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A China enviou uma carta para os 193 estados-membros das Nações Unidas para convocá-los para uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU na próxima quarta-feira.
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Meio Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.

Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes
do cenário político e econômico do Brasil.

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Transcrição
00:00A China enviou uma carta para os 193 estados-membros das Nações Unidas
00:05para convocá-los para uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU na próxima quarta-feira.
00:12No documento, o governo chinês acusa os Estados Unidos de intimidar e lançar uma sombra
00:18sobre os esforços globais pela paz e desenvolvimento, ao usar tarifas como armas.
00:24Atualmente, os Estados Unidos aplicam uma taxa de até 245% a determinados produtos chineses.
00:33A exceção é para produtos eletrônicos, como smartphones e laptops.
00:37Já a China está taxando em 125% os produtos americanos.
00:42O mestre em economia internacional Alexandre Fermanian conversou com o repórter Guilherme Resch
00:48sobre esses últimos acontecimentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
00:53Vamos acompanhá-los.
00:55Estamos aqui com o Alexandre Fermanian, mestre em relações internacionais.
00:59Alexandre, muito obrigado por ter citado participar da entrevista.
01:02Começo perguntando para o senhor sobre essa reunião que foi convocada pela China
01:06do Conselho de Segurança da ONU para discutir essas tarifas que vêm sendo impostas pelos Estados Unidos
01:11e a China também retaliando, uma guerra comercial entre os dois países.
01:16O que nós podemos esperar dessa reunião convocada pela China para o próximo dia 23?
01:21Bom dia, Guilherme. Tudo bem?
01:23Bem, em relação a esse nível de envolvimento, esse cenário começou a partir de questões de relações comerciais.
01:36A América, com o intuito de proteger a sua indústria local, tem imposto tarifas, o tarifaço,
01:45frente à China, que realmente invadiu o mercado interno norte-americano de produtos fabricados na China.
01:50E a política do Trump realmente é irreversível.
01:56A gente percebe que o governo norte-americano não vai voltar atrás, eles querem reindustrializar o Estado norte-americano.
02:05Então, esse posicionamento do líder chinês em relação ao Conselho de Segurança,
02:11em alguns momentos ocorre um pouco de uma má interpretação, qual é a função do Conselho de Segurança
02:18e qual é a função da Corte Internacional de Justiça, que fica em raiva.
02:23Eu já estive presente nas duas instituições, que são organismos supranacionais.
02:27Realmente, a ONU é um órgão político, ele pode impor, são sanções o Conselho de Segurança,
02:34mas a Corte Internacional é ela que tem o poder de julgar os Estados.
02:40Então, nós não sabemos qual será o impacto dessa reunião do Conselho de Segurança
02:45frente às sanções que poderão ocorrer junto ao Estado norte-americano.
02:51Realmente, é um cenário incerto, Guilherme, porque você tem a ONU como uma força supranacional
02:58executiva, não é jurídica, e a Corte de Raia.
03:02A Corte de Raia é quando há uma questão que já ocorreu com uma guerra, a Segunda Guerra Mundial,
03:07já são discutidas questões jurídicas do direito internacional.
03:10Então, eu vejo que, dependendo dos votos que serão dados nos cinco países que pertencem,
03:1615 países que pertencem ao Conselho de Segurança hoje,
03:20entender quem está do lado da América e quem está do lado da China,
03:24nós teremos aí uma avaliação do Conselho de quais serão as consequências de sanções internacionais.
03:33Diante da imposição de tarifas pelos Estados Unidos em relação à China,
03:37que passa dos 200%, pelo que os Estados Unidos anunciou, chega a 240%, se não estou enganado,
03:43o senhor avalia que é uma medida correta, a China responde com a seriedade devida,
03:50diante dessa imposição de tarifas, convocando aí essa reunião do Conselho de Segurança?
03:54Guilherme, eu acho que já está entrando no campo da irracionalidade,
03:59porque o princípio do comércio, do livre comércio, é a mobilidade de mercadorias.
04:05E a América sempre defendeu isso, eu não vou dizer que a China tem o mesmo princípio,
04:11até porque no momento que você vai investir no país chinês,
04:16as regras de investimento são muito restritas, e na América não, é um país aberto.
04:20Mas realmente o posicionamento norte-americano diz respeito também à soberania do Estado norte-americano.
