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  • 19/05/2025
Com 14 andares e oito mil metros quadrados de área, o novo Edifício Pietro Maria Bardi soma-se à sede histórica já existente, chamada agora Edifício Lina Bo Bardi, e dobra a capacidade expositiva do museu.

Transcrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30Como fazer um novo edifício que converse com a arquitetura do edifício projetado pela Lina Bobardi?
00:52Essa arquitetura tem que respeitar e não competir com a arquitetura do edifício sede,
00:59mas sim trazer uma sutil referência e elementos que mostrem que, na verdade, estamos falando de um conjunto.
01:07Música
01:09Foi um processo de trabalho que começa em 2015, onde a gente entra, junto com a nova gestão,
01:28como uma equipe de arquitetura, para atuar no museu.
01:35O museu, naquela época, estava muito diferente das propostas arquitetônicas e expográficas da Lina.
01:42Então, a gente começa, sala por sala, no MASP, a fazer uma adaptação, uma transformação desses espaços,
01:51no sentido de resgatar as ideias principais da Lina Bobardi,
01:57deixar o museu mais original, puro e seco, do jeito que ela imaginou,
02:03tanto do ponto de vista da arquitetura, dos espaços, propriamente dito,
02:08quanto das expografias, que a gente fez cerca de 35 expografias,
02:12muitas delas baseadas em expografias da Lina.
02:15A Lina, dentre outras coisas, foi uma grande arquiteta,
02:22com uma facilidade enorme de atuar em várias escalas,
02:25e as expografias dela ficaram muito famosas.
02:30Então, a gente parte de um estudo arquitetônico, expográfico,
02:34em um modo de pensar do museu, junto com a coradoria, com a equipe toda do MASP,
02:39e começa a atuar ao longo de mais ou menos cinco anos.
02:42Talvez o mais emblemático para o público foi a volta dos cavaletes de vidro,
02:48que já não estavam no MASP há muito tempo,
02:50e acho que esse processo de cinco anos no museu,
02:54entendendo todas as questões do projeto original,
02:57e também as demandas contemporâneas de museografia, público,
03:03programa do que tem no museu,
03:05deram para a gente uma gama de conhecimento e de interlocução com a equipe do MASP,
03:12para poder chegar aqui.
03:22Então, por um lado, a gente tem aqui um retrofit de uma estrutura existente,
03:26que, por si, traz uma complexidade de engenharia,
03:30de logística de execução de obra bastante desafiadora.
03:35E, por outro lado, a gente tem inúmeras disciplinas necessárias
03:39para comporem um projeto adequado ao museu.
03:44O programa de museu, tecnicamente, é um dos mais complexos que tem na arquitetura.
03:48Por demandas de pé-direitos altos,
03:53por uma demanda de climatização super rigorosa,
03:56por uma demanda de sobrecarga,
03:58ou seja, quantas pessoas podem pisar,
04:00e contando também o peso das obras de arte,
04:03que podem estar nos salões.
04:04E a gente parte desse volume que hoje a gente vê aqui,
04:09em ruínas, que a gente tira uma laje,
04:12deixa uma laje, tira uma laje, deixa uma laje,
04:15ganha um pé-direito duplo,
04:17ganha um potencial construtivo para a cota máxima do edifício
04:21e completa, então, esse grande retângulo.
04:28E aí tem um lado funcional,
04:31as questões dos espaços necessários
04:34para melhorar a operação do museu
04:36e melhor acolher essa quantidade de visitantes que é crescente.
04:40E, da mesma maneira,
04:42a proposta de exposições temporárias
04:46com obras de empréstimo de outras instituições
04:49também cresceu.
04:51E aí, para receber essas obras e esse público,
04:54a gente percebeu que o edifício
04:57sede, o edifício Lina,
05:02ele tinha algumas carências intransponíveis.
05:05A gente não tem docas para o recebimento de obras de arte.
05:09E isso era impossível de adicionar no edifício existente.
05:15E aí, em resposta a isso,
05:18aqui no edifício Pietro,
05:19a gente vai ter três docas.
05:21Mas são muitas outras melhorias.
05:23Os espaços expositivos cresceram,
05:25são 70% a mais de áreas expositivas.
