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Sala Antagonista

Todas as segundas-feiras, às 20h, no canal do YouTube de O Antagonista, Rodrigo Oliveira apresenta um novo episódio do Sala Antagonista, uma conversa com personalidades e personagens do mundo dos negócios que estão mudando o panorama econômico nacional.  

De onde vieram? Como enfrentaram os fracassos e dificuldades no caminho? Quando entenderam que deveriam ajustar a rota ou insistir em uma aposta? Qual a ética de trabalho de pessoas e negócios que um dia foram comuns, mas se tornaram expoentes nos mais variados setores?

Enfim, um mapa para quem quer entender sobre negócios ou se inspirar para saber como tirar aquele projeto do papel.

Além, é claro, de detalhes sobre as empresas que comandam.

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00:00Olá, seja bem-vindo ao nosso Sala Antagonista, entre, fique à vontade, casa sua.
00:05Eu vou falar hoje com o Jai Lee, é um empreendedor em série, que hoje administra cinco marcas,
00:11mas já teve mais, ele não quer que eu fale isso aqui.
00:14Mas administra cinco marcas, uma receita anual próxima a 800 milhões de reais.
00:21É um coreano, nascido coreano, erradicado brasileiro praticamente,
00:26um brasileiro de coração, eu acho, vou convencer ele disso aqui.
00:30Que saiu, a família saiu da Coreia para escapar da Guerra da Coreia.
00:35E acabou trazendo esse multi-empreendedor para o Brasil.
00:51Jai, seja muitíssimo bem-vindo, muito obrigado pelo seu tempo, pela sua presença no nosso Sala Antagonista.
00:57Muito obrigado pelo convite, é um prazer estar aqui com vocês.
01:01Olha só, vamos começar como eu sempre começo aqui esse programa, que é sobre você.
01:06De onde saiu Jai Lee?
01:09Que é Jai, Jai ou Lee, né?
01:11Jai Roli, são três nomes curtos.
01:13Isso, Jai Roli.
01:16Nascido em Seul, capital da Coreia do Sul, certo?
01:18E aí, de lá para cá, como é que, o que aconteceu?
01:21Em décadas de 70, minha família, só para relembrar, colocar todo mundo com essa informação,
01:30a Coreia era um país pobre, que estava saindo da guerra, era um país pobre,
01:36e é um país que estava em guerra.
01:39Ainda hoje, até hoje, tecnicamente está em guerra.
01:41Então, o objetivo dos coreanos, naquela época, é sair da Coreia, fugir da Coreia.
01:47Aí, nós sempre buscamos os países que estão com a imigração aberta,
01:51sem dúvidas, acho que é sonho de muita gente ir para os Estados Unidos,
01:54mas em imigração, décadas de 70, eles estavam com a imigração fechada.
01:57E no Brasil, o Brasil estava crescendo a 7% ao ano.
02:01Na época, era a nossa China, né?
02:03Era o milagre econômico.
02:04É, o milagre econômico, a época do gás, eu crescendo 7% ao ano.
02:08E a gente querendo sair da Coreia, Brasil, com essa oportunidade de país do futuro,
02:13aí meus pais decidiram vir para o Brasil.
02:16Eu cheguei aqui no Brasil, aqui em São Paulo, em março de 72, com 8 anos.
02:22Aí começa a minha história aqui no Brasil.
02:24Seu pai veio já com emprego, você me contava antes da gente começar a gravar,
02:27que você tem um tio que trabalhava numa...
02:32Que é empresário, né? Ele é um empreendedor também.
02:34É, meu tio, irmão mais velho do meu pai,
02:37ele tinha uma holding de 12 empresas na Coreia.
02:39E uma dessas empresas, ele representava uma multinacional japonesa
02:43chamada Komatsu, uma empresa de tratores, que tem aqui no Brasil.
02:47Então, ele viu essa oportunidade, como já tinha acesso a Komatsu Matriz no Japão,
02:54e meu pai viajava muito para o Japão, pela proximidade geográfica Coreia-Japão.
02:58Aí ele acabou pedindo uma oportunidade de trabalho aqui,
03:01e eles conseguiram colocar meu pai aqui no Brasil.
03:04Então, nós chegamos aqui numa condição boa.
03:06Quem migrou na década de 60, muitos vieram de navio.
03:09Então, a gente conseguiu vir de avião.
03:11Naquela época era Varig.
03:12Nós conseguimos viajar de avião.
03:15E meu pai já chegou aqui trabalhando na empresa japonesa.
03:19Coreanos, geração mais antiga, como nós fomos colônia japonesa,
03:22eles falam fluentemente japonês.
03:24Então, meu pai falava japonês, falava naturalmente coreano,
03:28e falava bem inglês.
03:29Então, ele conseguiu trabalhar aqui no Brasil.
03:31Certa facilidade.
03:32E o português?
03:33Português, não.
03:34Então, o português é uma língua nova para mim, para os meus irmãos, para os meus pais.
03:38Então, isso foi um grande desafio.
03:40Você já foi para a escola brasileira?
03:43Sim.
03:44E você lembra de diferenças?
03:46Nossa, aqui é assim.
03:48Lá era mais tranquilo, mais rígido?
03:52Não.
03:52Bom, a diferença é que eu não falava a língua, né?
03:56Então, a gente começou numa escola, eu lembro de uma professora que tinha muita paciência comigo,
04:00enquanto os meus colegas, segunda, terceira série, se não me engano, tinha matérias normais,
04:06ela carimbava os animais, eu tinha que escrever em português que bicho que era.
04:11Tartaruga, peixinho.
04:12Então, ela me alfabetizou, né?
04:14Então, aprendi a falar em seis, oito meses, com essa idade, você já começa a falar com uma certa facilidade.
04:22Meu irmão, 14 anos, já teve mais dificuldade.
04:25A adolescência é sempre complicada.
04:27E você sabe que o Oriental foca muito em estudo, né?
04:30Então, eu fiz o Colégio Bandeirantes, meu irmão fez um colégio estadual,
04:33e ele estudou para vestibular, eu lembro, até hoje, a gente dividia mesmo o quarto,
04:40ele fez cursinho ângulo, toda a pochila dele de cursinho ângulo estava traduzida em coreano.
04:46Além disso, ele tinha que traduzir em coreano para poder saber, para entender.
04:51Então, o maior desafio dele era fazer redação.
04:54E ele passou na poli.
04:55Então, ele fez poli, aí ele entendeu a importância de uma boa escola,
05:02que na Coreia, a escola pública é melhor que particular.
05:05Ele fez colégio estadual e passou na poli com cursinho.
05:08Aí, ele ouviu falar de um colégio bom, bandeirante particular,
05:12e eu fiz colégio bandeirante, porque ele que indicou,
05:15e acabei passando na USP.
05:16Então, eu fiz FEA na USP.
05:17Então, essa é a educação que...
05:20Fez economia mesmo?
05:21Fiz administração, ADEMI, é.
05:23Bom, você me falou também que a sua mãe abriu uma loja.
05:28Isso.
05:29Isso vocês crianças ainda, né?
05:31Você ainda é criança?
05:32Sim, sim.
05:33Era uma loja de...
05:34Na época, joias.
05:35Meu pai era executivo da Komatsu, e aqui a gente percebeu que a colônia coreana,
05:41acho que como muitos imigrantes aqui, não só a colônia coreana,
05:45eles estão muito no comércio, principalmente o comércio de vestuário aqui em São Paulo.
05:51E aí, nós começamos a ter amizade com outras famílias,
05:54todos tinham pequeno empreendimento, pequeno comércio,
05:57e ela resolveu também empreender, para não ficar dentro de casa como dona de casa.
06:01Aí, ela abriu a primeira loja de joias na Rua Augusta,
06:06na época que a Rua Augusta era referência de comércio de luxo,
06:10como o Oscar Freire é hoje.
06:12Então, nós abrimos primeiro a joelheria,
06:14e depois, ao longo de décadas de 70, 80, começaram a surgir shopping centers.
06:19Shopping já existia, mas não tinha um shopping center tão estruturado.
06:22Era um centrinho de compras, era mais uma galeria,
06:24mas começou a surgir um conceito de shopping centers,
06:29mais de entretenimento, de lazer,
06:32aí os shoppings mais sofisticados.
06:34Aí, década de 80, 90, elas foram recebendo convites para abrir lojas,
06:39aí a gente acabou indo para a bijuteria em shoppings.
06:41Aí, elas acabaram abrindo 10, 12 lojas de bijuterias em shopping center,
06:47mas era uma loja revendendo bijuterias.
06:50Então, comprando no Atacadista, importador e revendendo em 12, 13 lojas de varejo.
06:56Assim começou a nossa história da Morana, né?
06:59O embrião da Morana, que tem 300 lojas, começou ali.
07:02Mas calma, antes de falar da Morana,
07:04você, o primeiro contato seu com o empreendedorismo,
07:07foi nessa loja da sua mãe, é isso?
07:09Sim, com 16, 17 anos, nós tínhamos uma funcionária,
07:13então minha mãe atendia, trabalhava, ajudava no caixa.
07:17Era uma loja só.
07:17Era uma loja só.
07:18Então, Natal, todo mundo...
07:20Eu odiava Natal, porque tinha que trabalhar muito e ficar o dia inteiro em pé.
07:23E Natal, na época, era Natal, né?
07:26Era o dia inteiro com a loja cheia.
07:28Então, tinha que trabalhar, às vezes atendia.
07:30Na época, era cartão de passar a máquina, de consultar a lista negra.
07:35Então, trabalhei muito no comércio.
07:37Então, acho que foi a minha primeira experiência de contato com o público.
07:41Mas não é uma experiência agradável, né?
07:43Parece, sim.
07:44Era algo que...
07:45Meio dividido, né?
07:47Assim, muito trabalho.
07:48É, muito trabalho.
07:49Ou não?
07:50Era uma coisa que você já gostava, assim, no sentido de...
