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Rússia envia armas nucleares para Belarus e conquista 95% da estratégica cidade de Bakhmut. A Polônia, integrante da Otan, convoca 260 mil soldados. Região russa de Belgorod é invadida por soldados russos que querem derrubar o presidente Vladimir Putin. A especialista em questões militares Barbara Martinelli, colunista do Hoje no Mundo Militar, explica os últimos desenvolvimentos na guerra da Ucrânia

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Transcrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo. Eu sou o Duda Teixeira e esse é mais um podcast Latitude.
00:22Todo sábado, às seis da noite, nós estamos aqui falando sobre os principais fatos do mundo
00:29e também sobre a diplomacia brasileira. O assunto do podcast dessa semana é para falar sobre a guerra
00:38da Ucrânia. A gente vai entender tudo o que está acontecendo nesse momento lá na Europa,
00:47entre a Europa e Rússia. E para falar sobre o assunto, a gente convidou a Bárbara Martinelli.
00:55A Bárbara, vamos ver se aparece no vídeo. Bárbara, seja muito bem-vinda.
01:00Muito obrigada pelo convite, é um prazer estar aqui.
01:04Legal. A Bárbara é uma especialista em questões militares, ela trabalha como colunista no canal
01:12Hoje no Mundo Militar e, recentemente, criou o próprio canal, né, Bárbara? O Voz Armada,
01:19está certo? Exato. Eu quis ampliar um pouco o meu trabalho que eu já fazia de análise
01:25hoje no Mundo Militar, trazendo a minha visão para um público que goste mais da minha linha
01:32de raciocínio de análise, por assim dizer. E eu trabalho com uma linha de raciocínio de análise
01:37focando a ordem global. Então, todos os assuntos hoje que eu faço, uma análise, seja geopolítica,
01:44seja política internacional, eu trago esse foco para a questão da disputa da ordem.
01:50Porque, ao meu ver, pelo que eu estudo, está tudo meio que conectado a isso.
01:55Inclusive a Guerra da Ultrânia.
01:58Tá bom. Bom, Bárbara, eu queria começar conversando com você.
02:04Enfim, nós tivemos vários desenvolvimentos na guerra e nos últimos dias.
02:09E falou-se muito de uma cidadezinha que foi completamente arrasada.
02:16Até a agência estatal russa, a RIA, divulgou, vou pedir para o Jouto passar algumas imagens
02:24da cidade. É terra arrasada total, né?
02:30Totalmente.
02:31Isso.
02:34Enfim, eu queria te perguntar, bom, se falava aí também de uma contra-ofensiva ucraniana
02:40que ia começar, não sei se começou, e que os ucranianos estariam tomando Bakhmut,
02:45mas no final parece que a coisa está mesmo com os russos, né?
02:50Enfim, queria que você me explicasse, Bárbara, por que essa cidade é tão importante
02:55e se falou tanto dela aí nos últimos dias.
02:58Bom, vamos por partes, então.
03:02O que a gente sabe hoje é que a contra-ofensiva, de fato, não se iniciou, tá?
03:08Uma contra-ofensiva é um estado onde o exército estava meio que parado e depois ele volta a
03:14uma ofensiva, ou seja, ele volta a atacar.
03:17A gente não viu isso com a ucrania em Bakhmut, por exemplo.
03:20A gente teve um recuo dos russos, sobretudo por uma parcela do grupo Wagner, que hoje foi
03:28o grupo que liderou essa movimentação em Bakhmut.
03:32E quando eles recuaram, que eles falaram que foi um recuo estratégico, os ucranianos
03:37tomaram algumas posições.
03:39Então, assim, a gente já nota nisso que não se caracteriza como uma contra-ofensiva.
03:44Eles apenas tomaram posições que os russos próprios recuaram.
03:49E hoje a gente sabe, pelo que a gente tem dito, tem sido falado por departamento de defesa,
03:59pela assessoria de empresa do Prigozim também, que 95% de Bakhmut já foi tomada pelos russos.
04:07Ou seja, os ucranianos hoje estão em 5% da cidade.
04:12O Prigozim afirmou que esses 5% não são relevantes para os objetivos russos e que, por conta disso,
04:22ele assume que os russos tomaram Bakhmut por completo.
04:27Agora vamos avançar um pouco para o que você perguntou sobre essa importância de Bakhmut.
04:32Vou pedir para o Jouto...
04:34Desculpa, o Jouto tem um mapinha para mostrar onde fica, né?
04:38Bem Bakhmut, bem no meio ali, né?
04:40Isso, isso.
04:42Bakhmut fica ali bem no meio.
04:44E aí vocês podem ver que Bakhmut, ela é uma porta de entrada para o norte e para o sul da Ucrânia.
