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  • 21/06/2025
Israel declarou que atacará o Irã sem trégua até o fim da sua ameaça nuclear. Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o professor de relações internacionais do IBMEC, Alexandre Pires, avalia essa postura intransigente.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/JVL_Uyio6b8

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Transcrição
00:00E para a gente falar mais sobre o conflito, nós vamos conversar agora com o professor de Relações Internacionais do IBEMEC, Alexandre Pires.
00:08Professor Alexandre Pires, boa noite, seja muito bem-vindo aqui ao Jornal Jovem Pan.
00:12Já quero te repassar essa questão também, que é justamente a possibilidade do fechamento do Estreito de Ormos,
00:17que é muito importante para as relações comerciais no Oriente Médio e com impactos também para o mundo todo.
00:23Bem-vindo, professor. Mais uma vez, um prazer te receber aqui na Jovem Pan.
00:26Boa noite, Nelson. Satisfação novamente.
00:31O Estreito de Ormos também não é só comercial.
00:34Nós temos ali, na sua parte ocidental, justamente os principais aliados americanos na Península Arábica.
00:43Nós temos ali Catar, temos Oman, Emirados Árabes, o Paite.
00:49Além de ser um importante exportador de petróleo, dessa commodity,
00:55também é uma região estratégica.
00:57Então, o fechamento dela levaria, sim, a uma pressão maior sobre os Estados Unidos
01:03para que ele adentre ali o conflito e tente abrir novamente essa saída ali do Golfo Pérsico para o Golfo de Oman.
01:11Perfeito. Professor Alexandre, eu vou trazer para a nossa conversa os nossos analistas.
01:16Quem vai te fazer a próxima pergunta é o Diego Tavares.
01:20Professor Alexandre Pires, muito boa noite.
01:21Um prazer conversar com o senhor aqui no Jornal Jovem Pan.
01:24Professor, com a escalada do conflito e esse conflito mais direto agora entre Israel e o Irã,
01:31ficou um pouco em segundo plano aqueles que sempre agiram como proxies do Irã,
01:36os grupos terroristas que atuam na região do Oriente Médio.
01:40Na sua avaliação, na sua perspectiva de especialista,
01:44qual passa a ser agora, com essa escala do conflito,
01:46o papel desses grupos terroristas no Oriente Médio?
01:50Boa noite, Diego.
01:51O que nós tivemos, sobretudo, foi o enfraquecimento desses grupos.
01:55Esses proxies que nós chamávamos ali do Irã,
01:59eles foram enfraquecidos ao início do conflito entre Israel e Hamas, em 2023.
02:06Então, mesmo os UTIs, o Hezbollah, mesmo o governo sírio ali com o Bashar al-Assad,
02:13todos eles que atuavam ali fortemente, abastecidos pelos iranianos,
02:19sofreram baixas, não só de pessoal, mas também logísticas.
02:24Tem uma certa incapacidade de manter o seu poder militar, poder bélico.
02:29Nós temos que lembrar, por exemplo, que a Síria era uma das principais rotas de entrada
02:34pra armamentos e materiais explosivos e outros itens, por exemplo, pro Líbano.
02:42Do outro lado, nós tínhamos ali uma rota que também foi fechada
02:48entre Egito, ou seja, a península ali do Sinai, e Israel com Gaza.
02:55Então, tudo isso fez com que esses proxies do Irã, esses aliados, grupos aliados,
03:01perdessem o seu papel estratégico.
03:03E o Irã, agora sofrendo um ataque, tem que concentrar tanto a sua capacidade militar,
03:09mas também os seus esforços na defesa do seu território.
03:12Professor Alexandre, a gente tem visto constantemente a possibilidade
03:18de que Israel elimine o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, né?
03:24Inclusive, a agência Reuters noticiou há poucos dias que haveria um plano de Israel
03:28nesse sentido e que seria um plano desencorajado pelo presidente americano, Donald Trump.
03:33Minha pergunta é, como funciona, em um regime xiita, como é o caso lá do Irã,
03:39a sucessão, se ele vier a ser atacado, eliminado pelo Estado de Israel?
03:43Lembrando que muitos de seus assessores diretos, inclusive,
03:46outros comandantes da Guarda Revolucionária já foram eliminados por Israel.
03:52Nelson, ali nós temos uma estrutura muito peculiar,
03:55é como se nós tivéssemos um governo republicano típico,
04:00ou seja, com o chefe de Estado, com o governo montado, os três poderes,
04:06como se tudo operasse na plena normalidade.