07:52Poxa, eu acho que um dia eu vou ter um negócio pra mim.
07:53Ah, eu acho que ali foi o gatilho, Rodrigo.
07:55Porque meu pai deixava quando...
07:58Acho que é uma forma de meu pai incentivar o meu empreendedorismo.
08:02Quando ele recebia os vendedores de fabricantes de joias,
08:06eu tinha minhas economias, que eu ganhava, guardava e tal.
08:10E eu escolhi algumas peças e na etiquetinha eu colocava Jota.
08:14Se aquela peça vendesse, era meu dinheiro.
08:16Era seu.
08:16Era meu.
08:17E eu juntei dinheiro e eu cumpri CB400 nessa época.
08:20Então, acho que eu peguei o gostinho.
08:22É moto, né?
08:22É moto.
08:22Isso.
08:23CB400.
08:24Eu tinha 16, 17 anos.
08:26Tô menor de idade andando de moto, né?
08:27Sem capacete.
08:29E acho que aí comecei a ver a graça, né?
08:32De empreender, né?
08:34São coisas que meu pai deixava.
08:35Então, era um dinheiro que eu fazia crescer, né?
08:38O seu pai não era um cara empreendedor.
08:40E a sua mãe meio que empreendeu por pressão dos pares, digamos assim, né?
08:44Pela sociedade ali.
08:46Então, na realidade, o país, o Brasil, não é que brasileiro é muito empreendedor.
08:51Acho que é Brasil ambiente que fomenta e cria oportunidade para empreendedorismo.
08:59Então, na realidade, aqui você tem que empreender.
09:01Que se você viver só de salário aqui, você não consegue manter um bom padrão de vida.
09:06Aqui você tem que empreender.
09:07Se você quiser manter um plano de saúde, uma boa escola para os seus filhos, uma boa
09:13casa, só com salário você não consegue ter um bom padrão de vida.
09:17Então, você tem que empreender.
09:18Então, só com o salário do meu pai, acho que ela viu que a gente não vai conseguir
09:22oferecer um padrão de vida bom para a nossa família.
09:26E ela resolveu empreender e foi para o comércio.
09:28Até hoje ela não fala português.
09:30Eu não sei como é que ela empreende.
09:31Ela tem 90 anos hoje.
09:35Ela não fala português até hoje.
09:36Eu não sei como é que ela atendia porque não tinha vendedor.
09:38E nunca quis voltar para a Coreia?
09:40Vocês pensaram em voltar para a Coreia?
09:42Você lembra?
09:42Seus pais tiveram essa conversa?
09:44Não.
09:45Nós ficamos um tempo, porque primeiro chegamos aqui no Brasil sem saber o que encontrar no
09:50Brasil.
09:51Era um país que você já tinha ouvido falar?
09:54Com oito anos não, né?
09:55Não.
09:56Para mim era brincadeira.
09:58Então, para mim era andar de avião.
10:00Ganhar brinquedinho lá da Varig.
10:03Então, para mim era uma aventura.
10:05Agora, eu fico imaginando meus pais deixando um país chegando aqui num lugar completamente
10:11desconhecido.
10:13E nós fomos acolhidos por uma família que foi indicação de indicação de indicação.
10:17De coreanos.
10:18De coreanos.
10:19Que nos levou.
10:20A gente dormiu algumas noites num bairro chamado Santana, zona norte do Brasil.
10:25Então, é importante alguém te receber no aeroporto.
10:28E até hoje a gente fica grato com essa... porque a gente não mantém mais contato, mas
10:34a gente vê o... na raça, né?
10:37Sabendo que desejo de sair da Coreia.
10:40Que sabia que era importante sair da Coreia.
10:42A gente pegou essa oportunidade de poder sair da Coreia e nós saímos.
10:47E chegamos no Brasil sem entender.
10:49Realmente foi um pulo no escuro, né?
10:53Que ele acabou apostando.
10:55E a gente foi se adaptando aqui, né?
10:57Bom, você vai estudar, vai pra USP fazer FE, fazer administração.
11:02Formou administradora, eu imagino.
11:04Sim.
11:04E aí, você já tinha algum negócio?
11:08Você foi fazer administração porque queria ter um negócio?
11:12Ou não?
11:12Foi depois da faculdade?
11:13Você ainda foi trabalhar como assalariado?
11:16Não, já foi direto?
11:17Não, eu escolhi ADM por opção.
11:19Porque na época, todo mundo ia pra engenharia ou medicina.
11:24Eu não queria nem engenharia, nem medicina.
11:26Optei pela administração.
11:29Eu fiz um curso de ADM.
11:30Curso que eu gostaria, acho que é onde eu me identifico melhor.
11:34Dentro desse curso, durante o curso, eu tive contatos sobre sistema de franchising.
11:39Então, é um pouco de você ter a oportunidade e a sorte, né?
11:43Entendi o sistema e, na verdade, ajudei minha ex-namorada a fazer um trabalho sobre franchise na época.
11:52E ela ganhou um prêmio, acho que de uma revista Exame, se não me engano, ganhou um prêmio em dinheiro.
11:57E que na época não havia muita literatura, não se fala...
11:59É final de década de 80, né?
12:01Então, não se falava de franchise.
12:03Aí, onde eu tive a oportunidade de conhecer profundamente sobre sistema, eu me apaixonei.
12:08É como qualquer ferramenta.
12:10Se souber utilizar, potencial é enorme.
12:14É uma ferramenta fantástica.
12:16Então, eu sou até suspeito para falar de sistema de franchise.
12:19Mas aí você abriu uma franquia?
12:21Ou você pensou em abrir um modelo de negócio que tivesse franqueados?
12:24Exatamente.
12:25Primeira opção, falei, vou trabalhar com franchise.
12:28Normalmente, o que você vai ver no mercado, Rodrigo,
12:32a pessoa tem um modelo de negócio de sucesso e adota sistema de franquia para escalar, para expandir.
12:37No meu caso, eu resolvi trabalhar com franchise.
12:39Depois, fui procurar negócio para franquear.
12:42E, naturalmente, eu fui muito influenciado por setor de alimentação.
12:46Na época, era McDonald's, que era a minha referência e inspiração.
12:50Final de década de 80, eu via McDonald's,
12:53eu via os gerentes de camisa azul com prancheta, achava máximo.
12:58Eu falei, vou trabalhar com alimentação.
13:00Aí, dentro da alimentação, e quando você fala em franquia,
13:03eu preciso, para você ter uma base grande, para poder escalar,
13:08para ter uma base grande de consumidores,
13:10você não pode ter muita rejeição.
13:12Não é nicho, eu estou buscando mercado.
13:14Aí, falei, vou trabalhar com alimentação,
13:16mas que setor, que alimentação que não tem tanta rejeição?
13:20Era comida italiana, hambúrguer,
13:22mas já tinha grandes players do mercado consolidado.
13:25Aí, depois, vinha comida italiana e chinesa.
13:28Comida italiana, chinesa, hambúrguer, pizza,
13:30você encontra em qualquer parte do mundo.
13:31E todos consomem.
13:33Se você sair com 15 amigos, todos topam em comer uma pizza,
13:37uma comida asiática ou hambúrguer.
13:39Todo mundo vai.
13:40Talvez goste menos, goste mais, mas você só vai.
13:44E é um produto que é difícil reproduzir dentro da sua casa.
13:47Você não consegue fazer uma pizza com qualidade,
13:49nem comida asiática, nem hambúrguer.
13:51Aí, nessa, eu falei,
13:53eu vou trabalhar com comida italiana e chinesa.
13:56Eu comecei com a chinesa,
13:57hoje virou asiática.
13:58Aí, eu te explico o porquê.
14:00Antigamente, eu era chinês, depois virou asiática.
14:03A gente começou com comida chinesa,
14:06e depois, na sequência, comida italiana,
14:08para buscar uma sinergia, para buscar escala.
14:10Então, toda a praça de alimentação que eu entrasse,
14:13eu colocava gin-gin,
14:14e a marca italiana chamava Piatini.
14:17Então, eu abria duas lojas,
14:18então, a negociação com o shopping era dois pontos,
14:21e quando eu ia implantar, eram duas lojas,
14:24obra eram duas lojas,
14:25isso era no papel.
14:28Mas você já tinha dinheiro?
14:30Beleza, você foi e montou a gin-gin.
14:32Eu criei uma base para gerar capital,
14:35para poder franquear.
14:36Em 92, eu abri minha primeira loja de gin-gin.
14:41Eu cheguei a ter oito lojas próprias.
14:44O Brasil é muito maluco, né?
14:45Oito lojas.
14:46Cada loja, não sei se década de 80,
14:50dólar estava um para um.
14:51Então, cada loja que eu inaugurava,
14:54eu ganhava 20, 30 mil dólares por loja.
14:58Eu estava com 26, 27 anos,
15:00então, eu tinha oito lojas,
15:01o que acabou financiando a franqueadora.
15:04Então, imagina 20, 30 mil dólares por loja,
15:07vezes oito,
15:08então, o que a gente ganhava de dinheiro,
15:10e para montar uma loja,
15:12era muito mais barato do que é hoje,
15:14mesmo em termos de dólares.
15:16Então, hoje, as exigências,
15:18os custos ficaram muito mais elevados.
15:20Na época, eu ganhava muito dinheiro com poucas lojas,
15:23essas lojas me ajudaram a criar a franqueadora.
15:25Tá, mas eu quero dar um passo atrás.
15:27A gin-gin não saiu do nada, né?
15:29Você se inspirou em alguma coisa?
15:31Sim.
15:32Quando a gente fala,
15:34quando a gente constrói uma marca,
15:36é importante você ser primeiro da sua categoria.
15:39Quando você fala primeiro,
15:40não em data cronológica,
15:43mas na mente dos consumidores,
15:44dos clientes.