04:52Então, assim, por ter essa porta de entrada,
04:56a Rússia pode avançar por algumas cidades que estão ali,
05:00que seriam Slovyansk e Kramotsk.
05:02E por que a Rússia quer isso?
05:04A gente não pode esquecer que no início da invasão russa na Ucrânia,
05:10o Vladimir Putin, que é o presidente russo,
05:13ele afirmou que um dos objetivos do que ele chama de Operação Militar Especial,
05:18mas que a gente pode aqui chamar de invasão,
05:21mas um desses objetivos era a tomada de Donbass.
05:24E a gente não pode esquecer que Donbass é formada por Donetsk e por Lurgansk.
05:29Então, essas duas cidades, eu acho que eu falei Lugansk, mas é Lugansk.
05:34Essas duas cidades, elas compõem Donbass.
05:37E o Putin afirma que lá existem grupos neonazistas
05:40que tomaram a cidade toda essa retórica, né?
05:43E, enfim, para ele poder avançar pelo oblast de Donetsk,
05:48que faz parte de Donbass,
05:51ele precisa dominar Bakhmut.
05:53Então, o que a gente imagina com esse domínio agora, né, de Bakhmut,
05:58é que os russos avancem para uma cidade chamada Chassir-Yar,
06:03para eles continuarem avançando para o oblast de Donetsk.
06:07E é por isso que é tão importante essa cidade de Bakhmut, né?
06:11Estar dentro desses objetivos russos de avançar para Donbass.
06:17Bárbara, e aí se o Putin consegue dominar toda essa região do Donbass,
06:23acho que aí ele teria um...
06:26Poderia dizer que cumpriu o objetivo e parar a guerra por aí, né?
06:30Seria uma maneira meio que de encontrar um fim nisso daí?
06:35Sim, em tese sim.
06:37Em tese, o Putin lançou essa ofensiva com o objetivo
06:41do que ele chamou de libertação de neonazistas.
06:44E que quando ele realizasse essa libertação,
06:48os objetivos da invasão militar especial da Rússia finalizariam.
06:54Então, nesse sentido, sim.
06:55Se ele cumprir com essa palavra,
06:58que esse objetivo de tudo isso que ele fez na Ucrânia,
07:01a gente poderia, sim, se encaminhar para o final da guerra, sim.
07:06Tá.
07:06Agora, isso que o Putin falava do começo,
07:10que o objetivo era desnazificar,
07:13aconteceu também uma coisa no começo dessa semana,
07:17que nós tivemos russos de dois grupos diferentes
07:23invadindo uma região da Rússia, que é Belgorod,
07:29e eu vi ali que até entre eles haviam vários neonazistas russos, né?
07:34É uma loucura do que está acontecendo.
07:36Agora, você consegue também, Bárbara?
07:38É um traitório, né?
07:40Como é que a gente explica?
07:41Acontece isso em Bakhmud,
07:44a Ucrânia, então, perdendo em Bakhmud,
07:46e, ao mesmo tempo, a gente tem essa invasão
07:48do território russo mais ao norte.
07:52Tem alguma ligação a essas duas coisas?
07:55Eu acho até que tem um mapa
07:56para as pessoas poderem visualizar
07:58onde fica essa região de Belgorod,
08:02que aí vocês vão entender melhor.
08:05Isso aí.
08:06Está no ar.
08:07Então, Belgorod, vocês podem ver que é estratégico para a Rússia,
08:12porque é por ali que vai passar armamento, suprimento.
08:17Então, já existem diversas frentes russas nessa região.
08:23Quando a gente passa a ter esses ataques,
08:25que seria da Legião da Liberdade da Rússia,
08:27do corpo de voluntários russos,
08:30a gente está tendo, de certa forma,
08:32uma violação do território russo agora.
08:36Isso me faz crer que poderia legitimar, por exemplo,
08:42um discurso, seja do Vladimir Putin,
08:45seja da cúpula da Duma russa,
08:48seja de ministro de defesa,
08:50que a Rússia está sendo atacada.
08:52Então, a gente poderia caminhar para esse tipo de discurso.
08:59A Ucrânia, oficialmente falando,
09:03ela não está ligada a esses grupos, de forma oficial.
09:08Mas a gente sabe, por exemplo,
09:13que a inteligência ucraniana sabia que esses ataques seriam realizados.
09:19Então, algum tipo de ligação eles parecem ter, né?
09:24E mais do que isso,
09:26a gente sabe também que esses recentes ataques que aconteceram,
09:31tanto ontem quanto anteontem,
09:34tiveram o uso de armas da OTAN.
