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00:00Bom, agora vamos falar sobre um ataque orquestrado do governo petista contra a imprensa independente.
00:11Nos últimos dias, nós tivemos várias críticas de membros do governo, então do Flávio Dino,
00:20ministro da Justiça, também da Glaise Hoffman, presidente do PT, todo mundo atacando o Estadão,
00:29principalmente a editora executiva de política do jornal, que é a Andresa Matais,
00:35pela publicação de uma matéria que a gente repercutiu aqui no Antagonista,
00:41que é a história da dama do tráfico, a Luciane Barbosa, que visita e se encontra com vários membros do Ministério da Justiça.
00:54Teve uma reação furiosa do Dino.
00:58A gente tem aí também, eu pedi para o Matheus separar o post que o Flávio Dino publicou,
01:05esse post acho que é do final de semana.
01:07Eu chamo então o Alexandre Borges. Alexandre, você está por aí?
01:12Estou sim.
01:13Tá. Alexandre, é o seguinte, bom, sai a matéria no Estadão e a gente tem essa...
01:23É uma coisa realmente orquestrada, né?
01:27Você vê que acontece tudo ao mesmo tempo, os argumentos são parecidos, né?
01:31Como é que você viu esse ataque aí, petista, ao Estadão?
01:38É o gabinete do ódio petista, né?
01:40Quer dizer, é muito claro que eles estão usando métodos que eles condenavam no bolsonarismo, né?
01:48Inclusive o Wilson Gomes, que é um acadêmico, que é colunista da Folha,
01:52ele no Twitter esses dias falou, olha gente, isso aí é bolsonarismo puro.
01:56Ele é um homem de esquerda, né?
01:58Falando para os seus companheiros de esquerda, dizendo, olha, isso aí é bolsonarismo puro.
02:02Na verdade, o PT começou lá com seus maves, né?
02:07Durante ainda o governo Dilma, né?
02:10Que tem até aquele meme, né?
02:12Que a Dilma está com aquele Marcelo Branco, que ela fala, alô, internautas, enfim.
02:15Que virou meme e tudo.
02:17Ali já era os chamados maves, onde você já tinha o PT trabalhando com seus social media, né?
02:27Que se chama, né?
02:28Esses analistas de mídias sociais, que ficam ali basicamente o dia inteiro trabalhando.
02:36Eu, na época, inclusive, eu nem trabalhava ainda direto com jornalismo,
02:39ainda estava na publicidade, que era a minha profissão anterior.
02:43E eu me lembro de ter perdido uma funcionária que virou mave.
02:45Ela trabalhava nas redes sociais com alguns clientes meus.
02:49E um dia ela me ligou e falou, ó, estou indo.
02:52Fui chamada para trabalhar para o PT, para trabalhar para ser mave, né?
02:55Ela não usou essa expressão, claro.
02:58E aí, quando ela falou o salário que ela ia ganhar, que era o triplo do que eu pagava,
03:02eu falei, vai, né? Não tem nem o que falar.
03:04O mave o que é mesmo?
03:08É militância virtual, né?
03:13Militância de ambientes virtuais.
03:16Militância de ambientes virtuais.
03:18Então, eles já começaram com isso.
03:22Mas aí, quando vem o bolsonarismo, óbvio e evidente, isso multiplica por 10.
03:26Porque o bolsonarismo foi muito um fenômeno de redes sociais.
03:32Você tem alguns dos responsáveis pelas redes sociais do Bolsonaro
03:36viraram algumas das figuras mais importantes do governo,
03:39a começar pelo Carlos, o filho 02, né?
03:42O Carlos Bolsonaro, que era o chefe das redes sociais.
03:46Mas ele tinha abaixo dele o que depois ficou conhecido como o chamado gabinete do ódio.
03:52Alguns desses assessores do Carlos foram para Brasília,
03:56foram trabalhar diretamente no Palácio do Planalto.
03:58O braço direito do Bolsonaro, que era o Felipe Martins,
04:02virou meio que um chefe desse pessoal e tocava.