15:45E quando eu abri,
15:47já existia duas marcas aqui no Brasil
15:49que já faziam sucesso,
15:51mas estava limitado a um, dois, três endereços,
15:54que era Meimei e era Mr. Show.
15:56Então, eles já faturavam, já vendiam,
15:59e lá fora,
16:00no Canadá,
16:01tinha o Holly Shaw,
16:03e nos Estados Unidos,
16:05Panda Express.
16:06Então, era um conceito,
16:08a gente não inventou nenhuma roda,
16:09as coisas já funcionavam.
16:10Então, na realidade,
16:12a gente fez o que já funcionava,
16:14culturalmente,
16:15o público já estava acostumado,
16:17então a gente não reinventou a roda.
16:19Então, a gente só escalou
16:20o que já estava funcionando bem.
16:23Mas para abrir essa primeira loja,
16:25você disse que era mais barato.
16:26Sim.
16:27E meus pais já tinham loja no Centenote.
16:30Eles emprestaram a grana para você?
16:31Ah, sem dúvida.
16:32Aqui no Brasil,
16:33é família que não tem como, né?
16:36Aqui, o financiamento é através do dinheiro da família,
16:39o dinheiro que você conseguiu poupar.
16:41Então, meus pais ajudaram,
16:43a gente montou a primeira loja no Centenote.
16:45A gente, é você e seu irmão?
16:46Era eu.
16:48Só você?
16:48Eu e tinha um sócio na época.
16:50Então, a gente, eu e meu sócio,
16:52meu irmão não participava na Gingin.
16:55Então, meus pais ajudaram,
16:56a gente conseguiu montar a primeira loja em 92.
16:59Então, a gente começou com a primeira Gingin lá,
17:01depois a gente foi escalando,
17:03e aprendendo a trabalhar com franchising,
17:06e aprendendo a varejar melhor,
17:07e paralelamente a essas...
17:09O que é varejar melhor?
17:11Ah, varejar, entender o público,
17:13entender a concorrência,
17:14saber lidar com o público,
17:16saber lidar com tua equipe,
17:19o dia a dia.
17:20O varejo é isso, né?
17:21São detalhes,
17:22são pequenos detalhes,
17:23são nuances.
17:24E assim,
17:25as coisas vão ficar mais complicadas
17:26para você no futuro, né?
17:27Porque a gente está aí nos anos 90,
17:29comecinho dos anos 90.
17:30Sim, sim.
17:30E você já tem oito lojas.
17:32É, 94, 95, sim.
17:35Meados dos anos 90.
17:37Oito lojas já não é um negócio trivial
17:39para você administrar.
17:41Você visitava todas as lojas?
17:42Como é que você fazia?
17:43Não,
17:43todo final de semana,
17:45na verdade é assim,
17:46sabe aquele pirâmide
17:47onde você tem trabalho operacional,
17:49tático, estratégico?
17:50No começo,
17:50é operacional puro.
17:52Aliás,
17:52até para você
17:53conhecer melhor o seu negócio,
17:56para desenvolver tarimba,
17:57para você desenvolver
17:59o know-how do teu negócio,
18:00não tem segredo,
18:02vem de baixo para cima.
18:03Então, abrir, fechar,
18:05inaugurar,
18:06trabalhar,
18:08pricing.
18:09Então, é uma escola,
18:10é uma universidade.
18:11A faculdade é quatro anos,
18:12meio período,
18:14nada.
18:15Então, na verdade,
18:15isso foi uma universidade.
18:17E nós passamos por vários pacotes, né?
18:19Desde inflação,
18:2140, 50,
18:22overnight,
18:23tudo mais,
18:24e depois plano real,
18:25que foi um desafio grande.
18:27O ambiente de negócio
18:29mudou de noite para o dia.
18:30Então, quando entrou o plano real,
18:32acabou a inflação,
18:34muita gente quebrou.
18:35Porque muita gente,
18:36o modelo de negócio
18:37estava baseado em inflação.
18:39E quando a inflação acabou,
18:41o RV,
18:42plano real,
18:4395 depois,
18:45muitas empresas quebraram.
18:46Por que vocês não quebraram?
18:48Ah, quase quebramos.
18:50Quase quebramos.
18:51Aí ajuda de bancar,
18:53porque toda vez que muda o ambiente,
18:56você tem que reagir muito rápido.
18:57Então, você tem que reagir muito rápido
18:59e esquecer o...
19:01Eu adoro jogar tênis,
19:02como praticante de final de semana.
19:04Tênis ajuda muito isso.
19:06Não importa,
19:07você quase fechou sete,
19:08mas você perdeu sete.
19:09Mas você tem que olhar para frente.
19:11Então, é capacidade de você virar a página
19:14e olhar para frente.
19:15Eu comentei isso com um outro entrevistado aqui,
19:17um pouco tempo atrás,
19:19que é aquela mentalidade do tenista, né?
19:21O Djokovic fala muito disso,
19:22que é, olha,
19:22tem uma hora que você fica com medo mesmo.
19:24Pô, acho que esse cara vai ganhar.
19:25Mas você não pode.
19:26Foi o ponto, acabou.
19:27Deixa para lá e é daqui para frente.
19:29Sim.
19:30Você sempre teve essa facilidade?
19:32A gente sofre,
19:33mas a gente treina para isso.
19:35É, nós somos seres humanos.
19:37Mas aprendi.
19:38A gente chama de custos recuperáveis.
19:40Qual a melhor decisão daqui para frente?
19:43Não importa o que passou,
19:44o que poderia ter sido,
19:46o que deixou de fazer.
19:47É para você não aprender.
19:48Porque não vai mudar o resultado futuro.
19:51Então, a partir de hoje,
19:52daqui para frente,
19:54qual a melhor decisão?
19:55Eu moro em Alphaville,
19:57como eu estava te falando.
19:58O telefone que eu paguei,
19:59eu paguei 12 mil dólares na época.
20:02Hoje, ninguém quer ter telefone.
20:05Se eu tentar vender por mil dólares,
20:07ninguém compra.
20:08Então, as coisas mudam.
20:10As condições mudam.
20:12Então, o que eu não posso é sofrer.
20:14Ah, só paguei 12 mil dólares.
20:16Não fazia sentido.
20:16As coisas acontecem dessa maneira.
20:19Então, empreendedor que é empreendedor,
20:20tem que ter essa capacidade
20:22de virar a página e seguir em frente
20:24e fazer o que precisa ser feito.
20:27Então, entra no novo ciclo,
20:28tem que ter coragem para fechar alguns ciclos.
20:30E quando você empreende,
20:32você acerta e erra.
20:33Eu sempre falo que sucesso,
20:35você acerta mais do que errar.
20:36Não é que a gente...
20:37Nós temos vários projetos em andamento.
20:40Eu não sei te falar.
20:41Eu consigo te afirmar daqui a dois anos,
20:43se deu certo, deu errado.
20:44Mas com o tempo, com a sabedoria, com a experiência,
20:48hoje eu acerto mais do que eu erro,
20:50mas continuo cometendo nossos erros.
20:52E você aceita o erro, assim, com velocidade?
20:56Ou você é aquela pessoa que fica insistindo, insistindo,
20:58até...
20:59Aceito, aceito.
21:01Sempre foi assim?
21:03Não, a gente sofre.
21:05Ninguém gosta de rasgar dinheiro ou perder tempo.
21:07São dois recursos que é escasso para todos,
21:10que é precioso.
21:11Tempo e dinheiro.
21:12Então, se você perdeu tempo e dinheiro,
21:14você sofre,
21:15porque você poderia ter canalizado para outras frentes.
21:19Mas isso faz parte de empreender.
21:21Então, se você entender que aquilo faz parte
21:23e você está onde está,
21:25porque você jogou esse jogo,
21:28isso faz parte de empreender.
21:30Se você não consegue assimilar,
21:32assumir, digerir bem isso,
21:35não dá para empreender.
21:36Bom, aí...
21:38Muito bem.
21:38Então, estamos na Gingin.
21:41Algumas lojas.
21:42Já, eu imagino, tem um momento...
21:44A franquia ajudou você a conseguir
21:47soltar a mão das lojas, digamos assim.
21:53Porque na franquia, você não conseguia toda a loja,
21:55todo dia, etc.
21:56Você tem que delegar isso para alguém,
21:57ou deixar na mão de alguém do franqueado.
21:59Franqueado, sim.
22:00Tudo bem, ele está compartilhando do risco com você.
22:03Sim, exato.
22:04É, mas não dá um aperto no coração,
22:09assim, pô, eu sei fazer isso aí.
22:12Você não tinha isso?
22:14Porque algumas pessoas ficam assim,
22:15não, sou eu que abro e fecho sempre,
22:17porque sou eu que abro e fecho,
22:19melhor que todo mundo.
22:20É curioso que você está falando isso,
22:21eu brinco, né?
22:22Tem galinha que choca ovo.
22:24Não, tem galinha que bota ovo,
22:26tem galinha que choca ovo.
22:28Se você for ver a história do Starbucks,
22:30McDonald's, muitos empreendedores,
22:32você vê que os fundadores não foram os que escalaram.
22:36Se você assistir histórias,
22:37tem vários streamings aí, bem bacanas.
22:39Starbucks foi assim, McDonald's foi assim,
22:41muitas marcas são assim.
22:43Porque quem criou o conceito,
22:45que conseguiu colocar modelos de negócio de sucesso,
22:48colocou ovo em pé,
22:49às vezes, pelo perfeccionismo, consegue escalar.
22:52Uma vez eu lembro,
22:53a gente visitou uma loja no Plaza Sul,
22:56a minha cunhada entrou na loja,
22:58começou a arrumar loja.
22:59Acho que na época a gente já tinha mais de 100 lojas.
23:01Olha, você faz isso nas 100 lojas ou tira bom agora?
23:04Que não adianta você resolver uma loja.
23:07A gente tem que corrigir no processo,
23:09através de treinamento,
23:11engajamento, informação, supervisão.