09:36E a gente tem que lembrar aqui,
09:39a audiência que está assistindo,
09:41que um dos requisitos da OTAN para armar a Ucrânia
09:45era que eles não utilizassem armamento contra solo russo.
09:52Sim.
09:53E, Bárbara, existe também aquela questão da doutrina militar russa,
09:57que acho que até eles atualizaram recentemente, né?
10:01Que é, qual que é os critérios que precisam ser cumpridos
10:07para que a russa possa usar uma arma nuclear, não é isso?
10:10Em tese, eles já teriam sido cumpridos, né?
10:13Porque uma dessas questões era justamente um ataque contra solo russo.
10:19Isso está na doutrina militar russa.
10:21Então, em tese,
10:23estar acontecendo esses ataques de milícias
10:25que podem estar ligadas ao governo ucraniano
10:29já representaria essa possibilidade de uso de armamento nuclear.
10:34Só que utilizar hoje armamento nuclear
10:37seria um perigoso de vários aspectos.
10:42A gente não sabe o cenário
10:44que o uso de um armamento nuclear poderia levar ao mundo.
10:48Então, assim,
10:48por mais que isso esteja na doutrina russa,
10:51eu acredito que eles têm ainda muito receio
10:54de apertar o botão nuclear, por assim dizer,
10:58pelo receio de ir para onde a guerra iria.
11:01Mas, em tese, esses limites já foram ultrapassados.
11:05Agora, Bárbara, você que conhece bastante da geopolítica,
11:10imagino que o Putin está evitando usar a arma nuclear
11:14porque isso outros países acabariam isolando o Putin
11:19se ele realmente viesse a usar.
11:21É isso?
11:22Eu acho que o receio do Putin
11:24é que isso vai legitimar,
11:27caso ele venha a utilizar o armamento nuclear,
11:30que ataquem a Rússia internamente
11:34em regiões-chave,
11:36como Moscou, por exemplo, que é a capital.
11:38Então, há esse receio do uso.
11:41Mas eu não nego para você,
11:43quando a gente vai pegar reuniões da Duma,
11:45vai pegar jornais que são ligados
11:48a essa frente estatal russa,
11:50que há um discurso muito forte, político lá,
11:54para que o Putin utilize armamento nuclear.
11:58Mas ele não cedeu a essa pressão ainda,
12:01eu acredito que de forma estratégica.
12:04Ele acredita, inclusive,
12:05que está duelando contra o OTAN,
12:07não contra a Ucrânia.
12:08Bárbara, agora a gente não sabe,
12:12a gente sabe que o Serviço de Inteligência Ucraniano
12:15tem alguma relação com essas milícias
12:17de russos que invadiram a cidade de Bélgora.
12:22É possível, então, que o governo da Ucrânia,
12:25o Volodymyr Zelensky,
12:26esteja pensando assim,
12:28vamos lá provocar os russos lá para o norte,
12:31porque aí, de repente,
12:32eles vão ter que tirar pessoas,
12:33soldados dessa região do leste,
12:36e isso ajuda a nossa contra-ofensiva?
12:39Então, o Zelensky, oficialmente falando,
12:43ele afirmou que não sabia desses ataques em Bélgora.
12:46A inteligência já afirmou o contrário,
12:49que eles sabiam.
12:50Se a inteligência sabia,
12:52o Zelensky sabia, né?
12:54Mas, oficialmente falando,
12:56ele afirma que ele não sabia.
12:59E, se ele não sabia,
13:01isso também é uma questão complexa,
13:03porque vai nos demonstrar,
13:05caso ele, de fato, não saiba,
13:07que ele está perdendo o controle da guerra.
13:09Se ele não sabe de um ataque,
13:11e a inteligência sabe,
13:13a inteligência ucraniana sabe,
13:15como é que o presidente da sua nação
13:16não sabe de um ataque
13:18que está sendo coordenado,
13:20em conjunto com a sua inteligência,
13:21só um russo?
13:22Isso é muito perigoso.
13:24Muito perigoso.
13:25Mas, vamos supor que ele saiba do ataque,
13:28por mais que ele tenha dado esse discurso oficialmente,
13:32que ele não sabia,
13:33talvez para que os russos não condenem oficialmente
13:36que a Ucrânia está atacando a Rússia, né?
13:39O que poderia levar a uma escalada das tensões.
13:43Isso poderia representar uma espécie de guerra simétrica,
13:47que os ucranianos estariam promovendo.
13:50Ou seja,
13:52em vez de eu continuar apenas lutando com o meu exército
13:57numa região específica,
13:58eu começo a espalhar a guerra
14:00por meio de forças não oficiais.
14:04E aí a gente pode estar falando de grupo de guerrilha,
14:08grupo de milícia,
14:10revoluções que podem acontecer,
14:13gerar guerras civis.
