00:00Flávio Bolsonaro disse ao jornal Valor Econômico que a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ocorreu num cenário de semi-torturas, abre aspas, ele está falando coisas num ambiente de semi-torturas, preso injustamente, separado da esposa, das filhas, do pai, uma pessoa nesse estágio dele pode falar o que tem e o que eu acho que é o caso até o que não tem, fecha aspas.
00:26Segundo o UOL, Cid disse à Polícia Federal que após o segundo turno das eleições, Jair Bolsonaro consultou o comandante das Forças Armadas sobre uma minuta golpista. Nós comentamos esse assunto aqui no Papo Antagonista na semana passada. Por meio de nota, a defesa do ex-presidente afirmou que durante seu governo ele jamais tomou qualquer atitude que afrontasse a Constituição. Flávio Bolsonaro também afirmou não crer que Cid tenha feito esse tipo de relato.
00:50Abre aspas, não acredito de forma alguma que vai cometer alguma insanidade para prejudicar o Bolsonaro e se safar. Não tem nada que desabone a percepção que tenho sobre o Cid.
01:01Fecha aspas.
01:02Ainda durante a entrevista, o senador disse que Cid sempre foi uma pessoa próxima e leal a Bolsonaro. O tenente coronel ficou cerca de quatro meses preso. No início de maio, ele foi alvo de uma operação da PF contra supostas fraldas em cartões de vacinação contra a Covid. Além disso, Cid é investigado no caso das joias sauditas.
01:21Muito bem, Graeb. Isso me lembrou duas coisas. Em primeiro lugar, a narrativa petista e de parte do empresariado sujo, envolvido em esquema de suborno, que as delações premiadas foram obtidas por meio de torturas.
01:37Então, o Flávio Bolsonaro não tem a menor vergonha, menor pudor em repetir as mesmas narrativas petistas ou semi-petistas, se preferir, como eu ironizei no Twitter.
01:50Outra coisa é o que o Flávio Bolsonaro diz a respeito do potencial delator. Ele, depois de colocar ali como vítima, ele tenta dar uma afagada.
02:02Olha, ainda estamos aqui com você. Vê se não entrega muita coisa, né?
02:06Que é exatamente o que ele fez em relação ao Fabrício Queiroz.
02:10Um homem trabalhador. Eu lembro muito bem.
02:14Tem o vídeo do Flávio Bolsonaro. Aliás, devia ter pedido para a produção separar.
02:18Vitor, se puder, a gente mostra até o final do programa, lembrar aí, dar uma pesquisada.
02:22Flávio Bolsonaro, Queiroz, trabalhador, para mostrar como é um expediente que ele repete.
02:26Repete. Quer dizer, a família Bolsonaro está com medo daquilo que o Mauro Cid possa entregar e já está recorrendo aos mesmos truques dos petistas encalacrados com a justiça e greve.
02:38É, Felipe. É o seguinte. Eles ficam falando. Ah, duvido que ele tenha dito essas coisas mesmo. Não tenho o que dizer.
02:46Bom, a equação é muito simples. Se o Mauro Cid estiver dizendo coisas sem ter nenhuma prova a respeito delas, ele vai se lascar, certo?
03:00Delação, a gente já está cansado de saber, de repetir. Não é prova. É meio de obtenção de prova.
03:07Portanto, ela tem que abrir um caminho para que você chegue à comprovação daqueles fatos, daquelas ações que estão ali sendo denunciadas.
03:20Então, é o seguinte. Não adianta o Bolsonaro e o Flávio Bolsonaro ficarem falando assim. Ah, duvido que ele tenha falado.
03:27O que interessa se ele vai conseguir entregar provas ou abrir o caminho para que a PF ache essas provas?
03:34Se achar, tchau. Sinto muito. Está aqui. Preto no branco. Não é isso, Felipe?
03:42Se não comprovar, o Bolsonaro sairá com a reputação limpa e o Mauro Cid vai acabar essa história como um mentiroso,
03:54como alguém que realmente tentou sujar a reputação de uma pessoa com quem ele trabalhou por vários anos.
04:02Então, na verdade, a questão não é apenas se o Mauro Cid disse isso ou disse aquilo.
04:08É aonde essas declarações vão conduzir. Onde é que a PF vai conseguir chegar com base nelas?
04:16E é aí que a gente vai ver, não é? Está certo?
04:18E se não chegar a lugar algum... A delação foi fechada com a Polícia Federal?
