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Transcrição
00:00Toca o terceiro trecho, por favor.
00:02Para lutar por um comércio justo entre as nações e pela paz entre os povos.
00:08Voltamos para ajudar a construir uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade.
00:21Ele fala do comércio justo. O Brasil, então, deveria lutar por um comércio justo no mundo?
00:31Olha, nenhum economista sensato, pelo menos fora daqueles petistas encarnados, falaria em comércio justo.
00:43O comércio é uma oferta de um lado e uma demanda de outro.
00:47As pessoas procuram um melhor preço e melhor qualidade. Ponto.
00:50Comércio justo é a coisa mais difícil de definir. O que é um comércio justo?
00:54É pagar mais por um produto que nos preços de mercado seria mais rentável para os consumidores, não é?
01:01O Lula tentou fazer isso no seu primeiro mandato, quando recomendou que nós importássemos mais dos irmãos da América do Sul,
01:09mesmo que fosse mais caro ou de menor qualidade.
01:12Eu não acredito que algum importador sensato tenha feito isso, porque seria perder mercado, não é?
01:19Os importadores continuarem importando dos melhores fornecedores para o melhor preço, pela melhor qualidade,
01:25enfim, aquilo que eles conseguiriam vender, não é?
01:28Então, essa coisa de comércio justo, finalmente, não tem muito significado.
01:33Isso, geralmente, significa protecionismo de um lado, não é?
01:37Países ricos, talvez, reclamando da alta dos preços do petróleo ou de outras mercadorias, digamos, matérias-primas,
01:44ou países em desenvolvimento que reclamam do preço dos manufaturados.
01:48Ora, ninguém fixa preços.
01:50O mercado tem uma lei da oferta-procura que, desde Adão e Eva, permanece igual, não é?
01:55E o Adam Smith já tinha afirmado que o melhor comércio é o comércio livre.
02:00Então, vamos esquecer essa coisa de comércio justo.
02:04Isso não existe. Existe comércio, ponto.
02:06E o Brasil tem suas relações com a China, por exemplo, o principal parceiro há 13 anos,
02:11com os preços que são fixados pelo mercado.
02:13Eu me lembro quando eu estava na China em 2010, a soja chegou a 600 dólares a tonelada.
02:19Os agricultores estavam nadando em dólares, não é?
02:21O minério de ferro estava a quase 200 dólares a tonelada.
02:24Depois caíram, mas isso é a realidade do mercado.
02:28Quanto à ordem mundial pacífica, ninguém pode ser contra, evidentemente,
02:33mas essa tentativa de criar uma ordem mundial, isso é muito utópico, não é?
02:38Ordem mundial surge com grandes catástrofes, né?
02:40Grande guerra, primeira guerra mundial, segunda guerra, houve uma ordem mundial,
02:46uma ordem econômica que está conosco, a ordem de Bretton Woods, FMI, Banco Mundial,
02:50e a China e a União Soviética, que estiveram ausentes dessa ordem econômica de mercados, não é?
02:56Se alinharam nos anos 90, não é?
02:58A China foi a primeira e a Rússia foi a segunda, aliás, a Rússia aderiu ao Gat só 10 anos atrás, não é?
03:06Menos de 10 anos atrás e ainda não é bem uma economia de mercado, o que a China já é, não é?
03:11A China não é um socialismo com características chinesas, ela é um capitalismo com características chinesas,
03:16é um sistema de mercado, apenas que o país é dirigido pelo Partido Comunista,
03:21que são um pouco como os mandarins da antiguidade, né?
03:24Do império do meio, que são bons administradores, então, a ordem mundial,
03:29você não impõe segundo a sua vontade, ah, vamos fazer uma nova ordem mundial,
03:33e isso tem a ver com os dois conceitos que o Lula citou,
03:37o multilateralismo, ele é um mero instrumento, é um método,
03:41você tem relações bilaterais, país a país, tem relações regionais na sua região,
03:45pode fazer zonas de livre comércio, uniões aduaneiras, mercado comum,
03:51e tem relações multilaterais, que são aquelas feitas nos grandes organismos,
03:54nas agências da ONU.