14:14A guerra simétrica,
14:16ela pode ser feita de várias frentes.
14:18Uma dessas seria utilizar grupos de milícia,
14:20como é o caso desses dois grupos.
14:23Por isso que a gente poderia, por exemplo, especular
14:25que a Ucrânia poderia estar fazendo
14:27uma espécie de guerra simétrica,
14:29tentando ampliar a guerra para outras zonas
14:32para tirar o foco do exército ucraniano.
14:36Ou a gente pode especular também
14:38que por conta dessa perda de Bakhmut,
14:41eles estão querendo tirar o foco
14:43e fazendo outros ataques.
14:44Nós também podemos ir por essa via.
14:46As duas vias não me parecem incorretas.
14:50Bárbara, agora,
14:51se o Zelensky, de fato,
14:54perde o controle dessa guerra
14:56ou fica muito evidente
14:57que ele está perdendo o controle dessa guerra,
14:59imagino que a OTAN,
15:01Estados Unidos e países europeus
15:03vão parar de mandar a arma para ele, certo?
15:06Sim, até se eles tivessem uma confirmação,
15:10e esse é um dos motivos também do Zelensky
15:12não talvez poder falar que ele sabia desse ataque,
15:16mas se a OTAN tivesse essa confirmação
15:19que eles utilizaram armamento contra solo russo,
15:24poderia levar não a uma suspensão,
15:26que eu acredito que eles não suspenderiam,
15:28mas talvez a um envio menor de armamento.
15:30E como a gente sabe,
15:32o exército russo é muito grande,
15:35ele tem muitas pessoas,
15:36então ele consegue fazer uma linha de frente
15:38para impedir que os soldados ucranianos avancem.
15:42Então, assim,
15:43o exército ucraniano é muito menor,
15:45sem o uso ainda de armas,
15:47de alta tecnologia, rebuscadas,
15:50isso significaria um problema ainda maior
15:52para os ucranianos.
15:53Então, é uma questão muito complexa.
15:55Então, eu até entendo que
15:56às vezes a Ucrânia realmente está praticando
15:59uma guerra simétrica,
16:01mas o Zelensky não pode falar isso oficialmente
16:03com medo de perder também essa ajuda da OTAN.
16:07Tá.
16:08Eu lembro que nessa coisa de espalhar a guerra,
16:11que teve um ataque
16:12a uma ponte que liga a Crimeia à Rússia,
16:18e que os ucranianos também não assumiram a autoria.
16:22E lembro agora também
16:25de um ataque de dois drones
16:28que aconteceu no dia 3 de maio.
16:34É isso, né?
16:37E eu acho até que
16:38quando o ataque aconteceu,
16:42a gente publicou aqui na Cruzvoé
16:44uma matéria falando que isso provavelmente
16:46era uma mentira do Putin.
16:48Era o que a gente chama de false flag.
16:50É, e por vários motivos, né?
16:54Uma, porque é muito difícil um drone
16:56sair da Ucrânia e chegar até Moscou,
17:00porque é muito longe.
17:02Então, esse drone teria que ter decolado
17:04ali perto de Moscou,
17:06o que é muito improvável.
17:09O drone, ele pega e explode no telhado.
17:11Então, assim, só mataria o Putin
17:13se ele estivesse ali no telhado
17:15olhando o céu, as estrelas,
17:17ou que é difícil, né?
17:19Saber exatamente onde está o Putin.
17:23Mas aí saiu uma matéria
17:25essa semana no New York Times
17:27falando que os oficiais americanos
17:30escutaram os ucranianos
17:34falando que sim foram eles que fizeram
17:37e os russos colocando a culpa nos ucranianos, né?
17:40Então, o que pode ser a obra aí dos ucranianos?
17:45Aí eu te pergunto,
17:46você tem alguma ideia de quem realizou esse ataque?
17:52Eu acho que a gente pode especular um pouco.
17:55Eu acho que, assim,
17:56caso os Estados Unidos estejam, assim,
17:59convencidos, né,
18:01que realmente a Ucrânia realizou esses ataques,
18:04a gente poderia relacionar
18:07a um desses grupos
18:08que estão atuando em Belgrade,
18:10que é, vou repetir,
18:12a Legião da Liberdade da Rússia
18:13e o Corpo de Voluntários Russos.
18:15Por que eu digo isso?
18:17Esses grupos,
18:18eles afirmam
18:19que partes de seus representantes
18:22desses grupos
18:23atuam dentro de Moscou.
18:26Então, a gente poderia especular sobre isso
18:29que esses grupos
18:31que estão defendendo a Ucrânia
18:33e que afirmam estar atuando dentro de Moscou
18:35poderiam ter lançado um drone,
18:37já que eles estão dentro da Rússia.