04:10E temos depois essa estrutura superior, que é religiosa, política,
04:17que é a Guarda Revolucionária, o Ayatollah,
04:22e essa sucessão do Ayatollah já aconteceu com o próprio Khamenei,
04:27que é o segundo Ayatollah, e isso tem uma dimensão ligada ao domínio mesmo religioso,
04:36a autoridade religiosa.
04:37A Ayatollah é um título para um grande mestre ali,
04:41em cima dos conhecimentos muçulmanos ligados ao Corão,
04:46e isso dependeria mais do que só política.
04:49Eu, pelo menos até agora, não identifiquei um sucessor claro para o Khamenei,
04:57caso ele seja assassinado ou venha a ser assassinado,
05:01porque aí é um processo muito mais complexo,
05:04porque não é puramente político e militar.
05:07Perfeito. Pergunta agora do professor Manuel Furriella.
05:11Olá, Alexandre.
05:12Nós sabemos que os Estados árabes, vários dos Estados árabes,
05:16melhoraram muito o relacionamento com Israel nos últimos anos,
05:20principalmente por interesses no futuro pós-petróleo.
05:24O caso da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
05:28sabe que Israel é um estado-chave em termos de investimentos.
05:32Então, o relacionamento melhorou substancialmente nos últimos anos.
05:36Por outro lado, eles também não podem se indispor por completo com o Irã,
05:41não só por questão de proximidade religiosa,
05:45mas até mesmo por questões geopolíticas em toda a região,
05:48mesmo os povos sendo diferentes.
05:50Como que você imagina que será um reposicionamento desses estados,
05:56caso esse conflito continue em relação a apoiar o Irã,
06:00em relação a apoiar Israel, numa neutralidade?
06:03Em termos gerais, como que você imagina esse reposicionamento na região?
06:07O que nós estamos vendo agora, Manuel, é justamente o que era previsível.
06:15Ou seja, existe uma oposição geopolítica muito grande entre a Arábia Saudita
06:20e também esses outros países que são os Emirados, os vários Emirados,
06:24Qatar, Kuwait, em relação ao Irã.
06:28Ou seja, é como se eles fossem oponentes geopolíticos.
06:31Tanto é que a Arábia Saudita é próxima dos Estados Unidos,
06:35vinha costurando uma pacificação com Israel até o ataque do Hamas,
06:41e o que nós estamos vendo agora é um afastamento deles do conflito.
06:45Ou seja, tentando manter uma neutralidade,
06:48eles conseguem, por posição própria e também geográfica,
06:54não permitir o acesso ao espaço aéreo deles.
06:58O espaço aéreo que tem sido usado é o da Jordânia e do Iraque.
07:01E isso faz com que eles fiquem, digamos, equidistantes desse conflito.
07:06Ou seja, não querem se envolver.
07:08E eu acredito que é isso que vai continuar.
07:10Porque qualquer posicionamento deles ou vai tragá-los para o conflito.
07:14Nós temos que lembrar que ali no Golfo Pérsico,
07:18esses países são fronteiriços com o Irã,
07:21diferente de Israel, que não é fronteiriço.
07:24E também todos eles têm armamentos e apoio militar dos Estados Unidos.
07:30Caso eles tomem partido,
07:32a geopolítica ali daquela região mudaria completamente.
07:37Professor Alexandre, a gente tem visto aí muito
07:39se noticiar sobre a possível participação dos Estados Unidos,
07:42até da Rússia, na mediação do conflito.
07:44Mas também temos aí algumas reuniões acontecendo no contexto da União Europeia.
07:49Qual a possibilidade da solução, da mediação vir da Europa?
07:55A Europa perdeu muito protagonismo, né?
07:57E tem mais problemas internos e regionais do que
08:01capacidade de interferir em problemas internacionais.
08:05É interessante esse movimento,
08:07mas é como se eles estivessem chegando atrasados, né?
08:10Ou seja, e são posições pedindo um desengajamento completo de Israel do conflito, né?
08:17E isso não pode, mas os dois países estão em guerra.
08:23É uma guerra aérea, mas é uma guerra.
08:25E agora, defesas já foram atingidas,
08:29vantagens táticas já foram estabelecidas,
08:32planos estratégicos já estão traçados,
08:36alvos militares já foram definidos como importantes,
08:40não só mais a questão nuclear,
08:43mas também a questão dos mísseis balísticos.
