:44passou recibo em silêncio,
02:47não veio a público reconhecer
02:49qualquer tipo de responsabilidade por omissão.
02:52Ninguém aqui está pregando
02:53que a morte aconteceria, não aconteceria, etc.
02:56Está apenas mostrando
02:57que o STF atraiu para si,
03:00por meio do relator Alexandre de Moraes,
03:02a responsabilidade sobre centenas de casos.
03:05E teve um caso lá
03:06que ficou absolutamente esquecido.
03:10E quando a gente compara com outros,
03:11a gente vê que não é exatamente assim.
03:13Então, essa análise a gente fez ontem
03:14e hoje, Graé,
03:16houve, portanto,
03:17essas declarações do Barroso
03:19e a atitude do Alexandre de Moraes.
03:22Eu pergunto,
03:24e se fosse um juiz da Lava Jato?
03:27Se fosse o Sérgio Moro em Curitiba,
03:29o Marcelo Bretas no Rio de Janeiro,
03:32algum outro em Brasília,
03:33embora em Brasília
03:34eles não tenham sido tão atacados
03:38pela turma que também mora lá.
03:42E se fosse alguém
03:43que tivesse mandado para a cadeia,
03:45não tivesse dado bola
03:46para pedido de liberdade,
03:48de defesa de político,
03:50de empresário e tal,
03:51e tivesse morrido lá?
03:53Não haveria uma correição extraordinária
03:56determinada pelo Conselho Nacional de Justiça?
03:58Vai haver correição no STF
04:01para apurar o que aconteceu nesse caso?
04:04São questões que ficam no ar, né, Graé?
04:08Óbvio que não vai haver correição, né, Felipe?
04:12O CNJ é presidido pelo Barroso,
04:17é presidido pelo presidente
04:19do Supremo Tribunal Federal também.
04:22São todos juízes que convivem
04:26cotidianamente em Brasília,
04:28não vai haver nada.
04:29E só um parêntese, Graé,
04:30com perdão de interrompê-lo,
04:32mas só um parêntese,
04:33o Luiz Felipe Salomão,
04:34o Corregedor Nacional de Justiça,
04:38ele é o aliado do Moraes
04:39que o Moraes queria colocar
04:40na vaga do Ricardo Lewandowski
04:44no Supremo Tribunal Federal.
04:46Esse é o Corregedor
04:50que determinou a correição extraordinária
04:52para apurar eventuais abusos,
04:56métodos, etc.,
04:57lá na 13ª Vara Federal de Curitiba,
04:59responsável, naquela época,
05:01pelos casos da Lava Jato.
05:03Então, Luiz Felipe Salomão,
05:04um aliado do Moraes
05:05e afiliado no sentido de
05:07o Moraes fazer pressão
05:09para que ele fosse
05:10para o Supremo Tribunal Federal,
05:12vai investigar?
05:13Isso?
05:14Não vai, né?
05:15Só para deixar claro.
05:16Diga, Graé.
05:17Não, perfeita lembrança.
05:18Exatamente nessa linha, né?
05:20E é o seguinte,
05:23o Supremo,
05:25ao assumir a responsabilidade
05:27por quase 300 réus, né?
05:32Mais, na verdade, né?
05:33São centenas de casos, né?
05:37Ele acabou se tornando
05:39partícipe do tal estado
05:42de coisas inconstitucional
05:44do nosso sistema jurídico
05:47barra carcerário.
05:50Não é só o sistema carcerário
05:52que tem que ser,
05:53como você também bem observou,
05:55que tem que ser responsabilizado
05:57pelas mortes
05:59e pelas malutices
06:03que acontecem
06:04dentro das nossas cadeias.
06:06Uma parte da responsabilidade
06:08se deve ao poder judiciário,
06:12que é lento ao analisar os casos
06:15de maneira geral, certo?
06:18Que deixa, sim,
06:19inocentes ficarem presos
06:21por muito mais tempo
06:22do que seria...
06:26do que qualquer lógica
06:28poderia admitir, certo?
06:30Então, é como você disse,
06:33o sistema carcerário
06:34não toma decisões sozinho,
06:36sozinho,
06:37ele depende de um juiz
06:39que ordene
06:41o que há de ser feito
06:43com aquele réu
06:44em cada caso, certo?
06:47Então, os dois,
06:48justiça
06:49e sistema carcerário,
06:51estão absolutamente
06:52imbricados,
06:53estão de mãos dadas
06:55na condução
06:56do sistema
06:57que o Supremo
06:57declarou
06:59inconstitucional,
07:00um estado de coisas
07:01inconstitucional.