03:57Tudo bem, com o multilateralismo, todo mundo é a favor,
04:00menos o Ernesto Araújo, o nosso primeiro chanceler acidental,
04:04e talvez o próprio Bolsonaro e seu amigo Trump, né?
04:08Que eram contra o multilateralismo, aquelas teorias conspiratórias, etc.
04:13Agora, quando se fala em multipolaridade, isso é um conceito político,
04:18e a gente sabe que o PT, junto com outros partidos de esquerda,
04:22não gosta dos imperialistas hegemônicos, colonialistas e outrora,
04:25seja os europeus, sejam os Estados Unidos, né?
04:28Então, eles querem a multipolaridade.
04:30Multipolaridade é ir para um lado ou neutro, né?
04:34Não alinhado, digamos assim, ou favorecer interesses da China e da Rússia,
04:38que são atualmente o contraste com as democracias ocidentais,
04:43as democracias de mercado.
04:44Então, quando se fala em multipolaridade, é um pouco o desejo de que os americanos
04:49não dominem tanto o mundo.
04:50Ora, os americanos estão aí há 100 anos, não é?
04:52Desde 1917, quando eles foram para a Grande Guerra,
04:57eles são a grande potência econômica.
04:58Isso não é da vontade de ninguém que eles fossem assim,
05:02mas eles foram assim pela evolução.
05:04Assim como a Alemanha comandou três guerras que destruíram o poder europeu sobre o mundo, né?
05:09Entre 1870 e 1945, a Alemanha foi responsável por três guerras que desmantelaram
05:15o velho colonialismo, o velho imperialismo europeu.
05:18Hoje nós temos, digamos, três impérios e meio, não é?
05:21Império americano, ainda é a economia economicamente,
05:25tecnologicamente, militarmente mais poderosa.
05:27O Império Chinês, que vem em segundo lugar,
05:30e a China já ultrapassou todos os países do G7, menos os Estados Unidos, não é?
05:34Ultrapassou Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá.
05:38Os Estados Unidos talvez vá ultrapassar daqui a alguns anos,
05:42cinco ou dez anos, dependendo do seu ritmo de crescimento,
05:44mas nunca vai ultrapassar a renda per capita dos americanos.
05:48Isso vai demorar 100 ou 150 anos, não é?
05:51E o terceiro império, mas apenas militar, apenas geopolítico, digamos assim,
05:55é o Império Russo, é a tentativa do Putin de recriar a grande influência
06:00da ex-União Soviética sobre a sua zona de influência,
06:04Europa Central, Oriental, Ásia do Sul, etc.
06:07E depois nós temos o meio império, que são os europeus, não é?
06:11Porque eles foram diminuídos por suas próprias guerras,
06:15eles se mataram durante 500 anos, né?
06:17Há 90 anos atrás eles entravam na Segunda Grande Guerra,
06:22e com isso eles ficaram a escanteio do poder mundial
06:26que eles dominaram nos 500 anos anteriores.
06:28E hoje, no plano econômico comercial,
06:31o mundo está deixando de ser norte-atlântico, não é?
06:35Ou euro-atlântico, como foi durante 400 anos,
06:38e está se bandeando para a zona do Pacífico.
06:40Nós temos dois grandes eixos de comércio mundial,
06:45um é o TPP, que era a 12, mas o Trump saiu fora,
06:49mas os 11 países restantes confirmaram o TPP a 11,
06:53e a China pediu para entrar, inclusive.
06:54O outro é o RCEP, que é uma área de livre comércio da ASEAN
06:59com a China, Austrália e Nova Zelândia e outros países,
07:02que também, se eles se juntassem,
07:04seria a maior zona de livre comércio do mundo, não é?
07:08Essa é a realidade.
07:09A Ásia Pacífico vai dominar a economia mundial
07:12pelo restante desse século.
07:15Ou seja, quando a gente escuta o Lula falar de multipolaridade,
07:19é mais um ranço anti-americano do que...
07:22Enfim, a questão do comércio vai por outro caminho, não é?
07:25Tem esses super grandes blocos, não é?
07:29Que o Brasil meio que está meio fora disso, não é?
07:33Exato.