04:06Então, assim, veio essa expressão gabinete do ódio,
04:11que, inclusive, é uma expressão que eles achavam engraçada, eles usavam.
04:15Se descobriu um grupo, se não me engano, ou do Instagram ou do Zap,
04:19deles, numa das investigações, que eles mesmos se chamavam de gabinete do ódio.
04:24Ou seja, eles achavam isso engraçado e tal.
04:26Bom, ok. Quando, durante o governo Bolsonaro,
04:31evidentemente, a gente passou por episódios absolutamente lamentáveis
04:35de tentativa de perseguição, de assédio, destruição de reputação,
04:41coisas muito feias. Qualquer um.
04:43Acho que você já deve ter passado por isso. Eu passei.
04:46Enfim, muitos de nós passamos fazendo jornalismo independente
04:50e elogiando quando tem que elogiar, batendo quando tem que bater.
04:54Mas aqui ninguém tem que ficar pagando pedágio para militantes.
04:59A gente presta serviço ao leitor, a quem nos acompanha, ao interesse público.
05:05E quando o interesse público não coincide com algo que o mandante,
05:11o governo do plantão estiver fazendo, é nosso trabalho aqui.
05:14Por isso até que eu brinquei no Twitter esses dias,
05:17que eu passei quatro anos sendo chamado de comunista,
05:19agora já voltei a ser chamado de fascista.
05:21Quer dizer, os governos vão mudando, os xingamentos vão mudando,
05:25mas a ideia é sempre a mesma.
05:27Você tem que bater continência para o governo,
05:29ou então você é um traidor, etc.
05:31Bom, então o que aconteceu?
05:33Esse ataque orquestrado, e acho que o termo que você usou é perfeito,
05:36foi feito a Andresa Mataz.
05:38Ele lembra, para mim, na verdade até, não só o bolsonarismo,
05:42mas lembra o que o próprio PT fazia contra o governo Fernando Henrique
05:46lá nos anos 90.
05:47Nos anos 90, para quem não era nascido, não lembra,
05:50não acompanhava política na época,
05:52o PT tinha alguns procuradores que eram muito ligados ao partido.
05:57Um deles virou um símbolo,
05:59que era aquele Luiz Francisco de Souza,
06:01que era o Quasimodo, que o pessoal chamava e tal,
06:04que ele tinha realmente uma agenda de criar factóides,
06:11e todo dia, toda hora, querendo criar processos,
06:16ou membros do primeiro escalão do governo Fernando Henrique,
06:20o alvo preferencial era Eduardo Jorge,
06:22ou o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso e seu governo.
06:27E aí o que acontecia?
06:29Você não tinha rede social na época, nos anos 90,
06:33e muitos desses jornalistas,
06:35que são, na verdade, militantes disfarçados de jornalistas,
06:38que hoje estão nesses blogs sujos, na esgotosfera,
06:43em bloguinhos pagos por dinheiro público,
06:46essas pessoas estavam na grande imprensa na época,
06:49alguns, pelo menos.
06:51Então, esses caras que hoje estão aí nesses
06:53óperas mundes, sei lá o quê,
06:55enfim, nesses blogs aí que estão,
06:57fóruns, sei lá, que estão aí batendo na Andresa,
07:00e estão fazendo parte dessa campanha,
07:03muitos desses estavam trabalhando em órgãos da imprensa.
07:07E aí o que acontecia?
07:08O Luiz Francisco e outros,
07:11tinham o Guilherme, alguma coisa, o Gustavo,
07:13enfim, estamos falando de coisas de 30 anos atrás,
07:15eles criavam uma investigação,
07:19que é qualquer coisa,
07:20quer dizer, você acorda de manhã,
07:22inventa uma investigação,
07:22e protocolo, estou investigando.
07:25Isso não quer dizer que a pessoa é culpada,
07:27não quer dizer nada.
07:28E aí, mas você abriu uma investigação.
07:32A abertura dessa investigação
07:34automaticamente virava notícia nesses jornais.
07:37O jornal dizia,
07:39Ministério Público abre investigação contra fulano.
