Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira mostra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na liderança da corrida, com 27% das intenções de voto.
Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 25%, tecnicamente empatado com Nunes — já que a margem de erro é de 3 pontos percentuais. Pablo Marçal (PRTB) soma 19% – o que configura um empate técnico com Boulos, no limite da margem de erro.
Em relação ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu 5 pontos percentuais, Boulos oscilou 2 para cima, e Marçal, 3 para baixo.
Tabata Amaral (PSB) oscilou de 9% para 8%; José Luiz Datena (PSDB) de 7% para 6% e Marina Helena (Novo) se manteve com 3%.
O instituto ouviu 1.204 eleitores em 10 e 11 de setembro. A propaganda eleitoral começou em 30 de agosto.
Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:
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00:00Se a gente fala agora sobre as eleições municipais de São Paulo, pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira,
00:04mostra o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que esteve ontem aqui na Sabatina OA, na liderança da corrida, com 27% das intenções de voto.
00:13Guilherme Boulos, do PSOL, aparece com 25%, vocês estão vendo aí na tela os números, tecnicamente empatado com Nunes,
00:20já que a margem de erro é de 3 pontos percentuais.
00:22Pablo Marçal, do PRTB, soma 19%, o que configura ainda o empate técnico com Boulos no limite da margem de erro.
00:32Em relação ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu 5 pontos percentuais, Boulos oscilou 2 para cima e Marçal 3 para baixo.
00:41Vamos deixar essa imagem um pouquinho, produção?
00:43Grebe, houve o começo das propagandas de TV, Ricardo Nunes tem tempo de TV, está ali emplacando a sua narrativa, as suas propostas, a sua mensagem para o eleitorado,
00:58e se discute se a TV ainda tem força, etc.
01:03Se a julgar pelo Datafolha, pode-se fazer aí uma correlação e avaliar que ainda existe essa força.
01:10Mas o dado importante aí do Datafolha é um recuo do Pablo Marçal, que obviamente tem desprezado aí o resultado das pesquisas,
01:21e o Datafolha é historicamente associado pela direita, à esquerda, então vamos ver se o Datafolha vai ter o seu momento de glória
01:29ou vai ter o seu momento de ser alvo do escárnio, por ter colocado aí o Marçal 6 pontos atrás do Guilherme Boulos.
01:36A gente vai precisar ir para um intervalo? Não dá tempo de um comentário rápido, Grebe.
01:40É, Felipe, mais uma pesquisa que entra em contradição direta com a da Atlas, que foi divulgada ontem,
01:48que mostrava um crescimento acentuado do Marçal.
01:52Agora é o Nunes que cresce.
01:54Está muito difícil de ler esses dados, realmente fica complicado.
01:57A gente precisa entrar nos detalhes para tentar tirar alguma conclusão.
02:02Então, eu queria observar que quando você começa a olhar os recortes da pesquisa Datafolha,
02:13você vê que o Nunes conseguiu recuperar algum espaço no eleitorado bolsonarista.
02:20O Marçal continua à frente dele, mas com 48%, se eu não me engano, aqui de cabeça, de preferência,
02:30entre os bolsonaristas, mas o Nunes teria subido de 32% para 39%, se eu não me engano.
02:38Então, tem 10 pontos ainda de intervalo, mas o Nunes teria recuperado algum terreno.
02:43Faz sentido?
02:46Faz sentido, ele apareceu no palanque, vamos dizer assim, no carro de som com o Bolsonaro no sábado.
02:57Mesmo que o Bolsonaro se mantenha muito hesitante em fazer, pode ter ajudado.
03:04É difícil saber, viu?
03:05Está muito difícil de ler essas pesquisas, porque elas estão contraditórias, né, Felipe?
03:09É, agora, eu entendo que há uma tensão em relação à intenção de voto nesse momento.
03:17Acho que há muita gente que está em dúvida e que ninguém ainda se descolou muito.
03:24Essa pesquisa Datafolha é que mostra um maior descolamento.
03:27Ricardo Nunes, por exemplo, em relação ao Marçal, está com oito pontos de diferença,
03:32mas os outros institutos não mostram isso.