07:33O Brasil, se a gente olhar um mapa do mundo,
07:37por cadeias de valor,
07:38porque hoje a maior parte do comércio internacional
07:40não é de produtos acabados, produtos finitos,
07:43e sim de partes, peças e acessórios, insumos, não é?
07:46Porque existe todo esse movimento de investimento,
07:50de alocação de investimento,
07:51segundo recursos ótimos para energia,
07:55mão de obra, mercado, finanças, etc.
08:00Então, o comércio a mais de 60%
08:02é o comércio de partes, peças e acessórios,
08:04são as cadeias de valor.
08:06E as grandes bolas, ou seja,
08:08os grandes focos de cadeias de valor
08:11estão no Atlântico Norte, não é?
08:14Europa, Estados Unidos, e no Pacífico Norte, não é?
08:18Que é justamente Canadá, Estados Unidos,
08:20um ou outro país latino-americano,
08:23México, Chile,
08:24e os grandes países da franja asiática,
08:27ASEAN, China, e mesmo Austalha e Nova Zelanda.
08:30E no Cone Sul, no Mercosul, digamos,
08:33não é uma bola muito pequena,
08:35é uma bola que corresponde
08:36às multinacionais instaladas no Brasil,
08:38na Argentina, no México, e é tudo.
08:40Nós estamos ausentes das cadeias de valor,
08:43ou seja, da grande divisão de trabalho
08:45que caracteriza os mercados atualmente.
08:49Tá.
08:50Embaixador, o quarto trecho
08:53é um que tem um tema que eu gosto aqui,
08:57já vi o senhor comentando a respeito,
08:58que é a história do Conselho de Segurança da ONU.
09:03Joelto, por favor.
09:05Voltamos para propor uma nova governança global.
09:08O mundo de hoje não é o mesmo de 1945.
09:14É preciso incluir mais países
09:16no Conselho de Segurança da ONU
09:18e acabar com o privilégio do veto.
09:21Hoje,
09:22hoje,
09:25restrito a alguns poucos
09:26para a efetiva promoção
09:28do equilíbrio e da paz.
09:31Eu sei que esse tema aí
09:35do Conselho de Segurança do Brasil
09:37tem uma vaga permanente no Conselho.
09:41Isso é muito presente
09:42tanto dentro,
09:45entre os diplomatas,
09:46mas também entre os militares,
09:49na academia.
09:51Mas aí eu queria uma opinião sincera sua.
09:54Que vantagem a gente leva
09:56se o Brasil virar membro permanente
09:58do Conselho de Segurança da ONU?
09:59Veja,
10:01essa é uma hipótese antiga.
10:03O Brasil sempre aspirou
10:05a fazer parte do chamado
10:07inner circle,
10:08o círculo decisório.
10:10Isso aconteceu na Liga das Nações.
10:13Nós tentamos fazer parte
10:14do Conselho de forma permanente.
10:16Acabamos saindo,
10:17batendo a porta,
10:18porque o presidente Artur Bernades
10:20tinha concepções muito equivocadas
10:22sobre as relações internacionais.
10:25Quando o Conselho foi renovado,
10:27o Brasil tinha um mandato temporário.
10:28Quando o Conselho foi renovado
10:30em 1926,
10:32a Alemanha,
10:33que tinha sido derrotada na guerra,
10:35foi admitida,
10:36e aí nós batemos a porta e saímos.
10:38Em 1945,
10:39o Brasil quase entrou no Conselho.
10:42Franklin Roosevelt,
10:43que não gostava dos colonialistas europeus,
10:45até favorecia a participação do Brasil.
10:47Infelizmente,
10:48o Vargas chutou fora o Oswaldo Aranha,
10:51que tinha sido seu chanceler desde 1938,
10:53mas em 1944,
10:54ele impediu que o Oswaldo Aranha
10:55fosse a Washington falar com o Roosevelt
10:57no planejamento do pós-guerra,
10:59justamente,
11:00e o Brasil ficou de fora.
11:01Mas o Brasil não tinha capacitação militar,
11:04econômica,
11:04tecnológica,
11:05para fazer parte daquele círculo
11:08dos países vencedores
11:09das potências fascistas militaristas,
11:13Alemanha,
11:13Itália,
11:14Japão.
