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  • 19/06/2025
O professor de relações internacionais Carlos Poggio analisa a possibilidade dos Estados Unidos realizarem ataques contra o Irã em meio à escalada dos conflitos no Oriente Médio. Ele avalia as consequências geopolíticas, o impacto nas relações internacionais e os riscos de uma guerra de grandes proporções.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/-G52sjgK2FA

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Transcrição
00:00A temperatura entre Israel e Irã sobe com a possibilidade da entrada dos Estados Unidos no conflito.
00:06Mas o presidente Donald Trump afirma que Teheran procurou os americanos para negociar.
00:12Ele, talvez, aceite a conversa e não descarta um acordo.
00:17Sobre a guerra, nosso entrevistado agora é o professor de Relações Internacionais,
00:21Carlos Gustavo Pódio, do Berea College, do Kentucky, nos Estados Unidos.
00:25Sempre uma honra te receber aqui, professor. Bem-vindo, boa noite.
00:28Boa noite, prazer sempre conversar com vocês, quem não assiste aí pela Jovem Pan.
00:33Prazer é nosso.
00:34Bom, eu sempre digo, né, professor, além de especialista nessa área, o senhor mora nos Estados Unidos
00:38e tem uma visão que aqui no Brasil nós não temos.
00:42E a grande questão é a seguinte, hoje, inclusive, um repórter perguntou para o presidente Donald Trump
00:46se ele já decidiu se vai ou não vai entrar na guerra, ele virou para a pessoa e falou
00:51olha, não posso revelar isso para vocês, é um segredo de Estado.
00:55Agora, eu começo perguntando para o senhor o seguinte,
00:57quais são, na avaliação do senhor, a ser as chances do presidente Donald Trump
01:03entrar nesse conflito, apesar dele já estar falando em questões diplomáticas
01:08e agora há pouco, inclusive, o presidente da Rússia chegou a falar
01:12que existe também a possibilidade dele tentar ajudar na questão diplomática desse conflito, professor.
01:17Olha, Tiago, é importante a gente entender que caso o Trump decida entrar nesse conflito,
01:25nós vamos estar testemunhando uma mudança bastante profunda na perspectiva estratégica
01:32do Donald Trump.
01:32Isso vai contrário ao que a gente conhece do Trump desde o primeiro mandato e desses primeiros meses
01:40do segundo mandato.
01:41Donald Trump, do primeiro mandato, foi presidente por quatro anos,
01:44teve uma postura muito cautelosa sobre o uso de forças armadas dos Estados Unidos.
01:50Para ficar em apenas um exemplo, quando os Estados Unidos atacam em 2020 e matam o general iraniano Soleimani
02:00no Iraque, o Iraque responde com armas direcionadas a bases americanas no Iraque
02:10e o Donald Trump escolhe não escalar o conflito, ou seja, eles fazem este assassinato bem focado
02:20nesta figura individual e escolhe não expandir o conflito.
02:25E, portanto, demonstrou aí uma postura muito cautelosa.
02:28Isso a gente pode olhar, como exemplo, outras formas com que o Donald Trump agiu externamente.
02:34Ele, conhecidamente, ele prefere sempre utilizar a ferramenta econômica,
02:39ele é muito, ele utiliza de forma muito agressiva a questão de tarifas, por exemplo,
02:45mas a questão de poder militar é algo que o Donald Trump não tem utilizado muito.
02:50Mais do que isso, no governo dele, nesse segundo mandato, ele está cercado de pessoas
02:56que são muito mais contrárias a qualquer intervenção no Irã do que no primeiro mandato.
03:01Para ficar apenas em um exemplo, o seu vice-presidente.
03:05O vice-presidente do Trump no primeiro mandato foi o Mike Pence.
03:07Mike Pence está agora nas redes sociais defendendo que os Estados Unidos devem atacar o Irã.
03:14O atual presidente, o J.D. Vance, ele é conhecido por uma postura muito mais isolacionista nesse sentido.
03:20Então, o Trump teria que primeiro vencer uma resistência interna e, em segundo,
03:24a partir do momento que ele vai, se ele fizer essa intervenção,
03:28nós estaremos testemunhando aí uma nova fase em termos de política externa da abordagem do Donald Trump.
03:35Professor, vou chamar os nossos comentaristas.
