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  • 16/07/2025
Roberto Motta recebe Fabio Costa Pereira, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, para uma análise dos perigos virtuais, relação com o sistema de Justiça e os impactos sociais e psicológicos negativos para crianças e adolescentes.

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Transcrição
00:00Conexão Mota
00:06Vivemos em um mundo complexo e em constante mudança.
00:13No Conexão Mota eu recebo convidados especiais para falar de temas que afetam sua vida e seu futuro,
00:21sempre em linguagem clara e buscando a verdade.
00:24Nosso assunto hoje é segurança pública e as ameaças online.
00:28Será que o sistema de justiça brasileiro tem conseguido acompanhar a evolução dos perigos cibernéticos?
00:36E de que maneira é possível regulamentar as plataformas e contribuir com um ambiente digital seguro e livre?
00:45Para responder a essa e outras questões, eu recebo no Conexão Mota Fábio Costa Pereira,
00:53procurador de justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
00:57Fábio, seja muito bem-vindo.
01:01E eu começo te perguntando, qual é o estado geral da segurança pública do combate ao crime no Brasil
01:08e especificamente no ambiente digital?
01:12Vamos lá.
01:12Em primeiro lugar, Mota, eu quero te agradecer o convite.
01:14Eu estou há muito tempo para vir aqui.
01:16Admiro muito o seu trabalho e acho que é extremamente importante a gente ter essa capacidade
01:22de explicar claramente para a população aquilo que lhe é muito comezinho,
01:28aquilo que diz respeito ao dia a dia.
01:32Aquela preocupação constante de que cada um de nós tem, ao sair de casa, voltará por conta das questões da segurança pública.
01:43A gente vive um panorama de segurança pública bastante complicado.
01:46No Brasil, a gente experimenta taxas anuais de homicídio extremamente altas.
01:53Ano passado, em 2024, a gente teve cerca de 44 e 45 mil homicídios.
02:02Isso vem se mantendo numa constante já há mais de uma década, a indicar que tem alguma coisa fora do lugar.
02:10E a piorar essas crises de segurança está a questão das grandes organizações criminosas
02:17que comandam o cenário da criminalidade urbana e utilizam o homicídio como uma forma de realizar de forma concreta os seus negócios.
02:31Ora, acabando literalmente com seus adversários, com a sua concorrência e, ora, como mecanismo de coerção de seus devedores.
02:47Então, isso piora muito o cenário.
02:50E é claro que o panorama não diz hoje, até porque a gente vive num mundo altamente conectado,
02:56de crimes praticados no mundo real.
03:01Há muitos crimes hoje praticados no mundo virtual.
03:04Se a gente pegar, por exemplo, quando acontece a pandemia,
03:10muitos indicadores de segurança pública tiveram como naturalidade o seu decréscimo.
03:17Como, por exemplo, o roubo, o furto.
03:19Por quê?
03:20Porque predadores precisam de presas.
03:23Os nossos criminosos são predadores e nós, na acepção deles, as presas.
03:28Se as presas não estavam disponíveis, é óbvio que essas taxas decaíram.
03:33Em compensação, na pandemia, os crimes digitais aumentaram exponencialmente,
03:39porque o objeto, a vítima, em potencial, estava no outro lado da tela, online.
03:47E aumentaram também muito aqueles crimes no contexto familiar, os crimes da Maria da Penha.
03:55Especificamente no que diz respeito aos crimes digitais, eu acho que hoje nós temos uma explosão deles.
04:02Eu, particularmente, eu recebo todos os dias, no mínimo, de 20 a 30 ligações,
04:10dizendo que eu utilizei o meu cartão de crédito num banco que eu nunca tive
04:15e pedindo confirmação de dados que eu nunca dei.
04:19Então, a questão hoje, assim, nós temos, de um lado, a complexidade da vida em sociedade,
04:27em termos concretos, da realidade da criminalidade,
04:30e, de outro, aquela criminalidade que nos atenta todos os dias, que é pelos meios digitais.
04:35Eu recebo muitas mensagens.
04:39Olha, clique nesse link para confirmar que você fez a compra no cartão tal.
04:45Agora eu descobri que o meu currículo foi altamente avaliado para um emprego que eu nunca pedia.
04:51Eu recebo também todo dia essa.
04:53Receba de 100 até 3 mil reais por dia.
04:58Fábio, que atividades criminosas, que crimes acontecem no mundo digital,
05:07dos quais a maioria das pessoas não tem consciência?
05:11Aí é que está.
05:12E eu acho que essa pergunta é extremamente importante,
05:16porque a gente tem a tendência a compreender os crimes que acontecem no mundo digital
05:23muito mais vinculados ao estelionato, algum tipo de fraude,
05:28algum tipo de furto de dados, de contas bancárias.
05:35Mas é muito mais que isso.
05:36Toda a realidade que nós vivemos aqui, no lado de cada tela,
05:42ela se reproduz do lado de lá da tela.
05:45Então nós temos estupros virtuais, nós temos extorsões, a sextorsão,
05:51nós temos homicídios, indução a suicídio,
05:58crimes diversos que são instigados pelo mundo virtual,
06:03mas que têm consequências concretas, principalmente para as vítimas e suas famílias,
06:11com gravíssimas consequências.
06:13Eu vou te contar um caso, Mata.
06:18Respirar.
06:18Por conta das coisas que eu faço no Ministério Público do Rio Grande do Sul,
06:24agora eu coordeno um núcleo, que é o Núcleo de Prevenção à Violência Extrema,
06:27que a nossa grande preocupação é a radicalização e a mobilização de adolescentes
06:34a atos de violência que têm como palco as mídias sociais, os games.
06:42E nós desenvolvemos, para alertar a comunidade, para alertar pais, para alertar educadores,
06:50para alertar o pessoal da área da segurança pública,
06:53para alertar a rede de atendimento de crianças e adolescentes,
06:58um programa chamado Sinais, onde a gente mostra os sinais
07:02que este adolescente vai deixando ao longo de seu tortuoso caminho
07:06da radicalização e da mobilização à violência.
07:09E eu estava indo para uma pequena cidade do Rio Grande do Sul,
07:13chamado Colorado, e eu posso falar justamente porque os pais assim me autorizaram.
07:20E nesta cidade foram reunidas 10 outras cidades também do entorno,
07:24mais de 200 pessoas, para que pudéssemos falar sobre a radicalização via online.
07:31E uns 15 minutos antes da palestra, um pai me procura.
07:35E ele diz, Fábio, legal o trabalho que vocês estão fazendo.
07:40É muito importante para mim e para minha esposa,
07:43porque o meu filho morreu por conta disso.
07:48Três meses antes, o menino que durante algum tempo havia sido vítima de sexo e extorsão,
07:56não conseguiu lidar com aquilo e tira a própria vida.
07:58Um menino bom, um menino que acompanhava o pai, um menino religioso,
08:07que não conseguiu lidar com essas mazelas que esses celerados submeteram.
08:16E esses pais me narraram toda a dor e sofrimento que eles estão experimentando.
08:24E que eles tiraram da morte do filho um impulso para tentar ajudar outros pais
08:30para que não passem pelo mesmo que ele está passando.
08:35E ao ouvir aquele pai, eu prometi para ele,
08:37que a morte do teu filho não será em vão.
08:41Ele será sempre lembrado pelo nosso projeto,
08:45como o nosso faraó a ser seguido.
08:50Justamente porque outros adolescentes como ele não podem sofrer o que ele sofreu.
08:56Então é isso.
08:57Esse é o quadro.
08:58Quando a gente começa a achar e pensar que isso só está no mundo digital, não.
09:03Isso tem consequências reais.
09:04O pai me dizia, Fábio, tem consequências reais.
09:07Nós estamos sofrendo.
09:09Ele é mãe.
09:10Imagina duas muralhas, duas muralhas de dignidade.
09:15Eu conheci.
09:18Isso a gente só consegue mostrar, Mata?
09:21Naqueles momentos em que a vida efetivamente te testa.
09:29E eles passaram o teste.
09:30Esses são gigantes que hoje estão ajudando inúmeros adolescentes,
09:34inúmeras famílias, justamente para não sentirem o que eles sentiram e estão sentindo.
09:40Que tipo de perigo são esses, Fábio?
09:42Que esperam as crianças e os adolescentes?
09:46Onde é que esses perigos estão?
09:48Como é que eles se manifestam?
09:49Os perigos são difusos, né, Mata?
09:51Sabe?
09:51Pode estar no celular,
09:54numa mensagem perdida no WhatsApp.
09:56Ele pode estar em mídias sociais.
