O embate entre Governo e Congresso ganha novos contornos após a derrubada da MP do IOF, evidenciando tensões na relação entre os Poderes. Há indícios de que Lula pode recorrer ao STF.
O analista de mercado financeiro Cesar Queiroz comenta a crise de atrito envolvendo o Executivo e Legislativo. Ele ressalta que a instabilidade gerada por essa dinâmica, atrapalha o desenvolvimento econômico do país.
Assista na íntegra: https://youtube.com/live/ISNUSJxQDl4
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00:00E ainda sobre esse assunto, a gente segue falando sobre a derrubada do decreto que aumentava o IOF.
00:06A gente vai conversar agora ao vivo com o César Queiroz, analista do mercado financeiro, especialista e fundador da Queiroz Investimentos.
00:15Obrigado por conversar com a Jovem Pan nesse final de semana. Ótima tarde, seja bem-vindo.
00:20Eu vou fazer uma pergunta direta com essa derrubada do Congresso Nacional, algo histórico.
00:25Qual é o impacto direto na agenda econômica do governo?
00:30O governo está necessitando tanto assim dessa arrecadação, de inclusive aumentar o IOF?
00:39Boa tarde, Bruno. Obrigado pela oportunidade de falar com vocês e com toda a sua audiência.
00:45Infelizmente, Bruno, o que a gente está assistindo hoje é o resultado de anos de uma gestão completamente equivocada.
00:55não pautada em premissas básicas de gestão macroeconômica para colocar o trem nos trilhos.
01:04E o que a gente assistiu agora, mais recentemente, foi o Congresso dar um basta para a política do nosso ministro da Fazenda,
01:14porque, na minha opinião, o nosso ministro da Fazenda é um brilhante arquiteto, qualquer coisa, menos o ministro da Fazenda.
01:21Porque não há um planejamento de gestão.
01:26A gente tem um gasto exacerbado da máquina pública, um inchamento da administração pública sem qualquer tipo de critério,
01:37e todas as medidas que a gente participou do governo desde 1923, nas reuniões com o Ministério da Fazenda,
01:44o que a gente via era só aumento de tributos.
01:49Nós tivemos, desde o início do governo Lula até agora, mais de 30 diferentes majorações tributárias.
01:58Não há Cristo que aguente, né?
02:00Então, eu acho que o que a gente já tinha tido uma leitura, agora ficou clara, que é um conflito entre os poderes.
02:11A gente tem um judiciário que, literalmente, virou porto seguro de toda e qualquer discussão entre executivo e legislativo.
02:21Tudo termina no judiciário.
02:22E o ato que o governo acabou de praticar agora, que o senhor jornalista muito bem elecou,
02:28fica claro e evidente que não há um compromisso com o país.
02:35O que existe é uma constante queda de braços.
02:39O Congresso, exercendo um poder que lhe dá total autonomia em bloquear tentativas de gestão do legislativo,
02:48por interesses nas suas emendas que, neste momento, estão barradas.
02:54O legislativo tenta, a todo instante, buscar receitas majorando tributos e impondo um custo Brasil ainda maior.
03:06E o judiciário assiste de camarote, sabendo que tudo que está acontecendo ali, provavelmente vai terminar nele.
03:13Nós estamos assistindo um momento, um capítulo muito triste no Brasil atualmente.
03:18Agora, César, já com essa linha de recorrer aos ministros do Supremo,
03:23quando o governo ignora uma decisão unânime, quase, do Congresso Nacional e recorre ao Supremo por uma questão econômica,
03:32isso afeta a confiança do mercado financeiro na responsabilidade fiscal do governo?
03:39Não tenha dúvida, Bruno.
03:41Não tenha dúvida.
03:41Na verdade, o mercado já tem precificado a omissão do governo nos compromissos básicos da gestão da coisa pública.
03:52Se você entrevistar qualquer outro economista, analista de mercado, todos são unânimes em dizer o seguinte,
03:59estamos construindo a casa pelo telhado.
