Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
No Podcast OA! desta segunda-feira, 11, Felipe Moura Brasil e José Inácio Pilar conversam com o comediante Maurício Meirelles sobre o momento do humor no Brasil, sua carreira e até sobre a maior "bola fora" que já deu nos palcos.

Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores!

https://x.com/o_antagonista

A melhor oferta do ano, confira os descontos da Black na assinatura do combo anual.

https://bit.ly/assinatura-black

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.

https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...

Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00De conversa boa, todo mundo quer participar, o antagonista também.
00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido
00:12sobre as experiências de cada um.
00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:20Salve, salve! Eu sou Felipe Moura Brasil.
00:22Sejam bem-vindos a mais um episódio do Podcast O.A.
00:24Lembrando que todos aqueles que a gente já fez ficam disponíveis na playlist
00:28Podcast O.A. no canal de YouTube de O Antagonista.
00:31Estou aqui hoje com José Inácio Pilar, também apresentador aqui do nosso portal
00:37e comediante amador. A gente já vai contar essas histórias.
00:40E recebendo um comediante profissional, ele que é redator, humorista, apresentador.
00:47Endividado.
00:47Endividado também, sem múltiplas funções e tarefas, mas também talentos.
00:52Eu tive o privilégio de conhecê-lo nos bastidores do mercado da comunicação
00:55nessa interseção que muitas vezes existe.
00:58Entre o jornalismo e o humor.
00:59Já fui a show dele, espetáculo.
01:01Como é que você se refere ao seu show, ao seu espetáculo?
01:04Como você fala assim, eu fiz um show, eu fiz um monólogo.
01:07Eu me sinto mal com o show, parece Broadway, né?
01:10Parece que vai cantar.
01:11É, mas eu acho que espetáculo é pior, é mais arrogante.
01:14Espetáculo, é uma coisa...
01:15É muito hiperbólico.
01:17Cara, eu acho que é show mesmo.
01:18Não sei, diga que tem um nome na apresentação.
01:20É muito... Parece que é na escola.
01:21É um PowerPoint.
01:22É, acho que a gente vai criar um neologismo pra ser criado aí.
01:26Não sei, talvez...
01:28Acho que show, acho que show é mais fácil.
01:29Maurício Meirelles, seja muito bem-vindo aqui ao Podcast Joá, à nossa redação.
01:32Estamos muito felizes com a sua presença.
01:35Pô, imagina.
01:35E eu queria começar, aliás, falando sobre o show seu que eu vi já faz um tempo, mas
01:39era o show que falava sobre várias gerações.
01:41Você tem falado muito sobre a geração Z, você fala dos conflitos geracionais.
01:46E eu achei aquilo muito envolvente, fascinante, porque realmente você vai refletindo ali sobre
01:52várias gerações e, obviamente, cada um tem o exemplo da sua própria família, do
01:55entorno.
01:56Você cita histórias com seu pai.
01:57E, quer dizer, é uma peça, um espetáculo, um show que tem uma espinha dorsal, tem um
02:05conceito.
02:06Existe essa dificuldade no humor de você criar uma linha mestre pra um texto teatral?
02:13Pô, gostei pra caramba dessa pergunta.
02:15É, porque às vezes cada um tem uma história que tem aquela piada, aquela sacada, aquele
02:19punch, né, como muitas vezes se diz.
02:21Mas pra costurar vários momentos engraçados, como é que você faz?
02:26É pra onde ir?
02:26E esse show, seja lá como for, ele tinha uma estrutura.
02:31Às vezes não se vê, às vezes o humor começa a contar e ele vai enrolando, e aí eu vim
02:35de casa e fiz isso, e aí no domingo passado...
02:37Vira um compilado de histórias.
02:38Vira um compilado de histórias, mas você tinha uma linha mestre.
02:41Cara, eu vim da publicidade.
02:42Acho que isso daí começa, assim, minha história.
02:44Como eu vim da publicidade, a gente não aprendeu a fazer show de comédia stand-up, mas eu
02:48aprendi a fazer roteiro.
02:49Então eu sou roteirista.
02:51Então eu comecei como roteirista e no roteiro a gente aprende uma parada de atos.
02:54Começo, meio e fim.
02:55Então quando eu comecei a fazer stand-up, primeiro eu escrevia textos.
02:59Todo comédia stand-up, ele começa com textos.
03:01Então ele vai chegar e falar assim, cara, tem um texto sobre o Botafogo tá sendo campeão
03:06da Libertadores e tal, e sei lá, é a única coisa que eu penso agora, você pode ver que
03:09é o Botafogo.
03:11Grande Botafoguense.
03:12Ele tá felicíssimo aqui nessa parte.
03:14Tenso, tenso, tenso.
03:15Não vamos falar sobre isso agora.
03:17Mas assim, eu tenho uma linha Messi na minha cabeça.
03:19Vou falar sobre o Botafogo.
03:21Então tem o começo, meio e fim, três minutos, beleza.
03:23Aí depois você tem uma outra semana, você vai falar do Big Brother.
03:26Aí depois você vai falar da outra semana do Antagonistas, que o Felipe falou.
03:29Nossa, a cagada que ele falou, vou fazer uma piada sobre isso.
03:31Você tem vários retalhos.
03:32E aí, como você faz um show de dez, cinco, quinze minutos, isso funciona.
03:37Você vai fazer um show de uma hora.
03:39Eu sempre criei o conceito do roteiro.
03:42Tipo, eu vou falar sobre o que nesse show?
03:43Eu.
03:44Eu vejo meus colegas, eles pegam várias compilações, juntam tudo e fazem o show.
03:49Eu sempre olhei assim, tipo, o que eu quero dizer nesse show?
03:52Esse é um show que eu quero falar sobre juventude.
03:55Então eu pego um tema, eu começo a destrinchar ele quando eu vejo.
03:59Eu vou fazer no começo, meio e fim dele.
04:01Então ele, pra mim, ele tem uma coisa mais de espetáculo do que comédia,
04:04do que retalhos que eu vou juntando pra contar uma história.
04:07Então, tem uma ideia que eu quero passar no final.
04:09É, isso me chama atenção porque eu escrevo.
04:11E pra escrever, você deu a resposta precisa.
04:14Você é redator.
04:15É.
04:15Então, se pensa no conceito, se pensa na arquitetura do texto.
04:20Isso.
04:20Embora tenha...
04:21Você vai moldando.
04:22Às vezes você escreve lá na frente, tem uma piada, aí você volta.
04:24Volta, tem um callback.
04:25Essa fica melhor aqui, esse parágrafo.
04:27Isso.
04:27Os caras que eu gosto, geralmente, eles têm uma coisa meio...
04:31É um...
04:32Obviamente, o cara, ele pode falar sobre copo e falar sobre celular.
04:36Mas tem alguma coisa que junta esses dois assuntos do que simplesmente botar...
04:41Não tô falando que eu acho errado.
04:42É que eu gosto dessa coisa do tipo, cara, eu começo a falar de um tema,
04:45quando eu vejo, eu tenho 45 minutos falando sobre esse tema.
04:47Então dá pra fazer de várias formas diferentes esse mesmo tema.
04:50E aí, acho que é mais fácil até pra o cara comprar, pra entender,
04:53ah, esse show é sobre isso.
04:54Eu vou lá ver.
04:54Inácio, uma pergunta.
04:56Você começou a falar sobre um tema, quando eu vejo, eu tenho 45 minutos.
05:00Quando eu vejo, é quanto tempo?
05:01Temos um hiato de quanto tempo até você tem material pra um show de 45 minutos?
05:05Hoje que você já tem o domínio do texto, né?
05:08É que eu acho assim, olha só.
05:09Eu comecei a fazer um texto recentemente sobre doenças.
05:13Doenças que a gente tem nos momentos.
05:15Burnout, sei lá, bipolaridade e tal.
05:18Cara, automaticamente eu escrevi três doenças ali, fiz uma piada e tal.
05:22Isso tá na minha cabeça.
05:24Já tá decorado na minha cabeça assim, cara, eu tenho um tema sobre doenças de saúde mental.
05:28Acontece uma situação com o Felipe, a gente tá num elevador.
05:31Ele fala, cara, eu descobri que, pô, todo mundo agora tá com essa mania de ser TDAH.
05:36Eu falo, puta, verdade.
05:37Isso encaixa naquele.
05:38Então, automaticamente, como se o meu texto ele tivesse aberto.