10:02E ele pode estar em todo o ecossistema game.
10:07Vou te contar uma historinha.
10:08Eu tenho muitas historinhas para contar, tá?
10:09É engraçado que eu estou nesse projeto,
10:13nessa atuação há um ano e meio.
10:16A minha percepção, como humano,
10:19é que eu estou nisso já há 100 anos.
10:21Muitas histórias de insucesso e muitas histórias de sucesso colacionadas.
10:28Eu estava dando uma capacitação numa cidade também pequena do Rio Grande do Sul
10:31e aí eu falando sobre os perigos desses ecossistemas gamers,
10:37de jogos que parecem absolutamente inocos,
10:39como Minecraft, como Roblox.
10:41E o filho desta senhora estava jogando um desses dois,
10:48o Roblox ou Minecraft.
10:50E ela...
10:52Que são jogos que são jogados até por crianças muito novas.
10:56Novas.
10:57E ela disse, olha, eu deixo o meu filho jogar,
11:01deixava e depois eu vou explicar por quê.
11:04Eu deixo o meu filho jogar,
11:08mas só se ele jogar online,
11:10mas se eu estiver perto e estiver em alto e bom som,
11:12para que eu possa escutar.
11:14E lá pela estante está jogando,
11:15objetivos a atingir,
11:17falando com o pessoal para não sei o que é.
11:18E de repente aparece um adulto e pede o WhatsApp dele.
11:23Então nos mundos de...
11:24No meio do jogo apareceu uma voz de adulto.
11:26Onde é que estão os predadores, Mota?
11:28Os predadores estão onde as presas estão.
11:32Então é muito comum ter pedófilos escondidos nesses games
11:36justamente para aliciar crianças e adolescentes.
11:40Mas é legal dessa história toda,
11:43é que depois eu faço agora uns dois meses e reencontro essa senhora.
11:47Num outro evento que eu fui.
11:49E ela me diz,
11:50Fábio, meu filho não joga mais.
11:52Eu dei uma bicicleta para ele.
11:53Então assim, a grande realidade é muito mais importante o real do que o virtual.
11:59Então quanto mais a gente proteger os nossos filhos no mundo virtual,
12:04melhor para eles e melhor para nós.
12:07Então os perigos e ameaças estão escondidos em todos os cantos.
12:12A gente vai ter aquilo que no núcleo a gente vai chamar de plataformas iscas,
12:16que vai ser basicamente o YouTube, o Instagram, o TikTok.
12:25E depois se quiser até te explico o porquê.
12:27E depois tu vai ter aquelas plataformas que a gente vai chamar de doutrinação.
12:31Principalmente o Telegram e o Roblox.
12:33Tem agora a Covenant Space,
12:35que era o antigo Project Z.
12:38Mas muito mais essas duas,
12:40Telegram e Discord.
12:45Por que plataforma isca?
12:47Vamos lá.
12:48Qual é o fenômeno?
12:49Eu sei que a gente está derivando um pouco,
12:51mas se depois...
12:51Não, por favor.
12:52Esse panorama é muito importante.
12:54Se quiser corrigir o rumo da nossa prosa, está tudo certo.
12:56Mas é que como eu sou um apaixonado por o assunto,
12:59se deixar eu falo a tarde inteira aqui.
13:01Bom, o que acontece com esses nossos adolescentes
13:07quando eles procuram um mundo digital?
13:10Um adolescente, e talvez nessa fase da vida seja a mais importante,
13:15é a sensação de pertencimento.
13:17Os nossos adolescentes querem participar de um grupo,
13:19ser pertencente, para que a vida deles tenha algum sentido.
13:23Para que a vida deles tenha propósito.
13:25E esse propósito os adolescentes encontram gregariamente.
13:28Quando os nossos adolescentes não encontram isso no mundo real,
13:33eles acabam migrando para o mundo digital.
13:36Então, nessas plataformas iscas,
13:38eles vão lá e começam a reverberar aquele ódio que eles sentem interno.
13:44Começam a colocar seus dramas e essas suas angústias,
13:47às vezes de formas até bastante aceleradas.
13:52E outros, como ele, vão reconhecer em si o adolescente que eles também são
13:57e começam a chamar para participar de grupos privados de conversa
14:03ou dão links para entrar no Discord, enfim, ou para o Telegram,
14:08onde aí tem as plataformas de doutrinação,
14:11onde efetivamente a radicalização ocorre.
14:14Mas não é uma coisa estruturada, sabe, Mota?
14:16Não existe a entidade radicalizadora com o CNPJ.
14:20É um negócio muito difícil para nós entendermos,
14:23porque nós somos homens dos milênios passados.
14:26A nossa conformação toda, o nosso disco rígido,
14:29ela precisa de algum tom de certeza que a gente tinha no passado.
14:33Então, olha, quando a gente é recrutado,
14:36é porque tem uma entidade recrutadora que vai nos radicalizar
14:40e nós nos tornaremos perigosos e terroristas.
14:42Não funciona mais assim.
14:43Essa radicalização chama-se de radicalização cruzada,
14:47uma polinização cruzada.
14:49Eu te radicalizo, tu me radicaliza e nós nos radicalizamos.
14:52Então, você está falando, você falou agora,
14:55de pelo menos duas ameaças distintas.
14:58Uma são os predadores,
15:01são adultos que entram em ambientes frequentados por crianças e jovens
15:06com o objetivo de conseguir informação pessoal,
15:09informação de contato
15:11e aí evoluir para alguma ação predatória.
15:15Esse é um.
15:15Esse é um.
15:16O outro são os próprios adolescentes
15:21que, por alguma razão ou outra, têm algum problema
15:25e aí eles meio que compartilham,
15:28contaminam os outros com esse problema.
15:30E vão se autocontaminando.
15:32E produzem esse fenômeno que você chama de radicalização e violência extrema.
15:36Isso, exatamente.
15:37Então, esses nossos adolescentes, eles começam a perder empatia,
15:43começam a depender muito de dopamina
15:45e precisam de doses cada vez maiores de dopamina.
15:49E isso eles acabam obtendo via violências.
15:55Essa violência extrema.
15:56Muita mutilação, muitos desafios.
16:00Então, infelizmente, esse ano, duas crianças perdendo a vida por conta de desafios,
16:05do inalar desodorante.
16:08Aqui no Brasil.
16:10Aqui no Brasil.
16:12Muitos desafios para cometerem atos de violência extrema.
16:16Lembra no Rio de Janeiro, agora, no início do ano,
16:19em que um adolescente, um jovem adulto, jogam coquistéis e molotov em um mendigo.
16:26Isso tudo pago em parte com uma moeda chamada Roblox,
16:32que é a moeda do Roblox.
16:35Então, essas coisas contaminam a rede.
16:37E isso, infelizmente, para esses adolescentes que estão mobilizados à violência extrema,
16:45são elementos que acabam catalisando as suas vontades
16:51e tem aquele efeito de imitação.
16:56Agora, você está descrevendo aí um processo que sempre foi um desafio para os pais
17:04lidar com adolescentes.
17:06É uma fase de transição.
17:09É uma fase onde você não é mais criança, mas ainda não é adulto.
17:12É uma fase onde você está buscando um senso de pertencimento.
17:16Sempre foi difícil.
17:17Essa é uma oportunidade.
17:18Sempre foi uma oportunidade para o surgimento de problemas.
17:22Mas o que me assusta é que você está descrevendo um universo
17:26que é fechado para a maioria dos adultos.
17:31Eu diria que a maioria das pessoas com mais de 30 anos ou 35 anos
17:35não consegue nem saber direito do que você está falando.
17:38Desculpa te interromper, eu também achava isso.
17:42Quando o Márcio e eu, o Márcio Abreu, que é o meu colega,
17:45que participa direto dos sinais comigo,
17:51tem outros, como a Michelle Kiffner, tem vários,
17:54mas principalmente o Márcio,
17:56logo no início das nossas primeiras palestras a gente falava,
17:58olha, quem tem 35 mais aqui não vai entender.
18:01Na realidade, o gap geracional é maior que isso.
18:05Eu estou sendo otimista.
18:06Você está sendo otimista.
18:07Eu garanto que o teu filho, que tem 21 anos de idade,
18:10já não entende mais essa geração que está chegando.
18:12Não entende mais.
18:14Qual é o problema que eu vejo nesse gap geracional?
18:18A gente está com um presente e um futuro
18:20que não tem nenhuma relação de conexão com o passado,
18:25e a gente busca num passado que não tem essa conexão às respostas.
18:32Eu disse, vamos lá, Mota.