03:34Então, é claro que é preciso aguardar as urnas, o desempenho dos candidatos nas próximas semanas.
03:40E eu sei que você, enfim, resumiu de uma maneira fácil de explicar,
03:45mas, assim, eu não gosto de chamar de eleitorado bolsonarista,
03:50porque às vezes se mede, sim, quem votou no Bolsonaro e agora...
03:54Mas nem todo esse pessoal que votou no Bolsonaro é exatamente bolsonarista.
03:57Você tem várias nuances aí, o eleitorado cristão, o eleitorado mais evangélico e de direita.
04:02A gente mostrou o Ricardo Nunes com 27 pontos no Datafolha,
04:05Guilherme Boulos com 25 e o Pablo Marçal com 19.
04:09Voltando aí na tela, essa imagem para vocês fixarem os números.
04:14E a Tabata Amaral, do PSB, oscilou de 9% para 8%,
04:17José Luiz da Atena, do PSDB, de 7% para 6%
04:21e Marina Helena, do Novo, se manteve com 3%.
04:24Brancos e nulos somam 7% e os que não souberam responder 4%.
04:29Ainda falando sobre as eleições, a campanha de Nunes começou a exibir nessa quinta-feira
04:33um vídeo em que Marçal faz chacota do rei Salomão, um dos principais personagens da Bíblia.
04:38Era um vídeo que já estava circulando aí nas redes sociais, a campanha foi lá e pensou.
04:43Na peça, a campanha do prefeito afirma que o rei Salomão é uma das figuras centrais da Bíblia,
04:49respeitado por todos, menos por Pablo Marçal.
04:53Vamos assistir.
04:54Conhecido por sua sabedoria, o rei Salomão é uma das figuras centrais da Bíblia.
04:59É venerado e respeitado por todos, menos por Pablo Marçal.
05:04Tu é o Salomão, só pode.
05:05O Salomão era nenê, mas nós precisamos de parar de venerar Salomão
05:11e um monte de gente entender que também nós somos imagem semelhante do Criador.
05:14Marçal, mas você está desvalorizando o Salomão.
05:16O Salomão era um nenê.
05:19Nenê.
05:20E a gente também separou um print que mostra o Marçal se comparando a Davi
05:29à espera do fim do reinado de Saúl, que seria Jair Bolsonaro.
05:33Jair Saúl Bolsonaro.
05:36Aspas.
05:36Quem conhece a Bíblia sabe que minha relação com o Bolsonaro é a mesma de Saúl e Davi.
05:41O Davi precisa ter paciência para o reinado de Saúl chegar ao fim.
05:46Enquanto ele tiver chance, eu vou apoiá-lo, porque sei que foi Deus que o levantou.
05:51Não é sobre Pablo e Bolsonaro, e sim a libertação e a prosperidade de um povo.
05:55Fecha o asp.
05:56Mantenha na tela aí, produção.
05:58Porque repare, Graé, porque dá uma no cravo e outra na ferradura, né?
06:01Porque isso de falar, olha, Davi precisa ter paciência para o reinado de Saúl chegar ao fim.
06:08Quer dizer, o Marçal precisa ter paciência para o reinado do Bolsonaro chegar ao fim.
06:12Significa, assim, acho que ele deixou escapar uma ambição.
06:15Quero ser o reizinho da direita, só estou esperando aí o Bolsonaro sair de cena.
06:21Mas depois fala assim, não, mas enquanto o Bolsonaro estiver aí, acho que ele é o ungido.
06:25Ele se ungiu como sucessor, né?
06:28Claramente, não tenho a menor dúvida.
06:29Pode voltar para cá, produção.
06:30Eu sou o que vem depois, né?
06:34Agora, esse tipo de associação estreita da religião com a política,
06:42isso me deixa arrepiado.
06:45Essa ideia de que um político grosseiro, vulgar, como o Bolsonaro,
06:53tenha sido escolhido por Deus para conduzir o Brasil a sei lá qual o destino,
06:59isso é muito perturbador, né?
07:02As escolhas não são feitas por nós, já foram feitas por Deus na política.
07:09É como se fosse o enviado.
07:11Como se fosse um enviado, como se fosse um profeta.