05:41A diferença de vocês, como jornalismo, vocês entregam o texto, dão enter, acabou, próximo texto.
05:47Como eu tô em atividade, o nosso show só termina quando eu gravo um especial de comédia.
05:53Aí eu tô entregando esse material pro mundo e não vou utilizar mais.
05:57Isso daqui é o entregue.
05:58Enquanto isso, vai crescendo.
06:01Todo comediante, você vai entrevistar aqui o Albani, você vai entrevistar aqui o Padilha.
06:04A gente tem uma base.
06:05A gente tem 10 minutos de material.
06:07Quando vê esse 10 minutos vira 50 minutos?
06:09Porque não é que a gente vai acrescentando piadas, porque a gente quer...
06:12Cara, a vida vai dando essas piadas pra gente.
06:14É como se tivesse o tema estabelecido, geração Z.
06:17Cara, de repente, o meu algoritmo só vê geração Z.
06:20Eu só penso em geração Z e, de repente, essa porra começa a entrar.
06:23E quando eu vejo, vai crescendo.
06:25Eu vou acrescentando coisa, tirando coisa.
06:26Cara, você falou do Botafogo e eu me toquei que você ilustra a minha antiga tese, que eu tenho há anos.
06:33Fala assim, eu gosto de botafoguense porque, pra ser botafoguense, necessariamente tem que ser bem-humorado.
06:39Eu tenho essa tese também, sabia?
06:41O Maurício merece a encarnação da minha tese.
06:43Cara, eu vou te falar, o Botafogo, ele ensina você a ser comediante.
06:47Porque, você tá com os anos?
06:48Eu te imponho, amor.
06:49Ah, essa revelação aqui é o puro.
06:52Tem 43 anos.
06:53Nossa, a Glória Maria tá foda.
06:5443 anos.
06:55Então a gente veio da mesma geração.
06:56Uma geração que a gente, porra, perdeu o título pra caramba, não acompanhou.
07:00O Botafogo perdeu muito jogo.
07:02Você perdeu, meu Flamengo ganhava sempre.
07:04Ah, tu é flamenguista?
07:05Sou, sou.
07:05É, achei que você era botafoguense.
07:07Você vai pro, você ia pra escola, cara, toda segunda-feira e toda quinta tu era trollado.
07:13Tinha uma zoeira em cima de você.
07:14Então você tinha que reverter.
07:16Então o cara falava, ah, o Botafogo é uma merda.
07:17Pô, meu pai tem emprego.
07:18Tu dava uma.
07:19Então você acostuma a ser um cara, assim, sacana.
07:24Você vai ver, o Botafoguense somos eu.
07:25Você vê, tem muito comediante famoso, assim, que é botafoguense.
07:29Além de mim, tem o Atatai, é botafoguense.
07:32O Adilê é botafoguense.
07:34Marcelo Adilê.
07:35Aí você vai pegar o Cláudio Torres, o Hélio Della Penha.
07:38Pô, tem uma linha aí.
07:39Tem uma linhagem.
07:40Léo Lins.
07:41Verdade.
07:41Léo Lins é botafoguense.
07:43Geralmente a galera do bullying é botafoguense.
07:45Oi, Inácio.
07:45Você ganhou prêmio com teatro de improviso?
07:49Ah, mas evidente.
07:49Conta rapidamente essa história.
07:50Fui campeão brasileiro de um campeonato que não tem peso, mas ainda assim campeão brasileiro
07:55de teatro de improviso no Rio de Janeiro.
07:57É, não botava?
07:58No teatro, espaço contemporâneo.
08:00Nosso querido Dinho Valadares, não sei se você conhece ele.
08:03Espaço contemporâneo.
08:04Isso em 2008.
08:07Estou ficando agagá.
08:08É isso.
08:08Que eram os egressos dos cursos do Marcão, Marcos Gonçalves.
08:12Ah, sim.
08:13Você fez curso de improviso.
08:14Do Alan Benat, aquele pessoal todo jogando, né?
08:17O Murilo Couto você conheceu nessa época?
08:18Ele era estudante conosco também, já descalço, nosso Juca Chaves.
08:23Então ele não mudou.
08:25Ele ainda está assim.
08:25Ele continua.
08:26Porque ele também fez parte de um grupo seu, da origem da sua carreira, não?
08:29De banda.
08:30De banda.
08:30Eu tive uma banda, a banda Renatinho.
08:32A banda era ele, o Marcão, o Nil Agra e a Tata, vocalista.
08:37A gente teve uma banda de rock, que foi a maior banda que já teve no Brasil e acabou como
08:42todas as melhores bandas.
08:43E você fazia o que na banda?
08:44Eu era guitarrista.
08:45E é até hoje?
08:46Cara, eu sou músico frustrado.
08:49É muito legal.
08:50Comédia fantástica para reunir todas as frustrações.
08:53Pra cacete, cara.
08:53A comédia, o Murilo queria ser músico, eu queria ser músico, o Nil Agra queria ser
08:59músico, o Marcão queria ser músico.
09:01Tem uma coisa desse lugar do frustrado, né?
09:02E aí vai pra comédia, porque a comédia, querendo ou não, você não precisa depender
09:06de uma banda.
09:06Você não precisa depender do baterista, ter agenda.
09:08É meio que você.
09:09Você é a banda.
09:10Eu sozinho resolvi fazer o que eu quis fazer.
09:13E de repente a gente tá fazendo show pra multidões que uma banda hoje talvez a gente
09:16não teria tido, entendeu?
09:18Então tem aquele lado meio tipo esquizofrênico de querer de alguma maneira falar pra multidões
09:24e tal.
09:25Mas essa banda, ela surgiu porque a gente tocava toda noite.
09:29Nosso futebol era eu encontrar o Murilo, encontrar o Nil.
09:32A gente ficava tocando.
09:32A Tata um dia foi.
09:34Começou a falar merda.
09:34A gente fez uma banda e a banda durou três anos.
09:37E acabou quando ela vai pra Globo.
09:39E qual era o repertório?
09:41Música autoral.
09:42Só música autoral.
09:44E algum ritmo especial?
09:45O ritmo especial, o rock and roll.
09:47O famoso rock and roll.
09:48Mas um rock and roll de verdade, não o rock and roll que a gente vê na rádio.
09:50Certo.
09:51Rock and roll agressivo, um rock and roll que...
09:54Com lambada.
09:55Não?
09:56Um pouco.
09:56Lambada.
09:57Mas um rock que Led Zeppelin estaria orgulhoso da gente.
10:01Agora, Maurício, eu sou carioca e moro em São Paulo, embora, enfim, parte da maioria
10:05dos fins de semana do Rio, pois é.
10:07E você, como carioca também, botafoguense, sabe que o mercado de stand-up no Rio é mais
10:13atrasado do que São Paulo.
10:15Posso estar errado se você me corrija.
10:16Mas, assim, aqui eu vejo que virou uma febre.
10:20Tem vários teatros, criaram aí casas de comédia.
10:24Aquilo que existia nos Estados Unidos.
10:27No Rio de Janeiro, talvez pela praia, por outros lazeres, por uma competitividade natural
10:32que existe para o entretenimento.
10:34Isso, mas eu vejo que está chegando.
10:37Vocês cada vez mais estão tendo entrada em teatros no Rio de Janeiro.
10:40É uma impressão errada ou não?
10:41Não.
10:41O Rio de Janeiro é o lugar mais de comédia do Brasil.
10:44Sim, é de verdade.
10:45O carioca é muito mais comediante do que o paulistano.
10:49A gente tem que lembrar que São Paulo não é São Paulo.
10:51São Paulo é Brasil.
10:52Então, aqui, a gente atende uma plateia brasileira, cara.
10:56Aqui tem o goiano que está morando sozinho.
10:59Tem o cearense que está com a família aqui.
11:01Tem o carioca que veio trabalhar com a família.
11:04Então, é.
11:05Então, aqui, cara, tu se comunica com o Brasil inteiro.
11:08E a visão que eu tenho é o cara que se comunica em São Paulo, ele se comunica com o Brasil
11:12muito bem.
11:12Porque, cara, tem noite aqui em São Paulo que é só de nordestino.
11:16Sei lá, quatro comediantes nordestinos fazendo para uma plateia nordestina.
11:19Tem noite que é, sei lá, você vai pegar, às vezes, uma noite numa quinta-feira.
