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  • 23/06/2025
José Niemeyer, Priscila Caneparo e Vladimir Feijó analisam os possíveis impactos geopolíticos, militares e diplomáticos caso o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, fosse alvo de um ataque direto. Entenda o que poderia mudar no equilíbrio do Oriente Médio e na atuação das potências globais.
Apresentador: Nelson Kobayashi
Entrevistados: José Niemeyer, Priscila Caneparo e Vladimir Feijó

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Transcrição
00:00Agora eu quero receber aqui na nossa programação, mais uma vez, a professora Priscila Caneparo,
00:08que chega aqui, professora e doutora em Relações Internacionais, sempre conosco aqui na O Jovem Pan,
00:12nos ajudando a entender todo o contexto deste conflito.
00:16Professora, seja muito bem-vinda à Jovem Pan.
00:20Boa noite a todos que estamos assistindo.
00:23Professora, eu quero te repassar uma pergunta que fiz agora ao professor José Niemeyer.
00:27A gente estava conversando sobre uma das intenções de Israel, que seria acabar com o regime iraniano,
00:33e quem estaria na sucessão de Ali Khamenei caso ele venha a ser eliminado,
00:38o que teria sido um plano, inclusive, de Israel, um plano que não foi levado a efeito,
00:42pelo que noticiou a agência Reuters, justamente por uma intervenção do presidente americano, Donald Trump.
00:48Como ficaria a situação no Oriente Médio se a gente tiver, eventualmente, um ataque contra Ali Khamenei e a sua eliminação?
00:54Bem-vinda.
00:55Obrigada. Então, vamos lá.
00:57Vamos assinalar um ponto muito importante aqui.
01:01A queda do Ali Khamenei não significa a queda do regime em si.
01:05Isso é importantíssimo de a gente destacar.
01:07Até porque a gente já tem informações que ele está preparando o seu sucessor.
01:12Só que, assim, a gente precisa pensar que esse é um regime extremamente opressor,
01:17extremamente violador, perpetrador de violação dos direitos humanos,
01:20extremamente crítico e, inclusive, faz ameaças concretas a Israel e Estados Unidos,
01:27mas é um regime que a gente sabe o que esperar.
01:29Isso é importantíssimo destacar. Por quê?
01:31Porque uma queda desestruturada desse regime pode levar, sim,
01:36a uma estabilidade ainda maior na região e pode radicalizar ainda mais o Irã.
01:41A gente precisa pensar o que aconteceu no Iraque, o que aconteceu no Afeganistão
01:45e a gente está falando de uma potência com o segundo maior poderio militar da região.
01:51Então, a gente pensar em uma reestruturação do poder do Irã
01:54sem um plano prévio de um governo de transição é extremamente perigoso,
02:00inclusive porque a gente sabe que o Irã possui laços estreitos, efetivamente,
02:04com Hezbollah, com Rutsch, com Hamas.
02:07E eu acho muito difícil, em uma segunda via, por assim dizer, que a gente possa pensar,
02:13que o sucessor do Shah Reza Pahlavi venha ocupar a cadeira do Irã como presidente,
02:19como, enfim, como monarca. Por que eu acho muito difícil?
02:23Porque a população iraniana rejeita o regime do Shah Reza Pahlavi.
02:27É importante que a gente destaque isso.
02:29Ainda que a população tenha diversos questionamentos, diversas críticas,
02:34diversas oposições em relação ao regime dos ayatolás,
02:38o regime do Shah também não foi benéfico para a população.
02:42Existia, sim, maior consolidação de direitos em alguns campos,
02:46como, por exemplo, a questão das mulheres,
02:48mas, em contrapartida, foi um regime extremamente opressor
02:51em outros pontos em relação às minorias, inclusive minoria cristã.
02:55E o segundo ponto que a gente precisa pensar também
02:58é justamente que no regime do Shah existia uma divisão dos royalties
03:02advindos do petróleo entre justamente o Irã e o Reino Unido.
03:07E a população não quer essa repartição de royalties.
03:09Então, eu acho muito difícil que a gente tenha
03:12esse recrudescimento do regime apoiado pelos Estados Unidos,
03:15que seria o regime do Shah,
03:17a partir do momento que tem uma deposição desse regime dos ayatolás.
03:20A gente entende, novamente, a gente entende que esse regime dos ayatolás
03:23é extremamente maléfico para a população,
03:26é um regime perpetrador de violação de direitos humanos,
03:29mas a gente precisa pensar em termos concretos.