18:34Quando Mota adolescente no Rio de Janeiro,
18:36lá nos anos 80, anos 70, final dos anos 70,
18:40teu pai e a tua mãe, quando chegava em casa,
18:43estava, como dizem hoje, estava de boas.
18:45Tá bom.
18:46Se o Mota ficasse o dia inteiro no quarto,
18:49eles ficavam despreocupados,
18:50porque o perigo estava da porta para fora.
18:52E nós reproduzimos esse conceito de segurança
18:57com os nossos filhos.
19:00Então, se os nossos filhos estão no quarto
19:02só jogando um joguinho,
19:04estão seguros, estão de boas.
19:07Mas a real, Mota,
19:09é que só o corpo deles está no quarto,
19:11porque o espírito e o coração e a mente
19:14estão num outro lugar, no cibermundo,
19:17que é muito maior e muito mais amplo
19:19que o mundo real e concreto que a gente vive.
19:22Então, a gente está vivendo Mota.
19:24Assim, para nós que já somos jovens
19:27há bem mais tempo,
19:28a gente está vivendo uma mistura meio que sinistra
19:30entre Matrix e Avatar.
19:33Matrix, lá pelas tantas, o Neo,
19:35acorda num mundo real cheio de tubos.
19:38O mundo real o nutria
19:39para ele viver num mundo de Matrix.
19:42É mais ou menos o que acontece com nossos filhos.
19:44Eles não vivem num mundo real.
19:46Eles vivem num mundo virtual.
19:48E no mundo virtual, a mistura com o Avatar.
19:50O Avatar tinha aquele mariner
19:54que, por conta das suas ações,
19:57ele acaba ficando desabilitado,
19:59não conseguia mais andar.
20:01E no mundo como Avatar,
20:04ele era um sujeito com dois metros de altura,
20:07era verde e voava.
20:08E podia fazer tudo.
20:10Então, os nossos filhos vivem num mundo ficcional
20:12que, para eles, é tão ou mais real
20:14que o mundo real que a gente vive.
20:15E a gente não consegue entender essa diferença.
20:17Então, a gente não faz aquelas coisas básicas
20:21que os pais sempre fizeram
20:22quando os filhos saem de casa.
20:24Aonde tu vais?
20:26Com quem vais?
20:27E que horas volta?
20:30A gente deixa eles ir para o mundo virtual
20:31cheio de predadores,
20:32sem nenhum tipo de controle.
20:34Sem perguntar aonde eles vão,
20:36ou seja, o que eles estão consumindo.
20:38Quem são os grupos que ele está frequentando?
20:40Com quem ele vai?
20:42E quanto tempo de tela ele vai ter?
20:43Sabe o que a gente encontra sempre,
20:45Mota, nesse nosso universo?
20:48A gente encontra aquilo que nós vamos chamar
20:50no núcleo de triângulo maldito.
20:51É quase que 100% das vezes, tá?
20:54Famílias de funcionais.
20:56E a desfuncionalidade não está só em famílias
20:58que brigam o tempo inteiro,
21:00ou famílias dissolvidas, tá?
21:01Famílias do século XX,
21:03com respostas do século XX para o século XXI.
21:06Bullying e excesso de telas.
21:09A gente, assim,
21:09quase 100% dos nossos casos,
21:11a gente encontra isso, Mota.
21:13O que você chama de excesso de tela?
21:16Qualquer coisa, mais de 30 minutos por dia.
21:19Caramba, eu acho que todos os jovens
21:20que eu conheço sofrem de excesso de tela.
21:22Eu gosto de fazer aquelas contas de padeira, assim.
21:26Aquelas continhas rápidas, tá?
21:28Vamos lá.
21:32Tela recreativa.
21:33Vamos lá.
21:34Vocês que estão aí em casa.
21:35Não me imitam, tá?
21:37O pessoal gosta de dar uma...
21:39Todo mundo, no mínimo,
21:40umas duas horas de tela recreativa.
21:42Chega em casa, cansado,
21:43começa o dedinho ali rolar, né?
21:46TikTok, Instagram, Reels.
21:50Olha ali, o dedinho...
21:51Se a gente ficar com o dedinho, assim,
21:53nessas telas recreativas,
21:54uma hora e vinte e duas horas por dia,
21:57descontando o tempo de sono,
21:58a gente perde, num ano, 30 dias.
22:01Sem fazer força.
22:03O cérebro dos nossos filhos
22:05não está preparado,
22:06o cérebro adolescente,
22:07para aguentar tanta carga de informações,
22:09tanta carga de dopamina.
22:12É isso que eu acho que é um elemento
22:14muito importante que você levantou aí,
22:18porque não é só carga de informação.
22:22É um tipo selecionado de informação,
22:26projetado e modelado
22:30para excitar você, agitar.
22:34Então, você passa um vídeo,
22:36tem um sujeito escalando uma montanha,
22:39e aí você vê o penhasco.
22:41Aí você passa o outro vídeo,
22:43é uma festa maravilhosa em algum lugar.
22:46Você passa...
22:46É sempre alguma coisa
22:48que faz o seu cérebro...
22:51Borbulhar.
22:52Acender.
22:53E aí, Mota, o que a gente vê
22:54é que esses nossos adolescentes,
22:55eles precisam cada vez mais doses
22:57de dopamina.
23:00E isso a gente percebe muito
23:02porque eles consomem muita violência.
23:05Então, muita violência extrema.
23:07Tem muita automutilação nesse meio.
23:09Tem muitos desafios.
23:10Tem muita pedofilia.
23:12Muita troca de CP,
23:13que é pedofilia infantil.
23:15Muita troca de arquivos de CP.
23:17Muito satanismo.
23:20Sabe?
23:20É um outro mundo
23:22que, infelizmente,
23:24os pais não se dão conta.
23:27Talvez o conceito
23:28que a gente sempre dá do núcleo
23:29vocês precisam limitar
23:33o tempo de tela dos filhos
23:34e saber que os filhos estão consumindo.
23:36É simples.
23:36Pai não pode ser amigo.
23:37Pais não pode ser amigo.
23:38Pais tem que ser pais.
23:40Quando eles ficarem adultos,
23:41a gente amigo fica.
23:42Mas até um determinado período da vida,
23:44eles precisam dessa imposição da lei.
23:47E isso a gente vê consequências concretas.
23:49Porque, assim,
23:50não é que os pais sejam maus.
23:53Não é que os pais sejam
23:54desligados com os seus filhos.
23:56Não é que eles façam abandono digital.
23:58Não é isso.
23:59É que os pais têm a modelagem
24:01do século XX.
24:02É.
24:02Eu acho que tem isso, Fábio.
24:04Tem dois elementos aí.
24:06Primeiro,
24:07nós que não somos nativos digitais,
24:11nós não entendemos
24:12esse mundo novo.
24:14Não adianta dizer que a gente entende.
24:16A gente não entende.
24:17Eu uso a internet
24:18desde que ela começou.
24:21E eu me lembro
24:22que um dia
24:23eu entrei no quarto do meu filho.
24:26Ele estava lá com o computador dele.
24:27Ele estava lá.
24:28Numa tela,
24:29ele tinha o Discord.
24:30Na outra,
24:31ele tinha uma outra...
24:32Eu olhei para aquilo ali,
24:34ele parecia que estava
24:35numa tela,
24:36numa estação de controle
24:37da NASA.
24:39E ele tinha sete,
24:40oito anos.
24:41Eu olhei para aquilo ali,
24:42eu que trabalhei com TI
24:44a vida inteira,
24:44que uso a internet
24:45desde que começou.
24:47Aquilo ali,
24:47para mim,
24:48engorda.
24:48Então,
24:50tem esse elemento
24:51da incapacidade
24:52da maioria dos pais
24:53de entender.
24:54Agora,
24:55tem outra coisa
24:55que você levantou
24:56e que é importante.
24:57Você falou
24:58de várias plataformas
25:00que até os pais usam.
25:01TikTok,
25:03os pais usam.
25:05Instagram,
25:05ninguém consegue
25:06deixar de usar.
25:08Agora,
25:08você mencionou outras
25:09que a maioria dos pais
25:10desconhece.
25:11Acho que a maioria dos pais
25:12não usa o Discord.
25:14E outras plataformas aí.
25:16estão aparecendo muito
25:16no mercado,
25:17neste mercado,
25:18entre aspas,
25:19Zanji e o SimpleX.
25:21Eu nunca tinha ouvido falar.
25:23E não são big techs,
25:24são empresas que estão entrando.
