Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem
Apoie o jornalismo independente. Assine o combo O Antagonista + Crusoé: https://assine.oantagonista.com/

Siga O Antagonista nas redes sociais e cadastre-se para receber nossa newsletter https://bit.ly/newsletter-oa

Leia mais em oantagonista.com.br | crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Muito bem, a gente começa, lamentavelmente, falando da insegurança pública.
00:05Três médicos foram mortos a tiros e um foi internado após um ataque na madrugada dessa
00:10quinta-feira num quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
00:15Eu sou carioca e todos aqueles que são e todos aqueles turistas que já visitaram o
00:21Rio de Janeiro já sentaram num quiosque para tomar uma água de coco ou para beber uma
00:27cerveja.
00:28Eu fico com água de coco.
00:30Ali na beira da praia, na orla, é um lugar que as pessoas frequentam por lazer, é um
00:36cartão postal e, lamentavelmente, virou local de crime, crime bárbaro.
00:41Os ortopedistas assassinados foram Diego Ralf Bonfim, que é irmão da deputada Sâmia
00:46Bonfim, do PSOL, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida.
00:50O médico Daniel Sonevend Proença, esses sobrenomes às vezes são complicados de pronunciar, também
00:57foi baleado, mas sobreviveu.
01:00Eles estavam na capital fluminense para participar de um congresso internacional de ortopedia.
01:05Mais de 30 tiros foram disparados por três homens, todos de preto, com pistolas 9mm em
01:12menos de um minuto.
01:13Os criminosos não levaram nenhum pertence das vítimas.
01:16Dessa forma, os investigadores trabalham com a hipótese de que os médicos paulistas
01:22foram executados.
01:24Até o momento, ninguém foi preso.
01:26A Polícia Civil do Rio apura o caso.
01:28Na manhã dessa quinta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
01:32pediu que a Polícia Federal passasse a acompanhar as investigações.
01:34O anúncio foi feito em suas redes sociais.
01:38Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei a
01:45Polícia Federal que acompanha as investigações sobre a execução de médicos no Rio.
01:50Fecha aspas.
01:51Também nas redes sociais, o governador do Rio, Cláudio Castro, falou em unir forças
01:55para chegar à motivação e aos autores e afirmou que esse crime não ficará impune.
02:01Em outra publicação, Castro informou que a Polícia Civil de São Paulo também entrou
02:05na investigação, disponibilizando informações sobre o perfil das vítimas.
02:10A deputada Sâmia Bonfim afirmou à TV Globo que o crime foi bárbaro e que entrou em contato
02:15com o Ministério da Justiça para pedir o acompanhamento da investigação.
02:19Segundo o jornal O Globo, integrantes da Polícia Civil do Rio e da PF afirmaram ao governador
02:24Cláudio Castro que não vêem indícios de que o ataque tenha ocorrido por motivações
02:29políticas.
02:30A reportagem, publicada à tarde, diz que a tese de que os médicos foram executados
02:35por engano é a mais plausível.
02:37Um áudio interceptado pela Polícia Civil do Rio aponta que traficantes tinham como alvo
02:43um miliciano da região de Jacarepaguá que se parece com uma das vítimas.
02:48O médico Perseu Ribeiro Almeida.
02:50O miliciano é Taylon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do Dalmir, apontado como chefe
02:57da milícia de Rio das Pedras.
03:00Milícia que já tem aí uma longa estrada na criminalidade e que continua com o poder
03:08e que continua nessa guerra de facções a que, lamentavelmente, a gente assiste lá
03:13no Rio.
03:13Produção, pode colocar na tela, por favor, as fotos do Taylon, que é o miliciano, e
03:18do Perseu, que teria sido confundido com o criminoso.
03:23Repare aí a fisionomia semelhante, a barba, os óculos, enfim.
03:31Então, essa é a hipótese de que os criminosos teriam confundido os dois, queriam matar o
03:38filho de um miliciano e acabaram matando um médico absolutamente inocente.
03:46Essa é uma hipótese ainda.
03:48Vamos aguardar a conclusão da investigação.
03:50Pouco antes de serem baleados, os médicos tiraram uma foto no quiosque onde ocorreu o
03:55ataque, a gente mostra aí na tela e dá mais tristeza ainda ver como todos estavam ali
04:03felizes, quer dizer, curtindo um momento de lazer, bebendo, conversando, na beira do
04:11mar, no Rio de Janeiro, dois com camisa de time de futebol, sorrindo, portanto, para
04:18as imagens, obviamente, absolutamente inconscientes de que seriam assassinados em seguida.
04:27Da esquerda para a direita, Marcos de Andrade Corsato, Daniel Sonowend Proença, Diego Ralf
04:33Bonfim e Perseu Ribeiro Almeida, o Perseu que seria similar aí ao filho do miliciano.
04:41Em entrevista coletiva na Bahia, o ministro Flávio Dino afirmou que o armamentismo irresponsável
04:46praticado nos últimos anos contribuiu para o aumento da violência no país.