11:24É o cara que vem do congresso, fazer um congresso aqui.
11:26Ele vai assistir um show e, porra, tem uma demanda ali.
11:30Tem show só em inglês.
11:31A gente faz show só em inglês para a galera que vem, sei lá, o cara da Samsung fazer
11:35um evento aqui.
11:36Então, a gente aqui tem muito repertório para isso.
11:38O Rio de Janeiro, além de ser um lugar, digamos assim, muito movimentado, é a comédia
11:44brasileira mais, assim, mais forte.
11:46Assim, tipo, todo comediante se dá muito bem nos shows no Rio de Janeiro, todo.
11:51Porque o Rio de Janeiro, ele já tem essa sacanagem, essa coisa da comédia, já está
11:57no nosso DNA, né?
11:58Acho que o comediante, o carioca, ele tem essa coisa da sacanagem, do bullying.
12:02Então, todos os meus colegas, quando vamos para o Rio de Janeiro, cara, puta, é show lotado,
12:07é esgotado.
12:08E a gente mudou uma coisa.
12:10Antigamente, o cara ia para o teatro para ver o cara da Globo.
12:13Isso era assim.
12:13Tu tinha uma panela.
12:15Aquela coisa assim, puta, cara, o cara está na Globo, ele vai lotar teatro pelo Rio de
12:18Janeiro.
12:19Agora mudou um pouco isso.
12:20Então, a turma, tipo eu, o Albani, o Padilha, o Thiago Ventura, a Bruna Luiz, vai para o
12:25Rio de Janeiro, cara.
12:26O cara gosta de comédia, gosta de sacanagem, lota os lugares.
12:29Não, assim, o humor faz muito sucesso no Brasil.
12:31As pessoas são da zoeira.
12:33E no Rio, principalmente.
12:34O que eu estou falando, obviamente, é uma questão de mercado, de casas, de show.
12:38É que aqui tem muito mais demanda, cara.
12:40Exato.
12:40Aqui tem muito teatro, aqui tem muito bar, aqui tem muito restaurante que precisa, puta,
12:46aqui tem muita oportunidade para iniciar comédia.
12:48E é o coração financeiro do país.
12:50Tem uma questão de poder aqui, de estrutura também.
12:52Mas o Rio tem um problema, que o Rio, assim, falta às vezes, assim, tipo, o restaurante
12:57daqui, ele às vezes coloca comédia stand-up para ser um atrativo.
13:01Lá no Rio, o cara não vai botar, o cara vai botar um pagode.
13:04Ele vai preferir para uma coisa mais de bebida e tal.
13:06Não sei, é a minha visão.
13:08Mas aqui é muito maior, Felipe.
13:10Aqui é muito maior.
13:10Aqui é muito mais gente.
13:11Exato.
13:11Tanto que o cara, ele vem para cá, às vezes, conquistar mercado e tal.
13:15Então, aqui, eu acho que o cara que quer fazer stand-up comedy, ele vem para cá.
13:19E é curioso, só para completar, cada lugar que você faz do Brasil, você entende
13:23um Brasil diferente.
13:25Por exemplo, o Rio de Janeiro é o lugar mais bagaça para fazer show.
13:28Você faz putaria, você fala merda, o cara ri para caralho.
13:32Curitiba já é o oposto.
13:34É textos inteligentes, textos mais...
13:36Tem que ser mais refinado.
13:37Refinado, porque lá é o lugar do teatro brasileiro.
13:40Festivais de teatro de Curitiba, aquela coisa toda.
13:42Então, você não é qualquer coisa que o curitibano ria, um mercado teste.
13:46Você vai para o Ceará, já é caos.
13:48Então, você vai entendendo, cara, que Brasil que eu vou fazer show hoje.
13:51Então, São Paulo, ele atrai todos.
13:52Eu acho que, por isso, você acaba tendo mais flexibilidade em outros lugares.
13:55É um desafio para desenvolver várias técnicas para atingir todos os públicos.
14:00Aqui é.
14:01Inácio, levantou o dedo.
14:02Fala, Inácio.
14:02Eu levantei o dedo e estava com uma dúvida.
14:04Quando você já, digamos assim, tem muita cancha de palco, você já consegue brincar
14:08com a plateia, fazer material ao vivo.
14:12Perguntar qual é o seu nome, de onde você veio, quem é você, então você está junto.
14:15E ficar fazendo isso.
14:16Eu vejo isso muito nos vídeos da Bruna Louise.
14:18Sim.
14:18Ela faz isso muito bem, costura.
14:21Até que ponto isso dá para você usar de enxerto, digamos assim, enxerto no bom sentido,
14:26para um show?
14:27Um show de uma hora.
14:28Quanto é texto, quanto é improviso?
14:30Você consegue delinear?
14:31Cara, depende.
14:32Eu faço um negócio chamado webbullying, né?
14:34Que eu, tipo assim, eu já faço improviso no palco há coisa de 10 anos.
14:38Só que o meu improviso, ele é roteirizado.
14:40Ele é de outra forma.
14:41Ele tem uma brincadeira, só para contar para quem não sabe.
14:44No final do meu show, eu tenho um show de stand-up de uma hora, e aí depois do show
14:49de uma hora, eu chamo alguém da plateia ou um convidado, eu abro a rede social dessa
14:53pessoa, e eu fico fazendo um trote 2.0.
14:56Ou seja, quem está online, vão mandando mensagem, mandam mensagem para o Instagram,
15:00dá uma sacaneada.
15:01Eu tento fechar o meu show com uma hora e 25 no máximo.
15:04Eu acho que a comédia, ela cansa.
15:06Ficar duas horas e meia fazendo comédia, eu acho que chega o momento que o cara já
15:09começa a não rir.
15:10Porque a piada já, ela começa a ficar um pouco mais previsível.
15:13É diferente da música.
15:14Que música você está dançando, está ouvindo, bebendo.
15:17Música você não está focado, se você parar para pensar.
15:19Você não vai num show de música e fica ouvindo a música e analisando a música.
15:23Você está ali, você está no ambiente.
15:24Comédia, uma hora, cara, as pessoas cansam de rir.
15:27Dizem que o ideal, tanto você vai ver especial de comédia, o ideal é 55 minutos, uma hora
15:32e 10, acaba um especial de comédia, que é o tempo suficiente.
15:35Alguém deve ter feito alguma base, algum dado sobre isso.
15:38Então, geralmente, num show de uma Bruna Luiz e tal, eu acho que assim, de uma Bruna,
15:42meu, do Albano e tal, acho que 10 minutos de improviso é o ideal para você se conectar
15:47com a plateia.
15:48Porque tem aquela coisa assim, cara, é foda você chegar no palco, tu chega lá e está
15:52todo mundo te esperando você ser engraçado.
15:55Falta uma conexão.
15:57Você chegar e já falar, óbvio que tem gente que já está te esperando, o cara já gosta
16:00de você.
16:01Mas é muito legal.
16:02O que você faz quando você chega numa mesa?
16:03Você não chega contando um texto.
16:05Você chega numa mesa e fala, aí pessoal, beleza, olha o Filipão.
16:07Pô, legal essa camisa, hein, cara.
16:08Comprar onde?
16:08Você já está, tipo, esse cara é um filho da puta, você já está abrindo.
16:11Quem viu de longe?
16:12Deixa eu ver, você.
16:13Então você vê, olha só quanto a gente vê de longe.
16:15Quem que tem um nome estranho?
16:16Você vai criando dinâmicas.
16:17Até para a plateia entender, tipo, qual que vai ser o mood ou o humor do espetáculo.
16:21Isso daí, para mim, é um típico lugar para você iniciar a sua apresentação.
16:26Começa, fala do local, fala das pessoas, traz todo mundo.
16:30Está todo mundo rindo da mesma coisa, todo mundo junto.
16:33E aí você vai.
16:33Mas tem que tomar cuidado, que eu acho que excesso de improviso também pode ser chato.
16:38Porque parece que você está caçando piada e você...
16:41Tá, eu paguei para ficar vendo um brother falando...
16:44E aí, qual é o seu nome?
16:45Ah, Felipe.
16:46Opa!
16:46Tá, tem piada para isso?
16:47Não.
16:48Quando você tem 43?
16:49Epa!
16:50Porra!
16:51Você não tem nada também.
16:52No fundo, tudo é uma questão de ritmo.
16:54É ritmo, cara.
16:55Como programa audiovisual, radiofônico.