25:29Só que os nossos adolescentes
25:30têm uma capacidade
25:32de adaptabilidade muito grande
25:34e se adaptam muito rápido
25:35aos estímulos externos.
25:37No núcleo,
25:38a gente fala,
25:39se a gente ficar uma semana
25:40fora destas redes,
25:41a gente está fora do jogo.
25:42Porque todo momento
25:43vão mudando.
25:44desde a linguagem,
25:46se tem uma linguagem própria
25:47e mesmo os desafios.
25:50As trendes
25:50vão mudando
25:51muito rapidamente.
25:52Claro que eu não vou falar aqui
25:53quais são as trendes atuais,
25:55mas as trendes
25:56do que eram
25:56do início do ano
25:57já não são mais agora.
25:59Então,
25:59o nosso grau
26:01de inquietação
26:02e preocupação
26:03é sempre recorrente.
26:05Porque eles estão
26:06sempre um passo
26:07ou dois passos
26:08à nossa frente.
26:09Tudo aquilo que...
26:10Para ter uma ideia,
26:14um dos adolescentes
26:15que a gente estava
26:15escutando lá,
26:17ele estava achando
26:18que os pais
26:19estavam muito em cima
26:20e tinha algumas coisas
26:22que ele não queria
26:22que ele visse.
26:24Aí o outro dia
26:25diz assim,
26:25faz o seguinte,
26:25apaga,
26:26mas coloca o link
26:27no bloco de notas.
26:28Qual o pai
26:29que sabe que tem que olhar
26:29o bloco de notas
26:30do seu filho?
26:33É,
26:34eu estou escutando
26:35você falar,
26:36eu estou pensando
26:37no pai
26:38que está nos assistindo
26:40e nesse momento
26:41está entrando
26:41em desespero.
26:42Isso acontece sempre.
26:44Bota,
26:45vou te contar...
26:45Está entrando
26:45em desespero.
26:46Eu vou falando
26:47meu Deus do céu.
26:48Eu vou te contar
26:49como é que funciona.
26:49Quando a gente está
26:50dando as capacitações,
26:50não é palestra,
26:51é capacitação.
26:52Ficou quatro horas
26:52com as pessoas.
26:53São quatro horas.
26:54É um treinamento.
26:55É um treinamento.
26:55E é assim,
26:58tu já deu muita aula
26:59e muita palestra.
27:00Quando chegar lá
27:00pelos 50 minutos,
27:01as pessoas
27:01caem em curva de atenção
27:03normalmente.
27:04A gente dá quatro horas
27:04seguidas e as pessoas
27:05não querem falar.
27:06É como se fosse
27:07aquele filme de suspense
27:08que toda hora
27:09tem um plot twist.
27:10Acontece em todas
27:11as palestras.
27:12Todas.
27:13Alguém vai pegar
27:14o telefone
27:15e ligar para casa.
27:16Vai.
27:17Porque assim,
27:18a pergunta é se o fulaninho
27:19de tal tem o troço.
27:21Porque é...
27:22A gente não está preparado
27:23para o que está acontecendo.
27:24Não está.
27:27Agora,
27:28como é que os pais
27:30que você treina
27:32e prepara
27:33encaram esse desafio
27:36de mudar
27:38uma rotina
27:39que para a maioria
27:40dos jovens
27:41hoje
27:41é quase
27:43segundo a natureza
27:44deles?
27:45Eu lembro
27:47do Nuno Cobra,
27:48que era o treinador
27:49do Ayrton Senna.
27:51Ele dizia o seguinte,
27:53se você não tem tempo
27:54para fazer atividade física,
27:56tenha tempo
27:57de ficar doente.
27:58Se não tem tempo
27:59e não tem paciência
28:00para limitar
28:01teu filho,
28:02porque ele vai
28:02te testar
28:03e vai te testar muito,
28:04tu vai...
28:06Tenha tempo
28:07para as consequências
28:09do excesso de tela.
28:10Para alguns
28:11pode não ser nada.
28:12Para outros
28:12vira um verdadeiro vício.
28:14E para outros
28:15um caminho
28:16da radicalização.
28:18A gente tem visto isso
28:19e é muito,
28:20olha,
28:21nota assim,
28:22para ter uma ideia.
28:23Do ano passado
28:24para cá,
28:25nós já cumprimos
28:26mais de
28:2745 mandados
28:30de busca e apreensão.
28:32Realizamos
28:33mais de
28:3410
28:35internamentos
28:36de adolescentes,
28:377 internações
28:38psiquiátricas
28:39e 4 prisões.
28:40Isso você está falando
28:41só no Rio Grande do Sul?
28:42No Rio Grande do Sul,
28:42a gente tem o Rio Grande do Sul.
28:44Nós sabemos
28:45no Rio Grande do Sul
28:45quem é o nosso
28:47público-alvo.
28:48A gente entende
28:48porque a gente
28:49a primeira coisa
28:50que a gente fez
28:51foi quantificar
28:53e qualificar.
28:54Então a gente sabe
28:55quantitativa e qualitativamente
28:56como é que é
28:58esse nosso sujeito,
28:59esse nosso sujeito
29:01de atenção.
29:02E isso nos dá
29:03muito trabalho.
29:04Mas talvez
29:05a parte mais importante
29:06do nosso trabalho
29:07seja
29:08a parte analógica.
29:11É engraçado
29:12porque as pessoas
29:12acham que
29:13o nosso grande trabalho
29:14é de saber patrulhamento.
29:15Não, não é.
29:16Nosso grande trabalho
29:17é no universo analógico.
29:19Preparar pessoas
29:20que têm proximidade
29:22com as pessoas
29:22que podem se radicalizar
29:24para perceber
29:25esses sinais
29:26velhos.
29:28Esses sinais
29:28são muito perceptíveis.
29:30Quais são esses sinais?
29:32Boa pergunta, Mata.
29:34É que é um conjunto
29:34de sinais
29:35de natureza pessoal,
29:37de caráter social,
29:39de natureza escolar,
29:40de natureza familiar
29:42e mesmo
29:43marcadores estéticos.
29:44Sempre há sinais?
29:46Sempre há sinais.
29:47Sempre há sinais.
29:48Qual é o grande sinal?
29:51Primeiro,
29:51isolamento.
29:53Vê o seguinte, Mata.
29:54um adolescente
29:55numa fase da vida
29:57de pura
29:57enfervescência,
29:58os hormônios
29:59borbulhando,
30:00que tudo
30:01que ele quer
30:02é estar com outros.
30:03Ele se isola.
30:06Esse sinal
30:06sempre está presente?
30:07Sempre está presente.
30:08A primeira coisa
30:08que ele se isola,
30:09ele começa a se isolar
30:10da família,
30:11começa a se isolar
30:12do contexto social
30:13e começa a se isolar
30:16na própria escola.
30:19A partir daí,
30:21começa excesso de telas.
30:23Aí o excesso de telas
30:24está direto.
30:25Está direto.
30:26E junto com esse excesso
30:27de telas,
30:28ele vai ter muito consumo
30:29de violência,
30:30de muitos tipos
30:31de violência.
30:33Uma atração
30:34por psicopatas,
30:35uma atração
30:35por outros atiradores
30:38ativos,
30:38atração por massacres
30:41em escola.
30:42Vai compartilhar
30:43muito edite.
30:46Edite são
30:46pequenos recortes
30:48de atos violentos
30:50em que eles colocam
30:51alguma musiquinha
30:52para dar trilha sonora.
30:54Então,
30:55consome muitos jogos
30:57de violência.
30:59Então,
30:59esses sinais
31:00são muito perceptíveis
31:01e tem os marcadores
31:02estéticos.
31:04Tem quando
31:04esse adolescente
31:06começa a comprar
31:08aquilo que ele vai chamar
31:09de pele
31:10ou skin,
31:11que nem em jogos,
31:13é porque ele já está
31:13num momento
31:14muito adiantado
31:15na mobilização
31:16à violência.
31:17Aquelas balaclavas
31:19com um school face,
31:22camisetas escritas,
31:24por exemplo,
31:24Natural Selection,
31:25a mesma,
31:25a camiseta
31:26que o Dillon
31:27usou em Columbine,
31:29boots,
31:31calças militares,
31:32enfim.
31:34É um conjunto
31:35de preditores
31:37que os nossos pais,
31:38os nossos professores,
31:39acabam reconhecendo
31:41depois que a informação
31:44é dada,
31:44eles,
31:45é mesmo.
31:46E aí,
31:48talvez a pergunta,
31:49e nos colégios,
31:50quem são
31:51os grandes
31:52sinalizadores
31:53para nós?