04:27Hoje, quando se fala, Guilherme, de soberania, nós não colocamos só a percepção militar,
04:34mas hoje a soberania tem, nas relações internacionais, o preceito de uma economia pulsante e forte
04:42como um dos princípios para uma soberania internacional.
04:46Também é que ela se sente, com a palavra certa, ela se sente confrontada,
04:55com receio de perder essa soberania frente à economia internacional,
05:00ao mercado internacional de mercadorias e produtos.
05:05E o senhor avalia que, diante dessa imposição de tarifas,
05:08por mais que para os outros países tenha sido suspensa por 90 dias,
05:11continuou só em relação à China,
05:12Esses países afetados, que terão essa dificuldade maior de exportar para os Estados Unidos,
05:18por causa justamente do acréscimo da tarifa,
05:21eles buscarão outros mercados?
05:23A China deve buscar novos mercados para poder vender seus produtos?
05:28Guilherme, é natural de um empresário procurar outras fontes de relações comerciais.
05:33Essa reação dos países que não estão diretamente relacionados ao conflito China
05:41e América, mas estão indiretamente correlacionados,
05:46porque há impactos na América do Sul, no Mercosul, nos países eixo sul-sul.
05:52Então, realmente, nós cremos que ocorrerá toda uma mudança de cadeia,
05:57na logística, de distribuição e negociação internacional.
06:00Isso não é rápido, você tem que entender, Guilherme,
06:03nós temos que entender que essa cadeia de distribuição,
06:05ela é construída durante décadas, né?
06:09Portos, tarifas, acordos, taxas de importação, impostos de importação, exportação.
06:16Então, realmente, assim, eu não vejo no curto prazo,
06:19quando eu falo menos de um ano,
06:21esse ajuste entre as relações comerciais e bilaterais
06:25nos países que não estão diretamente dentro do conflito.
06:29Mas isso vai respingar positivamente para uns e negativamente para outros.
06:34É o comércio, Guilherme, é o comércio.
06:38No caso do Brasil, será que pode ter um benefício aí para a relação entre Brasil-China,
06:42porque é o nosso principal comprador?
06:45Guilherme, eu tenho uma opinião, assim, política,
06:48em relação, dentro das relações internacionais,
06:51que eu vejo que o Brasil, quando nós temos uma democracia,
06:53é interessante que nós tenhamos mais relações com países que sejam abertos,
07:00em relação a princípios jurídicos de liberdade.
07:04A China realmente, não só no Brasil,
07:06mas o poder industrial da China tem, assim, conquistado o continente europeu,
07:13a África, né?
07:15Os grandes grupos, as grandes vozes, as grandes corporações internacionais,
07:18eles têm adquirido ativos reais na África, as fazendas, energia e óleo.
07:22Então, realmente, assim, ir contra a China, hoje, no comércio internacional, é um desafio.
07:28O Brasil, hoje, tem 30% da sua pauta exportadora de commodities para a China e para outros países.
07:34Então, não tem como nós nos afastarmos da China.
07:37A gente tem que medir, Guilherme, qual é a relação que é salutar para a nossa democracia
07:42e qual é a relação internacional que não é salutar.
07:47O senhor avalia que é possível os Estados Unidos recuar nessa imposição de tarifas
07:52em relação à China, como já suspendeu para os outros países?
07:55Pode ser que chegue num ponto que escale tanto essa guerra comercial
07:58que os Estados Unidos resolvam recuar?
07:59Ou será que o recuo viria por parte da China?
08:02Eu creio que o Trump tem alguma carta na mão, Guilherme.
08:04Porque você entrar numa guerra que gera todo esse desequilíbrio no mercado de capitais,
08:12nas relações comerciais, isso não pode ser algo irracional do governo norte-americano.
08:16A América tem uma capacidade diplomática fortíssima, ela participou de todas as guerras,
08:21tem um exército muito forte.
08:25Então, eu creio que algumas cartas ainda não foram tiradas das mangas do governo norte-americano.
08:30Ainda teremos alguns cenários, alguns capítulos nessa série de Netflix aí pela frente, Guilherme.
08:36Agora, muita emoção no coração, Guilherme.
08:38Muita emoção.