16:56A gente que tem...
16:57E é bom ter essa escola, né?
16:59De TV, de rádio.
17:00Você entender o ritmo.
17:01Eu acho que o ideal para tudo na vida é o improviso.
17:04Inclusive, dessa entrevista aqui, a gente tem que ter ritmo.
17:06É, eu acho que tem que ser uma coisa...
17:08Você faz rádio, cara.
17:09Rádio é ritmo.
17:10Quem falou isso uma vez?
17:12Eu acho que foi o Pânico.
17:13O Carioca falou isso uma vez em uma entrevista que eu pirei.
17:15Que ele falou assim, a gente que vem da rádio...
17:17Eu também vim da rádio, né?
17:19Fiz rádio pra caramba.
17:20A gente não consegue deixar o assunto morrer.
17:23Eu vim do palco também, stand-up.
17:25A gente sente um momento que a gente fala, cara, eu preciso mudar de assunto.
17:28A gente é a nossa própria audiência.
17:31Porque você percebe.
17:32Eu tô fazendo um show de comédia.
17:34Eu tô conversando com o cara.
17:35De onde você veio?
17:36Cara, tá dois minutos, não tá graça.
17:38Você tem que mudar de tema.
17:39Então, o que eu acredito?
17:40O bom improviso, ele é mentalmente roteirizado.
17:44Não que você vai com a piada pronta.
17:45Mas você tem uma guia do tipo assim...
17:47Se meu improviso de cinco minutos não render, eu vou ter que fazer ele transformar em um.
17:51Eu vou ter que aumentar...
17:51Você vai criando quase como um esquema tático do que você vai fazer.
17:55Puta merda, a galera tá rindo de putaria.
17:58Então, eu vou ser mais aqui pesado.
18:00Aquele texto que eu tinha sobre filosofia grega, não vou fazer.
18:04Eu vou mudar aquele texto pra falar que ele dá...
18:06Então, você tem um esquema tático na tua cabeça.
18:08E você vai usando os seus melhores jogadores.
18:10Aí, você vai traçando.
18:12É, a gente tem isso aqui.
18:13É um reloginho que apita.
18:14É de ideia, cara.
18:15Às vezes, você sabe que você tá falando demais.
18:17Porque, às vezes, tem que fazer uma explanação mais longa.
18:19Mas aí, você fala...
18:20Não, já vou terminar pra concluir e tal.
18:22Exato.
18:22Você não sabe o que o cara tá pensando.
18:24Exatamente.
18:24Exatamente.
18:24Você já se antecipa, velho.
18:25É legal isso, né?
18:26E aí, como diretor de jornalismo, tem que dirigir comentaristas, etc.
18:29Pra passar a palavra.
18:30Pra não ficar aquela coisa repetitiva que...
18:33Prolixa, né?
18:34Disperça o espectador.
18:35Às vezes, ele tá ouvindo, tá ouvindo.
18:36Porque a atenção, o foco, exige um certo esforço.
18:40E se você não prende o cara, ele, de repente, começa a se ligar em outra coisa.
18:44Tem uma frase do David Chappell, que é um dos maiores comediantes do mundo, que eu
18:47acho muito legal.
18:48Que ele fala, comédia atual, mais do que engraçado, você ter que ser interessante.
18:52Eu acho isso muito foda.
18:53Porque, em graça, a gente tá nos memes.
18:56Tem muito meme que ganha do comediante.
18:58Porra, você...
18:59O Botafogo ganhou.
19:00O Trump ganhou.
19:01Cara, tu entra no Twitter e já tem nego fazendo piada melhor que a tua.
19:06Mas a questão é, um meme, ele dura sete segundos.
19:08Como é que você vai contar essa história?
19:10Tu vai saber ser interessante?
19:11Então, você ser prolixo...
19:12Às vezes, eu vejo áudios de amigos meus que eu falo, cara, você poderia falar isso
19:15de uma forma tão mais interessante.
19:17Por isso que a gente, às vezes, não gosta de ouvir o áudio.
19:19Com o áudio, ele demora quatro minutos, às vezes, uma eternidade.
19:22Porque o cara aí não consegue chamar a sua atenção.
19:23Então, é muito difícil você se tornar interessante de noite, uma hora e meia.
19:27Então, você tem que ter técnico.
19:28Você falou desse negócio do começo, da interação com o público, desse improviso calculado,
19:33evidentemente, com um tempo limitado.
19:34Eu me lembrei que eu encontrei uma vez o Renato Albani numa festa de casamento.
19:38E aí, eu brinquei com ele.
19:39Falei, Albani, pega o microfone aí, vai lá.
19:41Sobe aí no palco, dá o estilo.
19:43Tava todo mundo dançando.
19:44Ele, não, não, não pode ser assim, não.
19:46Não tinha clima, né?
19:47Pra, de repente, começar alguém com o microfone e contar piada.
19:51Quer dizer, no teatro, o cara tá indo, o cara já gosta do seu trabalho,
19:53ou a pessoa conhece mais ou menos, ou tá levando a outra e tal.
19:56Tá preparada pra aquele cerimonial, né?
19:59Por isso que a gente tem uma grande complicação quando a gente faz evento corporativo.
20:01Tipo, eu aprendi a fazer.
20:03É, difícil.
20:04Eu aprendi com uma técnica, que é a primeira técnica de você bater papo com as pessoas.
20:08Porque, pensa assim, quantas vezes eu já fui contratar?
20:10O Santander me contrata, eu contrato a meu show e ele faz a pior coisa.
20:13Vai ter uma surpresa.
20:14Vai fazer pro funcionário.
20:15Vai ter uma surpresa sete horas da noite.
20:17Quando acabar o dia, você tá aqui desde as seis e meia da manhã.
20:22Meta, meta, meta, meta.
20:23No final tem uma surpresa.
20:25Aí o cara já pensa.
20:26Ivete Sangalo, Jota Quest, Beatles.
20:28Beatles vai voltar no Santander.
20:30Aí chegou o Maurício Meirelles.
20:32A primeira reação do cara é, vai tomar no...
20:33E aí, você entra querendo contar a piadinha.
20:38E o cara tá cansado.
20:39Então imagina eu entrar e vou falar assim.
20:41Fala, pessoal do Santander, tudo bem?
20:43Gente, banco é complicado.
20:44Aí você começa a falar do tema que o cara já não aguenta mais ouvir.
20:46Então a primeira coisa que eu recomendo é tu entrar e falar.
20:49E aí, pessoal, tudo bem?
20:50Como é que vocês estão?
20:50Quem aqui é o Líbia?
20:51Quem aqui não sei o quê?
20:52De alguma maneira você tá falando.
20:53Ó, tô aqui, ó.
20:54Tô chegando com vocês.
20:56Porra, me ajuda a entender pra onde eu vou.
20:57E aí você vai pro caminho.
20:59Se você chegar já tacando texto, o cara não tá no mood ligado de quero ouvir um texto.
21:03Que é diferente do cara que compra.
21:04Agora, como vocês não dão ponto senor, isso aí acaba virando um produto pro YouTube.
21:08E que não compromete aquele texto que vocês mantêm em vários shows.
21:13Sim.
21:13Quer dizer, você tem o texto do show, o cara paga o ingresso pra assistir aquela uma hora de espetáculo.
21:17Mas você tem 10 minutos ali, que em cada sessão é diferente.
21:21E ninguém sabe exatamente o que vai acontecer.
21:23E aqueles 10 minutos rendem o vídeo pro canal.
21:26O Renato Albânio faz isso.
21:27É, todo mundo.
21:28Eu posso falar...
21:28Passaram a fazer...
21:29Eu comecei a fazer isso em 2015.
21:32Eu vou te falar por quê.
21:33Não, foi antes.
21:34Eu comecei a fazer isso com o Abbullying, em 2012.
21:37É verdade.
21:37Eu comecei isso com o Abbullying.
21:38É um dos pioneiros.
21:39Eu vou te falar por quê.
21:40Eu tava vendo o Barbixas.
21:42O Barbixas, que é o clube de improviso, né?
21:45Um dos melhores improvisadores que temos hoje são o clube do Barbixas.
21:48Faz o Improvável e tal.
21:50A gente fazia stand-up naquela época.
21:51Nós comemos stand-up.
21:52Cara, é muito difícil fazer um stand-up bom.
21:54Real.
21:55É muito difícil.