07:42E a partir daquele momento,
07:44de uma maneira, na minha visão,
07:46muito canalha,
07:46aquela pessoa que era um ministro,
07:50um presidente, uma autoridade,
07:52passava a ser tratada em todas as matérias
07:55daqueles jornais ou daqueles políticos,
07:59daqueles jornalistas ligados ao PT,
08:03era assim, fulano de tal,
08:05investigado pelo Ministério Público
08:07por três pontinhos.
08:09Então, aquilo, todo dia, todo dia,
08:11cada matéria ia colando no sujeito,
08:13como se ele fosse um criminoso,
08:16como se fosse alguém que levantasse
08:17um monte de suspeita.
08:19E muitas vezes, 99% das vezes,
08:22aquelas investigações não davam em nada.
08:24Não era nada, não tinham consistência,
08:26não tinham nada.
08:27Mas servia a um propósito
08:29de proselitismo político,
08:31de propaganda,
08:32de colar na pessoa
08:33investigado pelo Ministério Público.
08:36E aí, qualquer referência ao sujeito,
08:39ou até quando ele disputava um cargo público,
08:41quando ele ia para um debate,
08:43e abrisse para perguntas,
08:46ou ele ia ser entrevistado,
08:48o entrevistador,
08:49se não gostasse dele, já conversava.
08:51O senhor não é investigado pelo Ministério Público?
08:54Quando, na verdade, muitas vezes,
08:56a grande maioria das vezes,
08:57eram esses procuradores petistas
09:00ligados ao PT,
09:01que simplesmente abriam investigações
09:03para difamar e criar
09:06essa nuvem em cima
09:09desses políticos que eles não gostavam.
09:11Bom, o que foi feito agora
09:13em relação à Andresa?
09:14Foi aberta uma investigação
09:16da mesma forma.
09:17Quer dizer, se entrou alguém
09:18e abriu uma investigação contra ela,
09:21tirou-se uma foto
09:22da tela,
09:24porque é uma coisa digital,
09:26online, virtual,
09:27que você abre a investigação,
09:28e aí começou a colar
09:29que ela era investigada
09:31por alguma coisa
09:32que não era,
09:32uma coisa totalmente fabricada.
09:34e, nesse sentido,
09:36o mesmo método,
09:38o mesmo modo desoperante
09:39que a gente viu lá nos anos 90,
09:42que o PT agora,
09:43claro, dá uma renovada,
09:45passa 25 anos,
09:46você precisa mudar uma coisinha ou outra,
09:48mas a motivação
09:51e o jeito
09:52e a prática, vamos dizer,
09:54criminal de difamação,
09:55porque difamar é crime,
09:56você tem leis,
09:58crimes contra a honra,
09:59injúria, caluna,
10:00difamação,
10:01estão no Código Penal,
10:02são crimes,
10:03você vê aí
10:05algumas semelhanças.
10:07Eu fiquei impressionado
10:09com a forma como foi feito,
10:11porque alguém,
10:11qualquer um,
10:12pode ser qualquer um,
10:13entrou no site
10:15do Ministério Público do Trabalho
10:17do Distrito Federal
10:18e faz uma denúncia,
10:21e aí faz fotos da tela
10:23com essa denúncia,
10:26e antes de dar o botão do ok,
10:29pega e manda isso
10:31para uma revista
10:31que é uma revista
10:32ligada ao petismo,
10:34recebe verba
10:35do governo
10:36e tudo mais.
10:38E aí a revista
10:38faz uma matéria
10:41do jeito que você falou aí,
10:43Andresa Matais,
10:44Estadão,
10:44está sendo investigado,
10:46uma denúncia e tal,
10:47mas a denúncia
10:48que foi feita,
10:49qualquer um
10:50podia ter entrado ali
10:51e feito do mesmo jeito.
10:52Exato.
10:53Não tem nenhuma...
10:54Você imagina o seguinte,
10:55vamos criar uma situação limite
10:57aqui,
10:58você tem um sujeito,
10:59por exemplo,
10:59que alguém quer difamar.
