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00:00:00De conversa boa, todo mundo quer participar, o antagonista também.
00:00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:00:21Salve, salve! Eu sou Felipe Moura Brasil e estamos de volta com o Podcast O.A.
00:00:25Esse programa semanal, toda segunda às 19h30, um episódio novo para vocês com um convidado presencial aqui no estúdio de O Antagonista em São Paulo.
00:00:33E hoje eu tenho a honra, o privilégio de receber ela, que tem nome de escritora, Lígia Maria, colunista, jornalista, figura irreverente nas redes sociais, incisiva nos textos.
00:00:45Salve, salve! Seja muito bem-vinda!
00:00:47Muito obrigada, Felipe. Obrigada pelo convite. Estou adorando participar aqui.
00:00:51Que bom que você está adorando esse lugar aqui. É o lugar da conversa franca, alegre.
00:00:57E eu, falando nisso, já quero começar pela postagem fixada no seu perfil do X.
00:01:03Que é para já entrar na polêmica rápido.
00:01:06Este perfil é progressista segunda, quarta e sexta, conservador terça, quinta e sábado, e niilista domingo, porque é preciso acreditar em algo.
00:01:15Eu acho muito divertido esse, como é que se diz, esse resumo, essa descrição, que se diz em rede social, né?
00:01:25Aquela descrição, e ela já é uma certa ironia a esses grupos, a essas caixinhas, a esses estereótipos em que todo mundo quer colocar as pessoas no debate público.
00:01:34Você já mostra que você chegou lá para quebrar tudo, é isso?
00:01:37É, porque, se eu não me engano, acho que é de 2016 essa postagem, alguma coisa assim.
00:01:42É, de 2015, olha só.
00:01:466 de junho de 2015.
00:01:47É, um ano antes do impeachment, então foi quando começou a...
00:01:52A polarização já vem vindo desde lá do Lula, do Nós contra Eles e tal, e aí com o impeachment ela foi para o espaço,
00:02:00e aí veio o Bolsonaro e a gente está nessa loucura que a gente vê hoje nas redes sociais.
00:02:05E aquilo já me incomodava naquela época, entendeu?
00:02:08Que bom.
00:02:09É, fã de político não tem condição, né?
00:02:12Fã de político não dá, acho que dá para ser só fã de artista e humorista, eu acho.
00:02:16É, mas enfim, então a postagem...
00:02:18E aí assim, parafraseando o Milor, o Milor na Pif-Paf tinha umas notas de rodapé na revista Pif-Paf,
00:02:25que era as páginas pares são de esquerda, as páginas ímpares são de direita e tal.
00:02:30E aí eu peguei um pouco isso e o lado do niilismo também, né?
00:02:34Porque em matéria de política, ainda mais no Brasil, eu acho muito difícil esse negócio de ter lado e...
00:02:40Ah, a gente é acusado de ser isentão, né? Mas pode me acusar de isentão, tem problema nenhum.
00:02:44Exatamente, é porque, acho que foi principalmente o bolsonarismo nos últimos tempos,
00:02:47eles precisaram criar um valor negativo para quem é independente.
00:02:52Porque é mais fácil você criar um valor negativo sobre quem é independente,
00:02:56do que positivo sobre quem é puxa-saco de político, né?
00:02:59Porque pega mal, né?
00:03:00Não, você tem que bajular o político e tal, se você falar isso com todas as letras, fica ruim.
00:03:05Então, naquela seara de criar inimigos públicos, eles fazem isso.
00:03:10E o niilismo? Até para você explicar, para quem não sabe, já que você tem uma bagagem filosófica também.
00:03:16Olha, é assim, é um niilismo freestyle, né?
00:03:19Assim, no sentido de que...
00:03:22É muito difícil ver sentido, eu acho, né?
00:03:25Na existência.
00:03:27Falando assim, de modo mais profundo.
00:03:30E no âmbito da política ainda é mais difícil, eu acho, assim.
00:03:33É principalmente para o jornalista, eu acho que essa postura é interessante, sabe?
00:03:37A partir do princípio de que, assim, a princípio todo mundo está mentindo e quer ganhar alguma coisa, entendeu?
00:03:42E a sua função é ir investigar se aquilo é verdade, se aquilo não é, quais são as causas e tal.
00:03:49E eu acho que essa passionalidade na política, né?
00:03:53De você ter essa adoração por políticos e figuras de autoridade, juiz, sabe?
00:03:58Já a gente está numa situação em que juízes têm fã-clube.
00:04:03E isso é muito perigoso para a democracia, eu acho, entendeu?
00:04:06A gente precisa manter essa independência, principalmente, acho que os jornalistas.
00:04:11Então é nesse sentido, o niilismo, sabe?
00:04:13De tentar ver...
00:04:16Ver que não dá para ter muito lado.
00:04:18A gente tem que estar em busca de se aproximar da verdade, eu acho,
00:04:22porque a verdade também, às vezes, ela não é totalmente alcançável,
00:04:25mas o objetivo sempre tem que ser esse, de se aproximar,
00:04:29independe de quem, se é de esquerda, se é de direita, né?
00:04:33E essa coisa de buscar os inimigos, então fica uma coisa também de uma sinalização de virtude.
00:04:41Se você não é a favor do que tal político faz ou diz,
00:04:44então você é contra uma grande causa que é muito benéfica para a humanidade.
00:04:50Não, não é isso.
00:04:51Às vezes você está sendo contra o que ele está dizendo, porque ele está falando uma mentira,
00:04:53ou porque aquela postura pode não ser muito boa para políticas públicas, né?
00:04:58Para as pessoas que realmente precisam.
00:05:00Então, é isso, né?
00:05:01Ah, mas vai explicar isso para quem se acha no grupo do bem contra o grupo do mal.
00:05:05É bastante complicado.
00:05:07E esse grupo do bem e do mal tem nos dois lados.
00:05:09Porque os dois lados acham que estão no lado certo da história ou da moral, né?
00:05:14Eu costumo dizer que falta muita gente com todos os problemas educacionais no Brasil,
00:05:18mas é claro que é um problema mundial e varia o grau em cada país, evidentemente.
00:05:23Mas falta capacidade de abstração.
00:05:25Eu digo isso porque tem muita gente que só consegue raciocinar em cima daquilo que é concreto,
00:05:29que consegue ver.
00:05:31Então, assim, as pessoas se dizem de direita ou se dizem de esquerda,
00:05:35ou se dizem progressistas, ou se dizem conservadores.
00:05:39E muitas vezes, se você for fazer uma entrevista com cada um,
00:05:42eu aposto, né?
00:05:43Porque precisa de uma pesquisa mais direcionada para isso.
00:05:46Elas vão associar essas correntes políticas e ideológicas ou tradições de pensamento
00:05:52a determinadas pessoas do mundo político contemporâneo.
00:05:56Não a determinadas ideias, a determinados valores.
00:06:00E mesmo que elas sejam identificadas com determinadas ideias, com determinados valores,
00:06:06não quer dizer que elas precisam passar pano para o político quando ele mente.
00:06:09Então, assim, você distinguir o que é valor, ideia, princípio, etc.
00:06:14E o que é a agenda política, o discurso de um político específico, de uma patota,
00:06:21é uma das funções nossas, né?
00:06:23É como jornalistas, como colunistas, porque senão isso tudo se mistura.
00:06:26E a pessoa fala assim, não, eu me identifico com a direita, logo eu defendo esse grupo político e tal.
00:06:31E às vezes é um grupo político que nem sequer tem práticas direitistas.
00:06:34E a mesma coisa do outro lado.
00:06:37Então, assim, é nessa confusão que a gente habita hoje, é assim que você vê também.
00:06:40É, e eu acho que rolou uma inversão também de ideias, de princípios, falando-se de esquerda e direita, né?
00:06:49O que a gente vê, por exemplo, com o movimento identitário, com a esquerda atualmente,
00:06:53é inimaginável, assim, eu na época da minha faculdade, pensar que a esquerda poderia estar do lado de medidas
00:06:59ou propostas que restringem a liberdade de expressão, né?
00:07:02Não estou falando do que a lei, a lei já restringe a liberdade de expressão.
00:07:06Já está lá, tem um crime de calúnia, de injúria, de difamação.
00:07:09Exatamente. Ameaça.
00:07:11Exato. Então, assim, a lei já cumpre isso.
00:07:13Mas, assim, e além? Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer.
00:07:16Isso aqui não é só no Brasil, né? Nos Estados Unidos e em outros países.
00:07:19Houve essa inversão.
00:07:22A direita até tem uma postura que até tem agareado muitos jovens,
00:07:26porque a direita parece estar mais revolucionária, porque ela é disruptiva,
00:07:30ela tem esse aspecto que é populista, vamos combinar, né?
00:07:32Mas, enfim, tem esse aspecto.
00:07:35Então, está rolando essas inversões e a esquerda está perdendo a noção dos seus próprios princípios básicos e fundadores, eu acho.
00:07:43E, sem querer entrar numa polêmica, um tema mais espinhoso, tão cedo aqui na nossa conversa,
00:07:48mas é que você passou, assim, de passagem...
00:07:50É, passei por ele.
00:07:52Pelo Alexandre de Moraes.
00:07:54Exatamente.
00:07:54Você passou, eu senti que ele foi aludido de uma maneira indireta,
00:08:00porque as medidas têm sido tomadas, geralmente, contra críticos da esquerda,
00:08:06contra críticos de determinadas condutas de determinados ministros do Supremo Tribunal Federal,
00:08:11e, evidentemente, em diversos casos, contra pessoas que, de fato, estão fazendo...
