- anteontem
Fabio Costa Pereira, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, explica quais são as características apresentadas por jovens impactados pela radicalização no mundo digital.
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00O que você chama de excesso de tela?
00:03Qualquer coisa mais de 30 minutos por dia.
00:05Caramba, eu acho que todos os jovens que eu conheço sofrem de excesso de tela.
00:09Eu gosto de fazer aquelas contas de padeira, assim.
00:13Aquelas continhas rápidas, tá?
00:15Vamos lá.
00:19Tela recreativa.
00:20Vamos lá, vocês que estão aí em casa.
00:22Não me imitam, tá?
00:23O pessoal gosta de dar uma...
00:26Todo mundo, no mínimo, umas duas horas de tela recreativa.
00:28Chega em casa, cansado, começa o dedinho ali rolar, né?
00:33TikTok, Instagram, Reels.
00:37Ali, o dedinho...
00:38Se a gente ficar com o dedinho, assim, nessas telas recreativas,
00:41uma hora e vinte e duas horas por dia,
00:43descontando o tempo de sono,
00:45a gente perde, num ano, 30 dias.
00:48Sem fazer força.
00:50O cérebro dos nossos filhos não está preparado,
00:53o cérebro do adolescente,
00:54para aguentar tanta carga de informações,
00:56tanta carga de dopamina,
00:58É isso que eu acho que é um elemento muito importante
01:02que você levantou aí,
01:04porque não é só carga de informação.
01:08É um tipo selecionado de informação,
01:13projetado e modelado para excitar você,
01:20agitar.
01:20Então, você passa um vídeo,
01:23tem um sujeito escalando uma montanha,
01:26e aí você vê o penhasco.
01:27Aí você passa o outro vídeo,
01:30é uma festa maravilhosa em algum lugar.
01:32Você passa...
01:33É sempre alguma coisa
01:35que faz o seu cérebro...
01:38borbulhar.
01:38Acender.
01:40E aí,
01:40o que a gente vê é que esses nossos adolescentes,
01:42eles precisam cada vez mais doses de dopamina.
01:47E isso a gente percebe muito,
01:49porque eles consomem muita violência.
01:52Então, muita violência extrema.
01:54Tem muita automutilação nesse meio.
01:56Tem muitos desafios.
01:57Tem muita pedofilia.
01:58Muita troca de CP,
02:00que é pedofilia infantil.
02:02Muita troca de arquivos de CP.
02:04Muito satanismo.
02:07É um outro mundo
02:09que, infelizmente,
02:11os pais não se dão conta.
02:13Talvez o conselho que a gente sempre dá do núcleo...
02:18Vocês precisam limitar o tempo de tela dos filhos
02:21e saber que os filhos estão consumindo.
02:22É simples.
02:23Pai não pode ser amigo.
02:24Pais não pode ser amigo.
02:25Pais tem que ser pais.
02:26Quando eles ficarem adultos,
02:27a gente é amigo e fica.
02:29Mas até um determinado período da vida,
02:31eles precisam dessa imposição da lei.
02:34E isso a gente vê consequências concretas.
02:36Porque, assim,
02:37não é que os pais sejam maus.
02:39Não é que os pais sejam desligados com os seus filhos.
02:43Não é que eles façam abandono digital.
02:45Não é isso.
02:46É que os pais têm a modelagem do século XX.
02:49Eu acho que tem isso, Fábio.
02:51Tem dois elementos aí.
02:52Primeiro,
02:53nós que não somos nativos digitais,
02:58nós não entendemos esse mundo novo.
03:01Não adianta dizer que a gente entende.
03:03A gente não entende.
03:04Eu uso a internet desde que ela começou.
03:08E eu me lembro que um dia eu entrei no quarto do meu filho,
03:12ele estava lá com o computador dele,
03:14estava lá numa tela, ele tinha o Discord,
03:16na outra ele tinha uma outra...
03:19Eu olhei praquilo ali,
03:21ele parecia que estava numa estação de controle da NASA.
03:26E ele tinha sete, oito anos.
03:28Eu olhei praquilo ali,
03:29eu que trabalhei com TI a vida inteira,
03:31que uso a internet desde que começou,
03:34aquilo ali pra mim...
03:35Então, tem esse elemento da incapacidade da maioria dos pais de entender.
03:41Agora, tem outra coisa que você levantou aí que é importante.
03:44Você falou de várias plataformas que até os pais usam.
03:48O TikTok, os pais usam.
03:51Instagram, ninguém consegue deixar de usar.
03:54Agora, você mencionou outras que a maioria dos pais desconhece.