18:40Então, a gente poderia ir por esse viés, sim.
18:43Mas eu acho muito improvável isso,
18:46porque se a gente começar a especular
18:48que eles têm algum tipo de ligação com a inteligência,
18:51a inteligência sabe que o Putin,
18:53dentro do Kremlin,
18:55ele fica, geralmente, num bunker.
18:57Então, é muito esquisito enviar um drone,
19:00sendo que eles sabem
19:01que o Putin, a maior parte do seu tempo,
19:03não está ali,
19:05em cima,
19:06ou como você voltou vendo o céu estrelado,
19:10enviar um drone para atacar
19:12sabendo dessas condições.
19:13Seria, sim, muito difícil
19:15realizar essa atividade,
19:17esse propósito de assassinar o Putin,
19:19nessas condições que eu estou colocando.
19:23Então, na época,
19:24o que se especulou
19:26era um ataque de falsa bandeira,
19:28ou falsa flag, se você preferir,
19:30que seria um ataque onde o Estado
19:33finge que foi atacado
19:34para legitimar algum tipo de ataque
19:36contra seu inimigo,
19:38seu oponente, por assim dizer.
19:40Por isso que se especulou isso.
19:42A gente imaginava que a Rússia
19:43poderia querer tentar escalar a guerra
19:46em algum sentido.
19:47Então, uma tentativa
19:49de assassinar o Putin,
19:51nessas condições pelos ucranianos,
19:54poderia levar a essa retórica,
19:56ao fortalecimento dessa retórica.
19:57Mas a gente viu que isso ficou
20:00meio que por isso mesmo.
20:02Eles falaram que iam investigar.
20:04E ficou nisso, né?
20:07Bom, eu estou conversando aqui
20:08com a Bárbara Martinelli,
20:10que é especialista em questões militares.
20:14Bárbara, agora,
20:15quem mais divulgou e noticiou
20:17e fez estardalhaço
20:19sobre essa história do ataque dos drones
20:21foi exatamente o governo russo.
20:23Imagino que o que eles querem fazer
20:26é mostrar isso para a OTAN,
20:28para os Estados Unidos,
20:29e falar, olha,
20:30o Zelensky aqui está perdendo
20:32o controle da guerra.
20:33Vocês vão continuar mandando
20:35caça, arma para ele?
20:37É perigoso isso, né?
20:38Perigoso até porque pode causar
20:40um conflito nuclear, né?
20:43Com certeza, com certeza.
20:46E é de interesse também da Rússia
20:48divulgar isso
20:49para a população russa.
20:51Pense só,
20:53isso serve como retórica
20:55para o Putin
20:56que eles são ameaçados
20:58pelos ucranianos também.
21:00E que por essa ameaça
21:01da Ucrânia acontecer
21:03contra os russos
21:04faz com que o país
21:06seja obrigado
21:07a continuar avançando na Ucrânia.
21:09Então, isso serve
21:10de várias frentes.
21:12Para isso que você falou
21:13na ONU, por exemplo,
21:15para legitimar o discurso
21:17do Putin,
21:18que ele está sofrendo
21:20numa tentativa de assassinato,
21:22serve para a Rússia também
21:24legitimar os seus ataques
21:27na Ucrânia.
21:28Serve de várias frentes isso.
21:30Para a Rússia é muito interessante
21:31usar toda essa narrativa
21:33que a gente está vendo.
21:35Bárbara, outra notícia
21:37dos últimos dias
21:38foi que a Rússia
21:39está mandando armas nucleares
21:42para Belarus,
21:43onde tem lá
21:44outro ditador,
21:46que é o Alexander Lukashenko,
21:48que é superparceiro do Putin.
21:50tem aí também
21:51uma questão estratégica
21:53de estar mandando
21:54isso para lá agora?
21:56Sim, tem.
21:57Eu acho que a gente pode
21:58voltar um pouco
22:00para trás
22:02para entender
22:03algumas questões.
22:04A gente teve
22:05uma notícia recente
22:08que eu acho
22:08que talvez alguns já saibam,
22:11mas outros não,
22:12porque ela não é uma notícia
22:13tão comentada,
22:14que é sobre
22:15um possível recrutamento
22:17de 260 mil soldados
22:20por parte da Polônia.
22:23Ela está fazendo
22:23esse apelo
22:24para que a OTAN
22:25convoque esses soldados.
22:28Deixa eu lembrar uma coisa.
22:29Hoje, no Flanco,
22:30a gente já tem
22:3140 mil soldados.