04:22Nesse caso do Mauro Cid e a PF. A PF vai ser criticada por ter fechado uma delação sem um caminho muito claro de prova.
04:30Porque aí também entra uma responsabilidade dos agentes envolvidos.
04:35Por exemplo, se você fecha uma delação premiada... Porque o sujeito não entrega tudo.
04:39Você tem um pré-acordo ali em que a defesa, juntamente, portanto, do cliente e os seus advogados,
04:46eles apresentam ali uma listinha de tópicos, um menu.
04:50É um cardápio daquilo que eles vão entregar.
04:54Agora, se o sujeito só entregar, por exemplo, algumas coisas que não estão gravadas, não estão filmadas,
05:01vai ficar a palavra dele contra outro, é difícil encontrar um caminho de prova e acaba não comprometendo ninguém,
05:08a própria PF vai ser questionada por ter fechado um acordo de delação premiada incapaz de trazer pessoas eventualmente acima do Mauro Cid
05:19num esquema criminoso, que é o objetivo básico da delação premiada.
05:24Alguém entregar pessoas mais poderosas.
05:27Porque se fosse só para entregar bagrinho...
05:30Bagrinho, como diria o Lula.
05:31Bagrinho, como diria o Lula, aí não tem tanto sentido conceder benefícios a alguém que já está acima.
05:39Então, a gente tem essa expectativa de que alguma coisa vai sair dessa delação premiada.
05:45E me parece que o Flávio Bolsonaro está passando recibo cada vez que ele dá esse tipo de declaração.
05:51Parece que sentiu.
05:53Existe um receio aí de que o Mauro Cid comprometa parte da família Bolsonaro.
05:58Aliás, eu fiz uma comparação com o Queiroz Greves.
06:01Você viu que ele deu uma declaração para a Veja?
06:04Foi a seguinte...
06:06Ele criticou uma suposta falta de apoio por parte da família Bolsonaro durante as eleições de 2022,
06:13que ele concorreu, né?
06:14Ele queria ser deputado estadual.
06:16Queria entrar lá na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
06:20Alérgica.
06:20Era onde havia o esquema das mal chamadas rachadinhas.
06:24Eles foram acusados de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, né?
06:30Naquela denúncia do MP do Rio, que acabou varrida para debaixo do tapete.
06:34Território bem conhecido ali, né?
06:35Ele afirma...
06:36É, exatamente.
06:37Isso que eu quis apontar.
06:38Ele afirmou que, para o clã Bolsonaro, ele seria...
06:44Ele é, de acordo com a afirmação dele, um leproso.
06:48Eu vou ler aqui a declaração.
06:49Para a família Bolsonaro, eu sou um leproso.
06:53Nem na urna em que ele vota, eu tive voto.
06:55Se ele sinalizasse favoravelmente a minha candidatura, hoje eu seria deputado.
06:59Os bolsonaros são do tipo que valorizam aqueles que os traem.
07:03Olha, Kleber, o Queiroz está magoado.
07:07O Queiroz está magoado.
07:09Eu estou achando que...
07:11Será que vai pingar alguma coisa lá para o Queiroz?
07:14Porque o Queiroz sabe muito da família Bolsonaro.
07:16Quando ele faz esse tipo de ameaça, não é a primeira vez.
07:20Pois é.
07:20A gente fica na sensação de que ele teria muito mais a contar, né?
07:24Será que a moda do Cid, né?
07:26É.
07:27Será que o Cid vai abrir uma moda aí, né?
07:29Agora, eu achei maravilhoso esse detalhe.
07:34Nem na urna onde o Bolsonaro vota, eu tive um voto.
07:38Ou seja, o Bolsonaro não votou em mim.
07:40E ele foi lá olhar o boletim de urna daquela sessão para ver.
07:46Será que ele votou em mim?
07:47Não.
07:48Pobre Queiroz, né?
07:50Agora, deixou...
07:52Se me lembra um samba do Dicró, que era...
07:56Ele falava assim, nem a minha mãe votou em mim.
07:59Aí o refrão era traidor, traidor.
08:01Se tem coisa que não presta, é o tal do eleitor.
08:04É o político que fez de tudo para conseguir voto, comprou apoio, pegou bebê no colo,
08:09na visita, as comunidades.
08:11Então, ninguém votou nele, nem a mãe.
08:13Maravilhoso.
08:14Parece ser o caso especial aí de Fabrício Queiroz, senhora.
