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O professor de relações internacionais, Ricardo Leães analisa as estratégias de comunicação e as reais consequências dos embates entre Irã e Estados Unidos, no Oriente Médio.

O Pentágono afirma ter atrasado o programa nuclear do Irã em "décadas" após os recentes ataques, enquanto Teerã minimiza os danos.

A comunidade internacional acompanha de perto a escalada da tensão e a possibilidade de retomada das negociações sobre o acordo nuclear na próxima semana.

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Transcrição
00:00Depois de 12 dias de troca de ataques, o conflito entre Irã e Israel,
00:04e que teve a participação dos Estados Unidos, chegou ao fim.
00:08Mas não sem antes deixar muitos mortos e feridos, além de uma série de polêmicas.
00:13Vamos dar uma olhada em alguns números por aqui,
00:15para exemplificar exatamente o que aconteceu.
00:18Segundo a agência France-Presse, entre os dias 13 e 24 de junho,
00:23627 pessoas morreram do lado iraniano, além de 4.870 feridos.
00:30Do lado israelense, foram 28 mortos.
00:32Esse número é consideravelmente menor, mas é alto se a gente parar para pensar
00:37no que aconteceu em Israel depois do 7 de outubro, quando Hamas invadiu o território local.
00:43Pouquíssimas pessoas, ou quase ninguém, morreu por conta dos foguetes disparados pelo grupo palestino.
00:49A participação americana veio, de fato, no último dia 22,
00:53com os ataques nas instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan,
00:58com as famosas bombas GBU-57 e AB, conhecidas como Bunker Busters, e os aviões Northrop B2.
01:06Em resposta, os iranianos atacaram a base aérea Al-Udeid, no Catar,
01:11que abriga tropas americanas, britânicas e também Catare.
01:15O espaço aéreo da região precisou ser temporariamente fechado, mas essa operação não deixou feridos.
01:22E para falar mais sobre esse assunto, a gente recebe o professor de Relações Internacionais
01:26e pesquisador Ricardo Leães.
01:28Professor, seja muito bem-vindo ao JP Internacional.
01:31Olá, Fabrício, tudo bem? Prazer conversar contigo.
01:36Prazer conversar contigo também.
01:38Professor, a gente começou essa semana, aliás, a gente encerrou essa semana, melhor dizendo,
01:43com uma troca de acusações entre Irã e Estados Unidos.
01:46O Irã, a princípio, estava negando que os ataques americanos
01:49teriam causado sérias complicações no programa nuclear do país.
01:54Os Estados Unidos mantiveram a posição de que os ataques foram, sim, efetivos.
01:59Foi um grande sucesso.
02:01Agora, na última sexta-feira, veio uma confirmação por parte do Irã
02:04de que os ataques foram, sim, ataques significativos,
02:08mas eles não explicaram exatamente a que ponto,
02:10qual foi a extensão dos danos causados às instalações nucleares iranianas.
02:15O que a gente pode imaginar para o programa nuclear iraniano daqui pra frente?
02:19Se o país não tinha bomba nuclear, como muito possivelmente não tinha mesmo,
02:24a partir de agora ele pode querer, de fato, começar uma corrida pra ir atrás disso, né?
02:28Sem dúvida, Fabrício.
02:31É muito normal que haja essa disputa de narrativas entre as duas partes.
02:35É claro que ninguém quer aparecer como perdedor nesse conflito.
02:40Mas a gente tem algumas pistas que podem nos indicar qual que é a resposta mais verdadeira nesse caso.
02:46Em relação ao programa nuclear iraniano, o que a gente sabe é que os iranianos,
02:50eles procuraram se precaver do risco que correram os iranianos no passado.
02:55Pouca gente lembra, mas nos anos 80 o Iraque tinha um programa nuclear
02:58e algumas pessoas cogitavam que esse programa nuclear pudesse ser utilizado para fins militares,
03:05para o objetivo de atingir bombas atômicas.
03:07E por conta disso, Israel lançou um ataque, uma operação especial em 1981,
03:13que destruiu o único reator nuclear que o Iraque tinha.
03:16E era um reator que ainda estava em construção.
03:19Por conta disso, o Irã espalhou o seu programa nuclear ao longo do seu território
03:24em várias unidades nucleares, algumas embaixo de montanhas e muitas, inclusive, no subsolo.
03:31Me parece, Fabrício, que não deve ter ocorrido danos significativos.
03:36Primeiro, porque o Irã já devia ter material físico enriquecido, carregado e oculto em outras regiões.
03:42Há quem fale, inclusive, que existe uma unidade nuclear no Irã
03:47que ninguém, até o momento, ninguém no Ocidente sabe onde é.
