O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes fez vários acenos a Jair Bolsonaro em sabatina realizada por O Antagonista na noite desta quarta-feira. - Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
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00:00Ontem nós recebemos aqui o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição.
00:06Na Sabatina ele fez vários acenos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, falou sobre a sua proposta para se manter no cargo
00:13e ele também criticou as penas dos réus dos atos de 8 de janeiro e comparou a depredação lá da Praça dos Três Poderes
00:22a atos desencadeados por Guilherme Boulos, também candidato.
00:26Matheus, vamos soltar aí o momento mais importante da Sabatina, em que ele fala justamente sobre os atos de 8 de janeiro
00:34e também sobre o Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
00:41Então eu vou abrir a pauta política para a gente ir intercalando temas técnicos com políticos.
00:45Em relação à manifestação de 7 de setembro, o senhor compareceu e aquela manifestação tinha uma pauta.
00:50O pedido de impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, a anistia para os réus dos atos de 8 de janeiro de 2023,
00:59que envolveram a invasão dos prédios dos Três Poderes, depredação de patrimônio público,
01:04teve críticas também à condução do inquérito das fake news.
01:08O senhor, ao comparecer, legitimou essas pautas? O senhor defende qual é a sua posição sobre cada uma dessas pautas?
01:14O senhor é a favor de um processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, da anistia dos réus do 8 de janeiro?
01:19Vamos lá. Anistia, eu sou a favor. Eu acho que você colocar para algumas pessoas uma pena de 18 anos é algo do meu ponto de vista.
01:29Evidentemente, ele sempre tem que respeitar a posição do judiciário, mas como uma opinião de um cidadão de algo tão, do meu ponto de vista, que distoa tanto, contra.
01:37E digo por quê? O Papo Marçal foi condenado por mandar e-mails para as pessoas, aquele e-mail as pessoas acessarem e abrir as contas e ele subtraía o dinheiro da conta das pessoas.
01:51Na maior quadrilha de fraude desse tipo que houve no nosso país. E foi condenado há 4 anos e 5 meses.
01:59Como é que alguém que manda um e-mail e tira o dinheiro dos mais humildes, que com certeza faltou a comida na mesa da pessoa?
02:06Você pega o senhor Guilherme Boulos, no dia 23 de setembro de 2015, invadiu, por exemplo, o Ministério da Fazenda.
02:13Se você pegar e colocar no Google, Boulos invade o Ministério da Fazenda, ele invadiu, depredou, está a foto dele em cima da mesa, não ficou um dia preso.
02:23Em 2017, essa turma do MTST, Boulos, quebrou e incendiou 5 ministérios.
02:30Então, quando você tem uma pessoa que está lá, que não tem uma arma, pelo menos eu não vi nenhum estilingue na mão de ninguém, dizer que é golpe?
02:38Que golpe é esse? Sem arma? Estão erradas? Obviamente que estão erradas.
02:44Depredar patrimônio público é errado. Tem que pagar pelo que fez indiscutivelmente.
02:48Agora, 18 anos, para as pessoas que, óbvio que ninguém queria ali, ou tinha condições de dar uma coisa importante...
02:56Mas a questão é a dosimetria ou é a anistia? Porque aí são duas posições.
03:01O senhor está dizendo que tem de pagar, obviamente. Se tem de pagar, tem de sofrer alguma pena.
03:05O que o bolsonarismo está defendendo é uma anistia absoluta, que não sofre a pena alguma.
03:09Não, isso não.
03:09A minha posição é que eles paguem pela depredação, senão daqui a pouco você vira uma baderna do país.
03:16O senhor está contestando a dosimetria da pena.
03:18A dosimetria da pena, porque eles estão sendo condenados por fazer uma tentativa de golpe.
03:25E o meu entendimento, e eu acho que a maioria das pessoas de bom senso, porque por mais que muitos da imprensa
03:30tentaram colocar uma situação para a sociedade, o que a gente se viu lá foi que ninguém estava armado.
03:36Eu digo, quais são as bases para você dar um golpe?
03:40Então, você teria que ter ali as pessoas armadas, um líder.
03:43Em dezembro...
03:44O exército que não aderiu.
03:45O exército que não aderiu.
03:47Em dezembro, quando foi colocado o resultado e o presidente Lula ganhou a eleição,
03:56ele indicou ao presidente Bolsonaro os novos comandantes das Forças Armadas.
04:00E o presidente Bolsonaro, ainda no exercício da presidência, até o dia 31 de dezembro,
04:05nomeou os nomes indicados pelo presidente eleito e não havia tomado o pós-presidente Lula.
04:12Então, a hora que você faz uma análise mais profunda do contexto como um todo...
04:18Aliás, a única pessoa do exército que estava lá era o do governo.
04:22Então, eu acho que a gente precisa ter muita tranquilidade nas questões.
04:27O general Gonçalves Dias, que era o chefe do GSI, a senhora se refere?
04:30É, era o único que estava lá, né?
04:32O gabinete de segurança institucional.
04:33Exatamente, o que estava lá.
04:34Não tinha nenhum outro general, não tinha ninguém.
04:36Então, eu creio que você ter pessoas...
04:39O senhor acha que as pessoas que estavam lá não queriam forçar que os militares saíssem dos quartéis?
04:48Depois de semanas acampadas em frente aos quartéis.
04:50Depois de semanas acampadas em frente aos quartéis.
