O deputado federal Otoni de Paula (MDB) comentou a decisão do STF que anulou parte da iniciativa da Câmara dos Deputados em benefício de Alexandre Ramagem, afirmando que já era previsível a posição da Corte. Para ele, cada poder deveria atuar com independência.
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00:00E para falar sobre a repercussão no Congresso da decisão do Supremo, conversamos ao vivo com o deputado federal, o Tony de Paula, do MDB do Rio de Janeiro.
00:10Deputado, muito bom dia para o senhor, obrigada pela gentileza da entrevista.
00:14Queria entender qual a avaliação do senhor, né, sobre a postura do próprio presidente da Câmara, Hugo Mota, ao colocar a votação que travaria a resolução da ação penal em relação a Alexandre Ramagem.
00:32Eu quero saudar a todos da nossa jovem Pan, a nossa querida Soray, o nosso querido Marcelo, dizer a vocês o seguinte.
00:41Eu entendo que o presidente Hugo Mota está sob grande pressão, não é?
00:47Tanto a pressão para atender a um prévio acordo feito para a sua eleição de pautar esta PL que concede a amistia,
01:02quanto a pressão que já se tornou muito natural que a Suprema Corte faça sobre a casa, não é?
01:12Quando eu digo que já se tornou muito natural é porque nós não deveríamos ver isso como natural.
01:18Cada poder deveria ser independente, como diz a Constituição, trabalhando em harmonia.
01:25É o que nós entendemos constitucionalmente.
01:30Mas nós vivemos hoje um momento difícil na nação brasileira, obviamente, onde um poder claramente usurpa para si toda a autoridade
01:41que deveria ser dividida na nossa república entre todos os demais poderes.
01:48Mas esse é um momento que nós estamos vivendo triste no nosso país.
01:54Agora, era claro de que a Suprema Corte iria tomar essa decisão que tomou, talvez não com a celeridade que tenha tomado.
02:04O que me chama a atenção é a celeridade.
02:08Menos de 48 horas, 72 horas, a corte já tinha formado maioria para derrubar a decisão soberana da Câmara Federal.
02:20Portanto, voltando ao presidente Hugo Mota, eu entendo que ele está numa situação muito complicada, muito difícil,
02:31mas ele precisa ter a altivez que se espera de um presidente da casa.
02:38Nós votamos nele, não para ser subordinado a qualquer poder, seja o executivo, seja o judiciário,
02:46mas para representar com altivez a presidência que lhe foi dada,
02:52e eu creio que ele está tentando fazer isso sem criar maiores rompimentos, não é?
02:59Maiores consequências ruins, mais do que nós já estamos vivendo hoje.
03:06Deputado, bom dia.
03:08Em relação, ainda falando sobre esse desdobramento, como o senhor disse, né?
03:12Na eleição nós tivemos até o alinhamento do PL, juntamente com o PT, votando no Hugo Mota e também no Davi Alcolumbre.
03:18E dentro das negociações, como o senhor colocou, era a colocação na Câmara do projeto da Anistia, né?
03:25Para votação.
03:26E aí a Câmara decide, quem tem mais votos vence, quem tem menos perde, evidentemente.
03:31Mas depois nós tivemos aquele inquérito que passou a investigar o ex-presidente Bolsonaro,
03:35a situação ficou praticamente paralisada,
03:39mas tivemos também as penas que foram dadas aos participantes do ato de 8 de janeiro,
03:45e a dosimetria passou a ser questionada.
03:49Então, houve uma alternativa agora que o Senado pode discutir,
03:52as penas dos acusados do dia 8 e também condenados do dia 8 de janeiro.
03:57O senhor acredita que o PL da Anistia tem viabilidade para passar na Câmara
04:01e por isso que busca-se uma alternativa no Senado para que ele não passe,
04:06mas haja a redução das penas aos envolvidos de 8 de janeiro?
04:10Mais uma vez, bom dia, seja bem-vindo.