21:56Porque, cara, tem muita questão.
21:58Você vai testar...
21:59Pô, tô com uma piada aí muito engraçada, Felipe, sobre o Trump.
22:02Vou escrever a piada.
22:03Vou testar.
22:04Galera, não riu.
22:05Muda a piada.
22:06Muda a abordagem.
22:07Pô, você tem que decorar 12 minutos.
22:10Decorar.
22:10Pô, na cabeça de todo mundo, maluca.
22:12É difícil.
22:13Então, eu olhava praquilo e falava.
22:14Pô, é difícil eu renovar o meu tipo de material com qualidade.
22:20Então, eu preciso ter um bloco de improviso.
22:23Igual os Barbixas fazem.
22:24Então, eu olhava pros Barbixas e falava.
22:26Pô, legal.
22:26Porque todo show deles é diferente.
22:28E eu era a minha cerimônia deles nessa época.
22:30Eu viajava o Brasil com os caras.
22:31Eu olhava e falava assim.
22:32Pô, eu acabei de fazer três shows com os caras e nenhum show foi igual ao outro.
22:35Isso faz com que o público volta.
22:38Pô, eu não sei como é que vai ser o show hoje.
22:39Não sei o que.
22:40O cara ia sábado, domingo, sexta, no mesmo show e via três shows diferentes.
22:44Eu falei, eu preciso ter isso no meu show.
22:45E aí, eu ficava testando o formato e o webbullying, quando surgiu, eu falei, puta, é isso.
22:49Porque o que que tá em evidência?
22:51Rede social.
22:52Eu entro na sua rede social.
22:54Todo mundo tem uma curiosidade absurda em saber como é que é o seu grupo de família.
22:57Como é que o Felipe fala com a mãe?
22:58Como é que o Felipe fala com um amigo?
22:59Como é que o Felipe é com uma mulher?
23:01Como é que o Felipe sacaneia que não ficava no telão?
23:04Essas curiosidades aparecem no chat, inclusive.
23:06Exatamente.
23:07Inclusive, a gente vai mostrar.
23:09Por isso que eu tô vindo em chuvação.
23:11Toma cuidado.
23:12De jeito nenhum.
23:13Então, aquilo começou a virar uma coisa semanal de diferenciação.
23:17Toda semana eu colocava no ar um trecho.
23:20E isso movimentou o meu show.
23:22Então, o meu show começou a lotar.
23:23Porque o cara fala, porra, vou lá no show desse cara ver isso aí que é ao vivo.
23:26Sai de baixo de fazer isso, né?
23:27De fazer no teatro, botava na TV.
23:29O cara fala, quero pagar pra ver ao vivo.
23:30E aí, isso foi virando.
23:32E aí, chegou no nível...
23:33Você tem que conhecer um aperitivo.
23:34Mas o que o Albani faz, o que o Afonso faz, eu não consigo fazer.
23:38Eles fazem texto.
23:40É uma outra vertente.
23:42O que eu faço é improviso.
23:43Os caras fazem texto.
23:44Os caras sentam...
23:45Puta, o Albani faz muito isso, né?
23:47Teve a situação da semana.
23:49Sei lá, eu.
23:50A Jujô Todinho agora é de direita.
23:53Ele vai, escreve 15 minutos sobre esse assunto.
23:55Ele testa no palco, filme e posta.
23:58Já não é minha competência.
23:59Minha competência é...
24:01Tudo que for baseado em improviso com alguma situação, eu vou fazer.
24:03Então, assim...
24:04Ele faz a piada em cima do lance.
24:05Mas é que ele também tem aquele quadro de...
24:07Quem é que vem de muito longe aí?
24:09Exato, exato.
24:10Tem uma coisa de improviso.
24:12Tem uma coisa de fato da semana.
24:14Eles fazem muito bem isso.
24:16O Murilo Cole tá fazendo isso agora.
24:18E é muito curioso, né?
24:19Que o Rafinha agora tá nos Estados Unidos bombando.
24:21Rafinha Baixa.
24:21Rafinha Baixa.
24:22E o Rafinha...
24:23Que faz vários shows em inglês.
24:24Sim, ele apresentou a gente pros maiores comediantes do mundo falando, cara, esses caras aqui
24:28no Brasil estão fazendo material semanal de 18 minutos.
24:31Os caras ficam, não acredito.
24:33A gente é o único no mercado mundial que faz isso, cara.
24:35Os americanos não tem essa agilidade de...
24:37A cada semana...
24:38É humorista jornalista.
24:40É.
24:40Tá produzindo ali em cima do lance.
24:41Exatamente, cara.
24:42Exatamente.
24:42Então, virou uma coisa muito boa e também preocupante pra outros caras.
24:48Porque você ganha mais dinheiro no YouTube do que, às vezes, fazer no show.
24:53Porque o YouTube paga em dólar.
24:54É, isso é uma boa.
24:55Então, o cara, ele fala assim, porra...
24:56Não, ele tem que abrir frente.
24:57É, vou fazer pro YouTube do que fazer pro show.
25:00Então, tem muita gente fazendo show pra câmera e não pra plateia.
25:04Fantástico.
25:04Inácio, antes da gente passar aqui pra pauta política, a interseção, na verdade,
25:08do humor, do jornalismo, da política...
25:10Posso acertar.
25:10Eu quero saber o seguinte.
25:11Gente, você, e pra perguntar pro Maurício a respeito disso, você tinha medo de subir
25:16no palco, de fazer improviso?
25:18Porque é preciso muita coragem pra fazer esse tipo de coisa.
25:21As pessoas tímidas, muitas vezes, têm dificuldade.
25:23Nunca tive medo.
25:24Eu gosto de palco, gosto de câmera.
25:26Gosto de aparecer, né?
25:27Falar a verdade.
25:27Gosto de aparecer, mas eu gosto de entreter, gosto de ver que o outro lado tá rindo.
25:30E eu gosto de entender o que tá por trás disso.
25:32Tanto que o improviso é bacana, porque nada é errado.
25:36Era até um professor que a gente teve.
25:38Nada é errado.
25:39Desde que seja interessante e que você esteja concatenado com quem tá em cena, nada
25:44errado.
25:45Você não sabe pra onde vai, mas você propõe.
25:47Então, acolha a proposta do outro.
25:49Então, isso aqui é muito bacana.
25:51E, como você mesmo falou do improviso no palco, quando você começa, quando você tá
25:56no começo de uma apresentação, tá brincando com o público, eu queria saber se você já
26:02tomou uma invertida, mas aquela que você se lembra até hoje.
26:05Conta várias, cara.
26:06Tipo, meu Deus do céu, aquele dia, realmente eu quis ir embora do palco porque eu fiquei
26:10sem clima.
26:11Eu tenho uma situação que não foi no improviso, mas foi uma situação que a galera do comédia
26:16ao vivo, quando eu fazia a parte, cara, é até uma história da gente muito bizarro.
26:19Porque assim, eu tava fazendo alguma piada, eu tava testando alguma piada e eu tava meio
26:23inseguro com essa piada.
26:24Tô testando ali, fazendo material, tal, tal, tal.
26:27E eu fiz uma piada que não entrou.
26:28E alguém da plateia fez...
26:31Deu uma zoada, assim, né?
26:33Sabe aquela zoada de...
26:34Eu falei, ah, vai se fuder.
26:36Comecei a xingar, vai se fuder, vai tomar no cu, fica me zoando.
26:39A galera começou a rir, né?
26:40Eu falei, a galera tá rindo diferente.
26:41Eu comecei a aloprar o cara.
26:43Você vem aqui pra ficar...
26:44Parece um retardado, bababá.
26:46Se fuder, bababá.
26:48Passa um dia, tem um e-mail no reclame aqui.
26:52Meu filho é deficiente mental.
26:53Ai, ai, ai, ai, ai.
26:54Nossa.
26:56E ele estava no show.
26:58E assim, aquilo ali foi ele rindo.
27:01Porque assim, eu fiz a piada.
27:03Agora tô mal.
27:04Eu fiz a piada e a pausa.
27:05A piada foi ruim, mas o cara...
27:07Talvez o único cara que gostou da minha piada foi ele.
27:09Eu tinha que abraçar ele.
27:11Ele riu.
27:11Você não tinha como saber.
27:12Ele quis, de alguma maneira, fazer...
27:14Mas ele já estava.
27:15Uau!
27:15Sei lá, o que ele quis fazer, mas ficou...