08:19Eu achei esse detalhe muito bom, né?
08:23Agora, Felipe, voltando ao Flávio Bolsonaro, eu queria fazer mais uma observação, né?
08:29Eles deviam ser proibidos de utilizar a palavra tortura, né?
08:32Nossa, com certeza.
08:34A família toda devia ser proibida.
08:36O Bolsonaro, por inúmeras vezes, desculpa, mais do que desculpou a tortura, ele fez a
08:43apologia real da tortura.
08:45Ele disse...
08:45Eu revi hoje o vídeo de 1999.
08:47Proibidos que a gente disse, só para deixar claro, porque senão vão interpretar de
08:50maneira literal.
08:51Hoje a gente está falando do ponto de vista moral, né?
08:54É que é absolutamente degradante do ponto de vista moral.
08:58É que pessoas que exaltaram torturadores da ditadura militar venham com essa narrativa
09:08de que delatores estão entregando aquilo que eventualmente até os compromete, ou os
09:14seus aliados, em razão de torturas a que estariam submetidos.
09:18Quer dizer, é ridículo.
09:20É isso que o Greb está colocando.
09:21Exatamente.
09:22É ridículo, é ofensivo.
09:24Sem ferir aqui, claro, liberdade de expressão.
09:26Não, ele que diga o que quiser, mas não deveria.
09:31Quando eu digo que deveria ser proibido, eu estou forçando.
09:34É força de expressão, né?
09:36Por isso, porque eles minimizaram tortura real, daquela que deixava as pessoas com sequela
09:47física e sequela psicológica para o resto da vida, e que às vezes conduzia até a
09:51morte.
09:52Certamente houve muita tortura no período militar, que acabou resultando na morte de gente.
09:57Então, eu estava lembrando, em 1999, o Bolsonaro disse...
10:02Primeira grande entrevista que o Bolsonaro deu, né?
10:05Você sabe que eu sou a favor da tortura.
10:07Ele diz isso explicitamente.
10:09Ou seja, ele fez parte da construção da imagem do Bolsonaro, essa ideia de que tortura
10:14é tolerável.
10:15E agora eu venho o filho dele reclamar de algo que não tem absolutamente nada a ver com
10:20tortura, né?
10:21Sem qualquer evidência, né?
10:23Sem qualquer evidência.
10:24E que é um recurso barato, como você mesmo estava observando, que a esquerda utilizou,
10:29e os advogados de esquerda utilizaram para tentar desmoralizar as relações premiadas
10:37e tudo mais, né?
10:38Mas é que é a mesma turma do Flávio.
10:39É que as pessoas se deixam enganar, porque ficam enxergando a realidade sob o prisma
10:44da propaganda política ideológica.
10:47É como se você tivesse ali simplesmente esquerda e direita.
10:50Tem matéria de indecência, tem muita gente junta.
10:54Em matéria de blindagem, tem muita gente junto.
10:57Flávio Bolsonaro é desse time.
10:59É desse time que ajuda a desmoralizar, desmoralizar do ponto de vista das pessoas que se deixam
11:05engambelar, evidentemente, mas que atua para desqualificar o trabalho de investigadores,
11:14o trabalho de juízes, o trabalho daqueles que revelam a corrupção ou condenam criminosos
11:23do colarinho branco.
11:24Quer dizer, pessoas acusadas de corrupção, de lavagem de dinheiro, de peculato, né?
11:28Que é o crime pelo qual ele próprio foi acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro,
11:33pelo GAEC, né?
11:34Que investigou o grupo anticorrupção, que depois foi extinto, né?
11:38Na linha do que aconteceu na esfera federal com a Lava Jato.
11:41Então, o PGR indicado pelo papai dele, o Augusto Arles, acabou com a Lava Jato, quando
11:46o desdobramento dela no Rio estava comprometendo a família.
11:49E aí, houve toda uma pressão política bolsonarista no Rio de Janeiro pela extinção do GAEC,
11:55que tinha revelado ali os esquemas de assessores de 27 deputados estaduais do Rio de Janeiro
12:02lá atuantes na Alerj.
12:04Então, essa patota, a patota anti-revelação da sujeira dos grupos políticos, é a patota
12:12do Flávio Bolsonaro.
12:13E a gente vai ver, no caso da PEC da Anistia, como todos estão juntos nisso também.
12:34A gente vai ver, no caso da PEC da Anistia, como todos estão juntos,