- hoje
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que busca a reeleição neste domingo, 4 de fevereiro, é notório por sua política de segurança pública.
Sob o pretexto de combater as gangues de narcotraficantes, que fizeram do país o mais violento das Américas nas últimas décadas, Bukele conduz um Estado policial.
O jornalista salvadorenho Saúl Hernández Alfaro fala sobre esse cenário no episódio do podcast Latitude desta semana.
Se você é assinante da Crusoé, pode assistir a íntegra do episódio de Latitude neste link: https://crusoe.com.br/diario/latitude63-autocrata-e-popular-bukele-busca-reeleicao-em-el-salvador/
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NotíciasTranscrição
00:00Em que medida a segurança pública tem sido um tema relevante ou não nessas eleições?
00:30A letalidade de mortes e não tinha um conflito armado, não havia uma guerra aqui no princípio, então tudo era a raiz da delincência.
00:38Isto vino a acentuarse, o rol das pandinhas, das maras em El Salvador,
00:44veio a acentuarse entre a década do 90 e o 2000, 2010, digamos, durante 20 anos, 25 anos,
00:53esse fenômeno teve como um ênfase muito importante no El Salvador e se cobrou a vida de miles e miles de pessoas,
01:02e gerava muito terror na população, gerava zozobra,
01:07inclusive as instituições do Estado não podiam intervenir determinados territórios
01:12porque as pandinhas não permitiam o acesso de funcionários de saúde, de educação,
01:18havia exorcões, havia intimidação e assassinatos.
01:25Então, digamos, a situação de segurança não configurava um Estado normal de direito no país
01:32porque as instituições não operavam e a gente não se sentia em liberdade.
01:38Bukele, no ano de 2019, chega ao poder e, desde esse momento,
01:43os assassinatos começam a caer de maneira paulatina e clara,
01:47ou seja, de maneira sem nenhuma objeção ao dia de hoje.
01:52Mas isso tem lugar no marco de umas negociações que ele teve com pandinhas.
01:57É a dizer, não foi por arte de magia, foi porque ele promoviu,
02:03através de suas instituições de segurança, um processo de negociação com pandinhas.
02:08E isto o revelaram diferentes periódicos de investigação em El Salvador.
02:12E o governo de Estados Unidos também o ha, de alguma maneira,
02:16legitimado esta investigação através de informes onde alertam
02:20sobre determinados funcionários do governo de Bukele
02:23vinculados a grupos criminales ou crimes organizados.
02:26Então, a população que a sufrida durante os últimos 25 anos
02:32a delincência de las maras, não importa como o governo o resolviu,
02:37não importa se negociou, se lhe deu não sei quantas coisas,
02:40não importa, o que importa é que a delincência não está.
02:44E o governo foi muito hábil para poder diminuir as críticas
02:50e elevar as coisas positivas de sua estratégia de segurança, né?
02:55Então, a população tem duas coisas.
02:58E a população tem que se sente segura em este momento,
03:02mas não importa o que o governo tem que domina os canais de comunicação oficial
03:08e os medios privados para fazer a população que esta redução de assassinatos
03:15é resultado do regime de excepção ou de políticas públicas.
03:19Mas, de fundo, o que sim sabemos que existe é negociación com pandinhas.
03:23Então, a população se sente segura neste momento,
03:28mas se sente atemorizada pelo Estado.
03:30É dizer, aconteceu de ser a violência das pandinhas
03:34a ser, digamos, o temor latente de um governo que pode reprimir.
03:40Há casos concretos e já comprovados de infiltração
03:47de narcotraficantes ou de criminosos dentro da estrutura do governo?
03:54Que autoridades do governo Bukele têm relações diretas com esses grupos criminosos?
03:59Sim, as investigações periodísticas têm revelado que funcionários do âmbito de segurança
04:08e prevenção de violência que trabalham com comunidades onde há presença de pandinhas
04:15de alguma maneira tiveram comunidade com líderes criminosos.
04:21Mas também um informe do Departamento do Tesou, do Departamento do Governo dos Estados Unidos,
04:29revelou vínculos com o crime organizado com o jefe de centros penais.
04:36É a dizer, o jefe das cárceles em El Salvador, de todo o sistema carcelário,
04:40se lhe vincula com estruturas de caráter de crime organizado.
04:44E atores como, por exemplo, o jefe de tecido social,
04:51que é como quem está velando por acções de prevenção de violência nas comunidades,
04:58também se lhe vincula com estruturas de pandinhas.
05:00Então, se há havido, não só desde o periodismo,
05:04mas desde o reporte de investigación por fora do país,
05:08principalmente do Departamento do Tesou,
05:10que han posto alerta sobre esses funcionários,
05:14que podem ter algum tipo de vínculo, digamos, com pandinhas.
05:19Mas também, recentemente, foi capturada
05:23uma deputada suplente do Partido de Nova Ideia
05:27que tinha vínculos com um líder de pandinha
05:30do área metropolitana de São Salvador.