03:37Dora Kramer faz a próxima questão.
03:39Professor Carlos Pódio, diretamente dos Estados Unidos.
03:42Dora?
03:43Boa noite, professor.
03:46Na cena que a gente tem hoje, o senhor diria o quê?
03:50Que os Estados Unidos estão mais perto do ataque ou mais perto da negociação?
03:56Boa noite, Dora.
03:58A gente tem aí, claro, duas hipóteses.
04:01Primeiro, o que nós estamos observando?
04:03Estamos observando, de fato, uma movimentação militar dos Estados Unidos que indicaria um ataque.
04:09Você tem essa movimentação de bombardeios, porta-aviões,
04:13que claramente indicaria os Estados Unidos se preparando para o ataque.
04:16Então, dado esse fato concreto e essa hesitação do Donald Trump que eu mencionei há pouco,
04:22nós temos duas possibilidades.
04:25Uma é que, de fato, estão se preparando para atacar
04:27e a outra é que o Donald Trump está se utilizando de uma estratégia
04:31que a gente pode classificar como diplomacia coercitiva.
04:34Ou seja, fazendo uma pressão máxima no Irã,
04:37se aproveitando desse momento de fraqueza do Irã
04:40para tentar extrair o máximo possível numa negociação.
04:44Dizer, pedir, por exemplo, uma rendição incondicional.
04:47O problema é que o próprio Ayatollah já disse hoje pela manhã
04:51que não aceita uma rendição incondicional.
04:54Então, isso complica um pouco os planos de uma diplomacia nesse momento.
04:59A única pessoa que tem que decidir se vai ou não atacar o Irã nesse momento
05:05é o Donald Trump.
05:06Por isso que é importante a gente entender esse contexto que eu dei na minha resposta ao Tiago,
05:11que é entender primeiro o processo de raciocínio do Donald Trump,
05:15que é alguém muito cauteloso no uso de força militar,
05:18que prefere não escalar quando envolve conflitos militares,
05:23e cercado por assessores que têm uma perspectiva também muito ambígua
05:29e, no mínimo, uma perspectiva contrária a essa intervenção no Irã.
05:33Gente, por exemplo, que apoia o movimento trumpista,
05:36deputados, inclusive, que são contrários a esse envolvimento no Irã.
05:41Então, o que a gente está vendo, inclusive, no campo retórico, no campo de narrativa,
05:45é o Donald Trump enfrentando essas pessoas.
05:47Então, tudo indica que ele está construindo aí,
05:51preparando o terreno para um possível ataque.
05:53Agora, esta é uma decisão, está tudo preparado,
05:57falta apenas o Donald Trump dar esta ordem.
06:00Professor, questão agora de Cristiano Vilela.
06:03Professor, boa noite.
06:05Professor, pegando um gancho agora nessa última parte da sua fala,
06:09onde o presidente Donald Trump estaria preparando,
06:12se preparando em termos de discurso para um ataque,
06:16caso esse ataque não ocorra e, mais uma vez,
06:19seja mais uma das falas do presidente americano,
06:23que caminha para um lado, mas que acaba não colocando em prática
06:26aquilo que eventualmente diz.
06:28Isso pode, de alguma forma, ser mais um elemento
06:32para um certo enfraquecimento do poderio do presidente Donald Trump
06:36enquanto líder mundial, enquanto figura de destaque na geopolítica mundial?
06:43Boa noite, Cristiano.
06:44De fato, se a gente olhar o padrão do Donald Trump
06:48dos quatro anos do primeiro mandato
06:50e dos primeiros meses desse segundo mandato,
06:52que a gente vê, tem até estudos sobre isso,
06:54que mostram que ele é muito profícuo
06:56nas questões de ameaça retórica,
06:59de ameaça no Twitter,
07:01e fez diversas ameaças,
07:03vou destruir, vai sofrer o maior custo da sua vida, etc.,
07:07e, no fim das contas, ele acaba não fazendo nada.
07:10Isso é um padrão, de fato, Donald Trump,
07:12que a gente tem observado,
07:13isso é estudado, há dados que comprovam isso.
07:16Então, portanto, se a gente for esperar que se siga,
07:18por isso que eu digo que vai ser uma mudança de paradigma,
07:21se a gente esperar que siga o padrão,
07:22o padrão é esse.