23:14E esse sempre foi a sua mentalidade.
23:17Minha visão sempre foi buscar escala.
23:20Porque entendi que para você realmente criar um volume,
23:23para você crescer, se tornar alguma coisa relevante,
23:28tem que gerar escala, principalmente para construir uma marca.
23:32Porque marca dá resiliência, marca me dá segurança.
23:36Que as pessoas consomem marca,
23:37não porque gostam de marca ABC,
23:39pela segurança.
23:41Um exemplo que eu gosto de dar,
23:42quando você viaja, sei lá,
23:44você vai para Ribeirão Prece,
23:45você vai procurar para onde?
23:47No Grau, porque é uma marca conhecida.
23:49Se eu vou para a China, vou comer onde?
23:51No McDonald's.
23:52Não é o melhor restaurante da China,
23:54mas eu sei o que eu vou encontrar lá.
23:56Então, a marca tem essa força,
23:58de dar segurança para quem consome.
24:00Eu lembro que a primeira vez que eu entendi isso,
24:01foi uma propaganda que eu vi no exterior,
24:03do McDonald's, falando assim,
24:05o sabor como em casa.
24:08Quando você está aqui no Brasil,
24:10é o mesmo sanduíche aqui e lá.
24:11Em qualquer lugar do mundo.
24:12Exatamente.
24:12Então, é essa segurança que a gente está falando.
24:14Nossa natureza, como ser humano, como animal,
24:17a gente busca segurança para a manutenção da espécie.
24:20Então, o tempo inteiro nós estamos buscando segurança.
24:22E a marca consegue transmitir isso.
24:24Então, às vezes você compra uma marca X de carro,
24:27ou de...
24:28Se você comprar, por exemplo,
24:29se eu compro o Volvo,
24:31e eu falo para você que meu carro parou na esquina,
24:34você vai duvidar mais...
24:36Pô, você colocou gasolina,
24:37você faz manutenção em dia...
24:38Do que do carro.
24:38Do que da marca Volvo.
24:40Você vai confiar mais na marca do que em mim.
24:43Então, a marca é isso.
24:44Então, é importante construir a marca.
24:45Porque a partir do momento da marca,
24:48o mundo sempre teve altos e baixos.
24:51Sempre essa coisa cíclica.
24:53Altos e baixos.
24:54Guerra.
24:55Sempre.
24:56Não é novidade agora.
24:57Pandemia foi uma coisa mais grave.
24:59Mas a guerra na Ucrânia,
25:00a guerra no Israel, Gaza, tudo mais.
25:03Sempre tivemos altos e baixos.
25:07Agora, você falou pelo menos um conceito aqui,
25:10que é um conceito quase acadêmico,
25:12que é de custo irrecuperável.
25:14Aquela coisa do custo afundado, né?
25:16Já perdi isso, né?
25:17Para o pessoal entender a gente é...
25:20Ah, eu comprei um ingresso para um show qualquer.
25:22Nesse dia, está tudo alagado.
25:24Eu falo, não, eu tenho que ir,
25:25porque eu comprei esse ingresso.
25:26Não, pô, mas você vai gastar mais ainda, né?
25:28Para um show que vai ser horroroso.
25:30É aceitar esse custo que já passou.
25:32Você ainda é...
25:33Eu quero chegar na Morana,
25:35que é a sua marca maior hoje, né?
25:37Eu imagino.
25:37Sim.
25:38Você é um estudioso ainda do tema?
25:40Desde que saiu da faculdade,
25:42você continua estudando?
25:43Ou você é um cara mais da prática?
25:46Não, continua estudando.
25:47Estudando academicamente, assim que eu digo?
25:49Sempre.
25:50É?
25:50Dois anos...
25:51No meio da pandemia,
25:52eu estava sentado na INSPER,
25:54fazendo curso de M&A.
25:55Porque o ambiente muda.
25:56As demandas mudam.
25:57Eu compro curso online
25:59para entender essa questão de...
26:01Google Ads,
26:03tráfico pago.
26:04É outro ambiente.
26:06Nós estamos vivendo outro planeta.
26:08Então, eu sou imigrante.
26:10Segunda vez, né?
26:11Quando eu cheguei no Brasil,
26:13não conhecia nada.
26:13Agora, estou no mundo digital.
26:15A dinâmica mudou.
26:17Se eu não acompanhar,
26:19não nível de conhecedor
26:22de uma maneira técnica.
26:23Eu tenho gente técnico, melhor.
26:27Essa é a vantagem.
26:28Por isso que você tem que buscar a escala.
26:29Com dinheiro, você compra bons profissionais
26:32para te ajudar, para te assessorar.
26:35Então, eu tenho gente boa
26:36que me assessora.
26:38Mas eu preciso saber debater.
26:39Porque no fim do dia,
26:40quem assinar...
26:41Não sei se é...
26:42Hoje não assina mais cheque, né?
26:44Hoje não assina mais cheque, né?
26:46Mas quem assina o cheque...
26:48Quem passa o Pix, né?
26:49É, quem passa o Pix é o dono, né?
26:50Não é que o dono seja melhor.
26:52Mas o dono é que corta na carne.
26:55Então, ele como executivo,
26:57ele sempre...
26:58Eu sempre peço para os meus colaboradores,
27:00quando tem algum desafio,
27:01traz uma análise,
27:05mas traz sempre uma recomendação.
27:07O que você faria?
27:08Então, eu provoco eles a pensarem.
27:11Normalmente, eu sigo a recomendação deles.
27:13Mas é para poder debater.
27:14Para virar um jogo de tênis,
27:15não de golfe.
27:16Cara, vou beber uma bola,
27:17vou devolver, vamos trocar,
27:19vamos entender.
27:20Para ter um discernimento,
27:21eu preciso entender.
27:23E eu estou fazendo aula de espanhol,
27:24porque a gente está construindo uma fábrica.
27:27Nós estamos com coisa em Guatemala.
27:29Falei, preciso falar espanhol.
27:30Mas eu falei para a minha professora de espanhol.
27:32Eu não vou trabalhar para a multinacional espanhola.
27:35Não preciso escrever um e-mail perfeito.
27:38Eu preciso aperfeiçoar meu portunhol.
27:42Quer dizer,
27:43se eu estou indo para o país estrangeiro,
27:45pelo menos eu quero me comunicar.
27:46Porque, na verdade,
27:48falar língua é conhecer outra cultura,
27:50se conectar.
27:52Nós estamos fechando uma parceria
27:53com o país da América Latina.
27:55Eu preciso falar espanhol.
27:56Eu senti necessidade de espanhol.
27:57Aí, toda quarta-feira,
27:59faço aula de espanhol.
28:01Todos os filmes,
28:02eu começo a assistir filmes argentinos,
28:05mexicanos,
28:06para melhorar o meu ouvido.
28:09Então, são o tempo inteiro.
28:11Você não sai nunca.
28:11Você gosta de estudar, então.
28:13É uma coisa que você curte.
28:15Eu vejo como uma necessidade.
28:16Você já ouviu aquela história.
28:17Eu malho quase todo dia.
28:19Você sabe aquela história?
28:20Não malho porque eu gosto.
28:22Quem me leva é a minha disciplina,
28:23não é motivação.
28:24Então, disciplina leva.
28:27Bom, vamos voltar para a Gin Gin.
28:28Aí, a Gin Gin já cresceu bastante
28:31para abrir o restaurante italiano.
28:36Então, paralelamente,
28:38a gente abriu junto a Rede Piatini.
28:41Mas, curiosamente,
28:44comida chinesa vendia
28:45duas a três vezes mais do que italiana.
28:48Então, quando eu fatorava 100 mil no outro,
28:50vendia 200, 300.
28:51Aí, numa pesquinha, a gente descobriu.
28:54Puta, comida italiana, eu consigo...
28:56Clientes respondiam, né?
28:58Ah, comida italiana, eu como em casa.
29:00Porque o shopping era experiência.
29:03Isso é um ponto importante.
29:04O shopping center,
29:06centro de compra,
29:07é uma coisa mais funcional.
29:09Agora, quando é centro de entretenimento,
29:11as pessoas iam para o shopping
29:12para viver experiência.
29:14Quando você quer viver uma experiência,
29:17você quer provar coisa nova.
29:19Imagina, você vai para os Estados Unidos,
29:20vai para a Europa,
29:21você quer provar alguma coisa nova local.
29:23Você não vai querer visitar uma churrascaria
29:26que você conhece no Brasil.
29:27Agora, depois de um tempo,
29:29você fica com saudade da comida brasileira.
29:30Ok.
29:31Mas, quando você fala entretenimento,
29:33lazer,
29:33porque o shopping era lazer.
29:35Então, quando é lazer,
29:36as pessoas querem algo novo
29:38que nunca provaram
29:39ou não conseguem reproduzir em casa.
29:41Aí, comida chinesa vendia
29:42duas, três vezes mais que a italiana.
29:44A gente descontinuou a italiana.
29:47A gente só acreditou na chinesa.
29:49A gente está chinesa,
29:50depois virou asiática.
29:51A comida japonesa,
29:52a gente acabou introduzindo.
29:54E hoje, shopping center acabou virando,
29:57praça de alimentação virou refeitório.
29:59Quer dizer,
30:00você ia passar,
30:00comer alguma coisa rápida e ir embora.
30:02Aí, isso aqui é comida trivial.
30:03Aí, comida de casa.
30:05Aí, grileto,
30:07grelhado, arroz, feijão,
30:08funciona bem.
30:09Grileto, você está falando
30:10porque é uma das marcas
30:11que você administra.
30:12Está na holding.
30:12Está na holding,
30:13que você administra.
30:14Quando é que surge a Morana?
30:16Eu fiquei com uma dúvida
30:18quando a gente estava falando
30:19das suas empresas,
30:22que é a loja de joia da sua mãe.
30:26Sim.
30:26E a Morana.