11:01Então esse sujeito,
11:02vamos dizer,
11:02tem uma filha pequena,
11:03aí ele está levando a menina
11:05para ver um filme no cinema,
11:07então ele está de mão dada
11:08entrando ali no saguão do cinema,
11:10alguém vai,
11:11tira uma foto,
11:12abre uma denúncia
11:13dizendo que ele estava
11:15pegando aquela menina
11:16e fazendo alguma coisa pedófila.
11:18E aí você abre uma investigação,
11:21você entra online,
11:22bota a foto,
11:23que é o cara levando a filha
11:24para o cinema,
11:25entendeu?
11:26Que matar de costas,
11:27de repente,
11:28enfim,
11:28estou criando aqui
11:29da minha imaginação.
11:32E a partir daquele momento
11:33você pega aquilo,
11:34joga nos blogs sujos
11:35e aí você começa a dizer
11:37fulano de tal
11:38investigado por pedofilia.
11:40Entendeu?
11:41Aí o que acontece?
11:42Você destrói a pessoa
11:43baseada em nada.
11:45Entendeu?
11:46E isso costuma ter pouca consequência
11:48para quem faz.
11:49E nisso eu acho
11:50que a gente podia aprender
11:52um pouquinho com os exemplos
11:53dos Estados Unidos.
11:54Nos Estados Unidos,
11:55um procurador,
11:57alguém do que seria
11:58o Ministério Público lá,
11:59se você abre uma investigação
12:01e depois ficar claro
12:02que você teve
12:03uma motivação política,
12:04uma motivação escusa,
12:06ou você queria chantagear
12:07a pessoa,
12:08alguma coisa,
12:09é uma cana brava.
12:11Entendeu?
12:12É um crime pesado.
12:15Por exemplo,
12:16tem um documentário
12:17muito bom no Netflix
12:18que chama
12:19Em Busca do Dinheiro Sujo,
12:21onde no primeiro episódio
12:23eles investigam
12:24a Volkswagen,
12:25que fazia aquela coisa
12:26de pegar o cano do carro
12:29que tinha o catalisador
12:30e tirar e fingir
12:32que o carro não poluía,
12:33mas ele poluía.
12:33Foi um escândalo
12:34de uns 20 anos atrás.
12:35Aí tem esse documentário
12:36que foi feito em cima disso.
12:38E aí tem a entrevista
12:39com os procuradores
12:40que investigaram o caso.
12:42Eles ficaram 10 anos
12:43investigando.
12:44E eu vi uma...
12:45Eu estou lembrando disso
12:47porque eu acho que vale
12:47aqui para o que a gente
12:48está falando.
12:49E aí nessa entrevista
12:50um dos procuradores
12:51falou,
12:52olha,
12:52eu demorei esses anos
12:54todos investigando
12:55porque eu não sou nem doido
12:57de criar
12:58um fato,
13:00uma investigação
13:01contra um gigante
13:03como a Volkswagen
13:03com uma acusação
13:06tão grave
13:07quanto
13:07esse tipo
13:09de crime,
13:12de você fingir
13:12que o carro
13:13não polui
13:14quando ele polui.
13:15Eu não sou nem doido
13:16de fazer isso
13:16se eu não tiver
13:17todas as garantias
13:19e provas
13:19e tal
13:20porque senão
13:21a minha vida
13:21está acabada
13:22e a gente...
13:23Enfim.
13:24Então,
13:25está certo?
13:25Eu acho que está.
13:26Você tem que ter
13:27responsabilidade.
13:28Você tem...
13:29Se você cria
13:30uma investigação
13:32e joga
13:33e vaza isso
13:33para a imprensa
13:34e faz barulho
13:35e depois se descobre
13:37que você tinha
13:37uma motivação escusa
13:38política,
13:39partidária
13:40ou crime
13:41ou você estava
13:42estorquindo,
13:42pedindo dinheiro
13:43do cara,
13:44alguma coisa,
13:45isso tinha que dar
13:46uma cana
13:46pesada.
13:48Exato.
13:49É muito irresponsável
13:51fazer esse tipo
13:52de atitude aí.

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