11:15Então,
11:15o Brasil não tinha condições,
11:16inclusive porque não tinha relações
11:17com a União Soviética,
11:19os britânicos não queriam,
11:21não é?
11:21A França acabou entrando
11:23no último minuto,
11:26não é?
11:26Porque antes você tinha apenas
11:28China,
11:28Estados Unidos,
11:29Grã-Bretanha
11:29e União Soviética.
11:31E depois,
11:32os militares e os diplomatas
11:34sempre aspiraram
11:35a que o Brasil acedesse.
11:37Em 1945,
11:38quando foi assinada
11:39a Carta da ONU,
11:40em São Francisco,
11:41nós fizemos justamente
11:42um discurso contra o direito de veto,
11:45porque isso vai contra
11:46a doutrina brasileira
11:47desde o Rui Barbosa,
11:48desde a segunda conferência
11:50da Paz da AI,
11:50em 1907,
11:52que o Rui Barbosa proclama,
11:53isso é a doutrina brasileira
11:55da diplomacia,
11:56a igualdade soberana dos Estados,
11:58ou seja,
11:59nenhum Estado pode ter privilégio
12:01sobre os demais.
12:02Mas a gente sabe
12:03que as guerras conduzem
12:04a vencedores e perdedores.
12:06Assim foi no Congresso de Viena,
12:07em 1815,
12:08quando derrotaram o Napoleão.
12:11Assim foi na Grande Guerra,
12:12na Conferência da Paz
12:13de Paris, em 1919.
12:15A Alemanha foi condenada
12:16a pagar reparações
12:17durante 40 anos,
12:18se estenderia até os anos 60.
12:20Mas o Hitler acabou com isso
12:23logo quando ele entrou,
12:24em 1933.
12:25E na Segunda Guerra,
12:27em que as quatro potências
12:28decidiram muito antes
12:30de São Francisco,
12:31em Dumbarton-Walks,
12:32em 1943, 1944,
12:34e depois em Alta,
12:35em fevereiro de 1945,
12:37quem estaria nesse conselho
12:38com o direito a veto.
12:40Ou seja,
12:41nenhuma grande potência
12:42que empenhou recursos,
12:44sacrificou muitos homens,
12:46milhares de pessoas,
12:47milhões no caso da Rússia,
12:50nenhuma grande potência
12:51permitiria um órgão igualitário,
12:54como é a Assembleia Geral,
12:56que todos têm direito a voto.
12:58Então, para defender
12:59os interesses nacionais,
13:00eles impuseram o direito de veto.
13:02é muito difícil,
13:05praticamente impossível,
13:07que eles renunciem
13:08a esse direito de veto.
13:09E mesmo a reforma
13:11da Carta da ONU
13:12para ampliar
13:13o número de membros
13:14permanente,
13:14de 5 para 10,
13:16ou 11,
13:16como que era a África,
13:17com dois representantes,
13:19não é?
13:20É muito difícil.
13:20É um assunto que já vem
13:21sendo debatido há décadas
13:23e não se resolve,
13:24porque a realidade é a seguinte,
13:26quem tem poder
13:26não quer dividir o poder.
13:28E é uma ilusão
13:30da diplomacia brasileira
13:32achar que a ampliação
13:34de 5 para 10 membros
13:36permanente
13:36vai democratizar
13:37as relações internacionais.
13:39Não vai.
13:40O Conselho de Segurança
13:41é um poder oligárquico.
13:43Quer ele esteja no direito
13:44ou não,
13:45é ele quem faz
13:46a lei internacional,
13:47é ele quem impõe a ordem
13:48pelas missões de paz,
13:50de manutenção da paz,
13:53peacekeeping,
13:53ou pelas missões
13:55de imposição da paz,
13:56peacemaking,
13:57como houve na Coreia,
13:59como houve no Iraque,
14:00na Primeira Guerra
14:01do Golfo, etc.
14:03Então,
14:03é improvável
14:05que essa reforma
14:05se faça,
14:06porque não há acordo
14:07entre as grandes potências
14:09sobre quem deveria entrar,
14:11não é?