04:02Quando se fala de reestruturação, de equacionamento fiscal, tudo bem, você tem que avaliar alguns momentos que, no passado,
04:15renúncias fiscais impuseram custos ao país, mas também você tem que analisar os custos, os gastos, o inchamento,
04:24a um absurdo dos ministérios cada vez maiores, então você busca, num lado da gangorra, redução de custos e, do outro, um equacionamento de receitas.
04:38O que nós estamos assistindo desde o início do atual governo é uma gangorra completamente inflada de um lado,
04:58ou seja, custos e gastos totalmente sem controle, e, do outro lado, eles estão jogando a conta para cá.
05:08Agora há pouco, o ministro Haddad, na entrevista, ele coloca de maneira muito clara, dentro da ótica dele,
05:15que nós temos que fazer a nossa parte e arcar com os custos das majorações de impostos para a administração pública.
05:24Ora, o senhor é ministro da Fazenda, primeiro faça a lição de casa, é o óbvio, é o que todos esperávamos desde o começo do governo,
05:34e a gente não está assistindo isso.
05:36Então, é triste, é um momento complicado, realmente, e eu tenho certeza que o mercado já está precificando para baixo
05:43o caos todo que a gente está, infelizmente, assistindo diariamente nos noticiários.
05:48Olhando ainda no retrovisor, nessa votação, o governo, ele conseguiu somente 98 votos dentro da Câmara
05:56e, no mesmo dia, foi analisado no Senado Federal.
05:59Foi uma vitória que, até para a oposição e para os aliados do governo, é considerada esmagadora.
06:05E eu te pergunto o seguinte, houve realmente esse ambiente, o entendimento que não aceitam esse aumento de impostos
06:13ou qualquer aplicação semelhante?
06:16Houve um lobby de algum setor específico para se beneficiar com a derrubada do IOF?
06:24Olha, Bruno, eu diria para você assim, eu não vou aqui querer descendo detalhes de determinadas informações de lobby,
06:32porque a gente aqui analisa o cenário como um todo.
06:34O que nós temos de clareza é que o governo não tem mais base de apoio alguma.
06:42O recado ficou muito claro.
06:44A gente viu um ritmo de votação inédito, onde você teve uma Câmara dos Deputados
06:50e, no mesmo dia, você já teve um Senado endossando a votação.
06:56A gente aqui muito bem sabe que são raros os momentos em que a gente tem tamanha celeridade
07:01na votação de pautas tão pesadas e relevantes.
07:06Então, a gente vê, primeiro, uma falta de coordenação e uma falta de entendimento das Casas,
07:14no sentido legislativo e executivo, estar em consonância para conseguir determinada votação.
07:22E o principal, fica evidente o recado do Congresso.
07:26Porque, logo após a votação do IOF, foi aprovada, por ampla maioria, o aumento de deputados para o próximo mandato.
07:40Então, isso, na nossa leitura, foi um recado claro.
07:43Falei, olha, chega, aqui vocês não têm mais arbitragem alguma,
07:48nós estamos com todas as emendas congeladas, sem emenda não tem voto,
07:52e, de quebra, a partir do próximo mandato, temos mais elementos na Casa.
07:57Então, recado mais claro que esse é impossível, né?
08:02Claro.
08:02Bom, e a gente continua de olho porque os recados estão vindo diariamente, né?
08:07O Congresso enviando recados para o Congresso, para os aliados do governo,
08:11para o governo em si, esperando uma conversa, sentarem à mesa novamente e negociarem também.
08:17César Queiroz, analista financeiro aqui na Jovem Pan e fundador também da Queiroz Investimentos.
08:26Muito obrigado pelas suas explicações.
08:29A gente vai ter que conversar novamente porque esse assunto vai render no Congresso,
08:33vai render no Supremo Tribunal Federal.
08:35Tem muita conversa e tem que jogar luz para conseguir entender justamente o que significam esses números
08:41e esse aumento ou essa redução.
08:43Ótimo final de semana a você.
08:45Bruno, muito obrigado pelo espaço.
08:48Um abraço para todos os amigos aí da Jovem Pan e para toda a sua audiência.