00:08:19Tendo algum tipo de conduta imoral ou criminosa, etc.
00:08:23O que acontece é que vai tudo no mesmo balaio.
00:08:25Então, tem o delinquente virtual que incorre num crime de calúnia, injúria, difamação ou de ameaça,
00:08:31só que você tem, ao mesmo tempo, uma revista como a Cruzoé,
00:08:34que fez uma reportagem verdadeira sobre o codinome do ministro Dias Toffoli
00:08:38nos e-mails do Marcelo Debrecht, que foi censurada lá na Raí.
00:08:42E até o debate sobre isso, ele é todo confuso.
00:08:47Recentemente teve a visita lá do relator especial para a liberdade de expressão da Corte Internacional de Direitos Humanos.
00:08:52E você tem ali os opositores ligados ao bolsonarismo,
00:08:55que eles tentam dar toda uma visão de perseguição à direita,
00:09:01e a gente precisa estabelecer algumas nuances nesse debate.
00:09:04Mas, quando você colocou, você colocou como a esquerda querendo restringir a liberdade de expressão.
00:09:13Então, assim, a gente, quando é alvo de uma injura, a gente tem que acionar um advogado,
00:09:17o advogado precisa identificar o autor da postagem.
00:09:19Às vezes é difícil, porque tem muita conta fake, conta fantasma e tal.
00:09:24Você entra com o processo, demora...
00:09:25Agora, o Moraes, ele vai lá e suspende o perfil inteiro da pessoa,
00:09:29não só a postagem específica, sem processo.
00:09:32E se a rede social se queixar, etc., ele suspende o país inteiro.
00:09:36E eu vi você criticando isso.
00:09:38Suspende a plataforma inteira, 22 milhões de pessoas.
00:09:41Então, assim, como é que você enxerga esse momento tão confuso?
00:09:44Eu, para fazer a pergunta, eu tenho que fazer uma introdução dos fatos de como as coisas estão se dando.
00:09:51E, claro, a gente precisa analisar cada caso específico, que é o que se perde.
00:09:54Sim.
00:09:56De fato, tudo começou, esse inquérito do fim do mundo aí, das pequenas,
00:10:01tudo começou, e eu sempre ressalto isso,
00:10:03a gente não pode se esquecer que tudo começou com a censura a um veículo de imprensa.
00:10:08Foi a partir daí que começou.
00:10:10Veio até um pouco de antes, mas aí foi o estopim da coisa.
00:10:12Então, o começo já está errado, né?
00:10:15Por si, uma corte constitucional fazer isso é absurdo.
00:10:19Mas, enfim, é exatamente o que você falou.
00:10:21Você suspender o devido processo legal,
00:10:24aí se usou como argumento a questão de um período excepcional,
00:10:30uma situação excepcional, que era o Bolsonaro, que era a eleição e tal.
00:10:34O Carmem Lúcia falou isso uma vez.
00:10:35Não tem mais esse período excepcional, mesmo considerando que, num período excepcional,
00:10:41numa democracia, isso poderia acontecer, mas isso já passou.
00:10:46A gente tem que se livrar do Bolsonaro, entendeu?
00:10:48Já acabou.
00:10:49A gente tem que seguir para frente, pensar no que fazer pelo Brasil, entendeu?
00:10:51E isso não está acontecendo, porque sempre vem a questão do Bolsonaro.
00:10:55E isso foi usado como desculpa para a gente infringir direitos, né?
00:10:59Porque você infringe direitos, você censura alguém, você pode, a partir de um devido processo legal de julgamento,
00:11:05excluir uma postagem que violou alguma, que fez um crime, injura, difamação, enfim.
00:11:13Mas isso deve seguir os ritos.
00:11:14E não está seguindo os ritos.
00:11:15Só um parênteses que eu costumo colocar é que, às vezes, no final de um processo,
00:11:20o juiz decide pela remoção da postagem.
00:11:23Às vezes, nem isso.
00:11:23Ele bota lá o direito de resposta, então o autor da postagem tem que fazer e tal,
00:11:28mas a postagem continua, etc.
00:11:30Mas isso, assim, é o final do processo e só com a postagem específica.
00:11:33Ele pula etapas e suspende tudo, impede a pessoa de publicar na rede social.
00:11:39Essa é uma judicialização a granel, né?
00:11:44Então, você vai pegando grupos de pessoas, assim,
00:11:46e não é assim que a liberdade de expressão funciona, né?
00:11:49O direito à liberdade de expressão.
00:11:51Você não pode coibir alguém de falar.
00:11:53Você pagar uma conta, isso é muito grave.
00:11:56Pode parecer uma bobagem, mas não é.
00:11:58E se for escalando e tem se escalado,
00:12:01até chegar ao bloqueio do X, do antigo Twitter no Brasil,
00:12:06você vê que é algo que é perigoso.
00:12:09Então, a questão não é que pode se dizer tudo.
00:12:12Não é que pode se falar tudo.
00:12:13É óbvio que há regras para o que se pode falar.
00:12:17Não é disso que a gente está falando.
00:12:19E aí, sempre, a esquerda ou alguns outros grupos chegam e falam,
00:12:22Ah, mas só que você não pode falar tudo o que você quiser.
00:12:25Eu também concordo, mas também o judiciário não pode agir da forma que ele quiser.
00:12:28Porque isso se chama estar o democrático de direito, onde a gente está.
00:12:32Tem regras a serem seguidas.
00:12:34Exatamente.
00:12:34Aliás, para eu não esquecer de citar esse caso,
00:12:37você publicou um artigo sobre o caso da Cláudia Leite,
00:12:40que também tem a ver com isso, né?
00:12:41Para a gente aproveitar o tema.
00:12:43Ela trocou ali o trecho de uma música,
00:12:47substituindo ali o ícone de uma religião por outra, de preferência dela,
00:12:52e foi patrulhada pelo Ministério Público, etc.
00:12:55Qual é o seu ponto ali de destaque na abordagem?
00:12:58Primeiro que é um absurdo.
00:13:00Quando eu vi, li isso, eu achei um completo absurdo acontecer isso no Brasil, né?
00:13:04Primeiro que a música popular brasileira é um caldeirão,
00:13:07com uma geléia geral, como diria o Gilberto Gil, né?
00:13:11É o que caracteriza a nossa música.
00:13:14Em países onde houve essa fusão de culturas,
00:13:17geralmente tem essa música rica.
00:13:19Os Estados Unidos, o Caribe, o Brasil.
00:13:22E quando eu vi isso, eu achei um absurdo,
00:13:26porque isso é a música brasileira, entendeu?
00:13:28Pode ser preciso por uma questão pessoal dela, ela mudou.
00:13:31Tá, Iêxua, tá, Iemanjá.
00:13:33É um absurdo que você mobilize o aparato jurídico,
00:13:37o aparato judicial, para perseguir uma atriz, uma artista,
00:13:41entendeu?
00:13:41Para que ela deixe de cantar.
00:13:43Olha, o pedido era para que a Prefeitura e o Governo do Estado
00:13:47não contratassem shows dela.
00:13:50Isso antes da decisão.
00:13:51Então, a ONG pediu para o Ministério Público
00:13:55que pedisse, solicitasse ao Governo do Estado,
00:13:57acessar orientação para o Governo do Estado e do Município.
00:14:02É um absurdo.
00:14:03Isso é censura, entendeu?
00:14:05Então, é...
00:14:07A gente comentou aqui...
00:14:08Não é possível que a esquerda possa ficar focada
00:14:10em questões desse tipo, enquanto tem outras ações
00:14:13que são muito mais necessárias.
00:14:15Quando se fala em políticas públicas,
00:14:17quando eu falo em serviços públicos,
00:14:18eu falo muito sobre isso,
00:14:19porque isso é o que afeta a vida das pessoas.
00:14:21É segurança pública, é saúde, é educação.
00:14:25E isso daí promove a ascensão social.
00:14:28E a ascensão social é fundamental para a gente diminuir as desigualdades,
00:14:31inclusive as desigualdades simbólicas,
00:14:34como o racismo, como o machismo, como a homofobia.
00:14:37Então, essa fixação em filigranas,
00:14:41pequenas filigranas...
00:14:41O Foucault falava uma coisa interessante e é o Foucault, né?
00:14:44Imagina.
00:14:45Ele falava que toda a legislação, quando ela é muito capilarizada,
00:14:49quando ela vai entrando nos mais mínimos detalhes,
00:14:52como se vestir, como sentar,
00:14:53ela acaba ficando cômica.
00:14:55Ela acaba tendo esse aspecto de comicidade.
00:14:57Porque você olha assim...
00:14:59Gente, é tão ridículo.
00:15:00Que nem é na ditadura tentar proibir minissaia.
00:15:02É cômico.
00:15:03Não ator, estando na Ponte Preta,
00:15:06fazia isso.
00:15:08O humor dele era esse.
00:15:08Pegava as manchetes, colocava lá as manchetes
00:15:11e já não precisava nem fazer comentário.
00:15:12Porque a própria manchete já era hilária.
00:15:15É isso nesse ponto.
00:15:16Ah, querem proibir uma artista porque tocou uma palavra.
00:15:18Pô, dá vontade de rir.
00:15:20No primeiro momento.
00:15:21Mas depois você vê.