22:32Então, a gente está falando
22:34que essa convocação
22:35desses soldados
22:36para o Flanco
22:37representaria,
22:38então,
22:39na sua totalidade,
22:40300 mil soldados
22:42no Flanco.
22:43é bastante grande lá.
22:45Você pode explicar
22:46o que é o Flanco
22:48que você está falando?
22:50Sim,
22:50o Flanco Oriental
22:52é uma espécie
22:53de corredor
22:54que vai separar
22:55a Polônia,
22:57a Lituânia
22:58e ele vai separar
22:59a região
23:00de Kaliningrado
23:01e,
23:03por coincidência
23:04ou não,
23:04de Belarus,
23:05que é o que você
23:06estava falando
23:06de armamento nuclear.
23:09Mas, veja só,
23:10desde 2014,
23:11a Polônia
23:12tem muita preocupação
23:14de segurança
23:15por conta
23:15de toda a invasão
23:16russa
23:17à Crimeia
23:18e também
23:19a anexação
23:20da Crimeia
23:20e agora
23:21a gente está tendo
23:22essa invasão
23:23da Rússia
23:24à Ucrânia.
23:25Então, assim,
23:26a Polônia
23:26teme pela sua segurança
23:28e esse Flanco
23:30por estar dividindo
23:31países
23:31que são meio
23:32que inimigos,
23:33por assim dizer,
23:35acaba se tornando
23:36estratégica
23:36porque a Polônia
23:37acredita,
23:38por exemplo,
23:39que a Rússia
23:40tem um intuito
23:41de reaver a Polônia
23:43e que o Putin
23:44quer refazer
23:45uma espécie
23:45de União Soviética.
23:47Não importa
23:48se a gente
23:49ache que isso é verdade,
23:50isso é mentira.
23:52Eles acreditam
23:53nisso,
23:53que a Rússia
23:54quer fazer isso.
23:55Então,
23:56nada mais,
23:57nada menos
23:57parece ser
23:59como uma estratégia
24:00de defesa
24:00de botar soldados
24:01no Flanco.
24:02Só que essa quantidade
24:03muito grande
24:04de soldados
24:05representa
24:07meio que assim,
24:08uma escalada
24:09no ponto de vista
24:10de tensões
24:11com a Rússia,
24:13porque isso
24:13representa
24:14uma nova ameaça
24:15a um território russo
24:16que é Kaliningrado
24:17e também
24:19representa
24:19uma ameaça
24:20a um aliado
24:21da Rússia
24:21que é Belagos.
24:23Por tudo isso
24:24que a gente está vendo
24:25parece ser
24:28estratégico
24:29o uso
24:30de posicionar
24:31armamento
24:32nuclear tático
24:33em Belagos.
24:34Veja só,
24:35se o Putin
24:36acredita
24:37que ele está
24:37numa guerra
24:38contra a OTAN
24:39e não contra
24:40a Ucrânia
24:41e a OTAN
24:42vai enviar soldados
24:43para perto
24:44de uma região
24:45russa
24:46e perto
24:47de um aliado
24:47russo
24:48e ele acredita
24:49que a OTAN
24:50está se expandindo
24:51ele acredita
24:53que ele está
24:53sobre forte
24:54ameaça
24:54nessa região
24:55de perder
24:56Kaliningrado
24:57e de perder
24:57Belagos.
24:59Então,
24:59isso é um aviso
25:00do Putin
25:01quando ele
25:02bota armamento
25:03nuclear
25:03para a OTAN
25:05que eles
25:06não vão perder
25:06Belagos
25:07e que eles
25:08vão defender
25:08Kaliningrado
25:09porque ele
25:10posicionando
25:11armamento
25:12tático lá
25:13ele atinge
25:13a Polônia
25:14ele atinge
25:16os países
25:17baixos
25:17lembrando que
25:18países baixos
25:19tem a Lituânia
25:20tem a Estônia
25:21e ele também
25:23pode atingir
25:24uma parte
25:25da Alemanha
25:25então isso é
25:26uma espécie
25:28assim de escalada
25:29que ninguém
25:30está vendo
25:30porque ainda
25:32está nesse campo
25:33de estou
25:34me armando
25:35mas uma hora
25:36as coisas
25:37podem sair
25:38do controle
25:39porque o ser humano
25:40ele tem essa
25:41característica
25:41de ser um pouco
25:42irracional
25:43a depender
25:43de como
25:44ele está sendo
25:45empurrado
25:46contra a parede
25:46por assim dizer
25:47Sim, você citou
25:50Kaliningrado
25:50que é um enclave
25:51russo
25:52uma partezinha
25:53da Rússia
25:53que está fora
25:54da Rússia
25:55eu lembro
25:55que já teve
25:56conflitos
25:56ali da Rússia
25:58querendo mandar
25:59armas nucleares
26:00para Kaliningrado