04:12Marcelo, muito bom dia.
04:16Eu sempre fui um parlamentar que sempre celebrei a independência,
04:21apesar de ter lado, não é?
04:24Eu sou de direita, conservador, fui vice-líder do presidente Bolsonaro,
04:30me declarei agora há pouco tempo que sou um ex-bolsonarista,
04:34não por não apoiar o presidente Bolsonaro,
04:37mas porque para ser bolsonarista você tem que concordar com tudo o que o presidente,
04:43a quem eu tributo todo o respeito do mundo, diz.
04:47E nem tudo a gente pode concordar, não é?
04:50Então, o que eu vou falar aqui agora é celebrando aquilo que eu sempre celebrei,
04:55que é a minha comércia.
04:56Eu entendo o seguinte, o que prejudicou a tramitação da urgência do PL da Anistia,
05:07que eu fui um dos primeiros a assinar,
05:11foi que havia brechas para que este PL, de alguma forma,
05:17beneficiasse o presidente Bolsonaro e os demais envolvidos como aqueles principais agentes
05:28da tal trama golpista que eles dizem, não é?
05:31Bem, assim como esta ação que nós,
05:37essa última votação que beneficiou também o deputado Ramagem,
05:43também beneficiava o presidente Bolsonaro.
05:50Então, deixa eu colocar claro aqui uma coisa.
05:53Enquanto nós tentarmos votar alguma coisa sobre a Anistia
05:58que possa gerar benefícios ao presidente Bolsonaro,
06:03nós não vamos avançar, Marcelo, de maneira nenhuma.
06:07Seria necessário de que o presidente Bolsonaro viesse a público
06:11e de uma forma muito clara, muito clara,
06:16fizesse dois movimentos.
06:18O primeiro, dissesse que ele não quer ser beneficiado
06:24em nenhum projeto que o anistie,
06:28de que a prioridade para ele são os patriotas que estão presos.
06:34e, na formulação do projeto de lei,
06:39ele mesmo cuidasse de não haver brechas no projeto de lei
06:44que pudesse dar uma ideia dúbia
06:47de que ele poderia ser beneficiado.
06:51Eu entendo o momento que o presidente Bolsonaro vive,
06:55entendo a perseguição implacável contra ele,
06:59mas, nesse momento, como líder da nossa direita,
07:04como o maior líder que nós já tivemos na direita brasileira,
07:08Bolsonaro precisa ter a altivez de um líder
07:12de proteger o seu povo.
07:15Como capitão do exército,
07:18ele sabe que o oficial é o último a ser beneficiado,
07:24é o último a sair do campo de batalha,
07:28porque ele protege os seus soldados.
07:32Infelizmente, nós não demos o aviso,
07:35no tempo certo,
07:36para os patriotas saírem daquela porta,
07:40daqueles quartéis, não é?
07:42Eu tento avisar,
07:44eu fui a público,
07:46este vídeo está nas redes sociais,
07:49quando eu disse,
07:50saiam da porta dos quartéis,
07:53vocês serão presos,
07:54e não haverá ninguém que possa defendê-los.
07:58Eu fui chamado de traidor.
08:01Naquele momento,
08:01Marcelo,
08:02Soraya,
08:03eu não poderia dizer que eu tinha acabado
08:06de sair da casa do presidente Bolsonaro,
08:10do Palácio do Alvorada.
08:12O encontrei muito debilitado
08:15e disse,
08:15presidente,
08:16nós perdemos,
08:18precisamos nos reorganizar como oposição.
08:20E eu disse a ele,
08:22presidente,
08:23o senhor precisa dar uma voz de comando,
08:26pedindo aos patriotas
08:28para que saiam da porta dos quartéis.
08:31Bem,
08:31ele estava tão abalado naquele momento,
08:33que eu não sei se ele não me ouviu,
08:35eu só sei que ele não reagiu.
08:37Então,
08:38eu entendi que eu tinha que falar alguma coisa