31:56Tem dois professores
31:59que para nós
31:59são fundamentais
32:00no colégio.
32:02Professor de artes
32:03e o professor
32:04de português.
32:05Porque os nossos
32:06adolescentes
32:07são muito
32:07ferborráticos,
32:08eles dizem
32:08o que vão fazer.
32:09Eles têm
32:11a necessidade
32:11de colocar
32:12para fora
32:12aquela dor interna
32:14e eles falam.
32:16Falam de massacres,
32:18falam de violência,
32:19falam de ódio
32:19e desenham.
32:22Eles fazem desenhos
32:23e eles escrevem
32:24em redações
32:25e eles se isolam
32:27no plátio,
32:28eles se isolam
32:28na biblioteca.
32:29Por isso que a pessoa
32:30que está na biblioteca
32:30e que está no pátio
32:31são fundamentais também.
32:33Porque se um adolescente
32:34nessa fase
32:35está isolada,
32:35tem alguma coisa errada.
32:36Agora,
32:38esses comportamentos
32:39que você está descrevendo,
32:41eles são mais característicos
32:44de um sexo
32:46ou se aplica
32:47para menino e menina?
32:48Eu gostei da pergunta,
32:49também gostei da pergunta.
32:51Quando o FBI
32:53se sentiza
32:54o estudo dele
32:57sobre atiradores ativos
32:58lá por 2004,
33:00ele falava que
33:00isso é um fenômeno
33:01masculino.
33:02até 2023
33:06no Brasil,
33:07agora eu conversava
33:08com outros
33:08colegas,
33:10outras pessoas
33:10que também
33:11trabalhavam na área
33:11antes que eu
33:12tivesse entrado,
33:13disseram,
33:13até 2023
33:14não tínhamos mulheres
33:16neste mercado.
33:182024,
33:19quando a gente começa,
33:20e estou falando
33:20do Rio Grande do Sul,
33:21então,
33:22eu posso
33:23falar esses dados
33:24porque eu tenho eles
33:25contabilizados.
33:26a gente teve
33:27tanto no recorte
33:29adulto
33:29quanto no recorte
33:30adolescente
33:31cerca de 16%,
33:3417%
33:35de meninas.
33:37Este ano
33:38a coisa aumentou.
33:39No recorte adulto
33:40a gente está com
33:4150% homens
33:43e 50% mulheres.
33:45E no recorte
33:45adolescente
33:46quase 20%,
33:47por volta de 20%
33:48de mulheres.
33:49Uma diferença.
33:50Até o ano passado
33:51elas eram muito
33:52mais passivas.
33:54Este ano
33:55elas são muito
33:55mais ativas.
33:57Eu estou falando
33:57do recorte
33:58do Rio Grande do Sul.
33:59Então, assim,
34:00ainda é um fenômeno
34:00majoritariamente
34:02masculino,
34:03mas infelizmente
34:04a gente começa a ver
34:05que as mulheres
34:06começam a ganhar
34:07espaço
34:08na radicalização
34:11violência extrema.
34:14Está assustado,
34:15hein,
34:15eu estou assustado
34:18e eu estou aqui
34:18pensando
34:19porque
34:20na minha época
34:24os pais
34:26ficavam preocupados
34:27com a criança
34:27que ficava o tempo
34:28inteiro assistindo
34:29televisão.
34:30Essa era a preocupação
34:31quando eu era criança.
34:33Vocês vão ficar
34:33loucos,
34:34vocês passam o dia
34:35inteiro assistindo
34:35televisão.
34:37A televisão
34:37é uma bombinha
34:39de São João
34:40comparada
34:41com a bomba atômica
34:42que você está
34:43descrevendo.
34:44mas a televisão
34:46na nossa época
34:46é outra televisão.
34:48Os mesmos desenhos
34:49eram bidimensionais.
34:51Hoje tudo
34:52é feito
34:52para nos prender
34:54a atenção
34:54tanto em termos
34:56de velocidade
34:56quanto de cores
34:58quanto de conteúdo.
35:00Então é outra coisa.
35:01A gente está vivendo
35:02uma outra coisa
35:03e a gente não está
35:04conseguindo entender
35:05o que é a moto.
35:06A gente não está
35:06conseguindo se postar nisso.
35:09E aí está
35:09o grande gap
35:10geracional.
35:11Os nossos filhos
35:12vivem numa dimensão
35:13e a gente vive na outra
35:14e a gente não tem
35:15um ponto de encontro.
35:16A gente busca
35:17respostas antigas
35:18para problemas
35:19atuais
35:20que não têm
35:21nenhuma conexão
35:21com o passado.
35:23A possibilidade
35:24de dar certo
35:24é nenhuma.
35:28O que é possível
35:30fazer
35:30dentro desse cenário?
35:34Eu acho que
35:35eu vou dizer
35:36a primeira coisa
35:36é reconhecer os sinais.
35:38O Ministério Público
35:39do Rio Grande do Sul
35:39tem uma cartilha
35:40de um guia
35:41de prevenção
35:43à mobilização
35:44radicalista
35:45na violência
35:45que está
35:45na nossa página
35:47da internet
35:48MPRS
35:49porque os pais
35:51educadores
35:52precisam ver
35:53esses sinais.
35:54Eles estão na cara.
35:56Só que como a gente
35:56não tem olhos
35:57para ver
35:58nem ouvidos
35:58para escutar
35:59nós não conseguimos
36:01reconhecer.
36:02E outra
36:02eu acho que as famílias
36:03precisam
36:04seriamente
36:05tratar
36:06essa...
36:06Vamos lá
36:07eu te falei
36:07do triângulo maldito
36:08eu te falei
36:09de excesso de telas
36:10de bullying
36:11e de...
36:13Família disfuncional.
36:15Família disfuncional
36:16e excesso de telas
36:17isso a gente
36:17tem que fazer
36:19o reconhecimento interno
36:20as famílias
36:20precisam
36:21fazer essa leitura
36:22onde é que nós
36:23estamos errando.
36:24E a disfuncionalidade
36:25como disse também
36:25não é só
36:26famílias violentas.