08:40Em relação aos outros países, Alexandre, que tiveram essa suspensão por 90 dias
08:45da imposição de tarifas recíprocas,
08:47é possível que eles consigam, de fato, negociar, avancem numa negociação
08:50para que seja retirada essa tarifa deles?
08:52O próprio Brasil, por exemplo, que vem dialogando com a diplomacia americana,
08:56será que avança essas negociações?
08:58E, a verdade, tem visto a posição do Itamaraty,
09:01é um pouco conservadora, o Brasil, no governo atual,
09:05não tem tido uma relação tão próxima com o governo norte-americano.
09:10Não é um momento positivo, nós temos qualquer desgaste dos Estados Unidos,
09:14ora já temos algumas questões de âmbito jurídico e político,
09:19então, realmente, o Brasil hoje está num cenário um pouco delicado
09:23quanto relações internacionais com os Estados Unidos.
09:26Talvez, com a China, nós podamos tirar algum proveito desse conflito internacional,
09:33nós temos a Embraer e outras questões,
09:35a própria Boeing, agora, o governo chinês,
09:37restringiu a aquisição de aeronaves norte-americanas.
09:42Como eu já te falei, Guilherme,
09:43a gente está naquelas séries de 20 e tantos capítulos,
09:50nós estamos ali no início dessa temporada da Netflix.
09:54Então, realmente, o Brasil pode, sim,
09:57mas, enquanto partida, nós temos problemas no aço,
10:00e tarifas que foram impostos.
10:02Eu acho que a pauta nossa de exportação quanto a commodities não vai mudar,
10:05mas quanto produtos semi-acabados,
10:08ou produtos, matéria-prima,
10:10que são exportados para os Estados Unidos,
10:12nós vamos ter que nos reinventar,
10:13dependendo do impacto na cadeia produtiva.
10:16Mas o brasileiro é resiliente, tá, Guilherme?
10:19Nós conseguimos nos reinventar muito rápido.
10:23Alexandre, até o senhor comentou sobre essa questão,
10:25dessa dificuldade,
10:26esse afastamento do Itamaraty em relação aos Estados Unidos,
10:30até pela diferença de ideologia dos dois governos,
10:33do governo brasileiro e do governo americano.
10:34Levando isso em consideração,
10:37seria importante que, por exemplo,
10:38parlamentares participassem das negociações,
10:41porque na semana passada me chegou a informação
10:43de que está sendo organizada uma comitiva
10:46de senadores e deputados federais aqui do Brasil
10:48para irem aos Estados Unidos,
10:50dialogarem ali com parlamentares americanos também,
10:53nessa tentativa de ajudar o Brasil
10:55a sair da mira do tarifácio.
10:58Seria importante que esses parlamentares, de fato,
11:00fizessem esse movimento,
11:01fossem para lá e ajudassem nas negociações?
11:03Guilherme, se nós falarmos dos presidentes,
11:07tanto do norte-americano quanto do presidente brasileiro,
11:10não há qualquer diálogo entre ambas as partes.
11:12Na realidade, há alfinetadas das duas partes.
11:15Então, hoje nós temos a esperança
11:18que não só o parlamento,
11:20mas que Itamaraty entrem nessa negociação.
11:23O poder parlamentar, os deputados e os senadores,
11:25eu vejo que é o único caminho do diálogo
11:28junto ao governo norte-americano,
11:32que realmente os dois presidentes estão bem afastados,
11:35não só por questões ideológicas,
11:36mas pelo histórico já desgastado, né, Guilherme?
11:39Então, realmente,
11:41eu não quero trazer a palavra Deus,
11:44estamos nas mãos de Deus agora,
11:46em fé,
11:47esperando que o próprio parlamento brasileiro,
11:51tanto o Senado quanto a Câmara,
11:53possam participar dessa delegação.
11:55é a nossa esperança.
11:57Mas entenda que não existe só a América para exportar,
12:00nós temos outros caminhos também.
12:03A questão que eu vejo é o tempo de reação nossa
12:06frente a esse tarifácio.
12:08Nós não podemos demorar, Guilherme,
12:09porque a cada dia que se passa,
12:11são prejuízos contábeis
12:13pelas empresas brasileiras que são incalculáveis.
12:15Eu comecei com exportadores,
12:17já realmente estão muito apreensivos,
12:21o Instagram é muito apreensivos.
12:23A incerteza tomou conta do mercado.

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