Dário Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, está estudando a implementação de um plano de contingência com ajuda pontual a empresas brasileiras afetadas pelo "tarifaço" de Donald Trump. Durigan afirmou que a Fazenda precisa "socorrer as nossas empresas" diante da taxação de 50% que entra em vigor em 1º de agosto. Dora Kramer e Nelson Kobayashi comentam essa possível ajuda do governo Lula e os impactos para as contas públicas, que já enfrentam desafios com o ajuste fiscal.
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00:00O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta terça-feira que o Ministério estuda uma ajuda pontual aos setores da economia atingidos pela taxação de 50% que o presidente Donald Trump impõe aos produtos brasileiros.
00:16Segundo Durigan, essa possível ajuda seria feita com o menor impacto possível nas contas do governo. Acompanhe.
00:23A gente também tem olhado para a eventual necessidade de socorrer empresas brasileiras, o que será feito dentro da nossa linha que a gente sempre adotou, com o menor impacto fiscal possível, pontual e para aqueles que de fato tenham sido afetados.
00:42Agora, não tenho maiores detalhes sobre isso, a gente tem feito conversas ainda a serem validadas pelo Presidente da República.
00:51O secretário também declarou que estão trabalhando para receber os setores afetados pelas tarifas e oferecer um plano de contingência para que a economia sofra o mínimo possível com as taxas.
01:05Em outro caminho, o presidente Donald Trump anunciou agora há pouco acordos com Filipinas e Japão.
01:11Vou chamar mais uma vez nossos comentaristas, o Kobayashi aqui nos estúdios e a Dora Kramer.
01:16Começo por você, Kobayashi, essa discussão sobre as tarifas e agora essa sinalização do presidente dos Estados Unidos negociando com os outros países, talvez possa ser um caminho aqui para o Brasil.
01:27Mas e o governo preocupado com essa situação? Será que dinheiro público vai ser usado para ajudar os setores?
01:34É nesse momento, Thiago, que no meu ponto de vista vai ser colocado na mesa do presidente e dos seus principais aliados o interesse político e o interesse público,
01:43porque eventualmente um pode anular o outro.
01:46Nesse momento, o melhor seria de fato um acordo para evitar que no dia 1º de agosto entre em vigor a taxação ao Brasil dos 50%.
01:55Mas, politicamente, o presidente está colhendo bons frutos com tudo isso que está acontecendo.
02:00A popularidade dele deixou de cair, aliás, pelo contrário, teve uma alta, foi a primeira vez que nas redes sociais teve uma virada de chave em favor dos interesses do presidente.
02:12O presidente poderia, nesse momento, diante inclusive de um pacote de bondades, como a Sena, o secretário executivo da Fazenda Pública,
02:22colher ainda mais louros desta crise toda, porque em toda crise é uma oportunidade.
02:27E se há taxação no dia 1º e o presidente atribui essa taxação ao Bolsonaro e, pelo contrário, ainda coloca benefícios,
02:35um pacote de segurança para os empregos dessas indústrias, indústria do aço, por exemplo,
02:41ou subsídios para o agronegócio, que seria impactado, ele poderia melhorar ainda mais a condição dele de popularidade.
02:47Mas, para o Brasil, para o interesse público e não político, seria muito melhor, de fato, um acordo.
02:53É, e Dora, como é que é possível fazer essa separação, se é possível?
02:57E tem esse ponto que o Kobayashi fala, né?
02:59De uma certa maneira, o presidente Lula e o governo como um todo, vamos falar sobre o governo,
03:03vem surfando nessa onda agora.
03:06Aí, se as tarifas entrarem em vigor, isso vai exigir uma habilidade que, por enquanto, não foi colocada à prova, né?
03:15Não, pois é, porque não há nenhum sinal de que o governo americano esteja disposto a negociar o que quer que seja.
03:23Faltam o quê? Nove dias? Dez dias, né?
03:27Para o... Nove dias, né?
03:29Para a entrada em vigor e nada até agora se mexeu.