04:52Porque essa era a pauta da festa da Selma, como eles se referiam às caravanas e à própria invasão da Praça dos Três Poderes.
05:03O senhor acha que não existia essa intenção, então, de levar a uma intervenção militar no Brasil?
05:10Pode ser que alguma pessoa tivesse essa intenção, né?
05:13Se a gente ficar...
05:14Mas não era a intenção do presidente Bolsonaro, por exemplo.
05:16Se nós ficarmos julgando a intenção das pessoas, assim, um fato concreto, aí eu acho que a gente chega no nível de chamar de responsabilidade.
05:23Ficar, né?
05:26Conjecturando.
05:27Conjecturando.
05:28E em relação ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes?
05:31Olha, eu acho que só o fato de você estar me perguntando sobre esse tema, Felipe, já não é normal, né?
05:38Eu não consigo imaginar, sei lá, o prefeito de Londres, na minha entrevista, e alguém perguntando para ele sobre o ministro da Suprema Corte.
05:46Mas o prefeito participou de uma manifestação que pediu o impeachment?
05:48Eu liguei...
05:50Não, não estou falando da sua pergunta, não.
05:51Claro.
05:52De uma forma de não, só a sua.
05:53Porque as pessoas me perguntam...
05:55Então, deixa eu colocar melhor, para você não achar que eu estou colocando de uma forma desrespeitosa.
06:02Se você entrar num táxi hoje, no Uber, e perguntar quem é o ministro da Suprema Corte, eles vão te falar.
06:09Não é normal isso.
06:10Eu liguei para um amigo meu de Portugal e falei, quem que é o ministro da Suprema Corte aí de Portugal?
06:15Ninguém sabe.
06:17Eu liguei para um amigo meu dos Estados Unidos, quem que é o ministro aí da Suprema Corte?
06:19Ninguém sabe.
06:21Muito principalmente vocês não saibam o nome de algum ministro.
06:24Então, não é normal isso.
06:26Tem algo que...
06:28Não está normal.
06:29Não é possível.
06:30Hoje você entra num bar, a discussão é sobre o ministro da Suprema Corte.
06:33O que a gente imagina da Suprema Corte é uma instituição que vai ali julgar a questão da constitucionalidade,
06:41algo que está acima de qualquer interesse, qualquer questão.
06:45Então, acho que só o fato de você me perguntar não é sem nenhuma crítica, não.
06:51É que o assunto está em pauta, o debate está intenso, porque existe contestação.
06:55É, acho que tem alguma coisa errada.
06:57Mas qual é a sua posição?
06:58O senhor é a favor que o Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, abra o processo de impeachment?
07:01Olha, qualquer pessoa pode sofrer impeachment.
07:03Eu posso sofrer impeachment.
07:04O presidente Loura pode sofrer impeachment.
07:06Nós temos que ser a favor de qualquer impeachment.
07:08Agora, o seguinte, para você ter o impeachment, você precisa ter todas as condições, as exigências
07:15colocadas na Constituição para poder instruir um processo de impeachment.
07:19Se isso tem, aí o Senado vai avaliar.
07:21Eu ainda não sou senador, sou prefeito.
07:24O senhor não endossa de antemão, então, qualquer abertura?
07:27Não, eu endosso.
07:27Eu acho que o que a Folha de São Paulo trouxe não é grave, é gravíssimo.
07:31É muito grave.
07:32O escândalo que a gente batizou de vaza toga.
07:35Eu duvido que alguém aqui gostaria de ter alguém vasculhando a minha conta, meu sigilo,
07:43me denunciando, me investigando e me condenando.
07:46Ninguém gostaria disso.
07:48Então, agora, isso existiu?
07:49Não sei, porque depende de um processo de investigação.
07:51Se isso existiu, é óbvio que não tem condições de se manter em um cargo.
07:55Se não existiu, evidentemente, você tem que colocar ali para a pessoa que não ouve
08:00aquela situação.
08:02A gente precisa tomar bastante cuidado com a questão da defesa verdadeira da democracia,
08:08de a pessoa poder ter direito de se defender, de se colocar.
08:11Agora, que tem alguma coisa que não está bem, não está bem.
08:13Não é normal.
08:15Entra no bar e pergunte o nome do ministro.
08:17Então, não vai te dizer.
08:17Pergunta quem são os 11 ministros do STF e os 11 jogadores da Seleção Brasileira.
08:23Eu aposto que você vai ter mais resultados dos ministros do STF do que da Seleção Brasileira.
08:28Agora, a gente espera que isso possa atenuar.
08:31Quando você vê aquele movimento, tem uma coisa importante, Felipe, é pacífico.
08:37Pacífico.
08:37Não teve um incidente, não teve nada.
08:40Vai terminando aquela manifestação, as pessoas vão ajudando a limpar.
08:43Quer dizer, são pessoas que estão ali realmente não para fazer,
08:45que nem a gente via do MTST, desse bolos aí, de quebrar, de depredar.
08:50Na Paulista, lá foram na Fiesp, quebraram.
08:53Então, a gente tem que ter um respeito a essa manifestação que você...
08:57A gente pode não concordar.
08:59A gente tem que não concordar.
09:00Mas a gente precisa reconhecer que é uma manifestação democrática, organizada.
09:05Isso é uma coisa que eu acho que é importante fortalecer a democracia.