07:03O Supremo
07:05caiu de cabeça
07:06nesse estado
07:07de coisas inconstitucional,
07:09como a gente está observando agora.
07:10não fez nada
07:13melhor
07:14ao conduzir
07:16os casos
07:17derivados
07:18do 8 de janeiro
07:19do que a gente vê
07:21acontecer cotidianamente
07:22no nosso sistema
07:23penal.
07:26Não tratou os réus
07:28com mais respeito,
07:30não tratou os casos
07:31com mais cuidado,
07:34não ficou alerta
07:35para circunstâncias
07:37graves
07:37que estavam sendo
07:39relatadas por advogados.
07:42Só depois da morte
07:42de um,
07:43o ministro Alexandre
07:44Moraes
07:45resolveu soltar
07:45outros quatro,
07:47senão é muito provável
07:48que eles continuassem
07:49esquecidos lá
07:50por mais tempo.
07:52Então,
07:53assim,
07:53é isso, né?
07:57O Supremo
07:58mostrou que não é
07:59nem um pouquinho
07:59melhor ou pior
08:00do que o sistema
08:02que ele se arvora,
08:04ou melhor,
08:04que ele se arvora não,
08:05que ele está
08:06na posição
08:07institucional
08:09e constitucional
08:10de controlar.
08:13Então,
08:13o sistema
08:13é controlado
08:14por um tribunal
08:15que,
08:18na hora
08:18em que poderia
08:20mostrar que funciona
08:21melhor,
08:21não consegue mostrar isso.
08:23No mínimo,
08:25no mínimo.
08:26E a gente
08:27poderia discutir
08:28quais são os vieses
08:30na condução
08:31desses processos.
08:33já existe
08:35um viés
08:36para tratar
08:39aqueles que estão
08:40sendo investigados,
08:42que apenas foram
08:43denunciados,
08:45como já quase que
08:46culpados,
08:47independentemente
08:48de haver ou não
08:49sentença.
08:51No caso do Clareston,
08:52parece que foi exatamente
08:53isso que aconteceu.
08:55Certo?
08:57A própria
08:58Procuradoria-Geral
08:58da República
08:59chamou atenção
09:00para o fato
09:00de que não havia
09:01motivo para ele
09:02continuar preso.
09:03preventivamente.
09:06E
09:06o Supremo Tribunal
09:08que conduz
09:08esses processos
09:09resolveu ignorar
09:11a manifestação,
09:12resolveu fechar os olhos
09:13para a manifestação
09:14e deixar o cara
09:15encarcerado,
09:17fazendo aquilo
09:18que tanto
09:19se criticou
09:20a Lava Jato,
09:21que tantos ministros
09:22criticam
09:23a respeito
09:23da Lava Jato.
09:26Então,
09:26na hora
09:27do vamos ver,
09:29cadê a diferença?
09:30o que é que
09:32torna
09:33o Supremo
09:34apto
09:36a julgar
09:37com tanto rigor
09:38aquilo que é feito
09:39nas instâncias
09:40inferiores?
09:41O que eles dizem
09:42que é feito,
09:43né?
09:43Porque muitas vezes
09:44eles falam uma coisa
09:45e o fato
09:46não é exatamente
09:48como eles estão
09:48colocando, né?
09:49Agora,
09:50a gente está colocando
09:51aqui todos os fatos
09:52a respeito
09:53da conduta
09:54dos ministros
09:55do STF
09:56nesse caso
09:57de 8 de janeiro.
09:58Então,
09:58se eles declararam
09:59um estado
10:00de coisa
10:00inconstitucional
10:01no sistema carcerário,
10:02como é que eles
10:02esquecem os presos
10:03lá e não avaliam
10:05pedidos de liberdade
10:07com base
10:08em laudos médicos
10:09sobre problemas
10:10de saúde?
10:11Se eles fazem
10:12isso
10:13quando vem
10:15caso de político,
10:16quando vem
10:16caso de advogado,
10:18que muitas vezes
10:18aparece ali
10:20numa intimidade
10:21grande
10:22com o ministro
10:24ou com a própria
10:24corte.
10:25Então,
10:26a gente cobra
10:26coerência.
10:27a gente cobra
10:29que os atos
10:31sejam correspondentes
10:32ao discurso,
10:35a essa afetação
10:37de moralidade superior,
10:39a essa afetação
10:40de defesa
10:40da democracia,
10:42do regime democrático,
10:43pelos direitos humanos,
10:45é o Estado democrático
10:46de direito.