03:33E tem essa questão política no meio dessa exigência maluca sobre perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
03:42Mas o governo está preocupado e querendo correr com o que o ministro da Fazenda chamou ontem de plano de contingência.
03:50Diz que vai... Que é isso que o Dario Duriga está falando?
03:53Um plano de contingência é alguma coisa semelhada às ajudas que foram dadas durante a pandemia, né?
04:01Então, mas isso tudo está em suspenso.
04:04Ainda não foi apresentado ao presidente Lula, segundo o ministro, vai ser ainda apresentado.
04:10Mas o governo está preocupado exatamente com a consequência concreta, por quê?
04:17Essa surfada na onda política é uma coisa que tem prazo de validade, né?
04:22Soberania também é uma matéria de soberania nacional, de uso limitado.
04:28E se e quando, se e quando, ou quando e se as tarifas dessa magnitude entrarem em vigor e se chegarem à mesa, aos bolsos dos brasileiros,
04:42essa conta, já falamos sobre isso, essa conta vai ser cobrada, não é do ex-presidente, é do atual presidente.
04:50Porque, é claro, o governante de turno é que precisa tomar providências pra não deixar o barco afundar.
04:58Essa é a preocupação do governo, por isso a elaboração desse plano de contingência pra minimizar possíveis prejuízos que a gente não sabe.
05:08Porque, realmente, essa onda tá tudo ótimo, tal, ela melhorou a popularidade do presidente, os índices de aprovação e tal,
05:20mas se o bicho pegar aqui dentro, se as coisas em desemprego, queda na produção, aumento de inflação,
05:30efeito sobre a produtividade, tudo isso é conta que vai ser cobrada do governo.
05:37E você não tem a menor dúvida, Tiago, de que o governo está perfeitamente ciente e muito preocupado com isso.
05:46É, e só pra dar um exemplo, essa negociação do governo americano com o Japão,
05:51o Japão vai investir nos Estados Unidos mais de 500 bilhões, só que ainda vai ser taxado em 15%.
05:58Ou seja, o Brasil não tem essa bala pra fazer um investimento desse.
06:02Agora, o curioso, que eu já vi você fazer um comentário e também escrever nas suas colunas, Odora,
06:07sobre a eleição de 2026.
06:10Ninguém vota ou reprova Donald Trump nas urnas, não é?
06:14Pois é, exatamente isso.
06:16Eu acho que esse é um ponto crucial.
06:18Por isso que eu falei do prazo de validade, né, Tiago?
06:21Porque quando chegar outubro de 2026, você vê que eu não tô nem botando o ano de 2026,
06:28porque o eleitorado, de uma forma geral, só se mobiliza muito mais adiante.
06:34Quando chegar lá, a pessoa vai ali, entra no lusco-fusco, como a gente dizia,
06:40do lusco-fusco da cabine indevassável, ele vai lá estar preocupado com o que o Dizel deixa de dizer ao Donald Trump?
06:49Não, ele vai querer saber a decisão dessa pessoa, desse eleitor, dessa eleitora,
06:56é sobre um julgamento sobre a gestão do atual governante
07:02e sobre o cotejo de interesses sobre o que os oponentes também estão apresentando,
07:10como projeto de país, como alternativa.
07:13Então, esse Trump, entendeu?
07:15Ele que se atropele nas próprias pernas, na gritaria que ele faz,
07:21que eu acho também que isso também não pode durar a vida toda,
07:25que você não briga com todo mundo o tempo todo e sai sem ser machucado.
07:30Claro que não.
07:31Uma hora isso aí vai dar algum problema.
07:33Então, essa é que é a questão, né?
07:37O governo precisa se preparar para não ser o responsável pelos prejuízos.
07:46Ok, criados pelo bolsonarismo, perfeito, mas é tal negócio.
07:54Numa briga, tem uma hora que não importa quem começou.
07:57A questão são os danos decorrentes dessa briga e a capacidade de acabar com ela.