27:17E aí, parecia que tava me zoando.
27:19Essa coisa de moleque...
27:21Sei, claro.
27:21E eu aloprei.
27:23Então, eu fui muito escroto.
27:24Pra plateia, uma parte da plateia falou...
27:27Ou ele sabe que o cara é deficiente, ele tá sendo cruel.
27:31E outra parte foi...
27:32Cara, tá engraçado, porque o Maurício não faz ideia do que aconteceu.
27:35Então, tem uma risada de constrangimento.
27:37Tipo, assim...
27:38Meu Deus, ele não tem noção.
27:41Meu Deus.
27:41Sabe assim, foi isso.
27:42Cara, e veio um e-mail, assim, do tipo...
27:44Você ficou...
27:45Meu filho foi no show e...
27:47Foi uma situação super constrangedora.
27:49Mas é aquela coisa, cara.
27:50Eu não imaginaria.
27:51Achei que era alguém sacaneando a gente.
27:53E ninguém conseguiu responder lá.
27:55O e-mail.
27:55Amenizar a situação.
27:56Não deu, né?
27:57A gente falou...
27:57A gente...
27:59É...
28:00Cara, sim.
28:01Mas é muito difícil, né?
28:03Porque a gente...
28:03A gente é visto como filho da puta, né?
28:05Então, já tá automáticamente...
28:07Ah, o Maurício não sabia do...
28:09E, de fato, eu não sei.
28:11Acho que as pessoas não têm uma noção disso.
28:12Até eu até te falo do lado daqui.
28:13Você não tem visão raio-x pra ver de noite.
28:15Não, e outra, cara...
28:16Vou te contar.
28:17Quando você faz um show de comédia, a sua cabeça tá em milhões de caixinhas.
28:22Porque você tá pensando na piada que você vai fazer, na menina que tá sentada.
28:26Tem um cara que levantou.
28:27O cara da produção tá mostrando um relógio.
28:29E tem uma luz que te cega.
28:31Você não vê as pessoas.
28:33Eu não sei se na minha frente tem um gordo, se tem um magro, se tem um preto, se tem um branco.
28:37Eu não sei.
28:38Tanto que a gente faz o recurso de luz de plateia.
28:40Quando a gente fala luz de plateia, eu vejo a plateia.
28:43Se não tem luz de plateia, eu não sei.
28:45Então, se o cara faz...
28:46Você não sabe quem tá falando.
28:48Então, pra você é um grande...
28:49E as pessoas não têm essa noção.
28:50Elas acham que você tá vendo elas.
28:52Então, talvez possa ter batido como eu fui cruel.
28:54Mas eu não fui.
28:55De fato, eu não fui.
28:56Já fui outras vezes, mas não nesse caso.
28:58Claro.
28:59Muito.
28:59É uma bela situação.
29:01Maurício.
29:01Tudo que acontece.
29:02Então, a gente tá gravando esse episódio do Podcast O.A.
29:05no dia, na verdade, em que saiu o resultado da eleição americana, da vitória do Donald
29:10Trump.
29:11E quando o Maurício Meirelles chegou aqui, eu falei...
29:13Maurício, uma das razões de eu gostar de você...
29:16E, obviamente, no mercado da comunicação, a gente já viu muita gente se vendendo, mudando
29:20o critério pra surfar na onda, pra ganhar mais dinheiro, pra ganhar microfone no horário
29:25nobre, poder, influência.
29:28O Maurício Meirelles, ele continuou independente, continuou fazendo graça com todos os lados.
29:33E eu adoro quando você faz as suas postagens lá no X, implicando com as militâncias
29:37lulistas, bolsonaristas, que é o que eu faço também, porque a gente é muito atacado.
29:42A gente sofreu junto, né, numa época aí.
29:43Exatamente.
29:44Porque é isso.
29:45Você vigia o poder, muda o poder, você continua vigiando.
29:47Só que as pessoas não entendem.
29:48Elas acham que você tem que estar de um lado ou do outro.
29:50Eu tô do lado de jornalista, que é o lado independente.
29:52E eu do lado da comédia?
29:53Do lado...
29:54Não, porque eu queria dizer isso pra você.
29:57Não tem coisa mais sem graça, cafona e ridícula do que o humor a favor.
30:01Eu odeio, cara.
30:02Eu odeio o humor a favor.
30:03É o humor a favor, o humor governista, chapa branca.
30:06O humor chapa branca, né?
30:06Quer dizer, no mínimo você tira um sarro, mesmo que você respeite, mesmo que tenha
30:10boas ações em determinado governo, mas você faz uma graça com aquilo.
30:14Até, eventualmente, de uma maneira respeitosa.
30:16Agora, você fazer aquele humor indefesa, aquele humor de propagandista, tem um monte de
30:21gente que tá fazendo.
30:22Tem gente que fez no governo Bolsonaro, tem gente que faz nos governos do PT, e tem gente
30:28que faz até de uma maneira anacrônica.
30:29O sujeito tá passando pano pro Lula, enquanto o Lula não tá no poder.
30:32Pronto, isso é bizarro.
30:34Como é que você lidou com toda essa militância?
30:37E você se diverte?
30:38Você, às vezes, fica um pouco atravessado, meio indignado?
30:41Já fiquei, cara.
30:42Eu acho que eu já falei isso algumas vezes, assim.
30:44Eu acho que eu tenho o mesmo DNA teu.
30:46Acho que é por isso que a gente se conecta.
30:49Peguei você na época da Jovem Pan.
30:51Numa época, assim, pesadíssima de Jovem Pan, que também trabalhava lá.
30:55Então, foi aquela transição de governo, né?
30:57E eu acho que as pessoas, cara, no X, elas não entendem o personagem que eu fico fazendo
31:0624 horas.
31:07Eu acho isso muito engraçado.
31:09Tem alguns personagens que eu adoro lá no X, que é coisa do cara que sacaneia essa
31:13militância.
31:14Eu acho que essa militância é muito cômica.
31:16É cômica.
31:17É traje cômica, mas é...
31:19E por isso que, às vezes, hoje mesmo eu fiz uma postagem, né?
31:22Isso eu acho muito engraçado.
31:23Eu fiz uma postagem que parece que o Lula parabenizou o Donald Trump pela vitória.
31:30Diplomata, né?
31:30Depois de ter associado ao fascismo e ao nazismo.
31:33Foi o que eu fiz.
31:34Eu falei, nossa, que absurdo.
31:35Meu Lula parabenizando o nazista.
31:40Acabou o Lula pra mim.
31:41Beleza.
31:42Isso é uma ironia, obviamente, né?
31:44Quem me conhece, o comediante e tal.
31:46E eu tô batendo em quem?
31:47Na esquerda.
31:48Que a esquerda, teoricamente, tá cheio desses personagens.
31:54Quem ficou indignado foi a direita.
31:56Isso eu achei engraçado.
31:57Pelo seu Lula.
31:58Meu Lula.
31:59O cara achou que eu estou falando sério.
32:01E eu olho praquilo e falo, é muito engraçado, porque o cara, ele vem com tanta pedra,
32:05de tanta certeza.
32:06E o cara não entendeu a piada.
32:08Uma piada que é uma sátira do cara que é um militante petista.
32:12Então, eu olho pra esses dois, né?
32:14Esses dois lados aqui, antagônicos.
32:16E eu fico rindo, porque eu falo assim, caraca, a pessoa que tá ali, ela tá simplesmente cega e radical de ambos os lados.
32:25Ah, Maurício, você também tá.
32:26Eu vim do Twitter da zoeira.
32:29Eu comprei aquele terreno.
32:31Na época boa.
32:32Na época boa.
32:33E quando eu vi essa galera entrando, eu, em vez de sair, eu falei, cara, eu vou zoar dessa galera.
32:38E às vezes eu tô lá, cara, eu faço coisa realmente pra provocar.
32:42Porque, eu até fiz uma vez uma tese, que eu fiz um experimento social.
32:46Se você posta coisas muito lights no Twitter, no X, né, no caso, nada vai acontecer.
32:52Se você posta coisas extremamente controversas, essa merda vai viralizar, porque a grande graça do cara é compartilhar como se ele fosse dono de uma moral.
33:02Então, ele vai pegar aquilo e vai falar assim, olha que absurdo.
33:05Então, ele replica o absurdo.
33:07Então, quanto mais absurdo você fala, mais você chega nas pessoas.