26:01e você cita
26:03a Polônia
26:04a Polônia
26:05é interessante
26:05porque
26:06é um governo
26:07de extrema direita
26:08mas ao contrário
26:09de vários partidos
26:10de extrema direita
26:11na Europa
26:12eles odeiam
26:13o Putin
26:13e odeiam
26:15porque os poloneses
26:16realmente
26:16sofreram muito
26:18com a invasão
26:19da União Soviética
26:20segundo a Guerra Mundial
26:22Stalin
26:23matou
26:25um monte de gente
26:26na Polônia
26:27nas florestas
26:28então
26:29é interessante
26:30como a Polônia
26:34pode entrar
26:35a gente torce
26:36para que não entre
26:37até teve uma vez
26:38caiu um míssil
26:39na Polônia
26:42e depois se descobriu
26:43que era um míssil
26:43do sistema de defesa
26:45aéreo
26:45da Ucrânia
26:46sim
26:47a gente pode
26:48caracterizar isso
26:49como uma
26:50falha de guerra
26:52por assim dizer
26:53não foi intencional
26:55foi meio que
26:56sem querer
26:57por assim dizer
26:57mas essa questão
26:59da Polônia
26:59é interessante
27:00porque hoje
27:01a gente tem
27:02um governo polonês
27:03muito nacionalista
27:04e isso faz
27:06uma oposição
27:07clara
27:07a esse pensamento
27:09da União Soviética
27:10e do que eles
27:11acreditam
27:12que o Putin
27:13pode conduzir
27:14porque a União Soviética
27:15era internacionalista
27:16então como é que
27:17você vai aceitar
27:19
27:19uma internacionalização
27:21da Polônia
27:22não existe isso
27:23
27:23então até assim
27:25essa questão
27:25dos soldados
27:26no flanco
27:27é uma espécie
27:29para a Polônia
27:31de fortalecimento
27:32da OTAN
27:33eles estão enviando
27:35também um recado
27:36para a Rússia
27:36que eles não vão
27:38ficar parados
27:39se a Rússia
27:39tentar fazer alguma coisa
27:40ou seja
27:41se eles tentarem
27:42fazer um ataque
27:43nuclear tático
27:44que não é um ataque
27:45nuclear
27:46como Hiroshima
27:47foi por exemplo
27:48seria um ataque
27:49de menor escala
27:50onde as partículas
27:52nucleares
27:53não são
27:53propagadas
27:55da forma
27:55como foi Hiroshima
27:56mas enfim
27:57se eles fizerem
27:59ou tentarem
28:00algum tipo
28:00de armamento
28:01nuclear
28:01que eles já
28:02estão preparados
28:03no flanco
28:04para revidar
28:05enfim
28:07pelo que você
28:07está falando
28:08realmente
28:08está havendo
28:10um escalonamento
28:12
28:12uma escalada
28:13da guerra
28:14só que realmente
28:14como você
28:15é sutil
28:15essa escalada
28:16é porque
28:17quando a gente
28:18pensa em escalada
28:18da guerra
28:19a gente está pensando
28:20em grandes armamentos
28:22sendo utilizados
28:24em vários países
28:26do nada
28:26estando envolvidos
28:28mas as coisas
28:29elas vão acontecendo
28:30de forma gradual
28:31elas não acontecem
28:33da noite para o dia
28:34então a gente tem
28:35que ir pegando
28:35essas sutilezas
28:37para a gente poder
28:37ir conversando
28:39com elas
28:40e analisando
28:41elas em conjunto
28:42a gente tem
28:43uma questão
28:44em Belgrade
28:45que pode servir
28:46para legitimar
28:47a Rússia
28:47fazer um ataque maior
28:48que pode também
28:50estar significando
28:51que a Ucrânia
28:52pode querer agora
28:54avançar
28:55para solo russo
28:56isso já é uma espécie
28:56de escalada de guerra
28:57e essa questão
28:59também
29:00na Polônia
29:01e no seu flanco
29:02que divide
29:03essas zonas
29:04onde vários
29:05países
29:05não se conversam
29:06e não se dão bem
29:07já é também
29:09uma outra escalada
29:10a gente está falando
29:11de 300 mil soldados
29:12num flanco
29:13e de armas nucleares
29:14do lado deles
29:15posicionadas
29:16isso não é qualquer coisa
29:19que a gente está falando
29:20preocupante
29:22tem uma pergunta
29:27aqui
29:27que o Joelto
29:28nosso colega
29:30aqui
29:30fez para mim
29:32e passo para você
29:33ele quer saber
29:34se ainda tem muita gente
29:35morrendo
