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O ministro Dias Toffoli, do STF, acumula 24 petições em seu gabinete de investigados pela Lava Jato, segundo o Estadão.

A maioria foi apresentada por delatores, que pedem a suspensão das colaborações premiadas e a devolução de multas na esteira da anulação de todas as provas contra Lula provenientes do acordo de leniência da Odebrecht.

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00O ministro Dias Toffoli do STF acumula 24 petições em seu gabinete de investigados pela Lava Jato segundo o Estadão.
00:07A maioria foi apresentada por delatores que pedem a suspensão das colaborações premiadas
00:11e a devolução de multas na esteira da anulação de todas as provas contra Lula provenientes do acordo de leniência da Odebrecht.
00:19Nós já falamos a respeito disso, Lula foi o carro abre alas, para usar aqui uma metáfora sambística, carnavalesca,
00:26e todos estão indo atrás. Aqueles, repare no absurdo que é esse processo pelo qual o Brasil está passando,
00:36são pessoas que tiveram advogados, que fecharam colaboração premiada, que confessaram os seus crimes,
00:43no entanto, para blindar um político que, ao contrário do Janone, já tinha toda uma estrada,
00:50tinha indicado ministros do STF, etc. Foi-se anulando prova, aqui e ali, anulando processo.
00:58E aí os outros investigados falam, peraí, se anulou isso aqui, então tem que estender para mim,
01:02porque é similar ao meu caso. Ah, se essa condenação foi suspensa, ah, se o acordo de colaboração não vale,
01:11ah, se suspendeu a multa dessa empresa, ah, então também quero, também quero.
01:15Então, se formou uma fila no gabinete do Toffoli. Peraí, Toffoli, você está aliviando para um? Também quero.
01:22E aí o Toffoli vai fazendo o efeito dominó sem a menor cerimônia, sem o menor constrangimento.
01:32A decisão do Toffoli tem servido de base para sentenças e despachos em varas de primeira instância.
01:37Um desses casos ocorreu na sexta-feira, 6, quando o juiz Guilherme Romã Borges,
01:41da 13ª Vara Criminal de Curitiba, anulou os acordos firmados por Jorge Luiz Bruza,
01:46de colaboração premiada e não persecução penal.
01:49O magistrado escreveu na decisão, abre aspas,
01:51Sendo as provas declaradas nulas, nulo também ao próprio acordo,
01:54a sua homologação e quaisquer efeitos dele decorrentes, como os pagamentos realizados.
02:00Fecho aspas.
02:01Acusado de ser responsável por operações de lavagem de dinheiro,
02:04Bruza não foi denunciado em função do acordo de não persecução.
02:07Isso ocorre quando o réu confessa o crime e aceita cumprir uma série de cláusulas
02:12determinadas pelo Ministério Público em troca do arquivamento da ação.
02:17Além da anulação dos acordos, o juiz ordenou que sejam devolvidos 25 milhões de reais à Bruza.
02:22Sem brincadeira, o dinheiro está sendo devolvido àqueles que confessaram atos criminosos.
02:29Porque depois que houve a anulação de vários casos envolvendo a elite política brasileira,
02:34eles pensaram, quer saber, confessei tudo, fechei o acordo, estava com um advogado,
02:40mas para mim é melhor que seja tudo varrido para debaixo do tapete,
02:44vou ficar com a ficha limpa de novo, esquece aí o que eu falei, esquece aí.
02:51Não, vou ficar com a brocha na mão, vou ser o único idiota que vai ter pago 25 milhões de reais,
02:57os outros estão todos felizes, dando risada lá.
03:00Não, eu também, já que é assim, já que esse é o jogo, eu quero o meu dinheiro roubado de volta.
03:07Eu quero que o governo me devolva aquilo que eu tinha roubado, que tinham tirado de mim.
03:14É uma loucura, né?
03:17É um escândalo isso.
03:19E assim, é um outro caso de ponços pilatos, né?
03:24Porque o Toffoli tomou a decisão em relação às provas do Odebrecht,
03:30são nulas, então tudo que tem como base,
03:35todos os processos que tem como base aquilo que o Odebrecht revelou,
03:40estão desmoronando.
03:41Só que ele não quer arcar com o ônus de ter que dar essas sentenças,
03:45devolve o dinheiro e mandou tudo para as outras instâncias.
03:49Os juízes da primeira instância é que vão decidir
03:53se ainda há condição de prosseguir, de abrir um novo processo.
03:59Está tudo prescrevendo já, passou um tempão.
04:02É isso que está acontecendo nesse caso.
04:04Não tem mais condição de voltar a processar essas pessoas.
04:10Não há tempo.
04:12Os crimes já foram lá atrás.
04:14Então, na prática, é isso.
04:17O Dias Toffoli está sendo responsável pela devolução de milhões de reais