00:15:22Isso é perigoso.
00:15:23Se isso se espalha, já era, né?
00:15:24É.
00:15:25Parece que se espalhou, né?
00:15:26Essa patrulha o tempo todo.
00:15:27A gente comentou aqui que se é pra haver uma briga,
00:15:31no caso da Cláudia Leite,
00:15:32só se for dela com os autores da música, né?
00:15:34Os autores da música podem ficar insatisfeitos
00:15:36que foi trocada uma palavra da criação deles.
00:15:38É, mas aí não seria um crime de racismo.
00:15:40Aí seria uma infração do direito autoral.
00:15:42Isso, uma infração.
00:15:43Eventualmente processar, se tiver algum uso comercial
00:15:46de uma criação artística
00:15:49que não segue as palavras originais.
00:15:52Não sei nem se existe essa hipótese,
00:15:53mas assim, no máximo, a treta
00:15:55é entre a cantora e os autores.
00:15:58Agora que o aparato estatal, né?
00:16:00Seja mobilizado, de fato, contra a artista
00:16:03porque ela...
00:16:04Eu acho que tem um ponto importante
00:16:07que ela não expressou uma raiva, um ódio,
00:16:10não estimulou um ódio contra seguidores
00:16:12de outra religião, de outra tribo.
00:16:15Ela trocou uma palavra por uma
00:16:17que é de maior afeição dela.
00:16:18uma preferência pessoal.
00:16:20Parece que hoje em dia
00:16:21há uma patrulha tão grande
00:16:23que querem proibir preferências pessoais.
00:16:25Você manifestar preferências pessoais
00:16:27por religiões, ou por ideologias,
00:16:31ou por qualquer coisa,
00:16:31que não seja a da turma
00:16:33que reza por essa cartilha
00:16:34e que atua nessa patrulha.
00:16:36Essa questão do crime de desrespeito,
00:16:39a religião, quando eu vi isso,
00:16:41a troca de palavras do Imanjá pro Exuá
00:16:44não menospreza, não diminui,
00:16:46não ataca as religiões de matrizes africanas.
00:16:49A troca desse símbolo, né?
00:16:51Desse signo.
00:16:53Eu fiquei imaginando passeatas
00:16:54ou manifestações em universidades
00:16:56em que grupos,
00:16:59como é que eu vou dizer, né?
00:17:03Chutavam ou faziam as suas necessidades
00:17:06em imagens religiosas.
00:17:09Exatamente.
00:17:10Isso daí, segundo a lei...
00:17:12A Marcha das Vadias em Copacabana,
00:17:13no Rio de Janeiro, anos atrás, eu lembro.
00:17:15É, pois é.
00:17:16Então, isso daí se enquadraria mais,
00:17:18pelo menos no que diz a letra da lei,
00:17:20que é você aviltar,
00:17:23ultrajar símbolos,
00:17:25objetos de culto e tudo mais.
00:17:28Apesar de que, assim,
00:17:28na minha opinião pessoal,
00:17:29eu sou bem libertária
00:17:30com relação à liberdade de expressão.
00:17:32Eu vejo isso, assim,
00:17:33se tivesse impedido um culto,
00:17:36aí eu acharia que aí poderia ser.
00:17:38Mas, enfim, não importa.
00:17:40Você está falando de uma nova interpretação possível
00:17:41de um dispositivo que existe.
00:17:43Exato.
00:17:43E o que eu estou querendo dizer é isso, entendeu?
00:17:46Esse mesmo grupo que ataca a Cláudia Leite
00:17:48não veria, provavelmente,
00:17:50um ataque a religioso
00:17:53nesse tipo de manifestação,
00:17:54esse tipo de performance.
00:17:55Então, fica muito assim, né?
00:17:57Quando é para o meu lado, é crime.
00:17:59Quando não é, entendeu?
00:18:01Não é crime.
00:18:02É isso.
00:18:03Exatamente.
00:18:04Você falou, anpação,
00:18:05uma frase que cada um pode interpretar
00:18:09de uma maneira,
00:18:09mas eu entendi o contexto
00:18:11que você estava falando.
00:18:12De a alegação em suposta defesa
00:18:15da democracia,
00:18:16porque houve o bolsonarismo
00:18:19com aquilo que eu chamo
00:18:20de reacionarismo aloprado,
00:18:22com a invasão,
00:18:22o prédio,
00:18:23os três poderes e tal.
00:18:24Você falou,
00:18:24a gente tem que andar,
00:18:26tem que ir para frente e tal,
00:18:27tem que se livrar do Bolsonaro, né?
00:18:28Só para contextualizar aqui
00:18:31exatamente o que você quer dizer com isso,
00:18:33para não ficar uma coisa
00:18:35mal interpretada.
00:18:37Qual é a sua avaliação
00:18:38desse fenômeno?
00:18:39Eu sei que é um fenômeno
00:18:40bastante complexo,
00:18:40mas você no começo da nossa conversa
00:18:45falou desse divisionismo,
00:18:48desse nós contra eles,
00:18:49que o Lula implementou
00:18:51de maneira bem forte no Brasil
00:18:53e que foi turbinado com o bolsonarismo.
00:18:56E esse lado do bolsonarismo,
00:19:00dos invasores de prédios públicos,
00:19:03dos aloprados da pandemia,
00:19:05de outras coisas e tal,
00:19:06fez também boa parte
00:19:07dessa turma de esquerda,
00:19:10com o ministro do STF,
00:19:11do Sistemão e tal,
00:19:12é se unir e usar isso a seu favor,
00:19:17às vezes,
00:19:18para encobrir outras atitudes
00:19:19que são questionadas,
00:19:20precisam ser questionadas
00:19:22e até criticadas,
00:19:23como a gente faz aqui.
00:19:24Então, assim,
00:19:25como é que você enquadra
00:19:26esse papel do Bolsonaro
00:19:27à luz dessa sua frase, né?
00:19:29Porque a gente tem que se livrar
00:19:31do que exatamente?
00:19:33O termo se livrar
00:19:35não é no sentido de que
00:19:36tem que acabar
00:19:38essa direita, digamos,
00:19:40mais populista,
00:19:41mais extremada,
00:19:42tem que sumir do cenário político.
00:19:44Não, não é isso.
00:19:46Mais que os atores,
00:19:48os agentes políticos,
00:19:49nós, né?
00:19:50Todo mundo.
00:19:50Eu acho que a gente ganharia mais
00:19:52se a gente fosse
00:19:54se movimentando mais ao centro.
00:19:56É nesse sentido.
00:19:58E não ficar dependente
00:20:00desses discursos polarizadores,
00:20:03entendeu?
00:20:03Porque a gente acaba
00:20:04ficando preso nisso.
00:20:05Quando se fala em polarização,
00:20:07geralmente as pessoas falam,
00:20:08mas sempre teve polarização,
00:20:09o APSDB e o PT.
00:20:12A questão não é bem assim.
00:20:14A polarização é que,
00:20:16na verdade,
00:20:16os dois polos
00:20:17são interdependentes,
00:20:18estão intimamente conectados.
00:20:20Ora,
00:20:21se o Bolsonaro,
00:20:25se o Lula não tivesse concorrido
00:20:26com o Bolsonaro,
00:20:28provavelmente ele não teria ganhado.
00:20:32Porque,
00:20:34na verdade,
00:20:34a maioria da população
00:20:35está buscando o centro.
00:20:36Mas é quando você tem
00:20:37esses dois polos,
00:20:38aí você tem esse voto
00:20:39que não é o voto
00:20:40pela política
00:20:41ou pela ideia
00:20:42que você abraça,
00:20:43mas é o voto
00:20:43pelo que eu não quero
00:20:44que esteja lá.
00:20:45É um voto contra o outro.
00:20:46É um voto negativo.
00:20:47E isso é muito ruim
00:20:48para a democracia.
00:20:49Então,
00:20:49é nesse sentido
00:20:50que o PT,
00:20:53que a esquerda petista
00:20:54zoa,
00:20:56que é essa frente
00:20:58mais de centro,
00:20:59frente amplo,
00:21:00não existe isso.
00:21:01Não existe centro,
00:21:02eles estão falando.
00:21:03Não existe.
00:21:04Existe,
00:21:04mas é preciso,
00:21:05é um trabalho árduo,
00:21:06porque nas redes sociais
00:21:07os extremos
00:21:08chamam mais a atenção.
00:21:10Eles ganham mais likes,
00:21:11eles ganham mais cliques,
00:21:12eles são mais noticiados.
00:21:13Mas existe um grupo
00:21:14de jornalistas,
00:21:15de políticos,
00:21:16de intelectuais
00:21:18e de pessoas
00:21:18que querem
00:21:19algo mais voltado
00:21:21para o centro
00:21:21e algo mais voltado
00:21:22para a melhoria
00:21:23da qualidade de vida
00:21:24da população brasileira
00:21:25e não ficar preso.
00:21:27Acho que esse é o ponto
00:21:27mais importante.
00:21:28Exato.
00:21:29E não ficar preso
00:21:30nessa questão ideológica
00:21:31e nessa coisa
00:21:32que politiza
00:21:33qualquer medida pública.
00:21:35Às vezes,
00:21:36tem medidas públicas
00:21:37que são muito técnicas,
00:21:38que sempre têm
00:21:39que ser implementadas.
00:21:40E aí você fica
00:21:40nessa politização,
00:21:42ideologização.