03:32Qual é a alternativa?
03:33Qual é o governo de transição que vai ser estabelecido aqui?
03:36E volto a reafirmar, é uma região de estabilidade,
03:39segundo o maior exército do Oriente Médio,
03:42e pode gerar, sim, um radicalismo ainda maior
03:45se a gente fizer a deposição do governo do ayatolá
03:48sem pensar em um caminho de transição.
03:51Perfeito.
03:53Eu quero falar agora com o professor Vladimir Feijó.
03:55Seguimos aqui com a professora Priscila Canepar,
03:57o professor José Neymar,
03:58e também com o professor Vladimir Feijó,
04:00repercutindo o que poderia acontecer
04:02caso o Ali Khamenei seja eliminado pelos Estados Unidos ou por Israel.
04:06E segundo informações do The New York Times,
04:10Ali Khamenei, líder supremo do Irã,
04:11teria nomeado potenciais sucessores,
04:14já para assumir o comando do país em caso de sua morte,
04:16segundo informações divulgadas pelo jornal Javan,
04:18que é um veículo de imprensa ligado à guarda revolucionária iraniana.
04:24A medida teria sido tomada em meio à escalada do conflito
04:27diante de possíveis riscos à segurança pessoal.
04:30A lista de nomes não foi localizada pelo governo,
04:34mas inclui figuras próximas ao establishment religioso e militar do país.
04:39Especialistas destacam que, segundo a Constituição iraniana,
04:43a sucessão do líder supremo é decidida pela Assembleia dos Especialistas,
04:47mas o próprio Khamenei pode sugerir candidatos em vida para facilitar a transição.
04:54Essa informação foi reforçada em meio a rumores de aumento de medidas de segurança
04:58ao redor do líder iraniano, professor Vladimir.
05:02Exato, Nelson.
05:03Como houve o início da operação israelense com a chamada decapitação,
05:09ou seja, eliminação de lideranças iranianas,
05:11era de imaginar que ele sofreria pressão para fazer essa indicação,
05:16uma espécie de testamento.
05:18Mas, igualmente, de se esperar que essa lista não seria tornada pública,
05:23ficaria circunscrita a realmente um número limitado de pessoas,
05:27para exatamente evitar que essas pessoas também sejam eliminadas
05:30e o regime consiga sobreviver, mesmo depois da substituição.
05:34Lembrando que é um regime de Ayatollahs, porém, a liderança suprema,
05:40esse é apenas o segundo a liderar desde 1979, o mais longego dos dois,
05:46e, portanto, já estaria em pressão interna para abdicar do cargo
05:51para alguém que teria a idade mais nova,
05:54mais próxima aos rumos do momento que a humanidade inteira vive,
05:58e os desafios, portanto, que tanto a religião islâmica
06:02quando o povo iraniano tem que enfrentar,
06:05precisariam de uma liderança mais atualizada.
06:08Professor Niemeyer, eu quero falar com você sobre outro assunto,
06:11que é a busca por apoio, agora, entre esses atores envolvidos no conflito.
06:16A gente tem informação de que o ministro das Relações Exteriores do Irã
06:20estaria em Moscou para a busca, justamente, de um apoio
06:24às retaliações que são de intenção do Irã para com Israel
06:29e, inclusive, também para com os Estados Unidos.
06:31Como é que funciona agora essa busca diplomática por outras lideranças globais,
06:37no caso, até importantes lideranças globais,
06:40estamos falando de Vladimir Putin.
06:42Como é que fica essa situação nesse momento, professor?
06:47Pergunta mais importante do momento, na minha visão.
06:50Como hoje o sistema internacional está muito dividido,
06:54na minha visão, com três centros de poder muito claros,
06:57que é os Estados Unidos da América, inclusive os Estados Unidos cada vez mais afastados do próprio sistema.
07:02Você tem a China, que é uma potência econômica em ascensão,
07:06em breve vai passar os Estados Unidos da América em produto interno bruto,
07:09e você tem a Rússia cada vez mais estruturando o seu poder militar
07:14para poder ocupar os seus espaços vitais.
07:17Inclusive, há informações, essas informações são divulgadas em alguns canais de estratégia militar,
07:23de que a Rússia hoje produz em três meses o que a OTAN demora um ano para produzir em meios militares.
07:30Então, a Rússia está com a sua máquina de produção industrial,
07:34o seu complexo industrial militar, a todo vapor.