30:28Era uma coisa que você veio
30:29acalentando?
30:32Era quase uma memória afetiva, não?
30:36Ah, Rodrigo,
30:36eu não sei quanto a outros empreendedores,
30:38mas o empreendedor,
30:39a gente sempre está com o radar ligado.
30:42A gente vê oportunidade.
30:43Uma oportunidade de negócio.
30:44Tempo inteiro.
30:45Tempo inteiro,
30:46você vai num lugar
30:46onde serviço ou produto
30:48não é tão bem servido,
30:50bem feito,
30:51você vê a oportunidade de empreender.
30:53Então, o pessoal pergunta,
30:55o que você acha
30:55que dá para empreender no Brasil?
30:57Tudo onde está o governo.
30:58Educação, saúde, segurança,
31:00acho que dá para empreender.
31:01Porque o governo não entrega
31:02alguma coisa de qualidade.
31:04Então, onde você tem,
31:05você vê uma deficiência,
31:07você vê uma oportunidade.
31:08Então, na realidade,
31:09foi no almoço de domingo,
31:11as lojas começaram a fechar,
31:13porque não fechava a conta.
31:15Novamente,
31:16elas estão navegando,
31:17mas mudou o ambiente de negócio.
31:19Passaram por todos os pacotes.
31:22Plano cruzado, plano real,
31:23plano não sei o quê.
31:24Elas não são gestoras.
31:26Elas não são aqueles comandantes,
31:29velejadores que vão ajustando vela
31:30conforme a maré,
31:32conforme o vento.
31:33Elas vão fazendo do jeito delas
31:35há décadas.
31:36E nessa,
31:37não começa a fechar a conta,
31:38que mudou o ambiente.
31:39Nós aqui,
31:40recentemente,
31:41tivemos vários ambientes.
31:42Nós tivemos até 2014,
31:44pandemia,
31:45agora pós-pandemia,
31:47ambiente muda o tempo todo.
31:48Então, empresário está navegando
31:50o tempo todo,
31:51mas toda hora,
31:52às vezes tem mar calmo,
31:54às vezes tem dia de sol,
31:55mas tem muitos dias de tormento,
31:57às vezes tem cabo-horn,
31:58para você virar,
31:59para vencer uma arrebentação.
32:02Então, você tem que ter prazer
32:05nessa jornada, né?
32:07Então, minha irmã e minha mãe
32:09começaram a expandir,
32:11depois não funcionava mais,
32:13porque o ambiente mudou.
32:15E, paralelamente a isso,
32:16eu vim tocando a Gingin,
32:17onde eu fui ganhando experiência
32:20com varejo, com franchise,
32:22e em 2002,
32:23elas estavam com umas 5, 6 lojas,
32:26aí ficou lá discutindo,
32:27fecha tudo,
32:29vira franquia de alguma coisa,
32:31vira loja de roupa,
32:32o que que faz.
32:34Aí, nessa,
32:35nós juntamos conhecimento técnico,
32:38conhecimento de varejo,
32:39de franchise,
32:40e capacidade de gestão.
32:43Eu acho que dá para criar
32:44uma marca de bijuteria,
32:47categoria bijuteria,
32:48porque bijuteria,
32:50se você parar para pensar,
32:51bijuteria é comida chinesa,
32:53é commodity.
32:54Eu queria uma marca
32:55em cima de um commodity.
32:56Todo mundo sabe fazer,
32:57todo mundo tem barreira de entrada zero.
33:00Todo mundo vendia bijuteria,
33:01até hoje,
33:01todo mundo vendia bijuteria,
33:03mas não havia nenhuma marca.
33:04Então,
33:05nós criamos uma marca de bijuteria
33:06em julho de 2002.
33:09Lançamos,
33:10primeiro momento,
33:12foi uma ameaça brutal,
33:14fechou o tempo,
33:15no sentido de,
33:16PT,
33:16primeira vez,
33:17ganha as eleições.
33:18Lula ia ser presidente
33:19em 2003.
33:21Isso,
33:21deu medo,
33:22né?
33:22Total.
33:23Muitos amigos falando
33:24que ia deixar o Brasil,
33:25que ia morar em Miami,
33:27aquelas ameaças todas,
33:28né?
33:29Por isso que o empreendedor
33:31também tem que saber
33:32ajustar a vela,
33:33mas tem que ter sorte também.
33:35Aí o governo PT,
33:37o primeiro governo
33:38do PT,
33:39do Lula,
33:39ele entrou com política
33:40de crédito.
33:42Aí veio aquela onda
33:43de classe C emergente.
33:45Então,
33:45o dinheiro veio...
33:46Foi ótimo.
33:47Foi ótimo.
33:48Não,
33:48todo mundo,
33:49né?
33:492003 a 2013,
33:51todo mundo ganhou dinheiro.
33:52Onde a gente construiu a marca,
33:54onde a gente ganhou dinheiro.
33:56E a gente construiu a marca,
33:57quer dizer,
33:58a gente surfou a onda,
33:59né?
34:00Então,
34:00ver um big wave,
34:02a gente surfou essa onda.
34:03Então,
34:03a gente construiu 2013,
34:05então a gente já estava
34:06com a musculatura,
34:07aí quando veio essa década
34:09perdida,
34:102014 pra cá,
34:11a gente já estava preparado,
34:13já estruturado.
34:14Mas a marca cresceu
34:15nesse momento.
34:16Vocês começam,
34:17a primeira Morana é?
34:182002.
34:19Sim,
34:19mas é onde?
34:20Foi Ibirapuera e Centenote,
34:23que era uma loja de bijuteria
34:24da família,
34:25a gente virou a bandeira
34:26e fomos pra feira.
34:28Reformamos e fomos pra feira.
34:30E aí,
34:30já também pensando em modelo
34:31de franquia.
34:32Modelo de franquia.
34:33Sempre.
34:34Sempre.
34:35E aí,
34:35hoje a Morana tem quantas lojas?
34:36300 lojas.
34:37No Brasil,
34:38praticamente todos os estados,
34:39né?
34:39Praticamente,
34:40não,
34:40todos.
34:41Todos.
34:41Todos.
34:42Eu estava lendo uma matéria,
34:43porque tem,
34:43aí vamos lá,
34:44os seus negócios,
34:45né?
34:46Você tem a Alipa.
34:47Sim.
34:48Que é,
34:48quais são as marcas?
34:49Montana.
34:50Montana Grill,
34:51Grileto,
34:52Gingim e Coraçonho.
34:53Muito bem.
34:54A Gingim,
34:55que é sua de nascimento,
34:57né?
34:57Isso.
34:58Você está comprando participação.
35:00Exato.
35:01Perfeito.
35:02Além disso,
35:03tem a Morana.
35:04Sim.
35:04E é isso que você está tomando conta hoje?
35:07Isso.
35:08Que é pouca coisa, né?
35:09Quase não dá trabalho.
35:10Dá menos trabalho do que quando eu tinha oito lojas.
35:14Trabalhava sábado e domingo.
35:15Porque eu estava,
35:16era isso que eu estava querendo lembrar,
35:17eu estava lendo uma matéria falando que praticamente hoje,
35:20se eu for a um shopping center qualquer no Brasil,
35:24eu vou achar alguma coisa sua,
35:26alguma marca que você está...
35:28Sim.
35:30Acho que são 600,
35:32em 600 de 630 shoppings,
35:35alguma coisa assim.
35:35É, hoje nós temos em torno de 600 shoppings no Brasil,
35:37pela Brace.
35:38E é mais vantajoso estar em shopping, é isso?
35:41Não,
35:41é um canal,
35:43cada país tem uma vocação de...
35:45Brasileiro adotou canal shopping center,
35:49como canal qualificado de varejo.
35:52Você vai na Europa,
35:53é loja de departamento,
35:54loja de rua.
35:55Você vai na Ásia,
35:57tem loja de departamento.
35:59É muito forte.
36:00Você vai em países da América Latina,
36:02é shopping center.
36:03Mas eu explico o porquê.
36:05Cidades muito antigas,
36:07tipo Nova York,
36:08Paris,
36:09Madrid,
36:10não tem onde colocar um shopping no centro da cidade.
36:13É localização fundamental.
36:14Então, você vai para Madrid,
36:15os shoppings estão em torno de um rodoanel da vida.
36:18Então, fica longe do dia a dia.
36:20Então, o espanhol faz compra onde?
36:23É a corte inglês,
36:24que é um shopping vertical,
36:26e na rua.
36:27Agora, de vez em quando,
36:28final de semana vai brincar,
36:30vai esquiar,
36:31tem um shopping com pista de esqui,
36:33eles vão sair para a Rodanel.
36:35Agora, países emergentes,
36:37como o país da América Latina,
36:39tem espaço para isso em boa localização.
36:42Aí tem shopping center.
36:43Você vai para Guatemala,
36:44você vai para Argentina,
36:46são shopping centers.
36:47Então, o Brasil é shopping centers.
36:48Então, quando você fala classe AB,
36:51começa pelo AB,
36:52é shopping center,
36:53hoje tem classe C também,
36:55mas é varejo qualificado,
36:57com mais qualidade,
36:58segurança,
36:59ar-condicionado,
37:00veio através de shopping no Brasil.
37:02Agora, qual é o segredo para o varejo?
37:04Porque o varejo é um setor
37:05que as pessoas têm um pouco de medo.
37:07Todo mundo,
37:07é mais ou menos onde muita gente entra,
37:10para abrir loja,
37:12etc.
37:12Mas existe uma aura hoje
37:16em torno do varejo
37:16de que varejo é um negócio muito difícil
37:19de ser...
37:22de perpetuidade mesmo,
37:24de negócio.
37:26A Gingin está até hoje aí.
37:28Sim, tem 32 anos.
37:2932 anos.
37:31A Morana tem 20.
37:3222.
37:3322 anos.
37:35Então, assim,
37:35você está há um tempo razoável
37:38já no varejo,
37:39ganhando dinheiro.
