Em meio à recente imposição de tarifas por Donald Trump aos produtos brasileiros, o Partido dos Trabalhadores e sua militância intensificam a campanha e o discurso contra o ex-presidente americano. Dora Kramer e Cristiano Vilela analisam que o governo Lula está "aproveitando a polêmica" gerada pelo "tarifaço" e pelas falas de Trump em defesa de Jair Bolsonaro para fortalecer sua base e criticar a oposição.
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00:00O PT lança uma campanha chamada Defenda o Brasil, em uma resposta ao anúncio da tarifa de 50% de Donald Trump sobre os produtos do país.
00:09De volta à Brasília com o André Anelli, essa propaganda chama atenção. Por quais motivos, André?
00:17Pois é, Tiago, é mais uma propaganda defendendo, então, que os brasileiros façam críticas a toda essa política adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
00:28A campanha do Partido dos Trabalhadores, intitulada Defenda o Brasil, pede que a militância compartilhe as ações publicitárias que são contra o que consideram como traidores da pátria e falsos patriotas.
00:42As imagens divulgadas têm as cores e o formato da bandeira brasileira.
00:48No vídeo, os petistas colocaram a frase Eles roubaram nossa bandeira logo no começo.
00:53Além disso, são feitas citações ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas.
01:01Uma das ações diz, abre aspas,
01:04Patriotas batem continência para outra bandeira.
01:09Bajulam Trump 50% de imposto na importação brasileira.
01:14Silêncio covarde dos falsos profetas.
01:17Usaram nossa bandeira como fantasia para esconder traição, mentira, submissão.
01:24Essa bandeira não é adereço, não é figurino de traidor.
01:29É símbolo de um país que trabalha.
01:32Nossa bandeira é para ser defendida.
01:35Defenda o Brasil, então, fecha aspas.
01:37Essa é a mensagem do Partido dos Trabalhadores, uma delas compartilhada nas redes sociais.
01:44A gente relembra ainda que o PT pretende manter simultaneamente essa campanha junto à anterior,
01:52que é focada naquela taxação de super ricos, bilionários, bancos e betes.
01:57A taxação BBB, campanha essa que teve significativo engajamento também nas redes sociais.
02:03A decisão foi tomada em uma reunião recente da Legenda,
02:07que avaliou de forma positiva os resultados dessa estratégia anterior
02:12e espera agora repetir o sucesso também.
02:14Tiago.
02:15É isso.
02:15André Nery, então, trazendo informação sobre essa campanha do PT.
02:18Você volta na programação da Jovem Pan.
02:20Mais um giro com os comentaristas.
02:22Dora Kramer, quais são as digitais políticas dessa campanha?
02:26E tem aquela discussão.
02:28É o governo, não deixa de ser o PT, né?
02:30O governo tentando melhorar a relação nas redes sociais, chamar atenção nas redes sociais, Dora?
02:37Totalmente, né?
02:38Agora chama atenção porque foi ágil, né, a reação.
02:42Isso não era uma marca até agora.
02:45Mas é o governo surfando ou tentando surfar no nacionalismo,
02:49capturar essa bandeira, que era uma bandeira da direita,
02:52e a gente vê que o governo encontrou morte, né?
02:56E nesse caso continua em vantagem em relação à oposição,
03:00no campo político, no campo dessa disputa,
03:02porque a oposição ainda está ali sem saber direito quem que é o inimigo.
03:07Se é o Alessandro Moraes, se é o Lula, quem é, como é que faz,
03:10como é que faz para não ser confundido com o inimigo do país.
03:15Agora, esse slogan, defenda o Brasil, ele tem um subtexto, né?
03:19O subtexto é defenda o governo,
03:22porque aí é o governo tentando se colar, se confundir.
03:26É o Brasil, é o governo.
03:28E a realidade não é bem assim, as coisas não doem bem assim, não.
03:32Não é assim, tá certo?
03:33A democracia não é o governo, a democracia é um todo.
03:37Mas a campanha faz essa insinuação, procura vender exatamente essa ideia
03:47e é o papel da propaganda.
03:48A gente está aqui exatamente para tentar destrinchar quais são as intenções,
03:53segundas, terceiras, quintas e oitavas, por trás das palavras que são ditas.
03:58E, Vilelo, o que chama a atenção, o André leu um trecho do documento
04:03quando se fala de patriotismo, né?
04:04Ou seja, os campos vão se misturando nesse caso, né?
04:08Ah, exatamente.
04:09E pelo que consta, pelo que parece, pelo menos nesses primeiros momentos,
04:14hoje esse segmento mais governista, vamos assim dizer,
04:17o grupo ligado ao PT, acaba demonstrando um certo sucesso
04:21e nesse primeiro momento ter saído à frente, ter agido com rapidez,
04:25com agilidade, no sentido de construir essa narrativa.
04:29Isso sendo feito por um partido político, por exemplo,
04:31eu não vejo problema nenhum.
04:33Faz parte da disputa política, faz parte do confronto democrático.
04:37Onde eu vejo que há um problema é a partir do momento que os homens do Estado,
04:42que as figuras do Estado brasileiro, eventualmente deixem de praticar os atos necessários
04:49de negociação, de prudência, de um discurso mais sóbrio em determinados momentos
04:53e passem a se utilizar das estruturas de Estado para fazer palanque político.
04:58Aí eu entendo que é inadequado.
05:00Odora, mas falando sobre comunicação, não talvez especificamente do PT,
05:04mas do governo como um todo, houve uma mudança no começo do ano,
05:08mas o governo ainda está atrás nessa questão digital na comparação com o campo da centro-direita?
05:14Na comparação, claro que está, né?
05:18Ele teve essa...
05:19Olha, eu acho que o Donald Trump deu uma mão, estendeu uma mão, involuntariamente, claro, né?
05:25Mas estendeu uma mão para o governo e o governo está aproveitando essa chance.
05:32Deve ver que desde a mudança da comunicação de janeiro,
05:36foi exatamente no dia 17 de janeiro que o Sidonio Palmeiro assumiu.
05:41De lá para cá, antes desses acontecimentos,
05:44antes dessa chance de ouro aí dada pelo Trump,
05:48nada tinha acontecido em matéria de recuperação de comunicação.
05:52E essa foi uma chance que o governo está aproveitando.