07:37E também há informações que a Rússia pretende desafiar um pouco mais a OTAN,
07:42buscando uma postura mais assertiva com relação a países bálticos,
07:49especificamente Letônia, Lituânia.
07:51Então, a Rússia se sente com mais autonomia,
07:56principalmente com a postura de Donald Trump,
07:58que é uma postura isolacionista e que escolhe as guerras que vai participar.
08:03Muito diferente dos Estados Unidos dos últimos 80 anos,
08:07ou se você quiser, os Estados Unidos desde o fim da guerra com a Espanha, em 1898,
08:11Primeira e Segunda Guerra, principalmente a partir da Segunda Guerra,
08:14que os Estados Unidos decidiram que seriam o grande agente estabilizador do sistema internacional.
08:20Isso, me parece que com Trump, é uma mudança, uma quebra de paradigma.
08:24Inclusive, Trump não é nem um presidente republicano nesse sentido,
08:27porque o perfil dos republicanos foram sempre esse,
08:30de serem o principal agente de manutenção da ordem do sistema internacional na agenda de segurança.
08:35Então, é muito importante essa pergunta,
08:37e hoje essa pergunta começou a ser respondida no Conselho de Segurança,
08:41quando o representante russo foi duro com críticas aos Estados Unidos da América,
08:45a ação no Irã, e isso já mostra uma possível,
08:49cada vez mais forte aliança entre o Irã e a Rússia.
08:54Inclusive, o Irã é fornecedor de drones para a Rússia na guerra da Ucrânia.
08:57E é muito grave isso, porque se a Rússia se posicionar de uma forma mais direta,
09:04vamos imaginar aqui um cenário,
09:05vamos imaginar que a Rússia comece a fornecer mísseis para o Irã.
09:11O Irã tem em torno de 3 mil mísseis, mas isso vai terminar.
09:14Se continuar o conflito com Israel, esses mísseis devem terminar no tempo e no espaço.
09:18Vamos imaginar que a Rússia comece a fornecer mísseis,
09:21ou algum tipo de armamento, lançadores de mísseis para o Irã.
09:25Isso seria muito grave, porque os Estados Unidos iriam se encontrar
09:29numa posição de ter que enfrentar também o Irã novamente,
09:33talvez, numa outra ação militar, mas aí com apoio russo.
09:36E aí seria mais grave ainda, porque a União Europeia hoje
09:40vive um momento de distanciamento dos Estados Unidos.
09:43Então, os aliados da OTAN, da Organização do Tratado Atlântico Norte,
09:47a OTAN ficaria uma OTAN esvaziada,
09:49e os Estados Unidos da América teriam que ter uma postura mais dura
09:53com relação à Rússia.
09:55E acho muito difícil, muito difícil,
09:58não porque a Rússia tem mais armas nucleares ativas do que os Estados Unidos,
10:01não por isso, mas porque a Rússia, como eu disse aqui,
10:05é um país que investe cada vez mais nessa indústria militar,
10:08principalmente depois do início da guerra com a Ucrânia.
10:11A Rússia tem um armamento, que a gente menciona pouco aqui,
10:15mas é um armamento estratégico, que é um míssel supersônico.
10:19Ele não faz a mesma rota de um míssel normal intercontinental.
10:26Ele até foi usado na guerra da Ucrânia, mas não de maneira tão radical.
10:31Mas esse armamento, esse míssel supersônico,
10:33ele consegue ficar separado de qualquer tentativa de radares
10:41buscarem esse míssel, e ele pode atingir, inclusive,
10:45ele tem um caráter também intercontinental.
10:48É uma arma que só a Rússia tem.
10:50A China não tem essa arma também, se eu não estou enganado.
10:53Os Estados Unidos não têm essa arma.
10:54Então, a Rússia é uma potência militar.
10:57Então, se os Estados Unidos da América começarem a ter uma postura
11:00de ter que enfrentar a Rússia,
11:02e se a Rússia começar a ter uma postura mais de aliança com o Irã,
11:06nós vamos viver um cenário muito, muito grave.
11:09Professora Priscila Caneparo, eu quero te perguntar
11:12a respeito do que vem chegando nos Estados Unidos,
11:14que é justamente a reação de alguns parlamentares,
11:18em especial parlamentares de oposição ao presidente Donald Trump.
11:21Inclusive, há uma parlamentar democrata que disse que
11:26a ação de Trump sem consulta ao parlamento
11:30já é motivo de impeachment, e que isso seria levado adiante.