37:40Sim.
37:40Qual é o segredo do varejo?
37:43É você olhar para fora
37:45e você adapta...
37:46Se você olhar uma Morana
37:47e uma Gingin hoje,
37:48não tem nada a ver
37:49com Morana e Gingin
37:5110 anos atrás
37:52ou 20 anos atrás.
37:54O varejo é muito simples, Rodrigo.
37:55Precisa entender
37:56quem é o seu público,
37:57porque não tem como
37:58você atender todos os públicos
38:00atendo todo mundo.
38:02Quem trouxer dinheiro,
38:03eu vendo.
38:04Não.
38:04Eu estou focado...
38:06Eu tenho que ter o meu persona.
38:08A Morana tem um persona,
38:09a Gingin tem.
38:10Quem eu atendo?
38:12Precisa entender
38:13quem eu atendo,
38:14o que ele quer,
38:15o que ele consegue me pagar.
38:17Eu preciso entender
38:18simplesmente isso.
38:19Varejar é entregar
38:20o que meu cliente precisa
38:22ou deseja.
38:24É simples assim.
38:25Então, eu estou focado
38:26em entregar,
38:27por exemplo,
38:28fast food.
38:29Se você é frequentador
38:30de praça e alimentação,
38:31você, como meu cliente,
38:33na hora do almoço,
38:34busca preço e velocidade.
38:35Se eu entregar preço e velocidade,
38:38às vezes,
38:39não é aquela coisa de
38:40quero comer comida chinesa,
38:42quero comer grilha.
38:43Você até escolhe,
38:44mas às vezes,
38:45pelo tempo,
38:46você vai para o lugar
38:47que tem menos gente.
38:48Queria comer aquilo,
38:49mas vou comer aquilo,
38:50porque aqui é mais rápido.
38:52Sim.
38:52Aquela coisa de 40 graus,
38:54qual é a melhor cerveja?
38:55Cerveja mais gelada
38:56é melhor, né?
38:58Então, se você entendeu
38:59o que o teu cliente quer
39:00naquele momento,
39:02vale já isso.
39:02Então, essa é a dificuldade.
39:04Se você pegar a Morana,
39:06eu tenho muita gente
39:07que veio da área de moda,
39:09tal,
39:09mas por trás,
39:10eu tenho muito mais gente
39:11de exatas,
39:12engenheiros,
39:13do que de pessoal de moda,
39:14que é muita ciência.
39:16É muita ciência.
39:17Então, se você for ver
39:18uma reunião nossa,
39:20é muito gráfico,
39:21muita ciência.
39:22Então, quando você vê
39:22uma loja Morana
39:2330, 40 metros quadrados,
39:25com um monte de bijuteria
39:26pendurada,
39:27aquela é ponta do iceberg.
39:29O que você não vê submerso,
39:31toda a inteligência,
39:33você não faz ideia.
39:35Então, isso é toda a logística
39:36de abastecer.
39:37Nós importamos,
39:38nós temos fornecedores nacionais,
39:41todos os produtos
39:42têm que estar na hora certa,
39:44vareja é isso,
39:44tem que estar na hora certa
39:46junto com a campanha.
39:47Se a gente usa
39:48um grupo de influenciadoras,
39:50que ela aposta,
39:51tal dia,
39:52aquele produto tem que estar
39:52em Manaus,
39:53tem que estar em São Paulo,
39:55Brasília,
39:56toda essa cidade,
39:58ao mesmo tempo.
39:59Então, cumprir essa estratégia
40:01é muita ciência,
40:02na realidade.
40:04Então, é isso que é varejar.
40:05Então, se as pessoas
40:06não entenderem,
40:07se é simplesmente pegar
40:08e colocar,
40:09isso é escambo.
40:10É dura,
40:11quer dizer,
40:11tem uma data de validade
40:13para acabar.
40:14Então, se você souber
40:14jogar esse jogo,
40:16é simples.
40:17Igual dirigir carro,
40:18você deve ter carro.
40:19Eu não sei que carro você tem,
40:21mas se você me der a chave,
40:22eu vou conseguir manobrar,
40:23vou conseguir saber dirigir.
40:25Talvez eu demore um pouquinho
40:27para me adaptar ao seu carro,
40:28mas eu vou aprender.
40:30É me dar.
40:31Por isso que é fácil
40:32empreender em várias frentes.
40:33Se você se torna
40:34um bom empreendedor,
40:35você é bom empreender
40:37em qualquer coisa.
40:37Você vê muitas histórias dessas.
40:39Ah, o cara vendeu tudo,
40:41foi para uma fazenda,
40:42aí o cara começou a exportar
40:43não sei o que
40:44da fazenda dele.
40:45O cara que é empreendedor
40:46sempre vê oportunidade.
40:48Agora, você falava agora
40:48há pouco de,
40:49ah, o mercado na Europa
40:50é assim,
40:51em Nova York é assado,
40:53aqui é frito cozido.
40:55Você também
40:56chegou a levar suas lojas
40:58para a Europa,
40:59para os Estados Unidos, né?
41:00Sim.
41:00Como é que foi essa experiência?
41:02Era de indim?
41:03Nós levamos a Morana
41:04pela facilidade de produto.
41:07Nós fomos em 2008,
41:09era uma época que
41:11nós estávamos super bem aqui
41:13em termos de venda,
41:14de expansão.
41:16Então, aqui estava
41:16num ciclo de crescimento
41:18e expansão muito forte,
41:19e o câmbio estava favorável.
41:21Então, a gente apostou
41:22que fazia sentido
41:23investir na Europa
41:25e nos Estados Unidos
41:26naquele momento,
41:27que o dólar e o euro
41:28estavam praticamente
41:29dois para um.
41:30Então, eu já falei,
41:31vamos para lá,
41:33pegar uma janela
41:33de oportunidade.
41:34A gente começou a investir,
41:35fazer todo o trabalho
41:36de construção de branding
41:38e tudo mais,
41:39e depois, em 2004,
41:41quando o tempo virou,
41:42novamente,
41:43aí tem que ter coragem
41:45de fechar as coisas
41:48e voltar.
41:48Nós já estávamos com lojas
41:50em Porto, Lisboa,
41:53já tivemos loja nos Estados Unidos
41:54desde Nova Iorque,
41:56Los Angeles, Califórnia,
41:58aí tivemos escritório
42:00na Califórnia,
42:00mudamos nossa sede
42:01para Atlanta.
42:03Foi uma energia
42:03para construir essa base,
42:05mas depois de ficar
42:06remetendo dólar e euro
42:08estava muito caro.
42:09A gente resolveu,
42:10foi uma decisão rápida,
42:12necessária e corajosa.
42:14Aí fechamos
42:14e em algum momento
42:16a gente volta, né?
42:17Que é processo
42:18de internacionalização
42:19é uma maratona,
42:21então tem que ter estratégia,
42:22fôlego,
42:23você não vai acertar
42:24na primeira,
42:25agora a gente está focando
42:26mais no Latam.
42:27É, isso que eu ia te perguntar,
42:28agora vocês estão trabalhando
42:30para levar a marca também
42:31para outros lugares
42:32aqui na América Latina.
42:33Sim,
42:34na verdade é uma agenda
42:35de longo prazo,
42:36então nós já estamos
42:37com três pontos
42:38em Guatemala,
42:40atentos,
42:41nós estamos desenhando
42:42um plano de expansão
42:43na América Latina,
42:44e se fechar esse acordo
42:46também que a gente está
42:46desenhando,
42:47devemos ir
42:48de uma velocidade
42:49bem mais rápida
42:50agora na América Latina.
42:52Com a Morana.
42:53Com a Morana.
42:54Com a Morana.
42:55Deixa eu te perguntar
42:56uma coisa,
42:56você faz sempre
42:57uma comparação
42:59com alguma coisa
43:00meio esportiva, né?
43:02Você é um,
43:03é uma pessoa,
43:05você me falou aqui
43:06que você joga tênis
43:07de vez em quando.
43:08É lazer.
43:09E Veleja,
43:12e aí eu até cheguei
43:13a comentar isso
43:14antes da gente
43:14começar a gravar,
43:16você talvez seja
43:17o primeiro camarada
43:18aqui nesse estilo
43:19que não é o alcoaholic,
43:21né?
43:22Você é casado,
43:23tem duas meninas,
43:24não é isso?
43:24Sim, duas meninas.
43:26Não trabalha 24 horas
43:27por dia,
43:27sete dias por semana.
43:28Já teve esse momento
43:29ou nunca teve?
43:30Você sempre foi um cara
43:31que tentou equilibrar
43:33esses pratos todos?
43:34Equilibro todos os pratos,
43:36trabalho 24 por 7.
43:38então não tem horário,
43:40por isso que eu respondo
43:41o WhatsApp rápido.
43:42Estou conectado o tempo todo.
43:44Em primeiro lugar,
43:45é importante você encontrar,
43:48acho que nós homens,
43:50a gente tem uma felicidade
43:51quando nasce,
43:52quando encontra
43:53para que você nasceu, né?
43:54Então é um momento importante.
43:56Então se você gosta
43:57do que você faz,
43:58não tem que,
43:59não tem sábado e domingo.
44:01Eu gosto do que eu faço.
44:02Então eu sou extremamente
44:03disciplinado,
44:05então na fase da vida
44:06que eu estou,
44:07eu tenho 59 anos,
44:09esse ano completo 60,
44:11eu enxergo a vida
44:12de uma maneira bem pragmática,
44:14com finitude,
44:16tem início,
44:16meio, fim,
44:17então com uma expectativa
44:18de vida talvez 80,
44:20com sorte 90,
44:22mas acaba.
44:23Então dentro desse horizonte,
44:25então essa jornada
44:26para mim é muito importante.
44:27Então todos os dias de manhã
44:28acordo com roupa ginástica,
44:30então eu tenho que cuidar da saúde,
44:32que eu tenho que me cuidar,
44:33que no fim do dia
44:34eu sou centro de tudo isso.
