O Ministério da Fazenda negou que usará o controle de dividendos como resposta ao tarifaço de Donald Trump. A medida havia sido cotada como uma possível reação brasileira na crise comercial. Jesualdo Almeida e Diego Tavares comentam.
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00:00Como uma possível retaliação ao governo americano, o governo brasileiro cogitava limitar os dividendos de empresas americanas.
00:07Mas o ministro da Fazenda negou essa possibilidade. Aline Beckett.
00:11O Ministério da Fazenda negou que o governo esteja considerando a adoção de medidas de controle sobre os dividendos de empresas com sede nos Estados Unidos
00:21como forma de retaliação à tarifa de 50% anunciada por Donald Trump.
00:26Em nota, a pasta reafirmou que essa possibilidade não está em discussão, mesmo que as negociações com o governo Trump não avancem.
00:34A declaração foi feita após especulações no mercado. Segundo a Fazenda, a prioridade continua sendo o diálogo diplomático e comercial com os americanos.
00:44As negociações com o governo de Trump estão sendo coordenadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera o grupo interministerial formado pelo presidente Lula.
00:54O grupo tem se reunido com os setores impactados pela medida norte-americana.
00:59Segundo o Alckmin, a soberania brasileira é inegociável e o governo segue unido ao setor privado.
01:06O vice-presidente afirmou que a prioridade é construir uma solução via diálogo e que um recurso à Organização Mundial do Comércio
01:14será usado apenas como última etapa se o tarifácio entrar em vigor, o que está previsto para 1º de agosto.
01:22Primeiro, uma união nacional em torno da soberania do país, que é inegociável.
01:29Depois, a necessidade de um empenho para o desenvolvimento, para a gente suspender esse aumento de alíquotas,
01:40que é muito ruim e é um perde-perde, que não é ruim só para o Brasil, é ruim também para os Estados Unidos.
01:47Encarece produto nos Estados Unidos, leva a aumento de inflação.
01:53Então, o empenho todo, nós ouvimos bastante, levantamos os investimentos também de empresas brasileiras nos Estados Unidos,
02:03qualificamos a proposta e a disposição do Brasil é a negociação.
02:09Até o momento, o governo dos Estados Unidos não respondeu a carta oficial enviada pelo Brasil com o pedido de suspensão das tarifas.
02:18De Brasília, Aline Beckett.
02:20Vamos analisar mais essa camada da história.
02:22Eu quero começar com o Gesualdo Almeida, porque, Gesualdo, nós acompanhamos ao longo da última semana,
02:28em reuniões do vice-presidente Geraldo Alckmin, com aquele grupo que ele montou,
02:32de empresários e associações que representam os setores que podem ser impactados,
02:35um temor desses setores de que o Brasil já partisse para uma retaliação,
02:40o que eles consideravam perigoso para uma tratativa.
02:44Você entende que a retaliação deve ser cogitada em algum momento,
02:50ou é necessário esgotar toda e qualquer possibilidade de negociação,
02:57e sequer pensar numa possibilidade de retaliação como alternativa?
03:02Evandro, ontem, aqui na PAN, nós entrevistávamos um professor Blinkenstein,
03:07ele dizia que o Trump, eu achei muito interessante a expressão dele,
03:11o Trump faz um bullying internacional, porque ele é o valentão e é o forte da sala de aula, né?
03:17Não dá para fazer um enfrentamento direto com a mesma narrativa e com a mesma força do Trump.
03:22Os Estados Unidos são mais relevantes para a gente, como ficou muito claro aqui,
03:25do que nós somos para eles.
03:27Logo, a abordagem tem que ser diferente, não pode ser narrativa por narrativa e pressão por pressão.
03:32Nesse, nós não temos chance, nesse modelo a ser adotado, nós não temos chance.
03:37Extrai-se da fala do Alckmin a pouco.
03:39É necessário uma união nacional.
03:41Talvez já tenhamos conseguido, o governo está conversando com vários setores,
03:45e todos eles unificaram o discurso, no sentido de que a política não pode interferir na economia.
03:51Portanto, o discurso está razoavelmente alinhado.
03:53Tá bom, agora chegará no dia fatídico e os Estados Unidos aplicarão as medidas que pretenderam,
03:59as tarifas de 50%, o que o governo brasileiro pode fazer?
04:02Aplicar tarifas também? Acho pouco provável.
04:05Isso traria inflação para o cenário nacional.
04:08E a inflação já é um dos grandes desafios desse governo.
04:12Ele não pode se dar ao luxo de permitir que um agente inflacionário externo
04:15aumente ainda mais a perda do poder aquisitivo do povo brasileiro.
04:20Taxar as big techs.
04:21Num primeiro momento, eu achei que esse seria o cenário.
04:24Impor impostos às empresas americanas.
04:27Mas isso tem um problema interno também para a gente.
04:29O Brasil adere, por força constitucional, ao modelo tributário da isonomia.
04:35É muito difícil que nós apliquemos impostos para um segmento,
04:39sem, inclusive, prejudicar o próprio segmento brasileiro, as empresas brasileiras.
04:44Portanto, resta o diálogo, resta a negociação.
04:47E volto a dizer, em que pese o Brasil ter enviado uma carta para os Estados Unidos,
04:51essa carta ainda não ter sido respondida, é muito pouco.
04:54Só o envio de uma carta, dentro de um cenário desse que se aproxima do caos,
04:59impõe medidas mais duras, medidas mais enérgicas de negociação.
05:03Diego, quanto mais comercial for essa conversa,
05:07ou seja, distanciar fatores e critérios políticos, melhor para o Brasil?
05:12Sem dúvida, Soraya.
05:15E o Brasil tem todas as experiências internacionais do passado recente para observar.
05:20Quando ensaiou-se uma guerra comercial entre Estados Unidos e China,
05:24uma guerra comercial mais incisiva,
05:26haja vista que esses países vivem em guerra comercial,
05:29as tarifas aos chineses chegaram ao patamar de 125%
05:32e, após as negociações, recuaram.
05:35Esse tem que ser o nosso norte.
05:38Está muito claro que Donald Trump tem uma estratégia.
05:40ele elegeu-se sob uma plataforma de refundar a ordem econômica mundial
05:45e, assim, está fazendo.
05:47E o Brasil tem o comportamento de muitos outros países
05:50para analisar e adotar um comportamento semelhante.
05:53Trump está esperando um convite para a mesa de negociações.
05:57Isso é um fato, porque não só o Brasil precisa dos Estados Unidos.
06:00Os Estados Unidos também precisam muito de tudo aquilo que o Brasil,
06:04para eles, exporta.
06:05Precisam muito da nossa carne bovina,
06:07precisam muito do suco de laranja aqui do estado de São Paulo.
06:10precisam muito dos nossos pescados.
06:12Os Estados Unidos correspondem a 85% dos pescados que são exportados aqui no Brasil.
06:19Então, é muito importante, principalmente para a nossa economia,
06:22que essas conversas tenham logo início.
06:24Afinal de contas, nós não estamos só falando do lucro de grandes exportadores.
06:28Nós estamos falando de verdadeiras cadeias que existem aqui no país
06:32e que, se esse tarifácio não for revertido, não for amenizado,
06:36vai impactar, inclusive, milhares de empregos.
06:38É primordial que o Brasil adote o caminho pragmático,
06:42o caminho diplomático das negociações nesse momento.