03:58Acho que a maioria dos pais não usa o Discord.
04:00e outras plataformas aí.
04:03Está aparecendo muito no mercado,
04:04neste mercado, entre aspas,
04:06Zanji e o SimpleX.
04:08Eu nunca tinha ouvido falar.
04:09E não são big techs,
04:10são empresas que estão entrando.
04:16Só que os nossos adolescentes têm uma capacidade
04:18de adaptabilidade muito grande.
04:20Eles se adaptam muito rápido aos estímulos externos.
04:24E no núcleo a gente fala,
04:25se a gente ficar uma semana fora destas redes,
04:28a gente está fora do jogo.
04:29Porque todo momento vão mudando.
04:32Desde a linguagem,
04:33se tem uma linguagem própria,
04:34e mesmo os desafios.
04:36As trendes vão mudando muito rapidamente.
04:39Claro que eu não vou falar aqui quais são as trendes atuais.
04:42Mas as trendes do que eram no início do ano
04:44já não são mais agora.
04:46Então, o nosso grau de inquietação e preocupação
04:50é sempre recorrente.
04:52Porque eles estão sempre um passo ou dois passos à nossa frente.
04:55tudo aquilo que...
04:57Para ter uma ideia,
05:01um dos adolescentes, que a gente estava escutando lá,
05:04ele estava achando que os pais estavam muito em cima
05:06e tinha algumas coisas que ele não queria que ele visse.
05:10Aí o outro dia diz assim,
05:12eu faço o seguinte, apaga,
05:13mas coloca o link no bloco de notas.
05:15Qual o pai que sabe que tem que olhar o bloco de notas do seu filho?
05:17É, eu estou escutando você falar,
05:23eu estou pensando no pai que está nos assistindo
05:27e nesse momento está entrando em desespero.
05:29Isso acontece sempre.
05:31Bota, vou te contar...
05:32Está entrando em desespero.
05:33Eu vou falando, meu Deus do céu.
05:35Eu vou te contar como é que funciona.
05:36Quando a gente está dando as capacitações,
05:37não é palestra, é capacitação.
05:38Ficou quatro horas com as pessoas.
05:40São quatro horas.
05:41É um treinamento.
05:42É um treinamento.
05:42E é assim...
05:44Já deu muita aula e muita palestra.
05:46Só quando chegar lá pelos 50 minutos,
05:48as pessoas caem em curva de atenção normalmente.
05:51A gente dá quatro horas seguidas e as pessoas não querem para lá.
05:53É como se fosse aquele filme de suspense
05:55que toda hora tem um plot twist.
05:57Acontece em todas as palestras.
05:59Todas.
06:00Alguém vai pegar o telefone e ligar para casa.
06:03Vai.
06:04Porque assim, a pergunta é se o fulaninho de tal tem o troço.
06:08Porque a gente não está preparado para o que está acontecendo.
06:11Não está.
06:13Agora,
06:14como é que os pais que você treina e prepara
06:20encaram esse desafio
06:23de mudar uma rotina
06:26que para a maioria dos jovens hoje
06:28é quase segundo a natureza deles?
06:32Eu lembro do Nuno Cobra,
06:35que era o treinador do Ayrton Senna.
06:37Ele dizia o seguinte,
06:39se você não tem tempo para fazer atividade física,
06:42tenha tempo de ficar doente.
06:45Se não tem tempo e não tem paciência
06:47para limitar teu filho,
06:49porque ele vai te testar e vai te testar muito,
06:52tenha tempo
06:53para as consequências do excesso de tela.
06:56Para alguns pode não ser nada.
06:59Para outros vira um verdadeiro vício.
07:01E para outros,
07:02um caminho da radicalização.
07:05A gente tem visto isso.
07:06E é muito, olha.
07:08Nota assim,
07:09para ter uma ideia.
07:10Do ano passado para cá,
07:12nós já cumprimos mais de
07:1445
07:16mandados de busca e apreensão.
07:18realizamos mais de
07:2110
07:21internamentos de adolescentes,
07:247 internações psiquiátricas
07:25e 4 prisões.
07:27E você está falando só no Rio Grande do Sul?
07:28No Rio Grande do Sul.
07:29A gente tem o Rio Grande do Sul.
07:31Nós sabemos no Rio Grande do Sul
07:32quem é o nosso público-alvo.
07:34A gente entende.
07:36Porque a primeira coisa que a gente fez
07:38foi quantificar e qualificar.
07:41Então a gente sabe quantitativa e qualitativamente
07:43como é que é esse nosso sujeito.
07:46Esse nosso sujeito de atenção.