33:10Então, a melhor forma de você crescer no X é simplesmente sendo controverso.
33:13Vou dar um exemplo que nem é tão político.
33:16O meu tweet que mais viralizou até hoje foi uma foto do Largo, em Agabaú, depois da reforma, que é todo concretado.
33:24E, antigamente, há 100 anos atrás, tem mais de um milhão de retweets, porque mostrou antes e depois.
33:32E eu falei, ficou pior.
33:33E aí, pronto, seram a lei em todos os prefeitos, desde aquele dia até aqui.
33:37É, mas é isso.
33:38Porque o cara, teve um tweet que eu postei, que bombou muito, que eu botei uma praia de...
33:42Eu fiz de propósito.
33:43Fiz a praia de Balneário Camboriú e falei, a melhor praia do Brasil.
33:45Fiz isso.
33:46Porque eu sei que essa galera de militância de esquerda vai pegar, vai compartilhar, porque
33:51ele quer sentir acima de você, ele vai tentar trazer os pertencidos dele e falar, olha
33:57que cara babaca, olha que xenófobo, olha que imbecil, a pior praia, na verdade, é de
34:02Balneário, Santa Catarina, não sei o quê.
34:04E, cara, quando você vê, você tá viralizando em tudo que é bolha.
34:07Porque o cara que ele tá ofendido com você, ele te levanta tanto que faz aquele cara lá
34:13que era o menino lá, que era o jogador de voa.
34:15Eu lembro que o menino, o jogador de vôlei, que era...
34:18Ele criticou algum quadrinho, algum quadrinho que tava falando sobre homossexual, alguma
34:23coisa, ele deu uma criticada que o super homem ia ser gay, alguma merda dessa daí.
34:26Ele criticou e a galera ficou tão atacando ele que o cara virou deputado federal.
34:31Então você cria o monstro que você é contra.
34:35Então eu olhei e falei, cara, em vez de eu ficar pedindo desculpa, abaixando a cabeça,
34:38pelo contrário, mano, eu vou ficar aloprando.
34:40Só que chegou uma época que isso me encheu o saco.
34:43Aí minha energia ficava muito baixa, porque, cara...
34:45É muito ataque.
34:46O cara te ameaça, o cara acha que, porra, você tá levando a sério a situação.
34:51Agora eu já tô mais light, assim.
34:53Mas ainda uso o Twitter pra me divertir.
34:54E tem um fenômeno muito interessante, que você...
34:57Se você fizer uma piada numa publicação só sobre o lado do lulismo ou só sobre o lado
35:04do bolsonarismo, esse lado fica revoltado com você, acusando você de estar do lado
35:09contrário, mesmo que a sua postagem anterior tenha sido contra o lado contrário.
35:13Exatamente.
35:14Mas é que é como se fosse um universo à parte.
35:16Cara...
35:16Aquela postagem coloca você do outro lado, independentemente do que você publicou
35:20antes e depois, a gente não tá nem aí.
35:22Eu fiz uma matéria no CQC em 2000...
35:25Quando que foi as eleições da Dilma com a Aécio?
35:282014.
35:292014.
35:29Eu fiz uma matéria no CQC que foi muito legal.
35:31Eu fui na rua, peguei as propostas da Dilma e levei pro pessoal do PSDB.
35:37Falei...
35:37O que você acha?
35:37É, sem dizer que é dela.
35:39É.
35:39Isso é maravilhoso.
35:39Falando que era do Aécio.
35:41Você acha certa essa proposta?
35:42Os caras...
35:42Essa proposta é maravilhosa!
35:44E fiz a mesma coisa lá da Dilma.
35:45Ou seja, os caras são cegos.
35:47Os caras nem perceberam que eu tava, na verdade, fazendo uma trollagem.
35:50É...
35:51É isso.
35:52É, o que isso representa é que as pessoas não têm muita capacidade de abstração
35:56e elas não tão raciocinando em cima de ideias, de valores, de princípios, de
35:59posições, simplesmente em termos de pertencimento a uma tribo.
36:03A um grupo.
36:04É o nós contra eles.
36:05É o nós contra eles.
36:05Tipo assim...
36:05Então, se você tá com a gente, você é bom.
36:07Se você tá do outro lado, você é mal.
36:08Mas, Felipe, isso tem a ver com o fato de eu ser botafoguense.
36:10Porque, assim, é verdade.
36:11Voltamos ao início.
36:12Vai voltar.
36:12Porque, assim, eu sou botafoguense.
36:14O meu time hoje é o melhor time do Brasil, de futebol.
36:18Mas eu admito quando o meu time é uma merda.
36:21E, às vezes, eu olho, assim, tem uns caras que não falam isso.
36:23Caralho, mas eu tô vendo.
36:25O Botafogo perdeu de 7 a 0 do Friburguense.
36:28Eu vou falar que o time é o melhor.
36:29A gente tem que ser independente, em parceria.
36:31Principalmente em relação ao nosso time.
36:32Você tem que ter autocrítica.
36:32Eu critico a zaga do Flamengo o tempo todo.
36:34Você tem que ser autocrítico.
36:35Aí, por exemplo, eu postei um vídeo agora.
36:37É muito curioso, né?
36:38Porque o Botafogo está vivendo um momento agora de Botafogo estar prestes a ganhar
36:42dois títulos.
36:43Nesse momento que a gente está gravando isso daqui.
36:44Prestes não significa que vai ganhar.
36:46Mas tem possibilidades.
36:48Até postei que eu tô morrendo de medo que justo que o Botafogo agora tem grande chance.
36:52O Trump ganha.
36:53Pode ser que entre uma nova pandemia e o Botafogo não seja campeão.
36:56E o caralho.
36:57Mas, assim, tá tendo esse momento.
36:59O Botafogo tá prestes a ganhar dois campeonatos e tal.
37:02Eu fiz um vídeo como um botafoguense autêntico que eu sou.
37:06Que é tipo...
37:07Porra, tô meio com medo.
37:08Mesmo assim, eu tô com medo.
37:09Eu fui no jogo do Botafogo.
37:10Foi 5x0 Penharol.
37:12O segundo jogo...
37:135x0 o Botafogo e o do Penharol.
37:15O segundo jogo a gente tava com medo de perder essa vaga.
37:185x0 de vantagem.
37:20Aí eu postei isso.
37:21Alguns botafoguenses me mandaram.
37:22Para com essa porra.
37:24Para com medo.
37:24Eu falo, caralho.
37:25Isso daí é uma autocrítica de botafoguense.
37:27Não vou ficar fingindo que...
37:29Você tem um histórico de sofrimento.
37:30Eu tenho um histórico, porra.
37:31PT, vocês têm um histórico de roubo.
37:33Foi 3x1, né?
37:34Bolsonaro, você tem um histórico de fascismo.
37:36Tem uma porrada de coisa acontecendo.
37:38Aí os caras ficam, não.
37:40Não, cara.
37:40Tem merda no bolsonarismo.
37:42Tem merda no lulismo.
37:43Tem merda no malufismo.
37:44Tem merda no marçalismo.
37:46Eu sou comediante.
37:47Ele é jornalista.
37:48A gente vai pegar essas merdas e falar.
37:50Gente, não deveria ser por aqui?
37:52Que deveria melhorar?
37:53Aí você não pode comentar isso?
37:54Eu fico puto.
37:55Exatamente.
37:56Maurício, dê aí o seu merchandising, os próximos shows.
38:00O que você anda aprontando?
38:02Ah, vamos lá.
38:03Eu tava com...
38:03Esse fim de ano, tem alguma programação especial?
38:05Cara, eu tô...
38:06Eu acabei de encerrar minha temporada aqui em São Paulo, cara.
38:09Foi uma...
38:09Porra, eu fiquei dois anos aqui.
38:11Foram dois anos de lotação máxima.
38:13Fiquei...
38:14Eu sou muito feliz, cara, aqui.
38:15De verdade.
38:16Eu faço um shopping agora.
38:17Eu acho maravilhoso que vocês todos estejam lotando os teatros aqui.
38:19Eu acho incríveis.
38:20Felipe, ninguém comenta.
38:22Então, tô comentando, hein?
38:22Que fique registrado.
38:23Eu vou falar, ó, Bruna Luiz tá levando, sem sacanagem, por fim de semana, quase 10 mil
38:28pessoas.
38:29A Bruna Luiz.
38:30O Albany por aí também.