14:11Mas se,
14:12por acaso,
14:13por um
14:14arcanjo Gabriel
14:15que se iluminasse
14:17esses 5,
14:17eles autorizassem
14:18a ampliação,
14:19o Brasil estaria dentro,
14:21o Brasil é um candidato
14:21natural na América Latina,
14:23ainda que a gente tivesse
14:24que fazer um esforço,
14:25não apenas financeiro,
14:26de contribuir mais,
14:27não só financeiramente,
14:28como para missões
14:29de peacekeeping
14:31e de peacemaking,
14:31não é?
14:32Coisa que a gente não faz
14:33porque a nossa Constituição
14:35não permite,
14:36teríamos que ter autorização
14:37do Congresso
14:38para enviar soldados
14:40para uma guerra,
14:41não é?
14:42Para uma missão realmente
14:43de imposição da paz,
14:44e não apenas de manutenção
14:45da paz.
14:46mas você teria
14:48muitas responsabilidades
14:51que não sei se o Brasil
14:52está em condições
14:53de cumprir atualmente.
14:54Eu não atribuo
14:55nenhuma,
14:56pessoalmente,
14:57prioridade
14:58ao ingresso do Brasil
14:59no Conselho.
15:00Inclusive o PT,
15:01na sua origem,
15:02não tinha essa aspiração
15:03no seu programa,
15:04quando surgiu lá
15:05nos anos 80,
15:06não falavam nada
15:07de Conselho de Segurança,
15:08eles queriam uma nova
15:09ordem econômica internacional,
15:10aquelas coisas de relações
15:11norte-sul, etc.
15:12Quem botou essa ideia
15:13na cabeça deles
15:14foi o Celso Amorim,
15:15que participou
15:17de muitas negociações
15:19para a reforma da Carta,
15:21foi nosso representante
15:22em Nova Iorque,
15:23não é?
15:24Muito respeitado,
15:25e que colocou
15:27essa ideia
15:27de prestígio
15:28na cabeça do Lula.
15:30Eu considero
15:31que a gente
15:31não deva fazer disso
15:32uma prioridade.
15:33Nossa prioridade
15:34é educação,
15:35saneamento básico,
15:37qualificação do Brasil
15:38no plano econômico social,
15:40no desenvolvimento,
15:41na sustentabilidade,
15:43e quando o Brasil
15:44participar de missões
15:46humanitárias,
15:47como faz o Canadá,
15:48como faz a Itália,
15:49como faz o Japão,
15:50a própria China faz,
15:51ele será convidado
15:52e será o representante
15:53natural da América Latina.
15:55É incontornável,
15:56mas eu não atribuo
15:57prioridade,
15:58eu acho que nós temos
15:59muitas prioridades,
16:00sobretudo internas,
16:01e na cooperação internacional.
16:04No seu livro,
16:05Nunca Antes na Diplomacia,
16:07eu estava relendo
16:08e vi que o Fernando Henrique
16:10não dava muita importância
16:12para o Conselho de Segurança
16:13da ONU um pouco
16:15para não melindrar
16:16a Argentina,
16:17acho que até
16:17ele falou isso para você.
16:19Exato.
16:20Foi uma entrevista
16:21que eu fiz com ele
16:21em Washington,
16:22juntamente,
16:23quando ele passou por lá,
16:24eu falei,
16:25olha,
16:25o Sarney falou
16:26que gostaria de entrar,
16:27mesmo sem direito
16:28a veto,
16:28o Collor também chegou
16:31a falar,
16:32mas ele depois
16:33não tornou.
16:34E ele me falou,
16:35olha,
16:35eu prefiro
16:36não melindrar os argentinos
16:38a entrar no Conselho,
16:40se for para desgostar
16:42os nossos vizinhos,
16:43eu não vou fazer
16:44disso uma prioridade
16:45do meu governo.
16:45E realmente nunca fez,
16:47o chanceler
16:48Luiz Felipe Lampreia
16:50também não,
16:50e acredito que eles
16:51estão corretos.
16:52Quando,
16:53e se for feita a reforma,
16:55o Brasil estará dentro,
16:56porque quando ele tentou
16:58entrar no Conselho,
17:00durante o Lula 1
17:01e Lula 2,
17:02os argentinos
17:03sabotaram essa pretensão,
17:05junto com os mexicanos,
17:07etc.