00:21:43É nesse sentido
00:21:43que eu falei
00:21:44de se livrar do Bolsonaro.
00:21:46Que eu poderia falar,
00:21:47sei lá,
00:21:47em 2026,
00:21:48se livrar do Lula,
00:21:49se livrar disso,
00:21:50desse esquema
00:21:51de funcionamento
00:21:52da política brasileira.
00:21:54Certo.
00:21:55Qual é a sua formação
00:21:56mais para o campo
00:21:57filosófico?
00:21:58Você pode explicar
00:21:59para a gente?
00:22:02Você chamaria assim?
00:22:04É.
00:22:04Porque tem aquele termo técnico
00:22:06que eu não sei qual é
00:22:07que você falou.
00:22:10O nome do curso
00:22:12que você fez?
00:22:12Ah, sim.
00:22:13Eu fiz doutorado
00:22:13em comunicação e semiótica
00:22:15na PUC aqui de São Paulo.
00:22:15Esse, semiótico.
00:22:16É, não,
00:22:17a semiótica,
00:22:18ela não tem um...
00:22:20Ela, na verdade,
00:22:21é um método
00:22:22de análise
00:22:23de discurso, né?
00:22:24Você pode...
00:22:25De signos,
00:22:26tem vários tipos, né?
00:22:27De narrativas,
00:22:28o que uma determinada fala
00:22:29está querendo dizer,
00:22:30um quadro,
00:22:30um filme, enfim.
00:22:32Basicamente é isso.
00:22:33Eu acho que eu uso ela
00:22:34mais como um método,
00:22:36digamos,
00:22:36de análise
00:22:37de alguma coisa.
00:22:38Mas...
00:22:38Aliás,
00:22:39é uma das coisas
00:22:39que a gente mais faz, né?
00:22:40Análise de discurso.
00:22:41Isso, exatamente.
00:22:42Analisar a retórica,
00:22:43contrastar com a prática.
00:22:45É, né?
00:22:45Isso que é tão importante
00:22:46que se perde
00:22:47nessa manipulação
00:22:49mais polarizadora.
00:22:51É, porque todo discurso,
00:22:52todo texto
00:22:53é um mar, né?
00:22:54Ele tem camadas
00:22:55e você pode penetrar
00:22:57ou ficar pela superfície.
00:22:59Pela análise do discurso,
00:23:01da semiótica,
00:23:01você está querendo
00:23:02adentrar nele, né?
00:23:04Destrinchar aquele texto.
00:23:07Mas, filosoficamente,
00:23:08não sei o que você quer dizer.
00:23:09Em termos políticos,
00:23:10eu sou uma liberal.
00:23:11Eu até brinco
00:23:12porque às vezes
00:23:12eu sou uma libertina.
00:23:16Porque às vezes
00:23:16eu realmente
00:23:17tenho algumas questões
00:23:18e eu acho que
00:23:19tenho uma perspectiva
00:23:20bem libertária.
00:23:21Por exemplo,
00:23:21com relação
00:23:22à liberdade de expressão.
00:23:24Eu acho muito engraçado
00:23:25que às vezes
00:23:25eu recebo uns ataques.
00:23:26É que tem uma coisa,
00:23:27todo jornalista
00:23:27acho que já passou por isso, né?
00:23:29O jornalista independente,
00:23:30eu acho.
00:23:30Sim.
00:23:32Tem certeza que eu já passei
00:23:33pelo que você vai falar?
00:23:34Às vezes tem uma turma
00:23:35que te chama de
00:23:36bolsominion,
00:23:37fascista e tudo mais.
00:23:39E aí depois
00:23:39tem uma turma
00:23:40que te chama de
00:23:41comunista e tudo mais.
00:23:43Então depois
00:23:43já se decidam,
00:23:44decidam-se, né?
00:23:45Decidam-se.
00:23:45É, por isso que eu abri
00:23:47com os dois, não dá.
00:23:48Com o seu tweet fixado.
00:23:49É, isso é exatamente.
00:23:50Progressivo,
00:23:50só conservador.
00:23:51E aí quando
00:23:52tem a esquerda
00:23:54que vem me chamar de
00:23:55bolsominion,
00:23:56fascista, nazista,
00:23:57tudo mais.
00:23:57Eu falo, gente,
00:23:58eu sou a favor
00:23:59da legalização
00:23:59das drogas,
00:24:00da eutanásia,
00:24:00do aborto.
00:24:01como é que eu posso
00:24:03ser, né?
00:24:04Assim,
00:24:04então fica
00:24:05essa questão
00:24:07porque eu sou
00:24:08mais liberal.
00:24:09A minha perspectiva
00:24:10é que o Estado
00:24:11tem um papel,
00:24:12ele tem que ter um papel
00:24:12na segurança pública,
00:24:13ele tem que ter um papel
00:24:14no ordenamento jurídico,
00:24:17mas eu acho,
00:24:17assim,
00:24:18tem que se traçar um limite.
00:24:20Onde essa linha
00:24:20vai ser traçada
00:24:21é que tem as variações
00:24:22que você tem,
00:24:24liberais de centro,
00:24:25liberais mais à direita,
00:24:26mas assim,
00:24:27tem,
00:24:27na minha perspectiva,
00:24:29tem que ser traçada
00:24:29essa linha.
00:24:30Se é mais perto
00:24:31do indivíduo
00:24:32ou mais perto
00:24:32do Estado,
00:24:33aí vai de cada uma,
00:24:35de cada uma.
00:24:36Mas eu acho que
00:24:36essa é a visão necessária,
00:24:38sempre tem essa desconfiança
00:24:39com o Estado.
00:24:40É,
00:24:40sempre querem te rotular
00:24:42de alguma coisa
00:24:43quando você não adere
00:24:45a um político,
00:24:47na verdade,
00:24:48que é o líder
00:24:48daquela facção.
00:24:49Então,
00:24:50se você não é
00:24:50100% lulista,
00:24:52eles vão te relacionar
00:24:53ao bolsonarismo,
00:24:54se você não é
00:24:54100% bolsonar,
00:24:55vão te relacionar
00:24:56ao lulismo.
00:24:57Tem sido assim
00:24:58nos últimos anos,
00:24:59lamentavelmente,
00:25:00e a gente luta
00:25:01para destrinchar
00:25:03essas questões,
00:25:04de uma maneira
00:25:04mais específica.
00:25:06Teve outro artigo seu,
00:25:07comentários que você fez,
00:25:09que me chamaram a atenção,
00:25:11há poucos meses,
00:25:12sobre o caso da Venezuela
00:25:14do Nicolás Maduro,
00:25:15porque começou
00:25:16a ter gente na TV,
00:25:18e a TV,
00:25:19ela tem sido
00:25:20matéria-prima
00:25:22de diversas análises.
00:25:24Infelizmente.
00:25:25Tem até outra
00:25:25mais recente
00:25:25que você fez,
00:25:26quero abordar isso também.
00:25:27mas o Maduro
00:25:28começou a ser
00:25:29associado à direita.
00:25:31Quer dizer,
00:25:31depois que o cara
00:25:32alopra,
00:25:34assim,
00:25:35ele que já vem
00:25:36aloprando há muitos anos,
00:25:37mas aí a aloprada
00:25:38da aloprada,
00:25:39ele vai quebrando
00:25:40todos os recordes,
00:25:42começa a haver
00:25:43uma vontade
00:25:44de se distanciar.
00:25:45E não é que
00:25:45um determinado elemento
00:25:47não possa parecer
00:25:48com algo
00:25:49que foi defendido
00:25:50no Brasil
00:25:51por uma pessoa
00:25:52de outro campo,
00:25:53etc.
00:25:53mas a natureza
00:25:54daquele movimento
00:25:55da qual ele faz parte
00:25:56é outra.
00:25:57Então,
00:25:58estavam dizendo na TV
00:25:58que o Maduro
00:25:59era de direita.
00:26:00E você foi lá
00:26:01e escreveu um artigo
00:26:02para dizer,
00:26:02olha,
00:26:03isso é errado
00:26:04do ponto de vista
00:26:05da teoria política.
00:26:06Por quê?
00:26:07Isso foi realmente
00:26:10um absurdo,
00:26:11assim.
00:26:12E é muito engraçado,
00:26:13porque quando falaram
00:26:14que o Maduro
00:26:15é de direita,
00:26:16eu fico pensando,
00:26:17pô,
00:26:17então o Lula
00:26:17é de direita.
00:26:19Porque ele está há anos,
00:26:20nunca abandonou
00:26:21esse barco,
00:26:22demorou até...
00:26:25Recentemente,
00:26:26ele estava falando
00:26:26bem do Maduro
00:26:27que tem que tratar
00:26:28a Venezuela
00:26:28com muito carinho,
00:26:29ele falou,
00:26:29porque eles têm
00:26:30as questões deles lá.
00:26:32Ô, meu Deus,
00:26:32tadinho.
00:26:34Sabe?
00:26:34Está matando geral,
00:26:36está prendendo,
00:26:36está torturando.
00:26:37Isso faz tempo,
00:26:38a imprensa
00:26:38é totalmente calada,
00:26:40o povo passando fome,
00:26:41sabe?
00:26:41Gente,
00:26:428 milhões,
00:26:43sei lá,
00:26:43de refugiados.
00:26:45Não é possível,
00:26:46entendeu?
00:26:47Então,
00:26:47qual é a questão?