04:51Vamos acompanhar.
04:53Nós não nos escondemos dos problemas, dos nossos, mas nós temos também o dever de
05:01apontar causas da violência no Brasil.
05:04E uma dessas causas, eu disse, reafirmo, sublinho e direi sempre, foi o armamentismo
05:12irresponsável praticado no Brasil nos últimos anos.
05:17Esse é um dos fatores da violência.
05:21Eu sei que há pessoas que não gostam de ouvir a verdade, mas a verdade é essa.
05:26Porque essas armas foram para o feminicídio, essas armas foram para a violência no trânsito,
05:32no bar, nas famílias, e essas armas foram também desviadas para fortalecer quadrilhas,
05:40porque barateou o acesso a armas no Brasil.
05:45E aí vai a pessoa, chamemos assim de bem-intencionada e compra a arma,
05:50mas vai o quadrilheiro também, que falsifica a documentação,
05:55cujas quadrilhas nós estamos pela Polícia Federal desmontando todos os dias.
06:02Muito bem, há realmente pessoas que não gostam de ouvir a verdade,
06:06como o próprio ministro Flávio Dino.
06:08Há uma série de causas da violência, a insegurança pública no Brasil,
06:12ela já vem de décadas e ela continua aumentando na percepção geral.
06:19E na Bahia, governada pelo PT, o partido do presidente, que é o chefe dele,
06:24a gente vê uma guerra de facções com alta taxa de letalidade policial,
06:28com 12 cidades entre as 50 mais violentas do país.
06:32E, obviamente, isso tudo não foi causado pelo simples armamentismo irresponsável,
06:39por mais que a gente possa ter críticas a determinados pontos dessa política.
06:46Então, é claro que o Flávio Dino recorre a ela,
06:48porque ela é associada a um outro grupo político,
06:51ao bolsonarismo, ao governo anterior.
06:53E, assim, ele tenta se eximir de responsabilidade.
06:56Acontece que a gestão dele, na pasta da Justiça e Segurança Pública,
07:01ela não resolveu nenhum dos problemas até agora
07:04e, simplesmente, não apresentou plano nenhum.
07:06Ele apresentou, de improviso, um plano absolutamente genérico,
07:11que nós ironizamos aqui no Papo Antagonista,
07:13como uma redação de vestibular,
07:16aumento da eficiência dos órgãos policiais,
07:18aumento da eficiência do sistema de justiça criminal.
07:22Quer dizer, parecia ali um adolescente de 17 anos.
07:25Eu até pedi desculpa aos adolescentes de 17 anos,
07:27porque eu acho que eles fazem melhor do que aquilo que fez o Flávio Dino
07:30quando sentiu a pressão,
07:32porque estava sendo cobrado em relação à insegurança pública do país
07:35antes mesmo desses assassinatos lá no quiosque da Barra da Tijuca,
07:40no Rio de Janeiro.
07:42Então, não há um planejamento, um projeto,
07:46uma política pública de segurança em nível nacional.
07:51E o PT ficou 14 anos no poder e o número de homicídios foi aumentando
07:56até passar de 60 mil homicídios por ano.
07:59E estava lá nessa taxa no último ano do governo Dilma Rousseff.
08:04Então, está faltando muita coisa.
08:08E ele tenta se eximir de todas as formas e fica falando a respeito disso
08:13num dia em que há uma comoção nacional em torno de um triplo assassinato.
08:19Quer dizer, ele acaba politizando a questão.
08:22A questão já foi politizada naturalmente.
08:25Claro que a gente dá um desconto,
08:28porque a própria deputada federal, Samuel Bonfim,
08:31disse que se dirigiu ao Ministério da Justiça
08:34para pedir um apoio na investigação.
08:38Então, a gente está lidando aqui com a irmã de uma vítima de assassinato.
08:42E, claro, prestamos toda a solidariedade, toda a condolência,
08:46independentemente de partido, de opiniões sobre temas específicos.
08:50Ela, como apontou uma aliada, a Fernanda Melchione,
08:56às vezes confundo o sobrenome,
08:58mas a gente noticiou no antagonista,
09:00ela está devastada nesse momento terrível de dor.
09:03Então, é natural que ela busque todos os contatos
09:07para que haja justiça,
09:10pelo menos em relação aos criminosos que assassinaram o irmão dela.
09:15Então, o Flavio Dino já fez aquele tweet,
09:17mas acho que ele devia ter tomado mais cuidado,
09:18mesmo que tenha sido provocado pela irmã Dilma Vít,
09:22para não politizar a questão antes do avanço das investigações.
09:27Então, já apontou ali uma hipótese política para o assassinato.
09:31Eu acho que deveria ter mais cuidado.
09:32Mas, ainda que se releve esse tweet,
09:37ele está aí, ao longo do dia,
09:39acusando o armamentismo irresponsável
09:42e é preciso aguardar as investigações.