44:36Isso,
44:37eu faço muito bente, né?
44:38Então a companhia aérea
44:40mostra isso.
44:40Quando você toma avião,
44:42eles dão essa instrução.
44:43Se despressurizar a cabine,
44:45coloca a máscara primeiro em você,
44:47não no teu filho.
44:48Porque se não,
44:49vai os dois, né?
44:50Se você for cuidar
44:51primeiro do seu filho,
44:52vão os dois.
44:53Não tenha o problema
44:54de estar fazendo massagem
44:56em meio dia,
44:57ou estar tomando café
44:59às 5 da tarde.
45:00Eu tenho que estar bem.
45:02Eu estando bem,
45:03tudo vai estar bem.
45:04Então eu tenho essa clareza
45:06de uma maneira muito simples.
45:09Eu gosto do que eu faço.
45:12E uma dica importante
45:13para todos
45:13é planejamento.
45:16Então,
45:17todo final do dia,
45:18eu vejo o dia,
45:20a semana,
45:21o ano
45:21como um plano de voo.
45:23Então eu tenho um plano de voo
45:24que começou
45:25e termina
45:26no dia
45:27e na semana
45:28e no ano.
45:29Então todo final do dia,
45:30eu checo o dia que passou
45:31e eu sobrevoo o dia seguinte.
45:34Então eu sei mais ou menos
45:35compromissos que eu tenho,
45:37que roupa que eu tenho que estar.
45:39Se eu não estivesse aqui,
45:39eu não estava de camisa, tá?
45:41Se eu estivesse no escritório,
45:42eu estava de camiseta,
45:43polo,
45:44tudo mais.
45:45Aí todo final de semana,
45:47sábado,
45:47domingo,
45:49eu faço coisa de rotina.
45:52Então toda,
45:53todo mundo tem que passar
45:55na farmácia,
45:55supermercado.
45:56Eu faço isso sábado.
45:57Então tem um dia,
45:58eu sou muito disciplinado nisso,
46:00é checklist em tudo,
46:01hábitos claros,
46:02porque deixa no automático,
46:03aí você não gasta energia.
46:04Mas você agenda também,
46:05porque eu conheço gente
46:06que agenda
46:07tempo com a família.
46:09Tá na sua agenda também ou não?
46:11Tá.
46:11Então é bem aquela
46:13roda da vida, né?
46:14Você está cuidando
46:15da família,
46:16você está cuidando
46:17da saúde,
46:17aprendizado,
46:18é tudo isso.
46:19Está certinho.
46:20Então eu cuido de tudo isso,
46:22porque eu sou pai,
46:23eu sou marido,
46:24eu sou chefe,
46:26eu sou colega,
46:27eu sou amigo,
46:28eu sou tudo isso.
46:29Então dentro da agenda
46:30tem tudo isso.
46:31Então já em julho
46:32eu passei férias
46:33com a minha família,
46:34em dezembro eu estava
46:35com a minha família,
46:36eu dou suporte,
46:37a gente começa mais cedo,
46:38a gente vai terminar mais cedo,
46:40eu estou levando
46:40minha filha para pós,
46:42final de semana
46:43eu estou levando,
46:43buscando,
46:44então eu faço tudo isso,
46:45mas dentro da minha agenda.
46:47Agora,
46:47para mim é muito tranquilo,
46:48eu deixo tudo
46:49numa rotina,
46:50muito checklist.
46:51É coisa de franqueador,
46:53de administrador
46:54e virginiano.
46:55Eu sou virginiano ainda.
46:56Ah, olha aí,
46:57é isso,
46:57minha filha é virginiana também.
46:59Aí tem esse negócio,
47:01ultra organizado.
47:02Super.
47:03Deixa eu te perguntar uma coisa,
47:04e o futuro?
47:06Você falou que a Morana
47:07está indo para Guatemala.
47:10Sim.
47:10Quais são os planos
47:12dessa e das outras empresas
47:14que você está tocando também?
47:15E seu irmão
47:15entrou nos negócios quando?
47:17Eu quase esqueci.
47:18É Morana,
47:192002.
47:19É, na Morana.
47:21E ele faz o que hoje lá?
47:23Ele cuida dessa parte internacional.
47:25Escritório da Coreia,
47:27São...
47:28Escritório da Morana na Coreia.
47:29Tem, seu.
47:31E outro,
47:31e vai ter outro na Guatemala,
47:33imagina.
47:33Não, não,
47:34o Guatemala é mais refranqueado.
47:35Ah, é franqueado.
47:35Então só estamos abrindo as lojas.
47:38E a ideia é expandir
47:39a América Latina toda?
47:41É, onde couber, né?
47:42Pode falar?
47:42Pode, claro.
47:44A ideia é entrar
47:45em principais praças
47:47e Brasil é uma referência
47:49no Latam.
47:50Acho que faz todo o sentido
47:51de a gente explorar
47:53países aqui em torno, né?
47:54Se você pegar qualquer marca
47:55da América do Sul,
47:57uma marca do Chile
47:58ou argentino
47:59ou, sei lá,
48:01qualquer país,
48:03eles estão presentes
48:04na América Latina toda.
48:06Eles falam de 800 lojas,
48:07mas estão em Panamá,
48:08estão em Chile,
48:09estão em todo lugar.
48:10Agora, você pega
48:10empresário brasileiro
48:11pelo tamanho do mercado nacional,
48:14só está no Brasil.
48:15A gente não tem essa cultura.
48:16Primeiro, nós temos
48:17a barreira da língua, né?
48:18Sim.
48:19Então, México até Uruguai,
48:22todos falam espanhol.
48:23Então, pela língua,
48:24eles conseguem entrar
48:25e sair,
48:26Uruguai, Paraguai,
48:28Venezuela,
48:29a gente não.
48:30Nós temos essa dificuldade.
48:31E o desafio também
48:32de tamanho do mercado interno,
48:34né?
48:35Que deixa a gente preguiçoso
48:36pra internacionalizar.
48:37Exato.
48:38Porque acaba que você
48:38pode crescer muito
48:40aqui dentro ainda.
48:40Claro.
48:40Aí você tem muita oportunidade.
48:42Tem um destino
48:42pra tudo isso?
48:44Tem um objetivo final?
48:45eu quero ter um milhão
48:48de lojas.
48:49Não, não.
48:50A gente nem foca,
48:51o pessoal de expansão
48:52nem tem meta
48:53de número de lojas.
48:55A gente busca realmente
48:56tem que ser divertido.
49:00Simples assim.
49:01É verdade.
49:02Tem que ser divertido.
49:03Você me falou também antes
49:04que a gente,
49:05que é eu, né?
49:07Até pensei nisso
49:08que eu falei,
49:08olha, pra você ter
49:09esse monte de coisa,
49:10você precisa ter gente
49:11de confiança
49:12pra isso.
49:14E aí você cai
49:15nessa escolha, né?
49:16De quem são essas pessoas,
49:18etc e tal.
49:19Como é que é?
49:20Você tem um processo
49:20pra isso?
49:21As pessoas que estão
49:22com você estão
49:22há muito tempo?
49:24Sim.
49:24É possível
49:25você ainda trazer gente
49:27pra esse núcleo?
49:27Porque eu imagino
49:28que você tem um núcleo
49:28mais fechado
49:29de pessoas mais próximas,
49:31de entrar gente nova
49:32ainda ou não?
49:33Agora é uma coisa
49:33meio milenar.
49:34Assim, olha,
49:35quem tá comigo
49:35há 30 anos
49:36não vai chegar mais ninguém.
49:38Não, muito pelo contrário.
49:39Entre a gente sai gente.
49:41Eu tenho pessoas
49:42profissionais
49:44que às vezes
49:44não têm oportunidade
49:45dentro da nossa companhia,
49:48acabam indo
49:48pra grandes marcas
49:49assumindo cadeiras importantes
49:51que nos orgulham muito.
49:53A gente continua
49:54trocando informações.
49:56A gente forma
49:57bons profissionais
49:58pro mercado.
49:59Isso a gente tem
49:59muito orgulho.
50:00E a ideia é,
50:02enquanto estiver conosco,
50:03porque ninguém nasceu
50:05grudado, né?
50:05Nem minhas filhas
50:06também.
50:07Então, a gente
50:08realmente forma
50:09enquanto estiver juntos
50:10que seja bom
50:12pra todos, né?
50:13Então, a gente cria
50:14um ambiente de trabalho
50:15não somente...
50:16E toda hora
50:17eu tô sempre olhando
50:18se estou competitivo
50:20em relação
50:20a empresas melhores
50:21do que eu.
50:22Eu faço pesquisa salarial
50:23antes que ele faça
50:25e faça de maneira errada.
50:27Então, eu às vezes
50:28convido
50:29algumas empresas
50:30sete a dez
50:32empresas
50:33do meu porte
50:34ou maior
50:34porque eles também
50:36se saem
50:36vão pra empresas
50:37melhores e maiores
50:38e qual seria
50:39o atrativo
50:40em termos de
50:41salário, benefício,
50:43ambiente.
50:43Então, nós fazemos
50:44essa pesquisa
50:44do devolutivo
50:45pra essas empresas
50:46que participaram
50:47e pra eles também
50:48sentirem
50:49cara, tô no lugar certo.
50:51Então, é sempre
50:52um exercício
50:53de massagear
50:54bolso e o ego.
50:56Então, eles têm
50:56que se sentir bem também.
50:58Aquele sentimento
50:59de participar,
51:00pertencer a um projeto
51:02grande
51:02onde eles sintam
51:03orgulho de fazer parte.
51:05Então, esse é um sentimento
51:06que a gente procura
51:08criar em todos
51:09os nossos colaboradores.
51:10É cultura mesmo.
51:11Cultura.