03:50Então, é possível que esse material esteja nessa região.
03:54E tem um elemento concreto importante.
03:56O Israel alegava que os Estados Unidos tinham que participar dessa guerra
04:00porque eles tinham as bombas que tu mencionaste mais cedo, as bombas bunker bomber.
04:06E o problema é que, depois desse ataque que os Estados Unidos fizeram,
04:12Israel realizou novos ataques às mesmas unidades nucleares.
04:16Então, se o ataque dos Estados Unidos tivesse sido suficiente para destruir o programa nuclear iraniano,
04:22por que o Israel foi lá e atacou de novo, se expôs a esse risco,
04:25para atacar um lugar que já havia sido atacado anteriormente?
04:28Então, me parece que, do ponto de vista do programa nuclear iraniano,
04:32não houve danos significativos.
04:34Agora, a grande questão também é a que tu perguntaste.
04:37Na medida em que há uma preocupação com a proliferação nuclear,
04:41esses ataques, eles sinalizam para o Irã, talvez, a necessidade de avançar
04:46para que o seu programa tenha um caráter militar.
04:49Porque a gente pode fazer uma comparação entre a Líbia e a Coreia do Norte.
04:54Lá nos anos 2000, foram países colocados como inimigos dos Estados Unidos.
04:59Países do eixo do mal, na época de George W. Bush.
05:03E, sabendo desse cenário, o governo da Líbia, de Muammar Gaddafi,
05:09optou por uma cooperação com o acidente.
05:11Ele abriu mão completamente do seu programa nuclear,
05:14abriu espaço para que todos os inspetores visitassem
05:17e, alguns anos depois, acabou assassinado, morto por um bombardeio da OTAN.
05:21A Coreia do Norte, por outro lado, optou por um outro caminho,
05:24optou pelo desenvolvimento das bombas nucleares.
05:27E, hoje em dia, ninguém teria coragem de atacá-la,
05:30porque sabe que os riscos de uma retaliação nuclear
05:32não compensariam o peso desse ataque.
05:35Então, talvez, os iranianos acabem decidindo seguir por esse caminho.
05:39Aquela história de que uma bomba atômica, por exemplo,
05:42ela serve para garantir a soberania de um país, estabilidade política.
05:46Agora, professor, a gente viu manifestações vindas do governo dos Estados Unidos
05:50que o Irã ainda não confirma,
05:52mas a Casa Branca diz que as negociações nucleares
05:55que estavam acontecendo antes do conflito
05:57serão retomadas entre Washington e Teherã.
06:01O que a gente pode esperar a partir de agora?
06:03A posição do Irã deve ficar mais irredutível?
06:05A gente viu a manifestação do Ayatollah Ali Khamenei
06:09na última quinta-feira.
06:10Ele pareceu estar bem duro na sua posição,
06:13de fato irredutível,
06:15não vai voltar atrás em muitos pontos considerados chaves
06:19para o governo iraniano.
06:20A gente pode esperar essa postura do Irã daqui para frente?
06:24Ou um Irã talvez mais aquado,
06:26depois de ataques fortes que o país passou?
06:30Então, Fabrício, na verdade, a política externa iraniana
06:33é marcada por algumas indesivindas,
06:35que muitas vezes não são mencionadas para o grande público.
06:39O Irã, quando passou por um processo revolucionário,
06:42em 79, início dos anos 80,
06:45é claro que ainda estava muito carregado do espírito da revolução,
06:48que era uma revolução profundamente crítica
06:50à presença dos Estados Unidos no Oriente Médio.
06:53Mas, a partir do final dos anos 80,
06:55sobretudo com a chegada do Ali Khamenei
06:57ao cargo de líder supremo,
06:59o Irã, em diversas oportunidades,
07:02se mostrou aceitando a possibilidade de negociações.
07:07Lá em 2010, inclusive, houve as negociações
07:09que o Brasil e a Turquia conduziram,
07:11mas o ocidente acabou não aceitando.
07:13Em 2015, sob a liderança de Barack Obama,
07:16houve um acordo nuclear pelo qual o Irã se comprometeu
07:20a enviar o material enriquecido para fora
07:22para que houvesse uma garantia de que o seu programa era pacífico.
07:26Quem pulou fora desses acordos foram os Estados Unidos,
07:29com o Donald Trump no seu primeiro mandato.
07:32E depois, mesmo quando o Joe Biden voltou ao poder,
07:36ele até sinalizou que poderia negociar,
07:38mas acabou não fazendo.
07:39E agora, esse ataque de Israel aconteceu justamente no momento
07:44em que estavam havendo negociações.