17:07Assim como a China
17:08sabota a pretensão
17:10do Japão
17:11a ingressar
17:12no Conselho,
17:13não é?
17:13E também a da Índia,
17:15não é?
17:16E outros europeus
17:17sabotam a pretensão
17:18da Alemanha
17:19a ser membro permanente,
17:21não é?
17:22Espanhóis, italianos
17:23não querem a Alemanha.
17:25Então,
17:25um dos erros do PT
17:27também foi ter feito
17:28aquele G4,
17:29G4 Brasil,
17:30Índia,
17:31Japão e Alemanha
17:33para ingressar
17:34no Conselho.
17:35Eu acho que isso
17:35nos trouxe
17:36oposições
17:38que nós não teríamos
17:39ficando apenas
17:40com as nossas
17:41aspirações próprias.
17:42A gente sabe
17:43que a China
17:43não vai apoiar o Japão
17:45nem a Índia
17:46e outros europeus
17:47não vão apoiar a Alemanha.
17:48Então,
17:49para que criar
17:49uma quesilha
17:50com essas outras
17:52grandes potências?
17:53E tudo depende
17:53dos Estados Unidos
17:54e da China,
17:55exclusivamente
17:55desses dois países,
17:57não é?
17:58Porque criaram
17:59uma quesilha com eles
18:00quando a gente
18:00sozinho
18:01temos qualificação
18:03para tal.
18:04Esse cenário
18:04que você mostra,
18:06a gente vê
18:07que vai ser
18:08muito difícil
18:09então uma mudança
18:10no Conselho
18:11de Segurança.
18:12agora,
18:13ainda que isso
18:14seja difícil,
18:16uma vez
18:17que essa ambição
18:18volta
18:19com o Celso Amorim
18:21e o Lula
18:22com o Lula
18:23por influência
18:24do Celso,
18:26o brasileiro
18:27comum
18:28vai ter que pagar
18:29essa conta
18:30porque o Lula
18:31quando tinha
18:32essa ambição
18:33de aparecer
18:34no Conselho
18:35de Segurança
18:35e ter vaga permanente,
18:36ele tomou
18:39iniciativas
18:39de
18:40mandar tropa
18:42para o Haiti,
18:43construir um monte
18:45de embaixada,
18:46não é isso?
18:46Nós vamos pagar
18:47essa conta
18:47no final?
18:47Pagamos direto
18:51ou indiretamente,
18:52veja,
18:52quando o Lula
18:53criou embaixadas
18:54em todos os países
18:55do hemisfério americano,
18:56nós tínhamos mais
18:57embaixadas do que
18:57qualquer potência
18:58ex-colonialista
18:59na região,
19:00não é?
19:01E também na África
19:02muitas embaixadas,
19:03muito bem
19:04para a cooperação,
19:05mas tudo isso
19:05tem um custo,
19:06uma embaixada
19:06mesmo pequena
19:07tem meio milhão
19:08de dólares por ano
19:09ou mais,
19:09não é?
19:10E depois isso
19:11não se resolve
19:11por votação
19:13na Assembleia Geral,
19:14nós podemos ter
19:15190 votos
19:17a favor
19:17do ingresso
19:18do Brasil
19:18no Conselho
19:19de Segurança
19:19na Assembleia Geral,
19:20mas quem decide
19:21é o próprio
19:22Conselho de Segurança
19:23e o Conselho
19:23de Segurança
19:24há cinco,
19:25não é?
19:25Pode hipocritamente
19:27dizer que é a favor
19:28deste ou daquele país,
19:29mas a gente sabe
19:30que eles confiam
19:32em que um outro
19:33vai vetar
19:35qualquer reforma.
19:37Por exemplo,
19:37por quê?
19:38Se já é difícil
19:39você ter um acordo
19:40no Conselho
19:41com cinco membros
19:42permanentes
19:42para resolver
19:43grandes crises
19:44no Oriente Médio,
19:45na África,
19:46na Ásia do Sul,
19:46na própria América Latina,
19:48imagine a dez.