09:45É que os temas se misturam,
09:47porque houve mais mortes lá na Bahia,
09:50nesses últimos dias,
09:52houve essas no Rio de Janeiro,
09:53e, diante do quadro,
09:55ele mandou um subordinado para o Rio de Janeiro
10:00e ele foi para a Bahia.
10:02Então, está tendo que dar satisfação
10:05e, claro, sempre, sempre se eximindo de responsabilidade
10:10e falando mais do que deve.
10:12Há um momento em que é preciso ter serenidade,
10:14respeitar o luto
10:16e tratar de assuntos específicos,
10:19prestando contas à sociedade,
10:21apresentando as medidas que estão sendo tomadas
10:23e os resultados delas.
10:25O resto é um lado ególatra,
10:30é um lado vaidoso,
10:31é um lado de exploração política
10:34que, nesse momento, pelo menos,
10:36poderia ficar um pouquinho mais em segundo plano.
10:42Graebi, o que você achou disso tudo?
10:43Não, Felipe, é assustador imaginar
10:47que o Flávio Dino, daqui a pouco,
10:49possa estar no Supremo Tribunal Federal, né?
10:52É assustador.
10:53Se é que isso é possível,
10:55ele entrando no Supremo
10:56vai aumentar ainda mais a taxa
10:58de tagarelice da Suprema Corte.
11:00Porque o Dino, ele não consegue ser comedido
11:05ao falar...
11:06Isso, essa é a palavra.
11:08Ele não tem comedimento nenhum.
11:10Hoje, como você bem observou,
11:12era um dia para ser sóbrio.
11:15Ele devia falar daquilo que está sendo feito,
11:17devia prestar apoio às forças policiais
11:20que estão lá trabalhando
11:21para tentar desvendar o crime e tudo mais.
11:24Mas não era momento de ficar, primeiro,
11:26fazendo ilações como ele fez logo de manhã,
11:30e daí, eu é que costumo ser meio bonzinho às vezes, né?
11:36Eu acho que hoje você que foi com o Dino.
11:39Não, eu fui bonzinho, Graebi,
11:41só rebatendo, mas assim,
11:43claro que eu aceito a provocação
11:45e a gente se diverte aqui no programa
11:47na medida do possível,
11:48mesmo lidando muitas vezes
11:51com um noticiário bastante duro e triste.
11:54Mas eu fui bonzinho com a Samia Bonfim,
11:58ela é irmã de uma vítima
11:59e na nota que foi feita em nome dela,
12:02na verdade, se dizia que ela procurou o Ministério.
12:05Agora, o Flávio Dino,
12:08ao twittar, ele deveria ter mais cuidado.
12:11Exato.
12:12A irmã da vítima, o familiar,
12:14aproveita os contatos, cobre investigação,
12:16está num momento de desespero,
12:18num momento de dor.
12:19Agora, a autoridade,
12:21ela precisa ter serenidade.
12:24E aquele tweet,
12:25eu repudio.
12:28Agora, eu falo assim para o público,
12:30se o público acha que, bom,
12:32porque existia esse pós,
12:33porque foi provocado,
12:34ainda que se releve,
12:35ele passou o resto do dia
12:36politizando de outras formas.
12:38Essa que é...
12:39Exato.
12:40É isso.
12:41Eu acho que já foi desastroso
12:44o começo do dia com aquele tweet,
12:48e daí piora.
12:50Piora.
12:51Porque, ao invés de se ater ao essencial,
12:55que é explicitar
12:57como é que eles estão tentando
12:58desvendar o crime,
13:00ele se põe a falar
13:02é bobagem.
13:07Bobagem.
13:08Porque não tem nada a ver
13:11essa história do armamentismo
13:15neste momento,
13:17e em relação, sobretudo,
13:19ao que já se sabe,
13:21ao que já se é possível
13:23perceber a respeito desse crime.
13:28Tem ligação com milícia,
13:29que desde sempre é armada,
13:30que foi uma execução.
13:34Então, não tem nada a ver
13:35com o afrouxamento
13:39das regras sobre armas
13:40dos últimos anos.
13:43Tem a ver com as tendências
13:45de mais longo prazo
13:47da criminalidade no Brasil.
13:50Então, é tudo errado
13:52no comportamento do Flávio Dino,
13:56e eu fico imaginando
13:57esse homem falando e falando
13:59e falando sobre todos
14:00os casos complexos
14:01que vão parar no Supremo.
14:04Aí é que a Suprema Corte
14:06jamais terá, de novo,
14:10alguma chance de recobrar
14:11a sua legitimidade,
14:13a sua serenidade.
14:15Já está apanhando
14:17de tudo quanto é lado,
14:18o Flávio Dino lá
14:19vai ser pior ainda.
14:20o Flávio Dino lá
14:24vai ser pior ainda.
14:25O Flávio Dino lá
14:25vai ser pior ainda.
14:26Tchau, tchau.
14:27E aí

Recomendado