07:23O Donald Trump fazendo grandes ameaças,
07:25mas na hora das coisas, de fato, têm que acontecer,
07:29a gente não vê nada efetivamente acontecendo.
07:32Então, a grande questão é se alguma coisa mudou neste momento.
07:36Porque a gente tem visto,
07:38se a gente lê hoje, por exemplo, jornais americanos,
07:40a gente vê um Donald Trump quase que arrastado
07:42para essa guerra pelo Benjamin Netanyahu.
07:44Desde o começo, o Trump não tinha interesse nessa guerra,
07:48não queria que Israel tivesse atacado o Irã,
07:51e o Netanyahu foi tomando as ações,
07:53quase que levando a reboque os Estados Unidos.
07:56A grande questão é se vão levar a reboque agora
07:58os Estados Unidos a fazer algum tipo de ataque.
08:00Professor, para a gente fechar,
08:02eu, na primeira pergunta, falei sobre Vladimir Putin,
08:06se a Rússia poderia ou não ajudar nessas negociações,
08:10mas agora nós temos uma outra informação,
08:12que o presidente Vladimir Putin afirmou que o Irã,
08:14o principal aliado no Oriente Médio,
08:16não solicitou ajuda militar à Rússia,
08:19em meio a esse conflito sem precedentes,
08:21entre a República Islâmica e Israel.
08:24Essa declaração veio depois de uma entrevista
08:26com meios de comunicação internacionais em São Petersburgo.
08:30Agora, professor, qual é a chance,
08:32o interesse da Rússia em entrar nessa discussão também?
08:37Então, vamos lembrar aqui duas coisas.
08:39Uma, que o Irã, do ponto de vista do seu comando militar,
08:42está completamente desarticulado.
08:44Israel praticamente eliminou todo o comando militar iraniano,
08:48o que torna difícil, inclusive, qualquer tipo de negociação
08:51com outros aliados.
08:52No caso da Rússia, o principal aliado russo na região,
08:56que era o governo de Assad na Síria,
08:58não existe mais.
08:59Esse governo derrubou.
09:00Então, a Rússia, e ali de tudo,
09:02a Rússia, vamos lembrar, está comprometida
09:04com a sua própria guerra na Ucrânia.
09:07Nesse momento que nós estamos falando aqui,
09:09Ucrânia está sendo bombardeada.
09:11Enquanto Teherã e Tel Aviv trocavam mísseis,
09:15Rússia estava mandando bomba em Kiev, na Ucrânia.
09:19Então, a Rússia já está mobilizada, em certa medida,
09:22numa guerra em que ela tem que colocar os recursos
09:25nesse seu interesse imediato.
09:27Portanto, as capacidades da Rússia
09:29de ter algum tipo de influência aqui
09:31ficam muito limitadas, para além da questão retórica.
09:35E não me parece que a Rússia tem um interesse muito grande
09:37em ajudar o Irã neste momento,
09:40ainda mais se perceber que o Irã,
09:42como tem demonstrado claramente,
09:44está muito frágil, muito fraco.
09:45Uma coisa que chama atenção nesta guerra
09:47é que a decisão, a gente está discutindo aqui,
09:51diz que se o Trump vai atacar, não vai atacar.
09:53E o que Israel e os Estados Unidos decidirem
09:56vai acontecer, porque o Irã parece
09:58não ter capacidade nenhuma de defesa,
10:01tamanha destruição que foi feita por Israel,
10:04tanto de recursos humanos,
10:05quanto de recursos materiais,
10:07os recursos de defesa do Irã.
10:09Então, é um Estado que está muito fragilizado hoje,
10:11e os seus principais aliados internacionais,
10:13lembrando que o Irã não tem grandes aliados internacionais,
10:17é um país muito isolado do ponto de vista diplomático,
10:20a Rússia seria esse aliado,
10:22está ela própria envolvida no seu próprio conflito militar.
10:27Professor Carlos Pódio,
10:29de Relações Internacionais,
10:30do Biria College, em Kentucky, nos Estados Unidos.
10:33Mais uma vez, obrigado pelas análises aqui à Jovem Pan,
10:36voltaremos a nos falar.
10:37Abraço, professor.
10:39Obrigado, boa noite.

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