07:14Que é uma forma de sacrilégio, né?
07:16São homens.
07:18Vamos combinar, são homens.
07:21Imperfeitos.
07:22Aliás, talvez mais imperfeitos do que a média.
07:26Né?
07:26Então, mas enfim, a quem gosta.
07:31Agora eu queria chamar a atenção para um fato.
07:34Eu, ao longo de anos, fiz muitas vezes uma contestação
07:39em relação a determinados personagens da política
07:42dentro dos próprios valores que eles dizem defender.
07:47Então, tem gente que posa de conservador, eu vou lá e trago realmente o histórico do conservadorismo,
07:51de Edmund Burke e de vários outros pensadores que constituíram aí toda essa tradição de pensamento.
08:00Então, você faz o contraste.
08:02Tem alguns que posam de cristãos ou de que representam os cristãos da sociedade
08:08ou que são ungidos, enviados de Deus, etc.
08:12E muitas vezes eu contrasto com aquela tradição, com aquela doutrina cristã, com os mandamentos,
08:19com o que disseram os santos, os apóstolos, etc.
08:24O que o prefeito Ricardo Nunes está fazendo é contestar o alegado cristianismo do Marçal.
08:31Ele não está fazendo uma estratégia como a esquerda faz e, geralmente, se dá mal quando faz,
08:40inclusive no universo da comunicação, que é você criticar o fanatismo religioso.
08:47É criticar o cristianismo, como é que eles chamam?
08:51Tem até uma expressão que eles costumam usar.
08:54Fundamentalista?
08:55É, fundamentalista, é algo parecido, assim, nesse sentido.
08:58Aquilo gera um repúdio, principalmente quando se trata dos evangélicos
09:04e uma série de comunicadores que têm as suas críticas, mas também os seus preconceitos
09:11em relação ao pensamento, ao posicionamento de setores da sociedade que são evangélicos, etc.
09:19Então, o que o Nunes está fazendo ao mostrar como o Marçal trata e desdenha e faz chacota de Salomão
09:28é mostrar para os cristãos, olha, vocês estão acreditando que ele é cristão?
09:33Ele está aí fazendo chacota com uma figura bíblica importante, etc.
09:38Quer dizer, está tentando, estrategicamente, evitar que esse eleitorado cristão,
09:45e principalmente os evangélicos, migre para o Marçal.
09:49Quer dizer, para que ele também possa ficar, pelo menos, com uma parcela significativa
09:53que o garanta no segundo turno, Greg.
09:55Ele está falando a língua do eleitorado religioso, evangélico, vamos dizer assim.
10:03Agora, não dá para desconsiderar o fato de que o Marçal também é muito escolado
10:10nessa linguagem religiosa.
10:13O que ele não é é ligado a igrejas.
10:17E ele tem um histórico também de crítica às instituições religiosas do evangelismo,
10:22que tem um apelo para uma parcela grande desse público.
10:30Tem um jeito de ser evangélico que valoriza o desafio às autoridades.
10:42É por isso que muito pastor não gosta do Pablo Marçal, como, por exemplo, o Silas Malafaia.
10:50Então, são...
10:51Mas é uma briga, vamos dizer assim, mais sofisticada do ponto de vista dos evangélicos,
10:58porque eles estão usando a mesma língua, e daí os evangélicos vão julgar.
11:01Bom, quem está falando melhor conosco?
11:04Quem está entendendo melhor o que a gente pensa, o que a gente quer?
11:07É diferente mesmo daquela coisa arrogante e que gera uma repulsa,
11:13que normalmente é a maneira como a esquerda se aproxima desse tema.
11:17Exatamente.
11:17E para o eleitorado pensar quem é que representa os seus valores.
11:21E cabe, evidentemente, uma avaliação mais holística, mais completa.
11:27Então, é óbvio que é preciso olhar a conduta do Pablo Marçal, o seu histórico,
11:32é preciso olhar a conduta do Ricardo Nunes, do seu histórico.
11:34Quer dizer, quem é que faz as práticas coincidirem com os discursos?
11:41Quem é que fala uma coisa enquanto faz outra?
11:43É isso que cada eleitor vai avaliar em relação a todos os candidatos.