29:36na guerra da Ucrânia
29:37sim
29:39tem muita gente
29:39morrendo
29:40mas assim
29:40civil
29:41não
29:42porque eles têm feito
29:44o que a gente chama
29:45de corredor
29:46humanitário
29:47para poder fazer
29:48evacuação
29:49desses civis
29:50e por que
29:51que isso acontece
29:52vários prédios
29:53durante a guerra
29:55eles passam
29:56para um processo
29:57que a gente chama
29:57de militarização
29:59ou seja
29:59eu vou num hospital
30:01por exemplo
30:01e ele deixa
30:03de ser civil
30:04eu militarizo ele
30:05ou seja
30:06eu passo
30:06a usar
30:07esse hospital
30:08para o meu exército
30:10meu exército passa
30:11a usar esse hospital
30:12às vezes ele é estratégico
30:14o ponto onde ele está
30:16então ocorre
30:17essa evacuação
30:19para que as pessoas
30:20saiam
30:21desses locais
30:22mas
30:22nem sempre
30:23isso é feito
30:24com a velocidade
30:26que é necessário
30:27numa guerra
30:28que às vezes
30:28a gente tem confrontos
30:29muito violentos
30:31muito rápidos
30:32e pode sim
30:33acontecer
30:34de ter baixo
30:34esse vício
30:35até no ataque
30:36que a gente teve
30:37hoje de Dnipro
30:38a gente teve
30:3915 feridos
30:40e um morto
30:41então a gente
30:42já teve uma morte
30:43mas assim
30:43a gente não tem como
30:44comparar
30:45eu acredito
30:46a morte
30:47hoje
30:48hoje
30:48não estou falando
30:49no início da guerra
30:50hoje
30:50de civis
30:51com combatentes
30:52o número
30:53assim
30:53de baixos
30:54combatentes
30:55eu acho que é incalculável
30:56para começar
30:57para mim
30:57os dois lados
30:58eles não passam
30:59os números reais
31:00mas mesmo
31:01que a gente
31:02trabalhasse
31:02com esses números
31:03que eles passam
31:04já é muita gente
31:05a gente está falando
31:06assim
31:06de mais ou menos
31:07uma perda
31:08de 50 mil vidas
31:09então é muita gente
31:11morrendo na guerra
31:12mas eu acredito
31:14que hoje
31:14no atual momento
31:16por exemplo
31:16com essa concentração
31:17em Bakhmut
31:18que já teve
31:20a sua cidade
31:21evacuada
31:21por exemplo
31:22que hoje
31:23a gente não tem
31:23proporcionalmente
31:25falando
31:25uma perda civil
31:26tão forte
31:27quanto a gente
31:28tem de soldados
31:29ótimo
31:31Bárbara
31:33super obrigado
31:34foi uma ótima
31:35atualização
31:36sobre o que está
31:37acontecendo lá
31:38na guerra
31:39da Ucrânia
31:40eu conversei
31:41com a Bárbara Martinelli
31:42era especialista
31:44em questões militares
31:45colunista
31:46do canal
31:47Hoje no Mundo Militar
31:49e também
31:50está conduzindo
31:51agora o próprio
31:52canal
31:53Voz Armada
31:54é isso
31:55Bárbara
31:56muito obrigado
31:56pela participação
31:57eu que agradeço
31:59o convite
32:00eu espero
32:01voltar aqui
32:02em breve
32:02de repente a gente
32:03pode falar
32:04de outras coisas
32:05e também atualizar
32:06essas questões
32:07da guerra da Ucrânia
32:08que a gente está vendo
32:09que a cada semana
32:11a cada dia que passa
32:12a gente tem novos fatores
32:14sendo introduzidos
32:15nessa guerra
32:16seja no campo de batalha
32:18seja na política internacional
32:19seja na diplomacia
32:20a gente tem um emaranhado
32:22de fatores
32:23acontecendo ao mesmo tempo
32:25e é isso
32:26muito obrigada
32:27pelo convite
32:28e visitem meu canal
32:30Voz Armada
32:31Joia
32:32muito obrigado
32:33bom
32:34esse foi mais um podcast
32:35Latitude
32:36todo sábado
32:38às seis da tarde
32:39ou seis da noite
32:40nós estamos aqui
32:41conversando
32:42sobre os principais fatos
32:43do mundo
32:44e também sobre
32:45a diplomacia brasileira
32:47eu sou Duda Teixeira
32:48e convido vocês
32:49para curtirem o canal
32:51e compartilharem
32:52é isso aí
32:54muito obrigado
32:55até a próxima
32:55tchau
32:56tchau
33:07tchau
33:07tchau

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