11:35Há algum risco disso acontecer com o presidente americano
11:38nos Estados Unidos?
11:40Bom, Kobayashi, vamos lá.
11:41Esse cenário dos Estados Unidos também é extremamente complexo,
11:44porque, de fato, a gente tem uma cisão, inclusive,
11:47dentro do Partido Republicano e dentro do próprio MAGA,
11:50que é o Make America Great Again,
11:52porque uma das promessas de campanha do Trump
11:55foi justamente finalizar com as guerras que estavam em curso
12:00quando ele assumiu a Casa Branca,
12:01e principalmente não ficar gastando dinheiro
12:04com essas chamadas guerras eternas,
12:06que foi a guerra do Iraque, que foi a guerra do Afeganistão,
12:09e agora a gente se vê justamente os Estados Unidos
12:12envolto numa nova guerra no Oriente Médio.
12:15E o que acontece?
12:16Qual é o grande problema da ação do Trump?
12:19Primeiro ponto, a gente precisa entender
12:20que existe uma complexidade em relação ao que se diz
12:24sobre as ações do Trump,
12:27se existiria ou não a possibilidade dele agir sozinho.
12:30Se for uma declaração de guerra e algo que haja dispende orçamentário
12:36para atacar um Estado,
12:37a gente precisa entender que ele não pode fazer essa ação por decreto,
12:42ou seja, por somente a sua posição.
12:45A gente está perante um ato complexo
12:48que precisa da manifestação de vontade do Trump
12:50com a aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
12:53E aí vem a grande questão.
12:55O Trump colocou nas palavras,
12:57pós o ataque efetivamente com o P2,
12:59as instalações nucleares iranianas,
13:02que ele tinha determinado o caminho para a paz.
13:04Então não seria bem um ataque,
13:06nas palavras dele,
13:07já prospectando o problema que ele teria internamente
13:11dentro do Congresso dos Estados Unidos,
13:13e não seria também uma declaração de guerra,
13:15justamente para possibilitar com que essa ação estadunidense
13:19viesse por intermédio apenas do decreto do Poder Executivo.
13:22Mas aí vem o ponto justamente que o Trump dá seguimento
13:27em suas falas, inclusive na data de hoje,
13:29falando que teria que haver uma deposição do regime do Irã.
13:33Ele até falou na sua rede social sobre o tal do MIGA,
13:36Make Iran Great Again,
13:38em uma alusão direta ao MAGA.
13:40Então essa perspectiva e essa premissa
13:42faz com que se abram as portas
13:44para ocorrer um debate dentro do Congresso dos Estados Unidos
13:48que provavelmente o Trump teria agido de uma forma ilegal,
13:52de forma inconstitucional,
13:54a partir do não pedido de autorização para o Congresso.
13:57É claro que a gente vai ter diversas interpretações,
14:00a gente não tem um precedente na jurisprudência,
14:03na questão justamente institucional dos Estados Unidos,
14:06e isso com certeza vai ser um grande campo
14:08para a gente ter uma compreensão
14:11se a ação do Trump foi legal ou não
14:13na perspectiva do direito dos Estados Unidos.
14:15E só para fechar, também vai ter, obviamente,
14:18uma grande pressão popular.
14:19Porque em uma pesquisa incipiente
14:21que foi feita logo após os ataques dos Estados Unidos
14:25ao território iraniano,
14:27a gente tem um patamar de 45% das pessoas dos Estados Unidos
14:32desaprovando as ações de Trump.
14:35Em contrapartida, apenas 25% apoiaram essas ações do Trump.
14:39Então a gente tem um terreno muito ardiloso,
14:42um terreno também muito arenoso,
14:44que a gente precisa ver nos próximos dias
14:46como é que vai ser a situação do Trump
14:48dentro da sua casa, dentro dos Estados Unidos.
14:52Perfeito.
14:52Quero agradecer demais os nossos comentaristas,
14:55os nossos professores convidados
14:57para essa cobertura especial da Jovem Pan,
15:00professor José Niemeyer,
15:01professor Vladimir Feijó,
15:03professora Priscila Caneparo,
15:05nos ajudando a entender essa situação tão complexa
15:07que são justamente as vindas do conflito entre Israel e Irã.
15:12Muito obrigado, professores.
15:13Sempre um prazer receber a todos vocês aqui na Jovem Pan.
15:16Continuaremos contando com a sabedoria e o conhecimento de todos vocês.

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