19:50Aí você teria
19:50interesses ampliados
19:52para as regiões
19:53e cada país
19:54ou cada representante,
19:55por mais se diga
19:56multilateralista,
19:58ele vai visar
19:59as suas relações
20:00regionais,
20:01bilaterais,
20:02os seus interesses
20:03nacionais,
20:04quando for considerar
20:05o caso
20:06de uma guerra civil,
20:07uma guerra entre estados,
20:09não é?
20:09Conflito interétnico,
20:11religioso,
20:12sempre haverá
20:12considerações nacionais.
20:14e se a cinco
20:15é muito difícil,
20:17imagine a dez,
20:18não é?
20:18Então,
20:19e depois tem
20:20o direito de veto,
20:21os países entrariam
20:22supostamente sem
20:23o direito de veto,
20:25porque senão
20:26paralisaria de vez
20:28o Conselho de Segurança.
20:29O Conselho de Segurança,
20:30ele enviou tropas
20:32para a Coreia
20:32em 1950,
20:34ele puniu
20:34a África do Sul
20:35pelo regime
20:36do Apartheid,
20:37a Rodésia do Sul,
20:38não é?
20:38E o Saddam Hussein
20:39quando ele invadiu
20:40o Kuwait
20:41em 1990.
20:41Então,
20:42você imagine
20:43dez países
20:44tentando resolver
20:46esses problemas
20:46de guerras civis
20:48ou de guerras
20:49entre estados,
20:50conflitos religiosos
20:51ou quaisquer outros
20:53graves problemas,
20:55com dez países
20:56tendo que decidir
20:58no voto
20:59o que o Conselho
21:00vai fazer,
21:01organizar uma missão
21:02de imposição da paz,
21:04inclusive,
21:04diga-se de passagem
21:05que a ONU
21:05nunca correspondeu
21:06à carta original.
21:08A carta original
21:09previa uma comissão militar,
21:10justamente dirigida
21:12pelos cinco países
21:13membros permanentes,
21:15para enviar tropas
21:16da ONU.
21:17E, na verdade,
21:17as tropas da ONU
21:18só usam aquele capacete azul,
21:20mas, na verdade,
21:21elas recebem ordens
21:21dos seus generais
21:22ou dos seus governos,
21:23não é?
21:24Quando foi
21:25a Guerra do Golfo,
21:26a Primeira Guerra do Golfo
21:27no Kuwait,
21:28eram os americanos
21:29que estavam lá,
21:30ainda que autorizados
21:31pela ONU,
21:32não é?
21:32Pelo Conselho de Segurança.
21:34A invasão do Afeganistão
21:35contra o regime Talebã
21:36foi autorizada
21:37pelo Conselho de Segurança,
21:39mas foram os americanos
21:40que fizeram
21:41com seus aliados
21:42da OTAN.
21:43Então,
21:43há muita ficção
21:44política
21:45em torno de quem
21:46detém o poder,
21:47etc.
21:48O direito de veto
21:48realmente é uma excrescência
21:50da Segunda Guerra
21:51e ele,
21:53infelizmente,
21:54perdura,
21:54porque as potências
21:55não vão permitir
21:56que ele
21:57seja eliminado.
21:59O que pode ocorrer,
22:01se a Assembleia Geral
22:02e toda a comunidade
22:03internacional
22:03fazer muita pressão,
22:05é que um infrator,
22:08mesmo entre os cinco
22:09membros permanentes,
22:10um infrator da Carta
22:11da ONU,
22:12como é a Rússia
22:13atualmente,
22:13porque ela violou
22:15a Carta da ONU,
22:16artigos 1 e 2,
22:17invadiu um país,
22:19não teve nenhuma ameaça
22:20contra ela,
22:21ela invadiu o país,
22:22que um país infrator
22:23da Carta da ONU
22:24não possa usar
22:25o direito de veto
22:26a seu próprio favor
22:28quando ele é
22:29o violador.
22:30Mas,
22:31mesmo isso,
22:31eu acho muito difícil
22:33que seja implementado
22:34nos próximos 10 ou 15 anos.
22:36Vai demorar muito tempo
22:38para que a comunidade
22:38internacional evolua
22:39a esse ponto.

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