07:49E isso nos dá muito trabalho.
07:51Mas talvez a parte mais importante
07:53do nosso trabalho seja
07:54a parte analógica.
07:58É engraçado porque as pessoas acham
07:59que o nosso grande trabalho
08:01é de cyberpatrulhamento.
08:02Não, não é.
08:03Nosso grande trabalho é no universo analógico.
08:06Preparar pessoas
08:07que têm proximidade com as pessoas
08:09que podem se radicalizar
08:11para perceber esses sinais.
08:13Velho,
08:14esses sinais são muito perceptíveis.
08:16Quais são esses sinais?
08:18Boa pergunta, Mata.
08:20É que é um conjunto de sinais
08:22de natureza pessoal,
08:23de caráter social,
08:25de natureza escolar,
08:27de natureza familiar
08:29e mesmo marcadores estéticos.
08:31sempre há sinais.
08:33Sempre há sinais.
08:34Sempre há sinais.
08:35Qual é o grande sinal?
08:38Primeiro, isolamento.
08:39Vê o seguinte, Mata.
08:41Um adolescente,
08:42numa fase da vida
08:43de pura enfervescência,
08:45com os hormônios borbulhando,
08:47que tudo que ele quer
08:48é estar com outros.
08:50Ele se isola.
08:52Esse sinal sempre está presente?
08:54Sempre está presente.
08:55A primeira coisa que ele se isola.
08:56Ele começa a se isolar da família,
08:58começa a se isolar do contexto social,
09:00e começa a se isolar
09:03na própria escola.
09:06A partir daí,
09:08começa excesso de telas.
09:10Aí o excesso de telas está direto.
09:12Está direto.
09:13E junto com esse excesso de telas,
09:15ele vai ter muito consumo de violência,
09:17de muitos tipos de violência.
09:19uma atração por psicopatas,
09:22uma atração por atiradores ativos,
09:25atração por massacres em escola.
09:29Vai compartilhar muito edit.
09:32Edit são pequenos recortes
09:34de atos violentos,
09:37em que eles colocam alguma musiquinha
09:39para dar trilha sonora.
09:41Então, consome muitos jogos de violência.
09:46Então, esses sinais são muito perceptíveis.
09:48E tem os marcadores estéticos.
09:51Tem quando esse adolescente
09:53começa a comprar aquilo que ele vai chamar
09:56de pele ou skin, que nem em jogos,
09:59é porque ele já está, num momento,
10:01muito adiantado na mobilização à violência.
10:04Então, aquelas balaclavas com um school face,
10:08camisetas escritas, por exemplo,
10:11Natural Selection, a mesma camiseta
10:13que o Dillon usou em Columbine,
10:16boots, calças militares,
10:19enfim, é um conjunto de preditores
10:23que os nossos pais, os nossos professores
10:26acabam reconhecendo
10:28depois que a informação é dada,
10:31eles dizem, é mesmo.
10:33E aí, talvez a pergunta,
10:36e nos colégios, quem são?
10:38os grandes sinalizadores para nós?
10:43Tem dois professores que para nós
10:46são fundamentais no colégio.
10:48O professor de artes
10:50e o professor de português.
10:52Porque os nossos adolescentes
10:53são muito ferborráticos,
10:54eles dizem o que vão fazer.
10:56Eles têm a necessidade
10:58de colocar para fora
10:59aquela dor interna.
11:01E eles falam.
11:03Falam de massacres,
11:04falam de violência,
11:05falam de ódio.
11:06e desenham.
11:09Eles fazem desenhos.
11:11E eles escrevem redações.
11:13E eles se isolam no plátio,
11:15eles se isolam na biblioteca.
11:16Por isso que a pessoa que está na biblioteca
11:17e que está no pátio
11:18são fundamentais também.
11:20Porque se um adolescente
11:21nessa fase está isolada,
11:22tem alguma coisa errada.
11:24Agora, esses comportamentos
11:26que você está descrevendo,
11:28eles são mais característicos
11:31de um sexo
11:33ou se aplica para menino e menina?
11:35Eu gostei da pergunta.
11:36Também gostei da pergunta.
11:38Quando o FBI se sentiza
11:40o estudo dele
11:43sobre atiradores ativos
11:44lá por 2004,
11:46ele falava que
11:47isso é um fenômeno masculino.
11:49até 2023,
11:53no Brasil,
11:53agora eu conversava
11:54com outros
11:55colegas,
11:56outras pessoas
11:57que também trabalhavam na área
11:58antes que eu tivesse entrado,
12:00disseram,
12:00até 2023
12:01não tínhamos mulheres
12:03neste mercado.