00:26:50O Maduro,
00:26:51ele vem do chavismo
00:26:52que é essa onda,
00:26:54esse populismo
00:26:55de direita latino-americano
00:26:57que tem conexões
00:26:58com o exército,
00:26:59com as forças amadas.
00:27:01É uma ditadura militar,
00:27:02basicamente,
00:27:03o que acontece ali.
00:27:04Esse é um elemento
00:27:05que é utilizado
00:27:06para tentar associar
00:27:07a direita,
00:27:08a ditadura militar brasileira.
00:27:09É porque existe
00:27:10totalitarismo e autoritarismo
00:27:11nas duas vertentes.
00:27:13Claro.
00:27:13Isso é uma bobagem.
00:27:15Então,
00:27:15fica aquela questão,
00:27:16para ser de esquerda
00:27:18tem que ser bom,
00:27:19tem que ser legal,
00:27:19tem que ser galera,
00:27:21como diz a ditadura.
00:27:22Não,
00:27:23não é.
00:27:23A esquerda,
00:27:24ela pode se manifestar
00:27:25de uma forma
00:27:26extremamente autoritária
00:27:27e antidemocrática.
00:27:28Isso a gente viu
00:27:29ao longo da história
00:27:29da União Soviética,
00:27:31sabe?
00:27:31Às vezes,
00:27:32a gente tem que ficar
00:27:32repetindo isso,
00:27:33é até...
00:27:35ficar batendo
00:27:37nessas platitudes,
00:27:38mas é necessário,
00:27:38porque quando a gente
00:27:39vê esse tipo de discurso,
00:27:40não faz o menor sentido,
00:27:41né?
00:27:42Então,
00:27:42a questão não é essa,
00:27:43a questão é criticar isso,
00:27:45é um vizinho nosso,
00:27:46faz fronteira,
00:27:47entendeu?
00:27:48Então,
00:27:48vamos deixar essa bobagem
00:27:49de lado e ver
00:27:50como é que a diplomacia
00:27:51brasileira deveria agir
00:27:52nessa situação,
00:27:53entendeu?
00:27:53Qual é a forma mais ética,
00:27:55o que seria moralmente
00:27:56aceitável,
00:27:57o que seria também,
00:27:58cabir,
00:27:59o que poderia caber
00:27:59também em termos diplomáticos,
00:28:01assim,
00:28:01a gente também não pode,
00:28:02eu falo isso também,
00:28:03não pode perder totalmente,
00:28:05digamos,
00:28:05o contato bloqueado totalmente,
00:28:07porque é um país
00:28:07que faz fronteira,
00:28:08a gente tem várias questões
00:28:09envolvendo o tráfico de drogas
00:28:10que está crescendo
00:28:10enormemente na Amazônia
00:28:12depois que a Colômbia
00:28:13fez o acordo de paz
00:28:14com as Farc,
00:28:15uma parte foi para a política
00:28:17e realmente se normalizou
00:28:18e outra criou vários grupos
00:28:20dissidentes que estão
00:28:20se espalhando.
00:28:22No Equador,
00:28:22o caos que está vivendo
00:28:23no Equador
00:28:23é por causa disso.
00:28:24Na Amazônia brasileira,
00:28:26os índices de assassinatos,
00:28:28de homicídios,
00:28:29estão estratosféricos.
00:28:31Então aquilo tudo ali...
00:28:32Aponto isso desde a raiz.
00:28:34Inclusive tem um processo
00:28:35do PT contra mim
00:28:36e o PT perdeu esse processo
00:28:38porque eu estava apontando
00:28:40as questões envolvendo as Farc
00:28:42e eles não queriam
00:28:43que falasse determinadas coisas
00:28:44que eram factuais
00:28:45como a justiça mesmo
00:28:46pôde atestar.
00:28:48Isso todo mundo já sabe.
00:28:49Então assim,
00:28:50vamos deixar de bobagem
00:28:51e ficar com esse negócio.
00:28:52O que é nazismo,
00:28:53o que é comunismo e tal?
00:28:54Vamos lidar com o fato.
00:28:55É um governo de esquerda
00:28:56autoritário
00:28:57que está infringindo
00:28:58direitos humanos
00:28:59há anos
00:29:00e isso precisa ser...
00:29:01O governo brasileiro
00:29:02precisa demonstrar
00:29:03que isso não é aceitável,
00:29:04já que o governo brasileiro
00:29:06se diz o defensor
00:29:07da democracia
00:29:08ante o anterior
00:29:10que não era
00:29:10defensor da democracia.
00:29:12Ora,
00:29:12se você defende a democracia,
00:29:14então vá lá e defenda.
00:29:15Exatamente.
00:29:16Inclusive os direitos humanos.
00:29:17Exato.
00:29:18A esposa de defensor
00:29:18dos direitos humanos.
00:29:19Também.
00:29:20Mas aí voltando
00:29:21à emissora
00:29:21que eu estava pensando aqui
00:29:23e são vários os exemplos
00:29:24e alguns viraram comentários
00:29:26e artigos seus.
00:29:28Porque já teve
00:29:28defesa de censura de meme,
00:29:31já teve desinformação
00:29:32sobre nota de comunidade,
00:29:33aí teve uma declaração
00:29:35de que atacar medida pública
00:29:36é crime
00:29:37e teve também
00:29:38o jornalismo
00:29:40entre aspas
00:29:41de WhatsApp.
00:29:43Sobre esses dois últimos itens
00:29:44você fez artigos,
00:29:46não me lembro exatamente o título,
00:29:48mas você estava mostrando
00:29:48que não,
00:29:49esse suposto jornalismo
00:29:50de WhatsApp
00:29:50não é jornalismo.
00:29:52E que atacar medida pública
00:29:54não é crime.
00:29:55Mas atacar no sentido
00:29:56de criticar,
00:29:57de você se indignar
00:29:58com determinada
00:29:59medida pública.
00:30:00A gente vê,
00:30:01isso aconteceu
00:30:02durante o governo Bolsonaro
00:30:03em outras emissoras,
00:30:05um chapa-branquismo
00:30:06muito intenso,
00:30:07eu critico isso.
00:30:09É claro que a gente
00:30:10tem cuidado,
00:30:10até cuidado
00:30:11para se distinguir
00:30:12da militância.
00:30:13Eu não sou jornalista
00:30:14que fica falando
00:30:15abaixo o veículo tal,
00:30:16como já fez
00:30:17a militância de esquerda,
00:30:18já fez a militância
00:30:19bolsonarista.
00:30:20No entanto,
00:30:21a gente tem que
00:30:22debater as questões
00:30:24que são ditas
00:30:25numa escala de massa.
00:30:27Que tem uma emissora
00:30:29que tem uma capilaridade
00:30:30muito grande,
00:30:30são determinadas ideias
00:30:31que ficam circulando
00:30:32na sociedade,
00:30:33cabe a nós,
00:30:33jornalistas,
00:30:34também fazer análise
00:30:35daquilo que sai de bobagem
00:30:38dos próprios microfones.
00:30:41Então,
00:30:41começando pelo caso,
00:30:43qual que você quer começar?
00:30:44Da medida pública
00:30:45que não é crime,
00:30:46de atacar a medida pública,
00:30:47ou do jornalismo?
00:30:48Eu acho que o jornalismo
00:30:49de WhatsApp...
00:30:50Eu acho que os dois
00:30:51podem ser conectados.
00:30:53A questão é a seguinte,
00:30:54a gente vive,
00:30:55e até dá respaldo
00:30:57para os inquéritos
00:30:58do STF,
00:31:00essa questão
00:31:00das fake news.
00:31:01Que nem a academia
00:31:02aqui,
00:31:03especializada na pesquisa
00:31:04em comunicação
00:31:05e linguística,
00:31:06já ainda consegue
00:31:07definir exatamente
00:31:08o que é fake news.
00:31:09É parte daí.
00:31:10Então, assim,
00:31:11a gente tem isso
00:31:11sendo usado,
00:31:12bartelado,
00:31:13muito como argumento
00:31:14para qualquer coisa.
00:31:16Como essa entidade,
00:31:17parece uma entidade
00:31:18abstrata,
00:31:19essa fake news.
00:31:20Então,
00:31:20ela tem sido usada
00:31:20muito para isso.
00:31:21E alguns veículos,
00:31:22alguns jornalistas,
00:31:23têm se baseado nisso
00:31:24para respaldar ações
00:31:26do judiciário
00:31:27que infringem
00:31:28as liberdades individuais.
00:31:31Então,
00:31:32isso daí
00:31:32é um problema
00:31:33até porque
00:31:34a própria imprensa
00:31:36pode vir a ser
00:31:36vítima disso.
00:31:37Afinal de contas,
00:31:38ela é noticiosa também.
00:31:40Então,
00:31:41eu acho que...
00:31:42Vítima de um ato
00:31:42mais arbitrário,
00:31:43autoritário do judiciário,
00:31:44como nós fomos.
00:31:45Exatamente.
00:31:47Então,
00:31:48esse contexto,
00:31:51eu acho que ele é fundamental
00:31:52para a gente
00:31:53perceber e avaliar
00:31:55a atuação da imprensa.
00:31:56Porque a imprensa,
00:31:57ainda mais com as redes sociais,
00:31:59em que cada emissor
00:32:00é também um produtor
00:32:01de conteúdo,
00:32:02o jornalismo profissional
00:32:03tem um dever
00:32:04de ser aquele
00:32:06que tem que ser rígido
00:32:07com a busca
00:32:08da aproximação
00:32:09da verdade.
