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Correspondente de guerras, o jornalista fala sobre suas experiências no front.

Assista à conversa completa: https://youtu.be/8EVS62Ur4fE

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Transcrição
00:00Lourival, teve algum momento em que alguma matéria sua, uma cobertura sua, teve um impacto, mudou bastante a opinião das pessoas aqui no Brasil ou de governante?
00:12De internacional, não que eu saiba, assim, talvez tenha tido, né?
00:19É que acho que os presidentes não se interessam muito, né, por internacional, né?
00:24É, o Brasil é um país continental que não tem poder econômico e nem militar e, portanto, não tem projeção geopolítica, né?
00:34Então, os governos brasileiros se alternaram entre ou serem, assim, indiferentes aos problemas internacionais, né, ou alimentarem fantasias sobre o seu poder, que é o caso do nosso presidente atual, né?
00:49Querer cadeira permanente no Conselho de Segurança, ajudar a fazer acordos com uma cadeira do Irã, né?
00:56É, a ingenuidade, ela torna a pessoa feliz, né? Porque ela pode imaginar o poder que ela não tem.
01:04Aliás, a onipotência é uma das coisas que levam ao medo também, né?
01:08Você entender que você é pequeno, que o seu lugar, que você não é tão importante, tudo isso dá coragem, porque diminui a sensação de perda possível, né?
01:20Poxa, se eu morrer, é algo... Não, eu vou morrer, né? Assim, é questão de tempo e de propósito.
01:28Aliás, o propósito é outro passo que eu proponho, né?
01:31Fazer as coisas com propósito, sinceridade de propósito, pra ter coragem e tal.
01:37E agora, o Brasil quer... Não, é contra as sanções, contra a Rússia, está comprando fertilizantes da Rússia e esses dólares, eles são usados pra Rússia comprar drones do Irã e mísseis da Coreia do Norte pra matar civis ucranianos, que é o que os russos estão se dedicando.
01:59Portanto, nós estamos financiando, nossos reais viram dólares que viram sangue ucraniano.
02:08E esse cinismo, né? Não, são os interesses, o comércio... Não, quando tem guerra, os valores humanos falam mais alto, tanto que a Europa e os Estados Unidos estão pagando com inflação de alimentos e de energia.
02:25O Biden pode não se reeleger.
02:27A Europa tinha muito a perder cortando as laços comerciais com a Rússia, né?
02:32Tem, tem, está perdendo. Estão com inflação...
02:33É uma decisão moral ali.
02:34Moral. Faz 40 anos que a Europa e os Estados Unidos não tinham inflação de 9%, né?
02:40E isso, numa democracia, é complicado.
02:45Dá pra ver muito claramente aqui que tem o seu trabalho, que é a cobertura de guerra, mas você precisa estudar religião, psicologia...
02:54Filosofia, né?
02:56Então, e você falando em filosofia, você fez os créditos para o mestrado em filosofia, mas não se formou.
03:03Você usa a filosofia no seu trabalho quando você está cobrindo uma guerra?
03:08Sim, e depois eu fiz um mestrado em jornalismo em que eu apliquei um conceito que eu aprendi com o Immanuel Kant,
03:16que é, e com outros filósofos também, a ideia de um fim regulador da razão.
03:24Uma ideia que serve para regular a razão.
03:28Então, eu apliquei essa ideia para o conceito de isenção no jornalismo,
03:34como algo que você nunca vai alcançar, mas que é um fim regulador da razão.
03:40Que se você desiste da isenção, você se torna cínico.
03:45Se você acha que alcançou a isenção, você se torna ingênuo.
03:50Então, o repórter vive numa condição, e aliás, acho que o ser humano também.
03:56É parte da condição humana buscar algo inalcançável como um norte, um destino.
04:04E aí, você não chega lá nunca, mas você faz o percurso.
04:08Você tem que buscar.
04:10É importante ter o norte para te direcionar, ainda que você não vai chegar lá nunca.
04:14E é importante saber que não vai chegar.
04:18Então, essa é uma das coisas que eu aprendi na filosofia, que eu transpus para o jornalismo.
04:23Porque é um grande debate, a isenção.
04:26Eu não acho que a gente pode ser objetivo, porque somos pessoas subjetivas.
04:31Não acho que a gente pode ser imparcial, porque a gente vive parcialmente as coisas.
04:37A gente, a nossa capacidade de compreensão é limitada.
04:41Eu sei disso.
04:43Mas todos os dias a gente tem a oportunidade de acrescentar outras coisas.
04:48De corrigir os erros, de matizar, de nuançar.
04:52Até de falar, sabe aquilo que eu disse ontem?
04:56Bem, tem esse outro aspecto aqui.
04:58Ou eu estava errado, dependendo do caso.
05:00É, não ter compromisso com o erro também, né?
05:02Aí a gente vai evoluindo, embora essa evolução a gente nunca...
05:08A gente acha também que a gente evolui, né?
05:09A gente não pode deixar a nossa personalidade, as nossas crenças na gaveta
05:15como se elas fossem uma coisa completamente separada.
05:18Mas você pode mirar no ouvir o outro, no respeito a outras crenças,
05:25no interesse em ouvir o que pessoas com que você não concorda têm a dizer, né?
05:29É, e o jornalista é tão exposto a uma realidade que é tão complexa
05:34que, de fato, as crenças...
05:36Eu, por exemplo, tenho bem poucas, assim.
05:38Porque acabei que a dúvida é que é o meu principal...
05:43É o meu principal estado mental, é o da dúvida, né?
05:48E no jornalismo a gente aprende uma coisa também, bem no início,
05:53que é se perguntar se eu tenho ou não a informação.
05:57Eu tenho a informação ou não, né?
06:00Essa é uma pergunta que vocês se fazem e eu me faço também.
06:03E essa é uma pergunta muito saudável hoje em dia
06:06para pessoas que recebem coisas no WhatsApp.
06:09E eu mesmo recebo de parênteses, né?
06:12É, todos nós.
06:13Lourival, isso aqui é...
06:15É verdade.
06:15É verdade?
06:16Em cinco segundos eu consigo provar que não, né?
06:20Basta, felizmente, essas maravilhosas plataformas de checagem, né?
06:25Então, é...
06:27Mas a gente é treinado para se perguntar
06:30se eu tenho a informação ou não, né?
06:32Eu já posso publicar ou não, né?
06:34Isso é muito bacana.
06:35Dá para bancar ou não, né?
06:36É, eu tenho muito orgulho desse treinamento que a gente tem.
06:39Sim.
06:39Sim.
06:55Então, então...

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