12:042024,
12:06quando a gente começa,
12:07e estou falando
12:07do Rio Grande do Sul,
12:08então eu posso
12:10falar esses dados
12:11porque eu tenho eles
12:12contabilizados.
12:14A gente teve,
12:15tanto no recorte adulto
12:16quanto no recorte adolescente,
12:19cerca de 16,
12:2117% de meninas.
12:24Este ano,
12:25a coisa aumentou.
12:26No recorte adulto,
12:27a gente está com 50%
12:2850% homens
12:30e 50% mulheres.
12:31E no recorte adolescente,
12:33quase 20%,
12:34por volta de 20%
12:35de mulheres,
12:36com uma diferença.
12:37Até o ano passado,
12:38elas eram muito mais passivas.
12:41Este ano,
12:42elas são muito mais ativas.
12:44Eu estou falando
12:44do recorte
12:44do Rio Grande do Sul.
12:46Então, assim,
12:47ainda é um fenômeno
12:47majoritariamente masculino,
12:50mas infelizmente
12:51a gente começa a ver
12:52que as mulheres
12:53começam a ganhar
12:54espaço
12:55na radicalização
12:57do Rio Grande do Sul.
13:01Está assustado,
13:02hein, Bota?
13:03Não, eu estou
13:04assustado
13:05e eu estou aqui
13:05pensando,
13:06porque
13:07na minha época,
13:12os pais
13:13ficavam preocupados
13:14com a criança
13:14que ficava o tempo
13:15inteiro assistindo
13:16televisão.
13:17Essa era a preocupação
13:18quando eu era criança.
13:19Vocês vão ficar loucos,
13:21vocês passam o dia inteiro
13:22assistindo televisão.
13:23A televisão
13:24é uma bombinha
13:26de São João
13:27comparada
13:27com a bomba atômica
13:29que você está
13:30descrevendo.
13:31mas a televisão
13:33na nossa época
13:33é outra televisão.
13:34Os mesmos desenhos
13:36eram bidimensionais.
13:38Hoje,
13:38tudo é feito
13:39para nos empreender
13:40a atenção,
13:42tanto em termos
13:42de velocidade,
13:44quanto de cores,
13:45quanto de conteúdo.
13:47Então,
13:47é outra coisa.
13:48A gente está vivendo
13:49uma outra coisa
13:50e a gente não está
13:51conseguindo entender
13:52o que é a moto.
13:52A gente não está
13:53conseguindo se postar nisso.
13:54e aí está
13:56o grande
13:56gap geracional.
13:58Os nossos filhos
13:59vivem numa dimensão,
14:00a gente vive na outra
14:01e a gente não tem
14:02um ponto de encontro.
14:03A gente busca
14:04respostas antigas
14:05para problemas
14:05atuais que não têm
14:07nenhuma conexão
14:08com o passado.
14:10A possibilidade
14:11de dar certo
14:11é nenhuma.
14:15O que é possível
14:16fazer
14:17dentro desse cenário?
14:19Eu acho que
14:21eu vou dizer
14:22a primeira coisa
14:23é reconhecer os sinais.
14:25O Ministério Público
14:25do Rio Grande do Sul
14:26tem uma cartilha
14:27de um guia
14:28de prevenção
14:30à mobilização
14:31radicalizada
14:31da violência
14:32que está na nossa
14:33página da internet
14:34MPRS
14:36porque os pais
14:38educadores
14:39precisam ver
14:40esses sinais.
14:41Eles estão na cara.
14:42Só que como a gente
14:43não tem olhos
14:44para ver
14:44nem ouvidos
14:45para escutar
14:45nós não conseguimos
14:48reconhecer.
14:49e outra
14:49eu acho que as famílias
14:50precisam seriamente
14:52tratar essa...
14:53Vamos lá
14:54eu te falei
14:54do Triângulo Maldito
14:55eu te falei
14:56de excesso de telas
14:57de bullying
14:57e de...