00:32:10Tem que ser rígido
00:32:11com isso.
00:32:12Com a checagem de fatos.
00:32:13Esse é o pilar do jornalismo.
00:32:14Então,
00:32:15essa coisa do WhatsApp,
00:32:16o meu texto
00:32:16se referia a isso.
00:32:18Se no jornal impresso
00:32:19já é possível
00:32:20haver erros
00:32:21serem publicados,
00:32:23não estou dizendo
00:32:24nem intencionais,
00:32:25às vezes não intencionais também,
00:32:26imagina uma TV ao vivo.
00:32:28Imagina recebendo
00:32:29a informação
00:32:30ao vivo
00:32:31e logo
00:32:31e já jogando.
00:32:33Informação entre as,
00:32:33a narrativa,
00:32:34muitas vezes.
00:32:35Pode ser também.
00:32:36Você pode receber
00:32:36uma narrativa,
00:32:37mas você precisa
00:32:38checar aquela narrativa.
00:32:39nem que o produtor
00:32:40cheque lá
00:32:40no estúdio
00:32:41para você
00:32:41e depois reparte.
00:32:42Mas assim,
00:32:43é muito complicado
00:32:44e é muito arriscado
00:32:45isso acontecer.
00:32:45Por quê?
00:32:46Porque você coloca
00:32:46em risco
00:32:47a própria atividade
00:32:48de jornalismo,
00:32:48você aumenta
00:32:49as críticas
00:32:49ao jornalismo.
00:32:51Ah, viu?
00:32:51O jornalismo também
00:32:52produz fake news,
00:32:53mas aí só querem punir
00:32:54os usuários da internet.
00:32:55Então você vai criando
00:32:56um ciclo
00:32:57que é muito perigoso
00:32:58para o jornalismo.
00:32:59Então,
00:32:59quando eu critico
00:33:00isso,
00:33:01não é no sentido
00:33:01como você falou,
00:33:02né?
00:33:03Ah,
00:33:03como falava
00:33:04a esquerda
00:33:05tem Globo lixo
00:33:06ou qualquer outro tipo
00:33:06de coisa.
00:33:07Foi-se de São Paulo,
00:33:08esse tipo de coisa.
00:33:09Não,
00:33:09não é isso.
00:33:10No sentido que eu disse
00:33:10que eu não faço.
00:33:12Exatamente.
00:33:12Não,
00:33:13é que os grupos fazem,
00:33:14que as militâncias fazem.
00:33:15É da gente
00:33:16se tocar
00:33:17para o
00:33:18seed room,
00:33:19para o contexto.
00:33:21Nesse contexto,
00:33:22o jornalismo não pode
00:33:22dar brecha para isso.
00:33:23Exatamente.
00:33:24Não,
00:33:24e não ser corporativista,
00:33:25né?
00:33:26Mais do que isso,
00:33:27né?
00:33:27É mostrar como
00:33:29o jornalismo tem que ser.
00:33:31Se os próprios jornalistas
00:33:32não fizerem esse filtro,
00:33:34quem é que vai fazer,
00:33:35né?
00:33:35Então...
00:33:36Criticar a política
00:33:36pública é crime?
00:33:38Um jornalista
00:33:38falar isso?
00:33:39Gente,
00:33:40é basicamente
00:33:41a atividade jornalística.
00:33:42Não é?
00:33:43Seja por matéria
00:33:44de opinião,
00:33:45texto de opinião,
00:33:45ou seja até por texto
00:33:46de hard news.
00:33:47Porque se você vai mostrar
00:33:48que uma medida pública
00:33:49não está funcionando,
00:33:51você está criticando ela.
00:33:52Você não vai dizer,
00:33:52olha que política horrível.
00:33:53Não,
00:33:53mas você vai mostrar
00:33:54as falhas dela
00:33:55em números,
00:33:55em dados.
00:33:56É,
00:33:56que o efeito real
00:33:58não está sendo
00:33:59como foi anunciado.
00:34:00Exato.
00:34:01Ou está se gastando
00:34:01muito dinheiro
00:34:02para fazer isso,
00:34:02ou roubaram dinheiro
00:34:03para fazer isso.
00:34:04Então,
00:34:05assim,
00:34:05isso não faz
00:34:06o menor sentido,
00:34:07né?
00:34:08Então,
00:34:08e assim,
00:34:09e a própria militância
00:34:10de esquerda
00:34:11respaldar isso
00:34:12eu também acho
00:34:12absurdo.
00:34:13Porque o que é
00:34:14a marcha da maconha?
00:34:15O que é
00:34:15as passeatas
00:34:16pelo aborto?
00:34:17Você está criticando
00:34:18uma lei.
00:34:19Você está criticando
00:34:19uma medida.
00:34:20Tem um monte
00:34:21de medidas públicas
00:34:22que atacam.
00:34:22E eu sou a favor
00:34:22também.
00:34:23Eu já fiz
00:34:24colunas também
00:34:25sobre isso,
00:34:26sobre o aborto,
00:34:27sobre...
00:34:27Eu sou a favor
00:34:27da legalização
00:34:28do aborto,
00:34:29a favor da legalização
00:34:29das drogas.
00:34:30Então,
00:34:31assim,
00:34:31óbvio que a gente
00:34:32tem que criticar a lei.
00:34:33Essa questão
00:34:34que eu estava te falando
00:34:35da linha divisória
00:34:36entre o indivíduo
00:34:36e o Estado.
00:34:37Não é porque é lei
00:34:38que é bom.
00:34:40Exato.
00:34:40Não,
00:34:40tem leis que são ruins.
00:34:42Claro.
00:34:42O apartheid
00:34:44já foi a lei
00:34:44nos Estados Unidos
00:34:46e na África do Sul.
00:34:47Fechou de ser lei.
00:34:47Por quê?
00:34:48Porque foi criticado.
00:34:49Aliás,
00:34:49você publicou
00:34:50nesse momento
00:34:51em que o Moraes
00:34:51estava suspendendo
00:34:53o X
00:34:54uma foto
00:34:54de quem era,
00:34:57de uma figura
00:34:57de um ativista negro
00:35:00do lado de um cartaz
00:35:03e você estava dizendo
00:35:04que pessoas boas
00:35:06desobedecem
00:35:06ordens ruins.
00:35:07É,
00:35:07leis ruins.
00:35:08Isso,
00:35:09exato.
00:35:09é um momento
00:35:12interessante também.
00:35:14Ligia,
00:35:15só para contextualizar
00:35:16para quem não está
00:35:16muito familiarizado
00:35:17com esse debate
00:35:18de jornalismo,
00:35:19de zap,
00:35:20são apresentadores,
00:35:21apresentadoras
00:35:22que ficam com o celular
00:35:23ali e olha,
00:35:24acabou de chegar aqui
00:35:25uma informação e tal,
00:35:27então o Supremo
00:35:28acha isso
00:35:29ou os políticos
00:35:31estão dizendo
00:35:32e às vezes vem no plural
00:35:33o que é de uma fonte
00:35:34única que tem um interesse
00:35:35em que aquela narrativa
00:35:37seja veiculada.
00:35:38E não necessariamente,
00:35:39claro,
00:35:39aquilo que está sendo
00:35:40lido ao vivo
00:35:41por uma âncora
00:35:43e a fonte dela
00:35:46está assistindo
00:35:47e está querendo
00:35:48emplacar uma narrativa
00:35:49ali no ar.
00:35:50Aquilo pode conter
00:35:51diversos elementos
00:35:52de mentira,
00:35:54de falsificação
00:35:55da realidade,
00:35:56é uma meia-verdade,
00:35:57enfim,
00:35:58e cabe ao jornalismo
00:35:59filtrar isso.
00:36:00E quando você sai
00:36:01lendo narrativa no ar,
00:36:02não tem filtro nenhum,
00:36:03não tem checagem nenhuma,
00:36:05é mais uma tentativa
00:36:06de agradar fontes,
00:36:07de manter um contato
00:36:09com fontes,
00:36:10mas de uma maneira,
00:36:11né,
00:36:11que isso já é ruim
00:36:13no jornalismo antigo,
00:36:14na mídia impressa,
00:36:15etc.
00:36:16É uma maneira
00:36:16mais imediata
00:36:17que já compromete
00:36:18todo o processo jornalístico,
00:36:20né.
00:36:21Então,
00:36:21acho muito importante
00:36:22essas considerações.
00:36:24Em relação
00:36:24às suas posições
00:36:25que você está manifestando aqui
00:36:27sobre drogas,
00:36:27abortos,
00:36:28etc.
00:36:28Sistemas polêmicos
00:36:29e obviamente vai ter
00:36:30gente concordando,
00:36:30vai ter gente discordando.
00:36:31O que eu sempre digo
00:36:33a respeito disso
00:36:34é que no âmbito
00:36:37desse nós contra eles,
00:36:38desses duelos tribais,
00:36:41a argumentação
00:36:42e a contra-argumentação
00:36:43se perdem.
00:36:45Então, assim,
00:36:46eu não vejo problema nenhum
00:36:47das pessoas argumentarem
00:36:48a respeito
00:36:49das suas posições.
00:36:51Então,
00:36:51você vai debater
00:36:53aquele tema
00:36:53e eu acho importantíssimo
00:36:55que se debatam temas.