10:48Cadê
10:49o direito
10:50dos presos
10:52no caso
10:53que envolveu
10:56até o Supremo Tribunal
10:57Federal
10:57um dos motivos
10:58de crítica,
10:59já que o relator
11:00ele é vítima,
11:02ele é julgador,
11:04ele determina.
11:06Então, assim,
11:07muita coisa
11:08foi apontada
11:08desde a raiz.
11:09Aliás,
11:09eu até resgatei
11:10o trecho
11:11de uma reportagem
11:11da Folha
11:13lá de 16 de março,
11:16quando o Moraes
11:16manteve
11:17294 prisões.
11:19É até possível
11:21que tenha sido
11:21nessa leva
11:22que o Clareston
11:23tenha sido mantido
11:24na cadeia
11:24por decisão
11:25do Moraes.
11:27Mas, enfim,
11:27não confirmamos
11:28esse ponto
11:29sobre a data.
11:30Mas, nessa reportagem,
11:32estava escrito
11:32o seguinte,
11:33vou colocar aqui
11:34entre as,
11:34para mostrar
11:34que a preocupação
11:35já existia
11:37de o STF
11:38dar conta
11:39de tudo.
11:40As,
11:40agora o próximo passo
11:42será encontrar
11:43soluções
11:43sobre quem cuidará
11:44das centenas
11:45de ações penais.
11:46É consenso
11:47que em qualquer cenário
11:48haverá sobrecarga
11:49de serviços
11:50e uma provável necessidade
11:51de convocar reforços.
11:53No Supremo,
11:54interlocutores de Moraes
11:55afirmam que a intenção
11:55era manter os processos
11:57sob a tutela
11:58do tribunal,
11:59o que evitaria
11:59que eles ficassem
12:00parados e sem julgamento
12:02ou que haja decisões
12:04divergentes entre juízes
12:05na primeira instância.
12:07Quer dizer,
12:07queriam evitar isso.
12:08Porém,
12:09não há uma equipe
12:09no Supremo
12:10que tenha condição
12:11de tocar a fase
12:12de instrução das ações
12:13após o recebimento
12:14das denúncias.
12:15Além disso,
12:16segundo o regimento
12:17interno da corte,
12:18as ações penais
12:18devem ser julgadas
12:19em plenário
12:20pelos 11 ministros.
12:21Fecha o asso.
12:22Quer dizer,
12:23toda a preocupação
12:24de o Supremo
12:24não dar conta
12:25estava colocada lá.
12:27E a turma do Moraes
12:28estava dizendo
12:28que manter tudo lá
12:31evitaria
12:32que os processos
12:32ficassem parados.
12:34E o que aconteceu
12:35no caso do Cléristão?
12:37Quer dizer,
12:38o Mendonça rejeitou
12:39com base na jurisprudência
12:40e encaminhou para o Moraes.
12:41O que o Moraes fez?
12:42Nada.
12:42Passam-se meses,
12:45vem a PGR,
12:46se manifesta favoravelmente
12:48à soltura.
12:48O que o Moraes fez?
12:50Nada.
12:51Ficou lá
12:52meses engavetado.
12:54O pedido,
12:55meses engavetado,
12:56a manifestação,
12:57o parecer,
12:58da Procuradoria-Geral
12:59da República.
13:00Mas não era ele
13:01o defensor
13:02do regime democrático,
13:03seria capaz
13:04de dar conta
13:05de tudo.
13:06Então, assim,
13:07é muita pose
13:08para pouca entrega
13:10de resultado.
13:11O resultado
13:11não condiz
13:12com toda essa
13:14afetação de moralidade
13:15superior
13:16que a gente vê
13:16por parte
13:17de vários ministros
13:19do Supremo Tribunal Federal,
13:20os mais omissos
13:22e corporativistas
13:23do que os outros.
13:24Aliás,
13:25só para concluir,
13:26é preciso destacar
13:27que quem assume
13:28a presidência do STF
13:29acaba adotando
13:30um tom corporativista
13:32e o Barroso,
13:33lamentavelmente,
13:34tem adotado
13:35esse tom em diversas
13:36manifestações,
13:37como a gente já
13:37exemplificou
13:38em outras oportunidades aqui.
13:40É um tom corporativista
13:42que tenta sempre
13:44jogar a responsabilidade
13:45para outro lugar
13:46que não
13:47para o próprio umbigo.
13:49E a sociedade
13:50precisa cobrar
13:51que haja
13:52uma coerência
13:53por parte
13:54das instituições
13:55no tratamento
13:56de determinadas condutas.
14:02Música
14:05Tchau, tchau.
14:08Tchau.
14:10Tchau.
14:14Tchau.

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