36:27Disfuncionalidade
36:28por exemplo
36:28pode ser uma família
36:29que acha normal
36:31ou que não faz nada
36:33a respeito
36:33de um adolescente
36:34que passa
36:34o tempo inteiro
36:35quando está em casa
36:36trancado no quarto
36:37com o celular
36:37o computador
36:38porque ele está seguro
36:39porque ele tem
36:41um modelo mental
36:43do século XX
36:43não concentrado
36:45o pai
36:45o pai e a mãe
36:46tem um modelo mental
36:47do século XX
36:48acham que teu filho
36:48está aqui no quarto
36:49está seguro
36:50está tranquilo
36:50está seguro
36:51e tem a questão
36:52do bullying
36:52que aí
36:53é no espaço
36:54da escola
36:54e no espaço
36:55da família
36:55que tem que ser resolvido
36:56o bullying
36:57é um grande
36:58catalisador
36:58da violência extrema
36:59é um grande
36:59catalisador
37:00mas o bullying
37:01junto com
37:02o fenômeno
37:03do mundo digital
37:04porque bullying
37:05sempre teve
37:05o bullying
37:06na época
37:07que a gente
37:08era criança
37:08aí é que está
37:09e foi bom
37:10tu ter trazido isso
37:11o bullying
37:12primeiro que
37:12quando a gente
37:13era criança
37:13não tinha bullying
37:14era outra coisa
37:15eu sofria muito
37:18no colégio
37:18sim
37:19mas não tinha bullying
37:19como esse nome
37:20esse nome
37:21não tinha conceito
37:23na minha época
37:24era considerado natural
37:26se vira
37:26sobrevive
37:27mas isso
37:28não é da mesma natureza
37:31não é da mesma natureza
37:32ver como é importante
37:33a gente se desconectar
37:35do modelo mental
37:36o bullying
37:37de hoje
37:37é uma coisa
37:39sofisticada
37:39quando
37:40
37:41o mota
37:41vai lá
37:42sofrer bullying
37:42o mota
37:43era cabeludo
37:43ah
37:44cabeludo
37:45terminava a aula
37:47tu ia pra casa
37:47só continuava
37:49se continuasse
37:50no dia seguinte
37:50depois tinha as férias
37:52o bullying
37:52de hoje
37:53é 24 horas
37:55por dia
37:557 dias
37:56por semana
37:5630 dias
37:57por mês
37:57365 dias
37:58por ano
37:59existem
37:59nos aplicativos
38:02nas mídias
38:03tem gente
38:04que se reúne
38:04nas panelas
38:05só pra pensar
38:06no bullying
38:06e continuar
38:07fazendo bullying
38:07então
38:08o cérebro
38:09desse adolescente
38:10não para
38:11esse adolescente
38:11não deixa
38:12de ser vitimado
38:13por esse bullying
38:14então o bullying
38:15hoje tem uma enorme
38:16dimensão
38:16justamente porque
38:18ele não é uma coisa
38:18assim ó
38:19ah tá
38:19vai lá e te vira
38:21que o meu pai
38:22dizia ó
38:22se chorar
38:24se chorar
38:25apanha de novo
38:26
38:27e pra nós não
38:28me formatou como homem
38:29ok mas isso é uma regra
38:30que valeu
38:31serviu
38:32pro século XX
38:33não serve pro século XXI
38:35então o bullying
38:36hoje precisa ser
38:36muito combatido
38:37justamente porque
38:38a dimensão dele
38:39é uma coisa absurda
38:40porque essa criança
38:41esse adolescente
38:42não tem tempo
38:44pra descansar
38:45e quando se reúnem
38:47tendo um como vítima
38:48a coisa não para
38:50é isso
38:51um fenômeno
38:54é uma coisa interessante
38:55que você tá dizendo
38:56porque
38:57o mundo digital
39:00oferece
39:01ferramentas
39:02pra que
39:04essa perseguição
39:05esse bullying
39:06seja feito
39:06que
39:07com as quais
39:08ninguém nem sonhava
39:10e eu tô pensando
39:11agora especificamente
39:12na inteligência artificial
39:14
39:15que é uma coisa
39:16eu já vi
39:17algumas tecnologias
39:19mais novas
39:19eu já tô dizendo
39:20pras pessoas
39:21não acredite mais
39:22em nenhum vídeo
39:22que você assistir
39:23porque hoje
39:25você
39:25com uma fotografia
39:26de uma pessoa
39:27você já consegue
39:29fazer um vídeo
39:30dela
39:30executando a ação
39:32que você quiser
39:33de forma que é
39:34praticamente indistinguível
39:36do
39:36de uma cena real
39:39é muito
39:39é muito sofisticado
39:40então hoje
39:41já aconteceu
39:42de
39:42de adolescentes
39:44fazerem
39:44pegarem uma foto
39:45e fazerem bullying
39:46com outro
39:46a partir daquela foto
39:48de formas aí
39:50de formas bem
39:52escatológicas
39:52acontece
39:54e por isso
39:56que o bullying
39:56assumiu uma dimensão
39:57de caráter absurdo
39:59que precisa ser
40:00muito combatido
40:01como é que você
40:05é engraçado
40:05combate e previne
40:06isso
40:07é engraçado
40:08porque o teu semblante
40:10é igual
40:11dos pais
40:11que eu falo
40:12eu sou pai
40:13é
40:14aí vai chegar em casa
40:16ver se a sua filha
40:17tem discórdia
40:17vai ver se a tem
40:18o Sanji
40:18ou o SimpleX
40:20eu vou te dizer
40:23a gente atua
40:25em dois lados
40:26a gente tem um lado
40:26operacional
40:27que é a gente
40:28tá no mundo digital
40:30tentando fazer
40:31esse ciberpatrulhamento
40:32a gente tem uma rede
40:33que vai nos abastecendo
40:34de informações
40:34a gente vai atuando
40:36pontualmente
40:37conforme os casos
40:38vão nos chegando
40:39mas talvez a parte
40:40mais importante
40:40do trabalho
40:41que a gente tá desenvolvendo
40:42agora
40:42eu não tô falando
40:42de implorar o majestático
40:43porque é um núcleo
40:45com mais pessoas
40:46não sou eu
40:46em que
40:48o nosso grande trabalho
40:50é preparar as pessoas
40:51para ver os sinais
40:52a gente vê
40:54como
40:54grande ganho
40:55apostar no analógico
40:57a relação de proximidade
40:59do pais
41:01pra ver os sinais
41:02que o adolescente
41:02tá apresentando
41:03dos professores
41:04pra ver os sinais
41:05que tá apresentando
41:06das polícias
41:07numa relação
41:08de proximidade
41:09pra que essa informação
41:10escoe rapidamente
41:11pro Ministério Público
41:12que a gente possa atuar
41:13então quanto mais rápido
41:16a gente atuar
41:17mais cedo a gente atuar
41:19mais fácil o caminho
41:22de retorno
41:23desse adolescente
41:23do universo da radicalização
41:24percebe que quando
41:26esse adolescente
41:26se radicaliza
41:27ele se
41:27é um longo e cortuoso
41:29caminho
41:29em que ele vai indo
41:31e se perdendo
41:32de quem ele era
41:33claro
41:33não, mas
41:34o que eu tô pensando
41:35aqui é o seguinte
41:36você
41:37você descreveu
41:38várias ameaças
41:39que podem gerar
41:41diferentes resultados
41:42o pior
41:45ou o resultado pior
41:46ou mais extremo
41:47são esses casos
41:48de violência extrema
41:49que você
41:50
41:51que você disse
41:52emite sinais
41:54que podem ser captados
41:56mas eu tô pensando
41:57em outros casos
41:58que não são os extremos
42:00mas são negativos
42:01são ruins
42:02são prejudiciais
42:03vão
42:04prejudicar
42:05o jovem
42:06ou a criança
42:07emocionalmente
42:08intelectualmente
42:09vão
42:10plantar ideias
42:12perniciosas
42:14nefastas
42:15que podem não
42:17desaguar
42:18na violência extrema
42:19mas são
42:20igualmente
42:21prejudiciais
42:22
42:22e como é que você
42:26trata esse
42:28outros casos
42:29
42:29que podem não emitir
42:30sinais óbvios
42:31até um dia
42:33em que
42:33preparar as famílias
42:35preparar as escolas
42:37preparar
42:38a rede de apoio
42:39porque
42:40nunca ninguém
42:42chega do zero
42:43ao cem
42:43é o que eu costumo
42:44brincar assim
42:45sabe
42:45nas capacitações
42:47ninguém acorda
42:48um dia de manhã
42:49pensa
42:49pô São Paulo
42:50do segundo de manhã
42:51tá chovendo
42:52o que eu vou fazer
42:52matar todos meus coleguinhas
42:54não é assim que funciona
42:56as pessoas vão
42:59pouco a pouco
43:00submergindo
43:03nessas subculturas
43:05violentas
43:06passo a passo
43:06isso que tu chama
43:09de menor gravidade
43:11ela vai escalando
43:12e a partir do momento
43:13que eu vou me
43:14desensibilizando
43:15eu vou buscando
43:16coisas que me deem
43:17cada vez mais
43:19dopamina
43:19cada vez mais
43:20reconhecimento
43:21no grupo de pares
43:23no qual eu tô inserido
43:24então
43:25cada pequeno passinho
43:27a gente precisa
43:27ficar de olho
43:27porque ele pode