00:36:57O que acontece
00:36:58é que as pessoas
00:36:58que são a favor
00:37:00ou contra
00:37:00determinados temas
00:37:02que são complexos
00:37:03e envolvem
00:37:04muito mais elementos
00:37:05do que ser a favor
00:37:05ou contra,
00:37:06elas se julgam
00:37:07no grupo do bem
00:37:08contra o grupo do mal.
00:37:09E aí saem rotulando
00:37:10o outro lado,
00:37:11xingando,
00:37:11ofendendo o outro lado
00:37:12sem querer qualquer tipo
00:37:13de debate.
00:37:15Isso acontece
00:37:16dos dois lados.
00:37:17Sim.
00:37:17E assim,
00:37:18é preciso mostrar,
00:37:19tá,
00:37:19mas por que ser a favor?
00:37:21Por que ser contra?
00:37:21Por que não?
00:37:22E onde que deu certo?
00:37:24Onde que deu errado?
00:37:24Quais são os números?
00:37:25Etc.
00:37:26Você vê isso acontecer
00:37:27muito no Brasil
00:37:28porque a gente
00:37:29tem a sensação
00:37:31de que essas coisas
00:37:31não são efetivamente discutidas.
00:37:34Pois é,
00:37:34isso que você falou
00:37:35é bem interessante,
00:37:36eu tenho um exemplo
00:37:36que sintetiza,
00:37:38que vale para vários temas.
00:37:40No dia da Internação da Mulher
00:37:42eu escrevi um artigo
00:37:43para a Folha
00:37:44sobre o aborto,
00:37:46e a questão é a seguinte,
00:37:47não tem diálogo.
00:37:49As pessoas,
00:37:50os grupos em cada polo,
00:37:51eles repetem mantras.
00:37:54O Pedro Doria
00:37:55até fez um vídeo recente
00:37:57falando sobre isso.
00:37:58Não é o diálogo,
00:38:00você não ouve o que o outro
00:38:01está falando
00:38:01e tem que entender
00:38:02a perspectiva do outro
00:38:03e reavaliar a sua perspectiva
00:38:05a partir daquilo
00:38:06que foi ouvido.
00:38:07É sempre um ataque moral.
00:38:09Então,
00:38:09em relação ao aborto,
00:38:10o que eu falava no texto?
00:38:11É porque eu vi várias pessoas,
00:38:12não sei se foi na Argentina
00:38:13ou no México,
00:38:14em algum país
00:38:15tinha sido legalizado
00:38:17o aborto.
00:38:19Na Argentina teve um momento
00:38:20que o Senado aprovou.
00:38:21Foi alguma coisa.
00:38:22E eu vi muitas pessoas
00:38:23nas redes sociais
00:38:24falando,
00:38:24como é que as pessoas...
00:38:25Aí muitas mulheres
00:38:26foram comemorar
00:38:27em vários países,
00:38:28na Europa e tal,
00:38:29por esse feito.
00:38:30E muitas pessoas falando,
00:38:32como é que essas pessoas
00:38:32vão para a rua
00:38:33e comemorar assassinatos?
00:38:36E eu começo o texto falando
00:38:37que, assim,
00:38:38eu entendo
00:38:39que para quem
00:38:40tem uma visão
00:38:41de que a vida humana
00:38:42começa na concepção,
00:38:44ou seja,
00:38:44que a partir da concepção
00:38:45ali está um ser humano,
00:38:47obviamente,
00:38:48um aborto é assassinato.
00:38:49eu tenho que entender
00:38:50essa perspectiva
00:38:51para começar a conversar
00:38:53com essa pessoa.
00:38:55Mas só que as mulheres
00:38:56que foram lá para as ruas
00:39:00e comemoraram
00:39:00e lutaram por isso,
00:39:02elas não consideram
00:39:02que é um ser humano.
00:39:04Então há uma perspectiva,
00:39:05uma visão,
00:39:06uma questão conceitual
00:39:07de base aí.
00:39:08Se isso daí não for...
00:39:09Então não tem como
00:39:09chamar elas,
00:39:10dizendo que elas estão
00:39:11comemorando homicídio,
00:39:12porque para elas
00:39:13não é um ser humano.
00:39:14Um ser humano é...
00:39:15Para as mulheres
00:39:16e para vários pesquisadores também,
00:39:18até determinado mês
00:39:22e aí tem disputas,
00:39:23o feto,
00:39:24o embrião
00:39:25é parte do corpo da mulher.
00:39:26Você pode discordar
00:39:27desse conceito,
00:39:28mas isso não implica
00:39:29que essas mulheres
00:39:30estão comemorando assassinato,
00:39:31porque você está colocando
00:39:32a sua perspectiva
00:39:33na cabeça delas.
00:39:34E também o inverso
00:39:35também acontece.
00:39:36Muitas mulheres,
00:39:38num debate público
00:39:39sobre o assunto,
00:39:39falam que homens
00:39:40não podem falar
00:39:41sobre aborto,
00:39:42porque homens
00:39:42não têm útero.
00:39:43É o papo do lugar de fala.
00:39:45Sabe,
00:39:45homens são pais também,
00:39:47homens concebem
00:39:47como é que eles...
00:39:48Homens fazem parte,
00:39:49pagam impostos
00:39:51e o SUS está aí,
00:39:53também os homens
00:39:54também contribuem para o SUS.
00:39:55Como é que os homens
00:39:55não podem falar sobre isso?
00:39:56Ah, porque os homens
00:39:57odeiam mulheres.
00:39:58Não!
00:39:59Muitos homens,
00:40:00a maioria dos homens
00:40:01é contra o aborto,
00:40:02não porque odeia mulheres
00:40:03ou porque é misógino,
00:40:04mas porque considera
00:40:05que é um assassinato.
00:40:06Então, o feminismo,
00:40:09a isqueira também
00:40:09tem que entender isso
00:40:11para tentar se chegar
00:40:12a algum tipo de consenso.
00:40:13Existe uma discussão
00:40:14sobre onde começa a vida.
00:40:16Então, assim,
00:40:16se você não...
00:40:16Primeiro, reconhecer
00:40:18que isso é algo discutido...
00:40:21Exato!
00:40:21É algo discutido.
00:40:22Não estou dizendo
00:40:23quem é que está com a razão
00:40:24e quem não está,
00:40:24mas que isso é um objeto
00:40:26de discussão
00:40:27que faz efeito
00:40:28em relação a posições,
00:40:30aí, de fato,
00:40:30a discussão começa a falsear.
00:40:32É, porque ninguém
00:40:32fica mais falando
00:40:33mais sobre esse conceito,
00:40:34sobre essa questão de base.
00:40:36Fica-se falando
00:40:36sobre quem é assassino
00:40:38e quem é misógino.
00:40:39É.
00:40:40Agora, é outro assunto
00:40:41em que o Supremo Tribunal Federal
00:40:43se mete no Brasil.
00:40:44Sim.
00:40:45E não é um assunto
00:40:46para o Congresso Nacional
00:40:47debater.
00:40:49E essa é uma das questões
00:40:52também importantes, né?
00:40:54Porque tem decisões
00:40:55que o Congresso toma
00:40:56e mesmo não mexer
00:40:58em determinada legislação
00:40:59pode ser visto
00:41:00como uma decisão
00:41:01que o Supremo diz
00:41:02ah, o Congresso
00:41:04está se omitindo
00:41:05e aí cria uma margem,
00:41:08cria uma alegação
00:41:09para dar uma canetada
00:41:11de cima.
00:41:12Nesse caso, inclusive,
00:41:14o Brasil é signatário
00:41:15do Pacto de São José
00:41:16da Costa Rica
00:41:17que fala lá de
00:41:18vida a partir da concepção.
00:41:20E é um pacto
00:41:21que também,
00:41:21já mostrei em artigo,
00:41:23é utilizado no Supremo
00:41:24com dois pesos,
00:41:25duas medidas.
00:41:26Quando interessa
00:41:27algo que está escrito lá,
00:41:29eles falam
00:41:30não, o segundo diz
00:41:30o Pacto São José
00:41:31da Costa Rica.
00:41:32Quando não interessa,
00:41:33ignora que o Pacto existe.
00:41:34Então, assim,
00:41:35tem uma discussão
00:41:35sobre o caminho
00:41:36para se debater isso.
00:41:38Como é que você vê?
00:41:40Aquilo que eu estava falando
00:41:41de se livrar do bolsonarismo
00:41:42tem a ver um pouco com isso,
00:41:44porque isso também
00:41:44foi muito usado
00:41:45como desculpa
00:41:45para aumentar
00:41:46os tentáculos
00:41:47do judiciário
00:41:48em cima da,
00:41:49não só da sociedade,
00:41:49mas também dos outros poderes.
00:41:51Ele está se tornando
00:41:53mais ativo
00:41:54e o Supremo
00:41:55precisa ter autocontenção.
00:41:57É necessário
00:41:57que ele se contenha.
00:42:00E ele tem cometido
00:42:02invasões no legislativo
00:42:03em várias áreas.
00:42:04Eu lembro de uma recente
00:42:05de que o Flávio Dino,
00:42:08eu acho,
00:42:08sobre a questão
00:42:09das queimadas,
00:42:10de que tinha que direcionar
00:42:11a verba do orçamento
00:42:12para combater a queimada.
00:42:13O STF
00:42:13não tem que se meter nisso,
00:42:15entendeu?
00:42:15Não é essa a área dele,
00:42:16esse tipo de legislação.