38:32O Thiago por aí.
38:33Afonso Padilha por aí.
38:35Eu um pouco menos, vou botar umas 6, 7 mil.
38:37Se você parar pra pensar...
38:38O Rabin.
38:39Se você parar pra pensar comédia brasileira, quase 100 mil pessoas por fim de semana a
38:44gente leva pra teatro.
38:46E a galera não comenta.
38:47Não sei por quê.
38:48Eu não sei se é porque a gente é independente demais, mas, porra, as redes não comentam.
38:52Tá aí fulano faz show pra meia dúzia de gente tá lá no wall, tá todo mundo comentando,
38:58porque tem a questão do dependente, a mídia, o consórcio.
39:02Começam essas porra.
39:03Então, eu tenho muito orgulho de todos os meus colegas comediantes, porque eu sei o ralo
39:08que é você lotar show sozinho, sem depender de uma mídia, de uma Globo, de uma jovem
39:13pã que seja.
39:14Então, assim, eu sou muito grato e muito amigo de todos eles e eu elogio todos.
39:18Tirando essa parte da rasgação de seda punheta que eu fiz agora, eu vou tá...
39:25Cara, eu vou gravar, acho que um especial de comédia aqui em São Paulo, no começo de
39:30dezembro.
39:31Vou gravar meu especial de comédia aqui e no Rio.
39:34Vai ser junto.
39:35Eu vou gravar em São Paulo e no Rio.
39:36Vou pegar o melhor dos dois shows e fazer um compilado.
39:39E, além disso, eu tô com um show pelo Brasil inteiro.
39:41Tô indo agora pra Vinhedo.
39:43Qual é o nome do show atual?
39:44Meu nome...
39:45O nome do show atual é o Web Bullying.
39:46Eu tô fazendo Web Bullying, que é o 10 anos...
39:48Web Bullying.
39:48...Geração Z.
39:49E aí eu vou entrar com um novo show a partir de março.
39:53Que ainda não sei o nome.
39:53Canal do YouTube?
39:54Instagram?
39:54X?
39:55Canal do YouTube Malmeirelles, com dois L's.
39:58E o Twitter é a mesma coisa.
40:00Eu ainda chamo de Twitter, cara.
40:01Desculpa.
40:02Eu também.
40:02É difícil falar também.
40:04Eu sou transfóbico, parece, né?
40:05Nossa, que veio.
40:05Eu não consigo falar o nome...
40:07Não consigo falar o nome que ele quer ser falado, ser chamado.
40:10Eu tô no Instagram também, Malmeirelles, com dois L's.
40:13O X, Malmeirelles, com dois L's.
40:14Tudo é Malmeirelles, com dois L's.
40:15Você me encontra.
40:16Chique-toque.
40:17Vou comentar rapidinho as coisas que eu me lembro bem do seu show.
40:20Teve um momento que você falou do conflito geracional.
40:23E aí que a pessoa tenta parecer de outra geração.
40:26Daqui a pouco acaba uma mistura.
40:27Eu não me lembro exatamente qual era a formulação da piada.
40:30E você fala...
40:30Daqui a pouco tá careca de brinquinho, que nem baterista do Roupa Nova.
40:32Ah, isso mesmo.
40:33O meu público...
40:35Aí eu tenho a gargalhada.
40:36Porque a gente acompanhou.
40:37A gente é o cara de 40 anos.
40:39O cara de 40 anos, o nosso público, ele é jovem e velho ao mesmo tempo.
40:42Então ele é careca e tem brinco.
40:44Então ele é um baixista do Roupa Nova.
40:46É, baixista.
40:46E aquele cara que tenta...
40:48Porra, ele é velho, mas ele põe um brinco, fuma um vape.
40:50A gente não sabe.
40:52Tipo, o cara vai de boné pra balada, regata, bambam.
40:55Esse é o nosso público.
40:56É um cara que envelheceu e não quer acreditar.
40:58É o meu público é pra caralho esse cara.
41:00Aí você falou do Gil Gomes, do Aqui e Agora.
41:01Coisas da nossa época.
41:03Do 011, 14, 06, que vendia de tudo.
41:05Banheira do Gugu.
41:06Banheira do Gugu.
41:07A banheira do Gugu, a molecada não sabe o que é.
41:09E assim, pra gente fechar, a relação com seu pai.
41:11Você fala uma história bonita.
41:12Eu me lembro que é um momento emocionante do show.
41:14Tem momentos cômicos da sua relação com o pai, mas tem um momento bonito.
41:18Tem, cara.
41:19O que é que ficou de mais marcante?
41:20Cara, e é um momento político, tá?
41:22É muito legal falar disso.
41:23Meu pai é bolsonarista doente.
41:26Doente mesmo, assim.
41:27Já sendo bolsonarista, seria.
41:29Mas ele é doente mesmo.
41:30Meu pai é um cara que gostava muito do Bolsonaro e tal.
41:34E durante a pandemia, ele pegou Covid.
41:39E aí, ele fez uma cagada, que eu acho que ele tava com Covid, e ele foi tomar vacina.
41:44Tipo, não pode, né?
41:45Que o vírus já tava incubado nele.
41:47Ele tomou a vacina e ele ficou em coma.
41:49E durante...
41:51Porra, 40 dias ele ficou em coma.
41:53E nesse período que o meu pai tava em coma, tava acontecendo uma merda no governo, seja federal ou seja estadual.
42:02Que era hospital, remédio.
42:05Então, eu vi uma cena muito pesada.
42:08O meu pai, ele tava num plano de saúde, ou seja, num hospital particular.
42:13E tavam tentando confiscar o governo, o estado.
42:18Tava tentando confiscar os remédios pra levar pro público.
42:23Tirar do particular pro público.
42:24O público não tinha comprado as remessas.
42:26E eu botei a boca no balão no Twitter, xinguei.
42:28Era uma...
42:29Eu ouvi de várias...
42:31Vários diretores do hospital.
42:34Isso tá acontecendo.
42:35Naquele momento, você ficou sério?
42:36Pô, fiquei muito maluco.
42:38Escrevi pra caramba.
42:39Aí veio SECOM.
42:40Aí veio mais porrada.
42:41Militante.
42:42Então, eu vivi um momento muito trágico, assim, com o meu pai.
42:45Meu pai sobreviveu.
42:47Meu pai sobreviveu.
42:48E a piada que eu conto, que é...
42:50Porra, depois que o meu pai sobreviveu, de fato, isso aconteceu.
42:53A primeira pergunta que o meu pai fala, assim, que ele sai de um coma.
42:59Eu falei, pai, você ficou 40 dias em coma.
43:01Ele falou, alguém ligou meu carro?
43:03Ele tava muito preocupado.
43:06Se o carro tinha...
43:07Porque a riada bateria, né?
43:0840 dias.
43:09Foi a primeira preocupação.
43:10Do meu pai quando ele volta pra vida, assim.
43:13Então, foi uma coisa muito forte.
43:15Eu conto a relação do meu pai.
43:16Meu pai hoje, eu e ele, a gente tem uma relação muito maneira.
43:20Mesmo ele tendo visões políticas que eu, às vezes, eu não concordo.
43:24Mas eu acho que a gente aprendeu com a doença dele a focar em outras coisas mais importantes
43:29que não política.
43:30Que sim, tipo, o Botafogo também nos une de uma forma positiva.
43:34Tá aí.
43:35É isso.
43:35Maurício Meirelles, lição de vida.
43:37E eu recomendo muito que vocês assistam.
43:39Qual é a nossa câmera?
43:40Câmera geral.
43:41Que vocês assistam aos espetáculos, ao show, ao stand-up de Maurício Meirelles.
43:45Além de todos os programas que ele faz, com toda essa verve de redator e de uma figura
43:49botafoguense muito bem-humorada.
43:51Pô, meu velho.
43:51Maurício, muito obrigado.
43:52Prazer enorme aqui.
43:53Desculpa a correria aí, viu?
43:54A disponibilidade.
43:55Tamo junto.
43:56E tamo junto.
43:57Quem sabe em outras oportunidades ele vem também e a gente vai entrevistar mais humoristas
44:01no podcast O.A., além de outras figuras interessantes para vocês acompanharem.
44:04Um grande abraço e até o próximo episódio.
44:06Tchau.
44:06Valeu.
44:13Podcast O.A.
44:15Conversa boa de ver e ouvir.
44:21Tchau.

Recomendado