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NotíciasTranscrição
00:00Muito bem, um homem de 46 anos que foi preso por participação nos atos de 8 de janeiro
00:04morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, na segunda-feira, 20 de novembro,
00:10o dia que foi feriado da consciência negra.
00:13Segundo a vara de execuções penais, Cleriston Pereira da Cunha tinha 46 anos
00:18e teve um mal súbito durante um banho de sol.
00:21Ele sofria de diabetes e hipertensão e utilizava medicação controlada.
00:26Cleriston foi preso dentro do Senado no dia da invasão às sedes dos Três Poderes,
00:318 de janeiro, portanto, e desde então estava preso.
00:34Em abril, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por cinco crimes e se tornou réu.
00:41Ainda não havia previsão de quando Cleriston seria julgado.
00:45Entre janeiro e maio, ele recebeu seis atendimentos médicos.
00:50Em setembro, a PGR concordou com um pedido de liberdade apresentado pela defesa de Cleriston
00:55por entender que o fim da fase de instrução com as audiências das testemunhas e do próprio réu
01:01possibilitava que ele fosse solto.
01:04O pedido de prisão domiciliar, feito em fevereiro,
01:08portanto, antes desse parecer da PGR,
01:11bem antes, lá no começo do ano,
01:14feito pelo advogado Bruno Azevedo de Souza,
01:17e que ainda foi reforçado em maio, com alerta sobre sentença de morte,
01:21caso ele permanecesse preso,
01:22não chegou a ser analisado por Alexandre de Moraes, relator do caso.
01:28Greve, já escrevi um artigo em antagonista.com.br,
01:31mas queria as suas considerações iniciais,
01:34quer dizer, por quase nove meses,
01:38não houve avaliação de um pedido de relaxamento
01:41da prisão preventiva para a prisão domiciliar.
01:46E agora ele morreu.
01:47O Alexandre de Moraes determinou ali a unidade prisional
01:52que esclarecesse com informações detalhadas o motivo da morte.
01:58Mas me parece inconcebível, e dado o histórico,
02:02a gente vê que não aconteceu assim,
02:04que algo nesse sentido pudesse acontecer com
02:08condenados políticos ou empresários por crimes do colarinho branco.
02:14A gente nunca viu o STF demorar tanto a decidir nesses casos.
02:19É, Felipe.
02:20É um caso que mostra uma falência terrível,
02:24um fracasso terrível
02:28de um sistema judiciário que, neste caso em particular,
02:33está trabalhando de maneira completamente atípica.
02:38nenhum desses presos do 8 de janeiro
02:43deveria estar sendo julgado no STF.
02:47No entanto, o Alexandre de Moraes resolveu
02:50chamar para o STF a competência para julgar essas pessoas.
02:56E só apontando que nós registramos aqui
02:59que eles não deveriam estar sendo julgados no STF.
03:03Quer dizer, não é o que a gente está opinando agora.
03:05É porque eles não têm foro privilegiado.
03:09E aí a corte se acha competente para julgar todo mundo
03:11e nem consegue dar atenção a casos específicos.
03:14Exatamente.
03:15Esse é o ponto.
03:17Ou seja, ele atraiu a competência para julgar esses casos para o STF,
03:23que tem uma estrutura que não é compatível
03:28com o julgamento de centenas de presos, como nesse caso.
03:33E está aí.
03:34Está aí a consequência direta desta imprudência do STF.
03:41Para dizer o mínimo.
03:42Exato.
03:44Talvez a palavra seja irresponsabilidade.
03:48O caso não foi verificado no momento certo
03:52e um homem acabou morrendo.
03:55Sendo que já tinha pendente um pedido de liberdade...
03:59Liberdade não, perdão.
04:01De prisão domiciliar há meses, como você bem chamou a atenção, né, Felipe?
04:06Então, isso não é um acontecimento qualquer.
04:10É uma falha grave, volto a dizer,
04:13num processo que é todo atípico.
04:17Então, se você cria uma estrutura atípica para julgar e condenar,
04:23você deveria criar uma estrutura atípica também
04:25para observar os casos graves e que requerem uma atenção especial como esse.
04:31Mas não.
04:32A atenção para a condenação é muito forte.
04:36Agora, aparentemente, a atenção dada às necessidades especiais dessas pessoas que estão presas,
04:43essa aí está ficando em segundo, terceiro ou nenhum plano.
04:47E aqui é bom deixar claro que a gente está questionando as decisões do Supremo Tribunal Federal,
04:54o eventual duplo padrão,
04:56cobrando coerência de ministros como Alexandre de Moraes,
05:00de Estófeles, Gilmar Mentes.
05:03É isso que a gente está fazendo.
05:04Ninguém aqui está aliviando a barra de invasores,
05:07de gente que depredou patrimônio público,
05:10como a gente tampouco faz em casos de crimes de colarinho branco,
05:14de gente envolvida em esquema de suborno,
05:15que praticou crimes de corrupção, lavagem de dinheiro ou peculato.
05:19Então, não se trata disso.
05:21Nem sequer de passar pano para uma eventual responsabilidade
05:26de alguém que morre nessas condições,
05:30de não ter cuidado da saúde,
05:32de eventualmente não ter tomado vacina,
05:34ou qualquer coisa que venha a surgir
05:36e que ainda não está devidamente esclarecida.