04:24para gente que corrompeu e foi corrompida no processo do Petrolão.
04:31E tem, dito tudo isso, ainda é preciso falar algo sobre uma questão cultural.
04:37É um elemento importante para a compreensão da história do que está acontecendo no Brasil há anos
04:45e que vai ter desdobramentos ainda, como a gente está vendo.
04:48que é o seguinte, não é porque provas foram anuladas pelos integrantes da atual composição do Supremo Tribunal Federal,
05:01que é a cúpula do Poder Judiciário Brasileiro,
05:04que os fatos que foram provados por aqueles documentos, por aqueles relatórios, por tudo,
05:15eles não aconteceram.
05:17Então, repito, a anulação é para a sua utilização no julgamento criminal,
05:25no julgamento penal, feito no Supremo Tribunal Federal.
05:28Mas não é para se apagar da história dos fatos.
05:32E isso é confundido, entre aspas, porque muitas vezes é de propósito.
05:38Tem a parte cínica, tem a parte ignorante e tem uma parte intermediária,
05:44que tem um tantinho de cinismo e um tantinho de ignorância.
05:47No mercado da comunicação tem esses três setores,
05:53que ficam fingindo que, porque o ministro do STF,
05:57que foi indicado, inclusive, por um dos réus,
06:00anulou provas, que os fatos não aconteceram.
06:04Então, a gente sabe muito bem quem é que foi lá usar,
06:08ou que iria usar, que usufruiu,
06:11móveis, imóveis, reformados ou construídos,
06:15reservados, customizados,
06:17por empreiteiras do esquema de corrupção da Petrobras.
06:20Essas coisas aconteceram, você tem todas as evidências,
06:24evidências no sentido factual, material, jornalístico.
06:29E as pessoas ficam dizendo,
06:30não, mas veja bem, aí houve uma contaminação de provas.
06:34Por que o juiz foi declarado suspeito?
06:36Ou por que o procurador apresentou um PowerPoint?
06:38Ou por causa disso, disso, disso.
06:40Tinha uma que falava na TV,
06:43não, as provas estavam contaminadas.
06:45Depois ganhou uma boquinha no governo Lula,
06:48dentro do Poder Judiciário.
06:49Estava defendendo Lula na TV,
06:51depois foi indicada pelo Lula
06:53para um tribunal da República Brasileira.
06:58Então, assim, esse negócio de contaminação de provas
07:00é tudo jargão retórico para manipulação de massa,
07:04para fingir que não existiu,
07:06para se apagar da história.
07:07Não vão apagar os fatos.
07:09Os fatos a gente sempre vai lembrar aqui.
07:12Decisão judicial não altera os fatos.
07:14Imagine o caso mais extremo.
07:16Eu sempre dou o exemplo mais extremo
07:18para as pessoas conceberem isso.
07:21Se você viu um assassinato na sua frente,
07:24você viu uma pessoa matando a outra.
07:28No entanto, no meio do processo,
07:29o juiz alegou que o advogado não apresentou direito,
07:33ou que o juiz, de uma instância abaixo,
07:35fez algo que, na visão dele, não deveria ser feito,
07:38ou ele é indicado político por alguém associado
07:42a alguém que está envolvido no crime, etc.
07:46E aquela pessoa não é condenada.
07:48Mas você é testemunha, você viu o crime.
07:50Você sabe que ele aconteceu.
07:52Então, a decisão judicial não apaga os fatos.
07:55Ela não apaga aquilo que você viu.
07:56Ela não apaga os documentos.
07:58Ela não apaga o histórico e as confissões.
08:01Então, aqui, a gente vai sempre lembrar dos fatos,
08:04porque esse é um dever jornalístico.
08:05Nosso compromisso é com a história,
08:07não é com a narrativa imposta de cima,
08:10por indicados políticos, sejam eles quais forem.
08:12Certo, Greg?
08:14Certíssimo, Felipe.
08:15Os fatos vão permanecer para sempre.
08:17Agora...
08:18E eles incomodam.
08:19Eles são teimosos.
08:20E eles incomodam, claro.
08:21Mas é um dia muito triste,
08:22porque, embora os fatos permaneçam,
08:24o dinheiro está saindo do cofre público
08:27para voltar para o bolso de corruptos.
08:30E isso é uma consequência que eu não enxergo.
08:34Eu não enxergo como esse desfecho
08:37pode ajudar o Estado democrático de direito,
08:41como esse desfecho pode elevar o devido processo legal,
08:48como esse desfecho pode melhorar as garantias individuais
08:53na justiça brasileira.
08:56Todos esses argumentos super bacanas,
09:04que são erguidos para justificar a destruição absoluta
09:09e descuidada da Lava Jato,
09:13no fundo, no fundo,
09:17dão nisso bandido levando dinheiro público para casa de novo.
09:23Então, não é o Estado democrático de direito.
09:27Se resume a isso.
09:28Essa coisa lastimável que a gente está vendo acontecer agora.

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