51:12Você me falava também
51:13que tem uma diferença
51:14hoje,
51:15nesse tanto de mudanças
51:16que você já presenciou,
51:18tem uma diferença
51:19hoje na força
51:21de trabalho mesmo,
51:21na mão de obra.
51:23O que é?
51:23O que está acontecendo?
51:25Quais são as diferenças
51:27de contratações
51:2820 anos atrás
51:29e hoje?
51:30Ah, mudou muito, né,
51:32Rodrigo?
51:32Acho que hoje,
51:33acho que o mundo todo
51:34vive um apagão
51:36de mão de obra.
51:37Essa geração
51:38mais jovem também
51:39tem um desafio
51:41grande de eles,
51:43às vezes eles
51:43estão perdidos também,
51:45às vezes eles
51:45não se encontram
51:46ou não está alinhado
51:48com alguns valores
51:49da empresa,
51:50eles mandam a gente
51:50embora.
51:51Então, eu acho
51:52que o desafio
51:53é isso.
51:53Então, essa geração
51:55mais nova,
51:56a gente tem realmente
51:57uma dificuldade
51:58onde a gente trabalha
52:00com RH mais estratégico
52:01para trazê-los
52:02mais próximos.
52:03Agora, essa galera
52:04mais antiga
52:05que está comigo
52:06há 20, 30 anos,
52:08desde o início,
52:10os adjetivos
52:11que eles usam
52:11é lealdade, etc.
52:14Agora, essa galera
52:15não, eles têm
52:16que estar participando
52:18de uma empresa
52:18onde eles admirem,
52:20então, respeitem.
52:21Então, é isso
52:22que a gente procura
52:23ter adjetivo certo
52:26para poder atrair
52:27e retê-los, né?
52:28Então, esse é o grande desafio.
52:30O desafio maior
52:31de qualquer empresário
52:32é formação
52:35de uma boa equipe.
52:36O meu foco
52:37é formar uma boa equipe,
52:39não é trazer resultado.
52:40Eles que vão trazer resultado.
52:42Então, formar uma boa equipe.
52:43E o curioso,
52:44depois que a gente
52:45profissionalizou,
52:46eu não estou no dia a dia, tá?
52:47Eu estou basicamente
52:48no conselho,
52:49por isso que me dá
52:49essa disponibilidade
52:50de buscar esse equilíbrio,
52:53coisas pessoais
52:54e profissionais.
52:55E eles têm trazido
52:56resultados muito melhores
52:58que, com certeza,
53:00eu não teria feito melhor.
53:01Não tenho dúvida.
53:02Então, nós tivemos
53:03um resultado absurdo
53:04em 22,
53:05que já foi realmente
53:07fora da curva,
53:08e em 23 a gente foi,
53:09superou em 22.
53:10E em 24 está melhor
53:12que em 22 e 23.
53:14Tem objetivo
53:15para lojas
53:15demorando esse ano?
53:17Ah, nós temos oportunidade
53:19de crescer mais unidades,
53:20como em principais shoppings
53:22nós já estamos
53:22bem presentes,
53:23e agora nós estamos
53:24indo para a loja de rua,
53:26com os municípios menores,
53:28interiorização,
53:30acho que tem a oportunidade
53:31de entrar em municípios menores,
53:34nós temos 5.500 municípios,
53:36mas cidades com 100 mil habitantes,
53:38150 mil habitantes,
53:39até 80 mil,
53:40checabe uma loja morana,
53:42então acho que tem
53:42muita coisa para ser feita.
53:44Desenvolver novos canais,
53:46que agora busca novos mercados
53:47fora do Brasil também.
53:49Então acho que tem um...
53:50Ah, não acaba.
53:51A gente sempre tem
53:53como crescer
53:54através de canais
53:55os novos mercados,
53:56os novos projetos.
53:58Uma última pergunta
53:59só para a gente encerrar.
54:00Quando é que aposenta
54:01uma pessoa como você?
54:02Aposenta ou não?
54:04Isso é minha diversão, né?
54:06Agora, se eu aposentar
54:06é um tiro que eu dou em mim, né?
54:08Então é uma paixão,
54:11é uma diversão,
54:11só tem que buscar um equilíbrio.
54:13Acho que não pode ser demais.
54:14Como tudo na vida, né?
54:15Não pode ser de mais
54:16nem de menos.
54:17Então eu estou
54:18numa dose saudável.
54:21Então a gente continua tocando.
54:23E em algum momento
54:24acho que a gente vai...
54:25Nós não temos herdeiros, né?
54:27Herdeiro no sentido de sucessor.
54:29Então provavelmente
54:30em algum momento
54:30da nossa vida biográfica
54:33a gente deve buscar alguma saída.
54:36Mas nesse momento, não.
54:37Nunca pensou nisso até agora?
54:39A gente pensa, claro.
54:40Como eu penso
54:41que um dia eu vou morrer,
54:42que eu sei que eu vou morrer,
54:43que são duas certezas do mundo, né?
54:45Que a morte é a mudança.
54:46A gente sempre tem que estar preparado
54:48para a saída.
54:50Então, na realidade,
54:51eu sempre comparei a companhia
54:52como um Boeing que está no ar.
54:54Em algum momento tem que aterrissar.
54:56Se eu morro,
54:58vai ter que ter uma queda controlada.
55:00Vai ter que aterrissar na força.
55:02Ou você busca um lugar
55:03da melhor forma,
55:04aterrissar da melhor forma possível.
55:06Por isso que,
55:07durante a pandemia,
55:08eu estava no INSPER
55:09fazendo curso de M&A.
55:10Você busca caminhos, né?
55:12Onde a gente possa...
55:12Já pensou em Bolsa, não?
55:13Em abrir capital?
55:15É possível.
55:15Mas a gente não tem EBITDA
55:17para isso ainda.
55:18Talvez daqui a três, cinco anos.
55:20Ah, então é uma...
55:21É uma forma de liquidez também.
55:24Excelente.
55:25Chay, muitíssimo obrigado.
55:26Eu que agradeço.
55:27Vou deixar um último recado aqui.
55:28Fica à vontade.
55:29Mas, mais uma vez,
55:30muito obrigado pelo tempo seu,
55:32pela disponibilidade de vir até aqui
55:33falar com a gente.
55:34Obrigado você pelo convite.
55:36É a oportunidade de contar um pouco
55:38da minha história,
55:39da minha trajetória,
55:40de quem acredita no Brasil,
55:42que nós chegamos aqui em 72
55:43e continua acreditando.
55:45É um país fantástico para empreender.
55:48E países que têm essa dificuldade
55:49de ter oportunidade de empreender, né?
55:51Agora, deixa eu aproveitar,
55:53então, fazer uma última pergunta.
55:54Agora, eu prometo que é a última.
55:55Você passou por vários ciclos, né?
55:58Você falou.
55:58Se alguma hora você chegou
56:01a ficar mais desesperado,
56:03não precisa nem ser,
56:04ah, não, governo tal, etc, tal, não,
56:05mas teve um momento que você pensou assim,
56:07cara, isso aqui não vai para lugar nenhum.
56:09Ou não.
56:11Isso acontece, é assim mesmo,
56:13a gente tem que se adaptar a esse momento.
56:15Como é que funciona isso, na sua cabeça?
56:17Não, eu, sem dúvida nenhuma,
56:19tive vários momentos que você chega
56:21e senta na calçada e chora, né?
56:23Principalmente no início,
56:24onde você tem falta de recursos, né?
56:27Então, você está queimando caixa,
56:29fazendo as coisas,
56:30tem, é engraçado,
56:32quando dá tudo,
56:33por isso que eu falo,
56:34se você continuar persistindo,
56:36acho que demora um tempo
56:37para colocar treino no trilho,
56:39depois você tem que persistir um pouco
56:40nessa velocidade
56:41para ganhar inércia,
56:43sair da inércia.
56:44Mas tem uma época
56:45que tudo dá errado.
56:47É incrível.
56:48Não, eu já tive,
56:49já abri um restaurante
56:50tirando os cafreiros,
56:51é gingim,
56:52já estava com uma certa dificuldade,
56:54aí nós mandamos o dinheiro
56:57para pagar a folha,
56:58era tudo em caixa,
56:59ainda foi assaltado.
57:00Sabe quando você já está sem caixa,
57:02ainda já é assaltado?
57:03Nessa época,
57:05eu recebia muito ticket de alimentação,
57:07então,
57:08eu andava com um bolo
57:09de ticket de alimentação
57:10e tinha postos de gasolina
57:12que aceitava ticket,
57:13eu tinha que parar no posto
57:14que aceitava ticket
57:15para colocar gasolina.
57:16Então,
57:17é história de empreendedor,
57:19isso faz parte,
57:20isso traz cascadura, né?
57:23Perfeito.
57:23Chay,
57:24muito obrigado de novo.
57:25Eu que agradeço.
57:26Esticando demais,
57:27sabe que eu conversaria
57:28por umas três horas
57:29com você, fácil.
57:30Obrigado.
57:31Te incomodaria muito mais tempo.
57:32Obrigado a você
57:33que acompanhou a gente
57:34aqui no Sala Antagonista,
57:37muito obrigado
57:37pelo tempo
57:38que você também dedicou
57:39a gente aqui
57:40pela audiência
57:41e a gente fica ligado aí
57:42que qualquer dia
57:44a gente volta
57:44com mais um
57:45Sala Antagonista
57:46hoje.
57:47Jai Lee
57:47falando um pouco
57:48sobre a Morana,
57:50essa empresa de bijuteria
57:51que ele criou
57:51que está expandindo
57:53pela América Latina,
57:54crescendo um monte
57:56e além das outras marcas
57:58e esse estilo de vida
57:59e essa coragem
58:00e essa multitarefa
58:03que é o Jai Lee.
58:05Obrigado a você
58:05mais uma vez
58:06pela paciência
58:07e a gente se encontra
58:08em breve
58:08em mais um
58:09Sala Antagonista.

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