43:29um passinho
43:29mais distante
43:30daquele sujeito
43:31que eu era
43:31e por isso
43:32tô te falando
43:33pra nós
43:34o nosso granho
43:34ganho competitivo
43:35hoje os sinais
43:36pode tu ver
43:38assim uma
43:38volta pra ter uma ideia
43:39só esse ano
43:41a gente já foi
43:41a mais de
43:42a gente foi a mais de
43:4330 cidades
43:44que abrangeu
43:45ao total
43:46mais de 165 municípios
43:48e capacitamos
43:49mais de 4 mil pessoas
43:50cada uma dessas
43:52tem um potencial
43:53de 4 vezes
43:54cada vez que eu vou
43:56num município
43:57por menor que seja
43:58eu deixo uma semente
43:59e é essa semente
44:00que eu vejo germinar
44:02e essas pessoas
44:03acabam nos mandando
44:03informações
44:04e a gente consegue
44:05antecipadamente agir
44:07em relação
44:08aos próprios
44:10adolescentes
44:12e crianças
44:13você falou muito
44:15dos pais
44:16da responsabilidade
44:17dos pais
44:18de ficar de olho
44:19de identificar os sinais
44:20você falou
44:21do triângulo maldito
44:22
44:22famílias de funcionais
44:24bullying
44:24e excesso de telas
44:26e
44:28e
44:29e como é que fica
44:30você
44:31treinar
44:32os
44:32as crianças
44:33os jovens
44:34isso é uma coisa
44:35viável
44:35é viável
44:37é assim
44:37porque
44:38conjuntamente
44:39aí vem outro
44:40o outro recorte
44:41a gente trabalha
44:42com eles
44:43aquilo que chama
44:43de DDR
44:44desengajamento
44:45eu preciso tirar
44:45daquele mercado
44:46da violência extrema
44:47desradicalização
44:49eu preciso aí
44:50eu preciso me inserir
44:52na
44:54na sementinha
44:55do mal
44:55que tá dentro dele
44:56tirar
44:56isso é desradicalizar
44:57e reabilitar
44:58eu preciso colocar ele de volta
45:00no contexto social
45:02do qual ele se
45:02excluiu
45:03e foi excluído
45:04e pra isso
45:06a gente customiza
45:07junto com a rede
45:08adolescente
45:10adolescente
45:10a gente tem algum
45:11algum sucesso
45:12
45:12a gente já tem
45:13tem tido
45:14sucesso
45:14a gente fracassou também
45:16a gente não vai ganhar todas
45:18sabe
45:19esse menino
45:20que a gente perdeu
45:21vai ecoar
45:22pra sempre na minha alma
45:23é uma derrota
45:24sabe
45:27é um
45:28não consigo te descrever
45:31sabe
45:31o moto é difícil
45:32descrever
45:33o que eu sinto
45:33mas
45:35a gente tem tido
45:36sucesso
45:37e tem esperança
45:39esses tempos
45:39uma mãe nos ligou
45:40dizendo que o filho dela
45:42que tinha se radicalizado
45:43passou um tempo
45:44bem complexo
45:45por conta
45:46da nossa atuação
45:47tá muito bem
45:48obrigado
45:48então tem esperança
45:51é claro
45:52nada
45:53é tão fácil assim
45:54precisa engajamento
45:56precisa vontade
45:57precisa insistência
45:59precisa persistência
46:00precisa constância
46:01e
46:02o fator chave
46:05é sempre a família
46:05é isso que você tá dizendo
46:07a família
46:07é isso que faz a diferença
46:08assim
46:09a gente tem família
46:11primeiro
46:12sabe
46:13a célula mater da sociedade
46:14é a família
46:15família
46:15onde esse sujeito está
46:18onde esse sujeito tem as suas mais importantes relações
46:21escola
46:22e sociedade
46:23mas
46:24primeiro família
46:25porque vê
46:27do meu triângulo maldito
46:28dois dos vetores são
46:31família
46:31e excesso de telas
46:32quem pode combater essas duas coisas
46:34quem pode
46:35elaborar essas duas coisas
46:36família
46:37eu tô pensando no desafio
46:41que é combater o excesso de telas
46:43é simples
46:46mas não é fácil
46:47e assim
46:48tem um outro tempo
46:49tem aquele livro
46:50fábrica de cretinos digitais
46:52o autor não gosta
46:53do termo nativos digitais
46:55porque ele diz
46:55basicamente
46:56ninguém nasceu
46:58com o celular na mão
46:59alguém deu
47:00então não há natividade digital
47:04são pais
47:05que acabam
47:05porque
47:06e assim
47:07o que mais me incomoda
47:09nesse momento
47:10é que a gente sempre tem
47:11a mania de botar o dedo
47:13em riste
47:14pra apontar culpados
47:16mas na verdade
47:17é que a gente estava despreparado
47:18porque estava vindo
47:19é isso
47:20a gente está
47:21acho que a maioria
47:23eu acho que se
47:24a gente fizer uma pesquisa
47:27entre os pais
47:27eu arrisco dizer
47:29que 95% deles
47:32não tem consciência
47:34da existência
47:35dessas coisas
47:36que você está falando
47:37não tem
47:37e eu vou dizer mais
47:38se a minha filha
47:39minha filha tem 24 anos hoje
47:41se ela tivesse 10, 12
47:43eu teria dado um celular
47:44e estaria achando
47:45que ela estava segura
47:46em casa
47:47está entendendo
47:48eu fui me preparar
47:49por conta do trabalho
47:50eu fui entender
47:51o tamanho do problema
47:53depois
47:53é claro
47:54eu sou tipo
47:55engenheiro de obra pronta
47:56
47:56então é mais fácil
47:58
47:58fácil como
47:59vendo fenômenos
48:00de fora
48:01apontar culpados
48:03ter receita de bolo
48:05mas a realidade
48:06é que nenhum de nós
48:07estava preparado
48:08para esse não atimidável
48:10mundo novo
48:11que chegou
48:11e a outra coisa que
48:15na qual eu estou pensando aqui
48:18é que isso
48:20que nada disso
48:21me parece
48:22que nada disso
48:23que você descreveu
48:24vai ser resolvido
48:26ou nem mesmo
48:27melhorado
48:28por qualquer tipo
48:29de regulação
48:29que possa ser feita
48:31o que eu vou dizer
48:33me parece que
48:34quando a gente
48:35eu já te falei
48:36que são vários ecossistemas
48:38que eles se nutrem
48:39tem das mídias sociais
48:41passando
48:41por aplicativos
48:43vinculados a big tech
48:45mas tem de
48:46startups
48:47que eles descobrem
48:49e vão
48:49tem o ecossistema
48:51de games
48:52eles são muito mais
48:53preparados
48:54do que a gente
48:55quando sai aquela questão
48:57agora a gente comentava
48:58antes da entrevista
48:59quando começa aquela questão
49:00do discord
49:01muito focado no discord
49:02de tirar o discord
49:04fica o discord
49:04do brasil
49:04manda o discord
49:05embora do brasil
49:06os adolescentes
49:07a gente monitorando
49:08as redes
49:09pouco me importa
49:11uns diziam
49:12vou fazer vpn
49:13os outros
49:14vou para a internet
49:14profunda
49:15eles tem muito
49:17eles tem
49:17tipo web
49:18eles tem
49:19uma grande
49:20criatividade
49:21para brular os sistemas
49:23eles tem
49:24muita facilidade
49:26e é assim
49:27agregando
49:28com aquele termo
49:29nativo
49:29digitais
49:29eles sabem lidar
49:30nesse mundo
49:31muito melhor
49:32do que a gente
49:32então a gente
49:33aprende todos os dias
49:35uma conversa nova
49:36eles tem mil maneiras
49:37de falar a mesma coisa
49:38eles tem mil maneiras
49:40de fazer
49:40de formas diferentes
49:41o que eles querem fazer
49:42a realidade é a seguinte
49:45a gente precisa
49:46para esses desafios
49:48presentes e futuros
49:49respostas
49:51presentes e futuras
49:52que a gente não vai encontrar
49:53no passado
49:53quais são
49:55ainda não sei
49:56sabe
49:56eu tenho muitas inquietações
49:59eu tenho muitas dúvidas
50:00eu tenho muitas
50:01questões que eu coloco
50:03mas eu não tenho
50:04resposta para tudo
50:05o que que você tem visto
50:07lá fora
50:07em outros países
50:08a situação
50:09é igual a daqui
50:11é pior
50:11é melhor
50:12tem alguma coisa
50:13que você viu
50:14lá fora
50:14eles são muito mais
50:17assim
50:18tem países
50:19que são muito mais
50:20avançados
50:21em ciberpatrulhamento
50:23porque eles têm
50:25esse problema
50:25muito mais tempo
50:26eles estão muito mais
50:27avançados
50:28em estruturações
50:29de programas
50:29DDR
50:30desengajamento
50:31desradicalização
50:34e reabilitação
50:35eles são muito mais
50:36preocupados
50:37em preparação
50:39com
50:40em cinco
50:41um contexto
50:42das pessoas
50:43que têm proximidade
50:44com os adolescentes
50:44talvez por eles
50:46tenham começado
50:46com esse problema
50:47muito tempo antes