08:45Então, a Europa precisaria ter um discurso realista,
08:50coisa que eles não têm há muito tempo,
08:52nem internamente, nem regionalmente,
08:54eles têm uma visão muito realista do mundo, ultimamente.
08:58Então, um cessar-fogo não tem como acontecer agora.
09:03Nós temos dois países em campanhas aéreas,
09:07essas campanhas devem durar por mais de uma semana e meia,
09:11tendo em vista que já temos aí mais de uma semana de conflito.
09:15E até eles definirem ali a possibilidade de uma incursão terrestre,
09:20ou de uma intensificação dos ataques aéreos,
09:23com mísseis e ogivas mais poderosas,
09:28o cessar-fogo não vai acontecer.
09:30O que nós temos no mundo hoje,
09:32Israel tem sido um protagonista disso desde o Hamas,
09:35é o que nós chamamos de compelimento,
09:38ou seja, a paz pela força,
09:40não é mais dissuasão.
09:42Então, não há um interesse de Israel
09:44de permitir que o Irã se rearme,
09:49reconstrua as áreas danificadas das suas usinas
09:52e nem tenha tempo de produzir mais mísseis.
09:55Essa é a grande questão.
09:56Por isso que o cessar-fogo não é o melhor caminho
09:59que o mediador deve adotar.
10:01Tem que tentar convencer o Irã
10:04de que o futuro dele é a destruição,
10:07ou convencer Israel que a destruição do Irã
10:10não é o melhor caminho.
10:13Perfeito.
10:14Mais uma pergunta do Diego Tavares.
10:17O senhor falava pouco sobre os ataques aéreos,
10:20e hoje os Estados Unidos da América
10:21colocaram no ar os seus bombardeios B-2,
10:24que são os únicos aviões do mundo
10:26capazes de lançar aquelas bombas Bunker Busters
10:29que podem destruir as usinas nucleares do Irã
10:33que se encontram a mais de 100 metros de profundidade.
10:36O que isso representa no cenário do conflito?
10:38É a certeza da entrada dos Estados Unidos?
10:41É um sinal para forçar uma negociação?
10:44Como o senhor interpreta esse sinal?
10:47Diego, eu interpreto como, nesse momento,
10:50uma tentativa de forçar uma rendição
10:53ou uma negociação mais, digamos,
10:58generosa do Irã com relação ao seu programa nuclear.
11:02Ou seja, ainda a uma certa distância,
11:04os bombardeios teriam que estar posicionados
11:07um pouco mais próximos do Irã.
11:09Talvez isso aconteça.
11:11É como se eu fosse intensificando a minha pressão.
11:14Desloquei para Guam,
11:16depois eu tento me aproximar um pouco mais,
11:18no momento em que eles seriam táticos.
11:21Por enquanto, eles ainda não têm uma capacidade de uso
11:24no conflito direto.
11:25E, no limite, como o próprio presidente Trump disse,
11:30nas próximas uma semana e meia, duas,
11:33ele vai avaliar um ataque.
11:35Ou seja, se, depois de toda a movimentação americana,
11:38de porta-aviões, destroyers,
11:40bombardeios com capacidade de carregar
11:42essa bomba que é capaz de destruir
11:46a mais de 60 metros de profundidade no chão,
11:50e o Irã não se render
11:52ou não aceitar a Senac
11:54e vai desmantelar o seu projeto nuclear,
11:58talvez sim, aí sim,
12:00os Estados Unidos atacam.
12:03Mas nós temos que lembrar que guerras são dinâmicas.
12:06E o que isso quer dizer?
12:07Se houver uma janela de oportunidade,
12:10nos próximos quatro dias,
12:11tudo isso que nós estamos dizendo aqui
12:13vai cair por terra.
12:14Ou seja, se aparecer uma janela de oportunidade
12:17para Israel e os Estados Unidos
12:18acabarem com o programa nuclear iraniano,
12:21porque coletaram inteligência,
12:23conseguiram uma oportunidade de destruir as usinas,
12:26isso vai acontecer.
12:28Perfeito.
12:29Conversamos aqui com o professor Alexandre Pires,
12:31professor de Relações Internacionais do IBMEC,
12:34sempre conosco aqui na Jovem Pan.
12:36Muito obrigado, professor.
12:37Sempre um prazer te receber.
12:39Satisfação é toda minha.

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