05:29Eu tenho um andar inteiro para o MASP Escola,
05:32que antes disso funcionava nos auditórios do MASP.
05:35Eu tenho um andar inteiro para o restauro de obras de arte,
05:40que também funcionava numa sala de dimensões acanhadas,
05:44no edifício Lina.
05:46E eu tenho aí uma série de melhorias nas instalações
05:51que estão por trás de toda essa estrutura física.
05:54Então, tem um dado interessante,
05:56que é, por exemplo,
05:57o sistema de climatização do MASP
05:59está na cobertura desse edifício,
06:01a partir de agora.
06:02O que é muito interessante,
06:03porque a gente pega um ar muito puro lá em cima,
06:07percorre todo o edifício vertical,
06:08vai se ligar pelo túnel,
06:10vai conseguir climatizar finalmente o MASP,
06:12como as demandas contemporâneas exigem
06:15do ponto de vista de preservação de obra.
06:19Então, esse edifício é um pouco uma cara,
06:22de ser uma máquina que dá suporte para o MASP
06:25ser tão simples e original
06:29como ele foi imaginado para Lina.
06:32Essa relação desse edifício com o MASP,
06:40ele tem muitos aspectos.
06:43Tem relações da materialidade, do concreto,
06:45da chapa de aço, do basalto,
06:48que é uma pedra que ela usa muito,
06:49do piso ser preto,
06:51é outro material, mas a cor do piso é a mesma.
06:55E essa relação da fachada também.
06:57O MASP, se você olhar em perspectiva,
06:59todas as linhas das janelas,
07:01das grandes janelas do MASP,
07:03são nessa cor grafite preto,
07:05que é a grande vista aqui da Paulista,
07:08você olha ele em diagonal,
07:09sempre na perspectiva do pedestre.
07:12Então, a gente reproduziu essa cor
07:13nessa chapa dobrada.
07:15e, por uma espécie de coincidência,
07:21os volumes todos dos edifícios são idênticos.
07:25Então, o MASP tem 70 metros de vão,
07:28esse edifício tem 70 metros de altura,
07:30e é a mesma coisa nos outros três lados,
07:34desse grande volume.
07:35Um é vertical, o outro é horizontal.
07:37E tem outras relações também.
07:41O térreo daqui tem o mesmo pé direito do vão livre.
07:45Então, por hora, tem algumas coincidências,
07:47assim, como a gente pode dizer,
07:50e, por hora, a relação era por contraste mesmo,
07:52de querer fazer um edifício diferente,
07:55que tivesse um outro tipo de galeria,
07:56que tivesse um outro tipo de programa,
07:58outras demandas.
07:58e, quando você pensa nesse sentido,
08:03a forma final necessariamente tem que ser diferente
08:06do que foi pensado pela Lina.
08:10As demandas eram outras.
08:17Ao meu ver, a maior virtude,
08:20do ponto de vista sustentável,
08:22deste projeto
08:23é o fato de que era um edifício
08:25que, durante muito tempo, não teve uso.
08:27Então, o fato de a gente ocupar
08:30e transformar esse edifício
08:32que estava abandonado
08:33num novo anexo do MASP,
08:37por si só, eu acho que é muito sustentável
08:39do ponto de vista da cidade mesmo.
08:41Do ponto de vista da construção,
08:42propriamente dito, física mesmo,
08:45tem alguns recursos muito interessantes.
08:48Então, essa fachada translúcida
08:50que a gente fez,
08:51que é uma segunda pele,
08:53absorve muito da radiação solar,
08:56do calor,
08:57então, o edifício é muito fresco
09:00e você economiza muito na climatização.
09:03E tem outras questões do uso de materiais.
09:06Tudo que está colocado aqui
09:07está colocado para durar muito tempo.
09:09Um piso de concreto raspado,
09:12polido aqui na obra.
09:14O forro é de aço.
09:16Essas chapas da fachada são de alumínio,
09:19ou seja, são materiais muito resistentes,
09:21que eu acho que também é outro aspecto
09:23pouco falado na arquitetura,
09:24mas que quanto mais resistência você der
09:27aos materiais proporcionais ao uso,
09:30que no caso aqui é um uso intenso,
09:33você vai estar economizando em recursos.
09:35e aí
09:40e aí
09:42e aí
09:43A CIDADE NO BRASIL