05:32É a dizer, as conexões estão muito cerca,
05:36estão muito palpáveis
05:39entre alguns funcionários do Estado e os grupos criminosos.
05:44nós estamos falando com o jornalista salvadoreio,
05:49Saúl Hernandes Alfaro,
05:51sobre as eleições em El Salvador
05:54que acontecem neste domingo, 4 de fevereiro.
05:58Saúl, você me comentou uma coisa que eu achei muito interessante,
06:01que é sobre a questão das relações de algumas autoridades do governo
06:06com os grupos criminosos, narcotraficantes e mesmo de dentro dos presídios.
06:13E o Bukele construiu, durante o governo dele, um presídio em Tecoluco,
06:16me corrija se a pronuncia estiver incorreta,
06:19que é o maior presídio de segurança máxima do país
06:22e considerado até mesmo das Américas.
06:24E 2% da população de El Salvador está presa.
06:31Segundo o próprio governo disse,
06:33mais de 70 mil criminosos,
06:36criminosos, nas palavras deles,
06:39teriam sido detidos nessa campanha do governo Bukele
06:42contra o crime organizado.
06:44Em que medida essas prisões ajudam ou mais atrapalham
06:50até no combate à criminalidade?
06:53As pessoas que foram capturadas?
06:56Sim.
06:57Mas ajuda ou atrapalha no combate à criminalidade isso?
07:01Essas prisões em massa?
07:03A ver, de maneira objetiva,
07:07muitas dessas pessoas que foram capturadas
07:12se formam parte de estruturas criminales
07:15e eram pessoas que estavam assassinando
07:17a população civil.
07:19É a dizer,
07:20aí há uma captura de delincuentes.
07:23Isso sim é certo.
07:25Sin embargo,
07:26em função de projetar a gente
07:29que se está combatendo todo o crime
07:33e que se está deixando limpias
07:35as calles de pandilleros,
07:37o governo começou a fazer capturas
07:41de pessoas que não necessariamente
07:43tinham um vínculo com pandillas.
07:46Alguém disse,
07:48é normal para a gravedade
07:51do que tem El Salvador
07:52que exista um margem de erro,
07:54diziam,
07:55respecto a capturas que não são de pandilleros
07:58e que são de pessoas inocentes.
08:02O problema é que o governo
08:04não aceitou de maneira aberta
08:06que há capturado
08:08e que tem em las cárceles
08:09gente inocente,
08:10mas não só isso.
08:12O regime de excepção
08:13e a situação em as cárceles
08:15no país
08:15levou a que existam torturas
08:19e mortes dentro das cárceles
08:21e dentro das pessoas
08:24torturadas ou mortas,
08:26pessoas que não são,
08:27ou não têm um vínculo delincuente,
08:29portanto,
08:30são pessoas inocentes
08:31e, portanto,
08:32se constituem como atos
08:34de lesa humanidade
08:36e atos de graves violações
08:37a os direitos humanos.
08:39Sobre esses casos,
08:40o governo não se pronuncia
08:41de maneira aberta
08:42e, de maneira implícita,
08:46o reconoce liberando
08:47de maneira periódica
08:49a gente.
08:49É a dizer,
08:50que os tribunais
08:52liberam pessoas
08:53que nunca tiveram
08:55que haver sido apresadas,
08:56mas,
08:58mas depois,
08:59existe o risco
09:00de que os voltem a capturar.
09:01É a dizer,
09:01existem situações
09:02onde se voltem a capturar
09:03uma pessoa que foi liberada
09:04sob a lógica
09:06de que capturamos
09:07os que podamos,
09:09projetemos um número
09:10de capturas
09:11a população
09:12e, com isso,
09:13geramos a percepção
09:14de maior segurança
09:15no país.
09:16Então,
09:17essa situação anômala
09:19levou a uma série
09:20de arbitrariedades
09:20que não contribuem
09:22à situação de segurança pública.
09:24Agora,
09:24sobre o resto
09:25de capturados,
09:26por supuesto
09:27que o fato
09:28de que se capturen
09:29a mareros,
09:31a delincuentes,
09:33por supuesto
09:33que ajuda
09:34a reducir
09:35a criminalidade,
09:36mas o assunto
09:37é que este processo
09:40não se desenvolveu
09:41de maneira devida,
09:42ou seja,
09:42se desenvolveu
09:43a costa
09:44da vulneração
09:46de direitos humanos
09:47de pessoas inocentes
09:48e a costa
09:49de um governo
09:50que não reconhe
09:51esses erros
09:52e que não está disposto
09:53a abrir
09:54a discussão
09:55de como corrigirlos.
09:56Então,
09:57há uma persistencia
09:59de seguir
10:00atuando
10:01sem rendir
10:02contas
10:03e cometendo
10:04errores
10:05que não só
10:05são errores,
10:06são vidas humanas.