14:59Família disfuncional
15:00Família disfuncional
15:03e excesso de telas
15:04isso a gente
15:04tem que fazer
15:06o reconhecimento interno
15:07as famílias
15:07precisam fazer
15:08essa leitura
15:09onde é que nós
15:09estamos errando
15:10e a disfuncionalidade
15:11como disse também
15:12não é só
15:12famílias violentas
15:14Disfuncionalidade
15:15por exemplo
15:15pode ser uma família
15:16que acha normal
15:18o que não faz nada
15:19a respeito
15:20de uma adolescente
15:21que passa o tempo inteiro
15:22quando está em casa
15:23trancado no quarto
15:24porque está seguro
15:24o computador
15:25porque ele está seguro
15:26porque ele tem
15:27um modelo mental
15:29do século XX
15:30não concentra
15:32o pai
15:32o pai e a mãe
15:33tem um modelo mental
15:34do século XX
15:34acha que teu filho
15:35está aqui no quarto
15:36está seguro
15:36está tranquilo
15:37está seguro
15:37e tem a questão do bullying
15:39que aí
15:39é no espaço da escola
15:41e no espaço da família
15:42que tem que ser resolvido
15:43o bullying
15:44é um grande
15:44catalisador
15:45da violência extrema
15:46é um grande
15:46catalisador
15:47mas o bullying
15:48junto com
15:49o fenômeno
15:49do mundo digital
15:51porque bullying
15:51sempre teve
15:52o bullying
15:53na época
15:54que a gente era criança
15:55aí é que está
15:56a moto
15:56foi bom tu ter trazido isso
15:57o bullying
15:58primeiro que quando
15:59a gente era criança
16:00não tinha bullying
16:01era outra coisa
16:02não existia
16:03eu sofria muito
16:04no colégio
16:05sim mas não tinha bullying
16:06com esse nome
16:07esse nome é uma coisa
16:09não tinha conceito
16:10não tinha conceito
16:10na minha época
16:11era considerado natural
16:12se vira
16:13sobrevive
16:14mas isso
16:15mas você está dizendo
16:16não é da mesma natureza
16:17não é da mesma natureza
16:18ver como é importante
16:20a gente se desconectar
16:22do modelo mental
16:23o bullying de hoje
16:24é uma coisa sofisticada
16:26quando
16:27tá
16:28o mota vai lá
16:29sofrer bullying
16:29o mota era cabeludo
16:30ah
16:31cabeludo
16:31terminava a aula
16:33tu ia pra casa
16:34só continuava
16:36se continuasse
16:37no dia seguinte
16:37depois tinha as férias
16:38o bullying de hoje
16:40é 24 horas por dia
16:427 dias por semana
16:4330 dias por mês
16:44365 dias por ano
16:45existem
16:46nos aplicativos
16:49nas mídias
16:50tem gente que se reúne
16:51nas panelas
16:52só pra pensar no bullying
16:53e continuar fazendo bullying
16:54então
16:55o cérebro desse adolescente
16:57não para
16:57esse adolescente
16:58não deixa de ser
16:59vitimado por esse bullying
17:00então o bullying
17:01hoje tem uma enorme dimensão
17:03justamente porque
17:04ele não é uma coisa assim
17:05ó
17:06ah tá
17:06vai lá e te vira
17:08que o meu pai dizia
17:09se chorar
17:10se chorar
17:12apanha de novo
17:13tá
17:14e pra nós não
17:15me formatou como homem
17:16ok
17:16mas isso é uma regra
17:17que valeu
17:18serviu
17:19pro século 20
17:20não serve pro século 21
17:22então o bullying hoje
17:23precisa ser muito combatido
17:24justamente porque
17:25a dimensão dele
17:26é uma coisa absurda
17:27porque essa criança
17:28esse adolescente
17:29não tem tempo
17:31pra descansar
17:32e quando se reúnem
17:33tendo um como vítima
17:35a coisa não para
17:37e isso
17:38é
17:39um fenômeno
17:40é uma coisa interessante
17:41que você está dizendo
17:42porque
17:44o mundo digital
17:47oferece
17:48ferramentas
17:49pra que
17:50essa perseguição
17:52esse bullying
17:52seja feito
17:53que
17:54com as quais
17:55ninguém nem sonhava
17:57e eu
17:57eu estou pensando agora
17:58especificamente
17:59na inteligência artificial
18:01que é uma coisa
18:02eu já vi
18:03algumas tecnologias
18:05mais novas
18:06eu já estou dizendo
18:07para as pessoas
18:07não acredite mais
18:09em nenhum vídeo
18:09que você assistir
18:10porque hoje
18:12você
18:12com uma fotografia
18:13de uma pessoa
18:14você já consegue
18:16fazer um vídeo dela
18:17executando a ação
18:19que você quiser
18:20de forma que
18:21é praticamente
18:21indistinguível
18:23do
18:23de uma cena real
18:25é muito
18:26é muito sofisticado
18:27então hoje
18:28já aconteceu
18:29de
18:29de adolescentes
18:31fazerem
18:31pegar uma foto
18:32e fazerem bullying
18:32com o outro
18:33a partir daquela foto
18:35de formas
18:36aí
18:37de formas
18:38bem escatológicas
18:39acontece