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A África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça da ONU, com sede em Haia, acusando Israel de genocídio na guerra contra o grupo terrorista Hamas. A atuação dos advogados desse país levou muitas pessoas a questionarem qual seria o interesse no conflito que se desdobra no Oriente Médio. Mas esse país já tem uma longa história com o Hamas. Quem explica essa proximidade no podcast Latitude é o cientista político Igor Sabino e a especialista em contraterrorismo e segurança nacional Isabella Buium, ambos do StandWithUs Brasil. 

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Transcrição
00:00A África do Sul fez um pedido lá para a Corte Internacional de Justiça da ONU,
00:06e o advogado da África do Sul está dizendo que Israel cometeu genocídio,
00:10essa é uma história que vai se desenvolver nas próximas semanas.
00:15Eu vi essa notícia e falei,
00:17mas o que a África do Sul tem a ver com isso?
00:20Mas aí passa a pergunta para vocês,
00:22por que a África do Sul resolveu se meter no meio desse enrosco no Oriente Médio?
00:28Bom, essa é uma pergunta muito importante,
00:31e poucas pessoas entendem, conhecem a ligação que existe
00:35entre a África do Sul e o movimento palestino.
00:39Uma das últimas frases, uma fala muito famosa do Nelson Mandela,
00:44é de que não iria haver uma libertação de fato da África do Sul
00:48enquanto não houvesse a libertação dos palestinos,
00:51porque há essa visão pós-colonialista,
00:54de que existe essa solidariedade entre os povos
00:58que foram oprimidos ao longo da história, pelo mundo.
01:02Então, os sul-africanos, eles têm essa ligação com os palestinos
01:06já há de muito tempo, inclusive com o Hamas.
01:09Esse é um fato que é importante a gente destacar,
01:12que a África do Sul é um dos países que são, assim,
01:14fundamentais na tentativa de normalizar,
01:17de legitimar o Hamas enquanto um ator político,
01:21na política internacional, então, para você ter noção,
01:23em 2006, a vice-presidente da África do Sul
01:27fez um convite para que o Hamas, os líderes do Hamas,
01:30fossem até o país, e isso foi algo que desagradou até mesmo
01:33a autoridade palestina, que é reconhecido como sendo
01:36o representante legítimo, legal do povo palestino,
01:39não só por Israel, mas pelo Brasil, por vários países.
01:42E em 2015, a gente teve líderes do Hamas
01:45que foram novamente à África do Sul
01:47e assinaram um memorando de entendimento
01:51com alguns parlamentares lá da África do Sul.
01:55Então, essa é uma relação que ela é já antiga,
01:58a própria África do Sul se nega a reconhecer o Hamas
02:01como um grupo terrorista, porque disse que no passado
02:03o movimento africano anti-apartheid também foi visto
02:06como terrorista, ainda hoje mesmo, um dos advogados
02:10que está representando a África do Sul na corte
02:12e na justiça disse que não considera o Hamas
02:14um grupo terrorista, porque ele não atua
02:16dentro da África. Então, para o sul-africano,
02:19para o governo sul-africano, não existe essa distinção
02:21entre o Hamas, a autoridade palestina, o povo palestino,
02:25eles acham que é tudo uma coisa só
02:27e oferece apoio e legitimidade a esse grupo terrorista.
02:31Então, a África do Sul, ela está no mesmo grupo
02:32de países que tem relações com o Hamas, né?
02:35Eu lembro da Rússia também.
02:37Sim, o Catar, principalmente, o Irã.
02:40É importante a gente destacar que o Hamas
02:42ele é um grupo terrorista, mas ele também controla, né,
02:46desde 2006, né, ele praticamente controla a faixa de Gaza.
02:51Então, ele busca ter um braço político,
02:53um braço administrativo.
02:55E o Hamas, ele buscou desenvolver uma política externa.
02:59Geralmente, quando a gente fala sobre política externa,
03:00a gente pensa muito nos estados, né, Brasil, Estados Unidos, Israel.
03:03Mas os grupos terroristas, né, são atores não estatais,
03:06eles também têm uma política externa própria.
03:08E parte da estratégia do Hamas era essa de buscar apoio
03:12no chamado Sul Global.
03:14Então, sinalizar para a África do Sul, para outros países da África,
03:17aqui na América Latina, principalmente,
03:18o Hamas busca o apoio do Brasil já há um tempo.
03:23Então, é algo que...
03:25É uma estratégia mesmo de inserção internacional que o Hamas tem.
03:28E eles são muito eficientes, né,
03:30nessa diplomacia e com o Sul Global.
03:32Tanto que, acho que nessa Corte Internacional de Justiça,
03:37esses países do Sul Global, né,
03:40Rússia, China, Índia, Marrocos,
03:44devem votar tudo a favor da África do Sul,
03:46dizendo que Israel cometeu o genocídio, né?
03:49Na verdade, a Rússia e a China não se manifestaram, né,
03:52a gente teve...
03:53Porque como é que funciona a Corte Internacional de Justiça?
03:56A gente tem lá os juízes,
03:58que eles são de várias nacionalidades,
04:00e eles são escolhidos de modo independente,
04:02ou não tem uma ligação com a política brasileira, por exemplo.
04:06A gente tem, nesse momento, um brasileiro na Corte Internacional de Justiça,
04:09mas eles são escolhidos independentemente.
04:11Então, não tem países votarem,
04:14mas o que a gente tem?
04:15E países apoiarem ou não
04:17essa denúncia que a África do Sul fez
04:19e apoiar oficialmente.
04:22Então, o Brasil fez isso.
04:24Aqui na América Latina, a gente teve o Brasil,
04:25a Venezuela e a Colômbia,
04:27que apoiaram oficialmente essa denúncia,
04:30mas, por outro lado, a gente só tem países que são autocracias,
04:34que têm um histórico de violação de direitos humanos.
04:36A China e a Rússia não se manifestaram sobre isso,
04:39até porque elas têm um telhado de vidro,
04:41então tem algumas acusações aí
04:42de que a China comete genocídios contra os Uigus,
04:46tem também a questão da Rússia com a Ucrânia,
04:48então eles não se manifestaram dessa vez.
04:50Mas os juízes desses países,
04:52que são ditaduras,
04:53quando julgam alguma coisa na corte internacional,
04:58eles não têm muita liberdade, né?
05:00Geralmente, eles têm que votar de acordo com a linha da ditadura.
05:04Então, esse que é o dilema, né?
05:05Porque são muitas vezes países que não têm um judiciário independente.
05:09Então, isso é o que enfraquece um pouco aí
05:12a corte internacional de justiça,
05:15mas são os dilemas aí da política internacional que a gente tem.
05:19A CIDADE NO BRASIL
05:23A CIDADE NO BRASIL

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