10:07Então,
10:08a isso me refiro
10:09com o fato
10:10que se reduiu
10:11a violência,
10:12se reduiu
10:12a delincuência,
10:13isso é inegável,
10:14mas há outro
10:15setor
10:15da população,
10:16sobretudo
10:16a população
10:17que está
10:18em zonas
10:18marginais,
10:20pobres,
10:21sem emprego,
10:23homens,
10:24que,
10:24só por sua condição
10:26de classe social,
10:27se sentem
10:28atemorizados
10:29a serem capturados
10:29por o ejército
10:30ou a polícia.
10:31E é possível
10:34afirmar
10:34que o crime
10:35organizado
10:36em El Salvador
10:37tem se organizado
10:39de dentro
10:40de presídios,
10:41até mesmo
10:41do grande
10:42presídio de segurança
10:43máxima
10:44de Tecoluco
10:44que o que ele
10:46tanto se orgulha?
10:48E é possível
10:49que alguns
10:49dos inocentes
10:50que tenham sido
10:51presos
10:52injustamente
10:53ou pessoas
10:53que foram presas
10:54por delitos menores
10:55estejam entrando
10:56no crime organizado
10:58a partir
10:59das cadeias
11:00das penitenciárias?
11:01Isso seria difícil
11:04como de
11:05confirmarlo
11:07agora,
11:08não temos
11:09informação sobre isso,
11:11de o que
11:12se há informação
11:13é que
11:14normalmente
11:15as pessoas
11:15que foram liberadas
11:17das cárceles
11:18que são inocentes,
11:20algumas
11:20voltam
11:20a seu lugar
11:21de,
11:22a sua casa,
11:23a sua vivenda
11:24original
11:24e algumas
11:26decidem
11:26desplazarse,
11:27é a dizer,
11:28migrar
11:28de um
11:29território
11:30a outro
11:31território.
11:32Algunos fora
11:33de El Salvador,
11:33outros dentro
11:34de El Salvador,
11:35por o temor
11:36a ser recapturados.
11:37Agora,
11:38que isso
11:38leve
11:39a que essas
11:40pessoas
11:40formem parte
11:41de grupos
11:42criminales,
11:43ou seja,
11:43que como que
11:44alimenten
11:45novas
11:46filas,
11:47a grupos
11:48criminales,
11:49está difícil
11:50de determinar.
11:51Isso não
11:52teria informação
11:53como para
11:53poder confirmártelo.
11:55Ou seja,
11:55é a dizer,
11:55mais bem,
11:57o que se
11:58aconteceu
11:58é que a
11:59pandeia
11:59se transformou,
12:01é a dizer,
12:01a pandeia,
12:04as maras,
12:04atuavam
12:05asesinando
12:06a
12:07pessoas
12:09delincuentes
12:10do outro
12:11bando,
12:11da outra
12:12pandeia.
12:12Há três
12:14pandeias
12:14principais,
12:1518,
12:1718 revolucionários
12:18e maras
12:18salvatruchas.
12:20Estes três
12:20tinham um
12:21conflito
12:21no território,
12:22em todo o país,
12:24para distribuirse
12:26em que zonas
12:27faziam
12:28a extorsão,
12:29que é o cobro
12:30de dinheiro
12:32a empresas,
12:33pequenas empresas
12:34ou microempresários.
12:36Então,
12:36nessa disputa
12:37de território
12:38havia assassinatos.
12:39Esos assassinatos
12:40já não tinham lugar
12:41e as extorsões
12:42tampouco
12:43estão
12:43tão altas
12:45como antes.
12:45Há,
12:46mas muito menos.
12:47Então,
12:48definitivamente
12:48algo mudou.
12:49É a dizer,
12:50a pandeia
12:51de alguma maneira
12:52foi anulada
12:53ou simplesmente
12:55se permitiu
12:55transformarse
12:57a outra coisa.
12:57Isso não sabemos.
12:59Simplesmente
12:59essa informação
13:00não sabemos.
13:02Por que
13:03é delicado
13:03todo isto?
13:04Porque se bem
13:05a gente está mais segura,
13:06as pandeias
13:07já não estão
13:07actuando como antes,
13:09a forma
13:11que o governo
13:11o fez
13:12e o que conversou
13:13com as pandeias
13:14não sabe
13:15ninguém mais
13:15que o governo.
13:16E isso é um problema
13:17porque
13:17dá fragilidade.
13:19É a dizer,
13:19quando este governo
13:20já não está,
13:21isto pode voltar
13:22ao ponto anterior
13:24a março de 2022
13:26e voltar
13:27a ter um país
13:28descontrolado
13:28de delincuência.
13:31Ou,
13:32incluso,
13:33não permite
13:36que outros
13:36partidos políticos
13:38ou outros
13:38atores
13:39lhe digam
13:39ao governo
13:40que quero aportar
13:42tal
13:42conhecimento
13:45ou tal
13:46recurso
13:47para que isto
13:48seja sostenível,
13:49estes tu
13:49ou não estes tu
13:50ou no governo.
13:51Então,
13:51o faz muito frágil
13:52para algo
13:53tão importante
13:53como a estabilidade
13:54do país.
13:55Isso é clave,
13:56digamos.
13:57e aí
14:02Legenda por Sônia Ruberti
Recomendado
1:04:24