50:48e a realidade é essa
50:51a gente só acaba
50:52entendendo o problema
50:53quando o problema
50:54bate na nossa porta
50:55e ele bateu
50:56e
50:59que
51:00lições
51:02você tirou
51:03desses
51:04você disse que
51:05você tem muitos casos
51:06que você
51:07testemunhou
51:08quais foram as coisas
51:10mais importantes
51:11que você
51:12primeira coisa
51:16a reação
51:19das famílias
51:19a maior parte
51:21não faz a mínima ideia
51:22do que está acontecendo
51:23em casa
51:23segundo
51:27o medo
51:28gera muito medo
51:31nas pessoas
51:32é como se fosse
51:33uma coisa
51:33que vem de dentro
51:34sai
51:35gutural
51:36eu estou com medo
51:36é muito gutural
51:38e terceiro
51:39e talvez o terceiro
51:40mais importante
51:40é como fazer isso
51:42de tal sorte
51:44que tu não acabe
51:45com o futuro
51:46de alguém
51:46como é que tu vai agir
51:48sem etiquetar
51:51porque
51:53nesse ponto
51:55eu realmente acredito
51:57na possibilidade
51:58de
51:58uma correção
52:00de rota
52:01e se a gente
52:01não tiver
52:02toda a cautela
52:03do mundo
52:03para fazer
52:04o que a gente
52:04tem que fazer
52:05aquele adolescente
52:07aquela adolescente
52:07vai estar etiquetado
52:08para o resto da vida
52:09o que você quer dizer
52:11exatamente com isso
52:12deixa eu te dizer
52:13o que eu estou entendendo
52:13que você está falando
52:14você
52:15envolver
52:18por exemplo
52:19o sistema
52:19de justiça criminal
52:20às vezes
52:21não
52:22assim
52:23tem que envolver
52:24muitas vezes
52:25tem que envolver
52:25muitas vezes
52:26a gente envolve
52:26a gente usa
52:27mas é questão
52:28de como fazer
52:29porque
52:30fugir
52:31da vontade
52:33de publicizar
52:35essas coisas
52:35imagina tu chegar
52:36numa cidadezinha
52:36pequena
52:37de 13 mil habitantes
52:38chegar com
52:40aquele pensamento
52:41comum
52:43de persecução
52:46chega lá
52:47pé na porta
52:48polícia
52:50com carros
52:51não discretos
52:53enfim
52:54isso vai se repercutir
52:56na história
52:56desse adolescente
52:57dessa adolescente
52:57para sempre
52:58eu vou te dar
52:59um caso aqui
53:00que eu
53:00que eu
53:02vi na mídia
53:03aconteceu no Rio de Janeiro
53:05um garoto
53:06pegou uma fotografia
53:08de escola
53:09de colegas
53:11e aí manipulou
53:12digitalmente
53:13de uma forma
53:15lá que eu
53:16não vou dizer
53:16qual foi
53:17e isso
53:18usou essa fotografia
53:20para constranger
53:21os colegas
53:21e aí isso
53:23vazou
53:23os pais
53:24dos colegas
53:26foram
53:27procurar
53:28um auxílio
53:29da justiça
53:29e esse garoto
53:30foi
53:30apresentado
53:32à sociedade
53:33como se fosse
53:33um criminoso
53:34embora
53:35o que ele fez
53:36tudo que tem que fazer
53:37a gente tem que fazer
53:38agora a gente tem que fazer
53:39com descrição
53:39justamente
53:40eu brinco
53:42a gente não é um núcleo
53:44de prevenção
53:44à violência
53:44extrema
53:45de instagram
53:46nós somos um núcleo
53:49de prevenção
53:50à violência
53:50extrema
53:51da sociedade
53:52e muitas vezes
53:54tem determinadas
53:55notícias
53:56que não devem ser
53:57dadas
53:58por vários motivos
54:00um
54:00quando a gente
54:02publica
54:03um tipo de ação
54:04dessas
54:04de um lado
54:05a gente etiqueta
54:07um adolescente
54:07que
54:07poderia ter
54:09uma correção
54:12de rota
54:13de outro lado
54:14talvez o pior
54:16é o efeito
54:17copycat
54:17o efeito
54:18imitação
54:18porque não é
54:19dissuasório
54:20para esses adolescentes
54:20porque tudo
54:21que eles querem
54:22quando se mobilizam
54:23à violência extrema
54:24é notoriedade
54:25então é um desafio
54:26enorme que você tem
54:27porque você tem que
54:28educar e alertar
54:30sem
54:32expor
54:32é
54:33quem disse
54:36que era fácil
54:37e Fábio
54:38esse trabalho
54:39que você faz
54:40no Ministério Público
54:40do Rio Grande do Sul
54:41com esse grupo
54:42dos sinais
54:43isso está acontecendo
54:44em outros estados
54:45em outros
54:46eu sei que tem
54:48alguns grupos
54:50aqui em São Paulo
54:52o pessoal de São Paulo
54:53dos procurantes
54:54está trabalhando
54:55conjuntamente agora
54:56para eles
54:56passando a nossa
54:58a nossa expertise
54:59para eles fazerem
55:00as suas customizações
55:01já recebeu
55:03demandas de outros lugares
55:04eu sei que tem
55:04em alguns lugares
55:05núcleos de prevenção
55:08policial
55:08mas muito mais
55:09vinculado para a questão
55:10de ciber
55:11ciber
55:12cibersegurança
55:13o nosso foco
55:14é
55:14é
55:15é múltiplo
55:16nós temos a nossa
55:17atuação operacional
55:18que a gente vai atuar
55:19caso a caso
55:20e de outro lado
55:21nós temos uma atuação
55:22estratégica
55:23que é com o projeto
55:23de sinais
55:24preparar pessoas
55:25capacitar pessoas
55:26para reconhecer os sinais
55:27para nós
55:28é o mais importante
55:29e esse é o trabalho
55:31que vocês fazem
55:31no Rio Grande do Sul
55:33no Rio Grande do Sul
55:34e qual é
55:35o primeiro passo
55:38para os pais
55:40que estão assistindo
55:41a gente
55:42limita as telas
55:43saiba o que seus filhos
55:44estão consumindo
55:45a mesma coisa
55:46que a gente faz
55:46com o teu pai
55:47fazer contigo
55:48com quem tu vai
55:49onde tu vai
55:51e que horas tu volta
55:52então tu tem que saber
55:53o que teu filho
55:54está consumindo na internet
55:55tem que saber
55:56com quem ele está
55:57trocando informações
55:58na internet
55:59e tem que limitar
56:00o tempo de tela
56:01para saber
56:02o que ele está
56:03consumindo
56:03não tem jeito
56:04tem que pegar
56:04o celular dele
56:05tem que pegar
56:05o computador dele
56:06tem que olhar
56:07e preferência
56:08com a ajuda dele
56:09explica o que você
56:10está fazendo aqui
56:11exatamente
56:11desculpa
56:13é duro
56:14mas é isso
56:15é muito melhor
56:17fazer isso
56:17do que lidar
56:18com as consequências
56:19de não fazer isso
56:20como dizia
56:21o conselheiro Acácio
56:22do resto de Queiroz
56:23o problema das consequências
56:24que elas vêm no fim
56:25elas vão chegar
56:26e para os pais
56:29saberem um pouco mais
56:30sobre essas coisas
56:31todas que você falou
56:32qual é o lugar
56:33para eles irem
56:34a gente tem atendido
56:36as pessoas
56:36a gente pode
56:37mandar e-mail
56:38para a gente
56:38nupvenuf
56:42arroba mprs
56:45ponto mp
56:46ponto br
56:47ou pode ainda
56:49procurar no site
56:50do Ministério Público
56:51do Rio Grande do Sul
56:52que lá
56:53onde corre
56:53tem um carrocelzinho
56:55que tem o Projeto Sinais
56:57a gente tem um guia
56:57de prevenção
56:58e
56:59podem contatar comigo
57:00eu tenho falado
57:01com muita gente
57:02tenho falado
57:03com muita gente
57:04meu
57:05eu
57:06como te disse
57:07eu não quero
57:08que outras famílias
57:09passem
57:11aquilo que a família
57:12é daquele menino
57:13que eu disse
57:14que a vida
57:15não seria em vão
57:16estar passando
57:16Fábio
57:19muito obrigado
57:20pela sua presença
57:21hoje
57:22parabéns
57:23pelo seu trabalho
57:24eu estou assustado
57:25e eu acho que
57:25todo mundo
57:26que vai
57:26assistir
57:27esse programa
57:28vai ficar
57:28alerta
57:30pelo menos
57:30o Conexão Mota
57:32fica por aqui
57:33e para você
57:35que gosta
57:35do jeito
57:36Jovem Pan
57:36de notícias
57:37não deixe
57:38de fazer
57:38a sua assinatura
57:39no site
57:40jp.com.br
57:42lá você
57:43acompanha
57:44conteúdos exclusivos
57:45análises
57:46comentários
57:47e tem acesso
57:48limitado
57:48ao Panflix
57:49o aplicativo
57:50da Jovem Pan
57:51obrigado
57:52pela sua companhia
57:53e até a próxima semana
57:55Conexão Mota
58:01A opinião
58:05dos nossos comentaristas
58:06não reflete
58:07necessariamente
58:08a opinião
58:08do grupo
58:09Jovem Pan
58:10de comunicação
58:11Realização
58:15Jovem Pan
58:16Jovem Pan
58:18Jovem Pan
58:18Jovem Pan

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