07:47Então, eu imaginaria que o Irã vai ficar muito mais reticente.
07:51E existe uma pista nesse sentido,
07:53que é o fato de que o governo iraniano já aprovou
07:55o encerramento de qualquer cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica.
08:01Há uma percepção no Irã, eu não sei se ela é correta,
08:03de que os inspetores da agência acabaram entregando informações cruciais
08:10para Israel e para os Estados Unidos,
08:12que acabaram facilitando esses ataques.
08:14Então, eu acho que hoje o cenário para negociações é difícil.
08:18Mas não é impossível, porque o Irã pode interpretar
08:21que uma negociação, um acordo, pode ser uma alternativa para o Irã ganhar tempo.
08:26Porque, Fabrício, tu sabes muito bem que essa guerra,
08:29esse conflito já terminou, mas essa guerra é estrutural,
08:32é uma rivalidade que vai continuar.
08:34Eu acho que em algum momento, salvo alguma grande transformação,
08:38Irã e Israel vão ter uma guerra aberta, prolongada.
08:42E o Irã sabe disso.
08:43Então, ele pode optar por um caminho de negociação
08:46para tentar se reagrupar.
08:48Você falou em questão de futuro,
08:52possíveis conflitos vindos daqui para frente entre Israel e Irã.
08:55Tem uma questão aqui importante para a gente tratar, né, professor?
08:58O governo israelense falou abertamente
09:00que um dos resultados dessa guerra dos últimos dias
09:04poderia ser a troca de regime do Ayatollah Ali Khamenei,
09:07como você destacou desde 1979, como República Islâmica do Irã.
09:11Agora, qual que é a situação do Khamenei, na sua avaliação,
09:15diante desses últimos acontecimentos?
09:18O regime sai fortalecido ou sai enfraquecido perante o próprio público?
09:22Sabe, Fabrício, é um pouco difícil a gente ter certeza sobre o que se passa no Irã,
09:30porque é claro que a gente tem até dificuldade de pesquisas de opinião
09:33que avaliem realmente como que se dá a popularidade do governo.
09:37O que a gente sabe concretamente é que é um governo revolucionário
09:41que abarcou, inclusive, vários setores da sociedade iraniana,
09:45mesmo muitos que hoje em dia não são próximos dos Ayatollahs,
09:48alguns, inclusive, que acabaram sendo perseguidos depois pelo próprio regime revolucionário.
09:54Então, com o passar do tempo, o regime se institucionalizou,
09:57ele tem uma certa popularidade, a gente não pode ignorar isso.
10:02Eu mesmo estive no Irã em 2013, é muito comum em estabelecimentos normais,
10:07estabelecimentos comerciais, a gente encontrar fotos do Ayatollah Ali Khamenei,
10:12do Ayatollah Khomeini, é bastante comum.
10:15Então, quem diz que o regime não tem nenhuma popularidade está mentindo,
10:18mas, ao mesmo tempo, a gente sabe que existe, sim, uma oposição,
10:22parte da sociedade iraniana, um grupo mais ocidentalizado,
10:27que não vê com bons olhos o sumus que o Irã tomou nos últimos tempos.
10:32Dito isso, eu considero que o regime saiu fortalecido,
10:35porque o Irã, por ser até um herdeiro do Império Persa,
10:40é um país cuja população é muito orgulhosa da sua história.
10:43E é um país cuja população vê com preocupação a ação de grandes potências no seu território.
10:49Não apenas agora dos Estados Unidos, mas antes da Rússia, do Reino Unido,
10:53países que já invadiram e ocuparam o Irã no passado.
10:56Então, a gente até viu algumas manifestações de pessoas críticas ao regime,
11:02e, mesmo assim, disseram que estariam ao lado do governo para defender o país dessa invasão.
11:07É muito comum que países que sejam invadidos, o governante acabe ganhando popularidade.
11:12A gente viu isso no caso da Ucrânia, por exemplo.
11:15Então, eu consideraria que o regime no Irã saiu fortalecido diante desses ataques.
11:21Então, o pessoal está mostrando um país que heelグal,
11:24as primas e pequenas de presidentes do nosso país.
11:26Então, eu entrevista em caixa de Rússia.
11:27Eis para o Grão do Estado de Estado.
11:28E aí, com o tempo, o funcionário doador.
11:30E aí, com o que o cremar inaço do país?
11:32Também, com o respeito do trabalho.
11:33E aí, com o tempo, o tempo, o tempo, a gente já disse que oemorou muito melhor se eleva antes.
11:37E aí, com o tempo e o tempo, o tempo médio também estávenmo.

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