05:39Fato é, o fato é que se sabia que ele tinha problemas de saúde
05:46e havia sido feito um pedido pela prisão domiciliar.
05:52E fato é que em outros casos,
05:54e eu mostrei detalhadamente os casos de Paulo Maluf,
05:58de Jorge Pisciani e de Fabrício Queiroz,
06:01não houve demora, muito pelo contrário,
06:05para que eles saíssem da cadeia para a própria casa.
06:10Quer dizer, Fabrício Queiroz foi lá para aquela casinha com a varandinha na Taquara,
06:15ali em região de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
06:18A esposa dele, Márcia Aguiar, estava foragida,
06:21e mesmo assim, João Otávio de Noronha, do STJ,
06:24mandou eles para casa, quando eles deveriam ter sido presos.
06:28O Félix Fischer, quando voltou do recesso judiciário,
06:33derrubou a decisão do João Otávio de Noronha,
06:35que era o presidente da corte e, portanto, era pontonista durante o recesso.
06:38E aí veio quem? Gilmar Mendes,
06:41para derrubar a decisão do Félix Fischer
06:43e restabelecer a do João Otávio de Noronha.
06:46Para quê? Para que o Queiroz ficasse em casa com a sua esposa.
06:52Inclusive, Noronha dizendo que ela poderia cuidar dele,
06:54por questão de saúde, porque ele também tinha doença e tal.
06:57Está aí. Livre, leve e solto.
07:00Foi candidato, inclusive, no ano passado,
07:03só não foi eleito porque não tinha eleitorado
07:05para votar nele para deputado estadual.
07:08Paulo Maluf e Jorge Pisciani conseguiram,
07:11eram mais velhos e tal, mas teve pedido,
07:14teve análise, teve recusa de alguns juízes,
07:17mas lá no Supremo, quando caiu com o Dias Toffoli,
07:20liberou.
07:22Paulo Maluf está aí.
07:23Livre e o Jorge Pisciani só foi ser internado
07:28por um problema mais grave três anos depois.
07:31E aí acabou morrendo em 2021.
07:36Agora também não tem nenhuma evidência
07:37de que se ele ficasse na cadeia
07:40os três anos antes de ser internado,
07:42se isso seria efetivamente pior.
07:45Mas houve uma decisão tomada naquele momento
07:48pelo ministro do STF.
07:50não foi o caso do clerista.
07:52Com ele não houve qualquer decisão.
07:55Felipe Novo, você fez um post muito minucioso
08:00hoje de manhã mostrando esse duplo padrão
08:04para aqueles que têm acesso a advogados caros
08:08que, por sua vez, têm acesso aos tais embargos auriculares,
08:13às vezes de bermuda, no Supremo Tribunal Federal,
08:19como o Antônio Carlos, o Cacai,
08:22ele pode circular nos corredores do STF de Bermuda.
08:26Foi fotografado assim uma vez.
08:29Então é óbvio que a gente traz isso à tona,
08:31porque os advogados dos réus do 8 de janeiro
08:33foram impedidos de se manifestar oralmente,
08:36que é um direito básico da defesa,
08:38no tribunal.
08:40Depois que um deles, o Sebastião Coelho,
08:42disse que os ministros eram as pessoas mais odiadas do Brasil
08:44durante a sua manifestação oral.
08:46Aí parece que os ministros resolveram se esconder
08:48atrás do computador,
08:49deixaram tudo no plenário virtual
08:50para não passar mais por aquele constrangimento
08:53de vir um advogado que pudesse criticá-los.
08:57Ah, eles não podem ser criticados.
08:59Então tem um tratamento diferente
09:01para dois tipos de advogados.
09:03Tem os advogados da turma
09:04e tem os advogados que não são da turma.
09:07Exato.
09:08Outro aspecto atípico desse processo todo, certo?
09:12Os caras estão lá sendo processados
09:14com a possibilidade de passar 17, 18 anos na cadeia,
09:18porque é esse o padrão que foi adotado
09:20para a punição dessas pessoas.
09:23E, no entanto, o senhor advogado desses réus
09:27não pode fazer uma sustentação oral.
09:29Não pode se apresentar diante dos ministros
09:32para defender a causa do cliente deles.
09:37Outra coisa atípica.
09:39Ou seja, a reputação do Supremo
09:43sai muito mal dessa história.
09:46Muito mal.
09:49Uma pessoa morreu.
09:51E a impressão que já se tinha antes
09:54é de que todo o sistema
09:57de julgamento dessas causas
10:02estava enviesado para as punições.
10:05Estava enviesado para as punições.
10:07E eu repito o que o Felipe estava dizendo
10:09até agora há pouco.
10:11A intenção não é passar pano para essa gente.
10:15Em momento nenhum,
10:16eu disse ou ele disse
10:18que essas pessoas são inocentes,
10:20que não merecem punição.
10:21Isto não vem ao caso.
10:23Não é o que nós estamos discutindo agora.
10:26A culpa ou a inocência dessas pessoas.
10:29O que nós estamos discutindo
10:30é que quando a vida de uma pessoa
10:32é posta nas mãos do Estado,
10:35porque ela está presa,
10:37e quem cuida das prisões é o Estado,
10:40a vida dessa pessoa está na mão do Estado.
10:42Então precisa haver cuidado.
10:43A vida de uma pessoa é posta nas mãos do Estado.
10:51A vida de uma pessoa é posta nas mãos do Estado.
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