00:42:18Ele tem que lidar
00:42:18com questões constitucionais.
00:42:20Mas tem um elementozinho
00:42:21ali bastante interessante
00:42:23que ele abre uma brecha
00:42:25para o governo Lula
00:42:26gastar fora do orçamento.
00:42:29Sim.
00:42:30Ou seja,
00:42:31agrada o governo Lula
00:42:32para poder colocar dinheiro ali
00:42:34sem precisar
00:42:35do procedimento tradicional.
00:42:38Daqui a pouco o STF
00:42:38vai estar direcionando
00:42:39o verbo para comprar
00:42:40algodão no SUS,
00:42:41entendeu?
00:42:42Mas enfim,
00:42:44há questões,
00:42:47aí tem uma divisão
00:42:48entre os juristas,
00:42:49uma questão
00:42:49do que é constitucional
00:42:52e do que não seria.
00:42:52No caso do aborto
00:42:55e da legalização das drogas,
00:42:57se usa o princípio
00:42:59da liberdade individual.
00:43:01Mas isso é questionável,
00:43:02isso é uma interpretação.
00:43:03Há quem interprete, não.
00:43:04Há a questão das drogas, não.
00:43:05Mas a questão do aborto, sim.
00:43:06Ou o contrário.
00:43:07Entendeu?
00:43:08Porque é o que a pessoa
00:43:09faz com o próprio corpo.
00:43:11Então, o Estado
00:43:11não pode se meter nisso.
00:43:12Ele se mete no que eu como,
00:43:14no que eu bebo,
00:43:14porque ele vai se meter
00:43:15no que eu fumo,
00:43:15no que eu injeto.
00:43:17Essa poderia ser
00:43:17uma interpretação.
00:43:18Mas, como eu estou dizendo,
00:43:21tem temas e temas.
00:43:23Tem algo que você vê
00:43:23que passivamente
00:43:24o STF está indo além.
00:43:26E tem outros temas
00:43:27que são mais nebulosos.
00:43:28Mas, de fato,
00:43:29eu acho que a questão
00:43:29das drogas
00:43:30e até do aborto também.
00:43:31o legislativo deveria cuidar disso.
00:43:35Até porque a gente sabe
00:43:36que as leis,
00:43:38por medidas do judiciário,
00:43:40elas são passíveis
00:43:41de mudanças muito rápido.
00:43:42Troca um governo?
00:43:45Leis, não.
00:43:45Leis, elas são mais estáveis.
00:43:47Mas, ao mesmo tempo,
00:43:48o legislativo com relação
00:43:50às drogas também...
00:43:51Aí começa a...
00:43:52Tem uma polarização aqui.
00:43:53Já quer meter na Constituição
00:43:55a questão do começo da vida.
00:43:58Lá na Constituição.
00:43:59Ou das drogas.
00:44:00Entendeu?
00:44:00Que aí também é um exagero.
00:44:02Eu acho que é um excesso
00:44:04de poder de polícia
00:44:05no caso do Congresso.
00:44:06É.
00:44:06O meu ponto é que
00:44:07sempre há
00:44:08uma ligação retórica
00:44:10para justificar
00:44:11invasões de competência,
00:44:13determinados abusos.
00:44:14E a gente tem que ficar ligado.
00:44:15Porque o Barroso, por exemplo,
00:44:17vive dizendo
00:44:17não, mas o STF
00:44:18é uma corte contra a majoritária.
00:44:19Se há decisões
00:44:20que são tomadas
00:44:21de acordo com aquilo
00:44:22que a maioria da população
00:44:23pensa no Congresso Nacional,
00:44:24o STF tem que atuar
00:44:25porque tem uma minoria
00:44:26que pode ficar prejudicada, etc.
00:44:28Mas, assim,
00:44:29com esse tipo de alegação
00:44:30você acaba podendo fazer tudo.
00:44:32O Supremo Tribunal Federal
00:44:34vira o próprio Congresso Nacional.
00:44:35É ele que decide
00:44:36se vai valer
00:44:36o que o Congresso Nacional
00:44:37estipulou ou não
00:44:39conforme a sua conveniência,
00:44:41não conforme aquilo
00:44:42que está escrito.
00:44:43Então, enfim,
00:44:44cada caso é um caso espinhoso.
00:44:46Mas é perigoso
00:44:47e é algo que
00:44:48tem que se ficar atento
00:44:49sobre essa questão
00:44:50da invasão
00:44:52do judiciário
00:44:53nos outros poderes.
00:44:54Entendeu?
00:44:55Exatamente.
00:44:56E cinema.
00:44:58Vamos amenizar um pouquinho
00:44:59a nossa conversa.
00:45:00Outro dia,
00:45:01a Lígia fez um comentário
00:45:03no X
00:45:03sobre o filme
00:45:04Alta Fidelidade
00:45:05que eu adoro,
00:45:06já citei,
00:45:06quem me acompanha
00:45:07há bastante tempo
00:45:07sabe.
00:45:09E você tem esse lado,
00:45:10esse gosto artístico
00:45:12que eu acho muito importante
00:45:14para quem escreve,
00:45:15para quem respira cultura,
00:45:17debate publicamente
00:45:19os temas importantes
00:45:20para a sociedade.
00:45:21se ligar nas artes,
00:45:22desenvolver a imaginação,
00:45:23aumentar a capacidade
00:45:24de abstração.
00:45:25É interessante.
00:45:26Então, vamos ter uma conversa
00:45:27mais amena aqui
00:45:28nesse bloco final.
00:45:29O que você gosta
00:45:29de Alta Fidelidade?
00:45:31Um livro do Nick Hornby,
00:45:32um autor britânico,
00:45:33que é de DJ,
00:45:34super pop,
00:45:35mas que foi transformado
00:45:36em filme brilhantemente
00:45:38pelo Stephen Friars
00:45:39com o John Cusack,
00:45:41o Jack Black,
00:45:42Hilário,
00:45:43no papel do...
00:45:46como é que é?
00:45:46O Barry.
00:45:47Barry.
00:45:48O Rob Gordon e o Barry.
00:45:50Você é roqueira,
00:45:52você é do mundo da música,
00:45:53gosta de fazer lista
00:45:54de top five,
00:45:54que nem eles,
00:45:55que são ali...
00:45:56O Rob tem uma loja de discos,
00:45:58o personagem de John Cusack,
00:45:59e o Barry trabalha nela.
00:46:01Nossa, eu amo listas.
00:46:02Adoro.
00:46:03Faço listas de qualquer coisa.
00:46:04Às vezes no Twitter
00:46:05tem essas correntes, né?
00:46:07Lista de qualquer coisa,
00:46:07eu adoro fazer listas.
00:46:08Eu adoro também.
00:46:09E eu amo música, assim.
00:46:11Sou de Belém, né?
00:46:12Vim para cá,
00:46:13para São Paulo com 22 anos.
00:46:14Eu estudei no conservatório
00:46:15lá, Carlos Gomes,
00:46:16estudei piano,
00:46:17mas era piano clássico.
00:46:19E aí eu abandonei
00:46:20porque eu estava nessa parte
00:46:22da história.
00:46:22Comecei logo polêmico,
00:46:23mas para chegar depois
00:46:24na vida de Elisa Maria.
00:46:26É isso.
00:46:26Secreta.
00:46:27Chegou uma hora
00:46:28que eu comecei a achar
00:46:28que eu só era uma máquina
00:46:30de tocar partitura.
00:46:32Eu não tinha muita liberdade
00:46:33com instrumento e tal,
00:46:34mas enfim.
00:46:35E aqui em São Paulo...
00:46:36Mas toca piano, então.
00:46:37É.
00:46:37Eu consigo ler partitura.
00:46:39Mas aqui em São Paulo
00:46:42eu cantei 10 anos
00:46:43no Coral da PUC.
00:46:45Era contra alto.
00:46:46E aí no canto
00:46:46eu tinha mais liberdade, né?
00:46:48Assim, para...
00:46:48E é muito bom cantar
00:46:50com outras pessoas.
00:46:50E isso, vai ter uma palhinha
00:46:50aqui no podcast, então.
00:46:51Pera aí.
00:46:52Tem que ter uma palhinha de...
00:46:54Eu amo música, enfim.
00:46:55Amo rock, mas assim,
00:46:57eu gosto do...
00:46:58Eu parei na década de...
00:46:59Eu parei no...
00:47:00No Radiohead, eu acho.
00:47:01De lá para cá,
00:47:02eu já não...
00:47:03Não sou muito das atualidades, né?
00:47:05Ao contrário do cinema.
00:47:06O cinema eu gosto do antigo
00:47:07até o recente.
00:47:09Amo jazz também, adoro.
00:47:11E no filme...
00:47:12O filme é maravilhoso, né?
00:47:13Porque ele relaciona
00:47:14duas coisas que eu amo, né?
00:47:15Que é música pop e romantismo.
00:47:18Ele é um romântico inveterado,
00:47:20aquele pobre daquele rapaz.
00:47:21Exatamente.
00:47:22Exatamente.
00:47:23Um romântico meio vagabundo.
00:47:24Exato.
00:47:24E quem nunca foi atrás
00:47:25de um amor antigo, né?
00:47:26Quando se viu numa situação, né?
00:47:29De uma determinada idade,
00:47:30às vezes bate também, né?
00:47:32Homens e mulheres.
00:47:33Mas eu acho sensacional isso no filme.
00:47:35Não podemos revelar detalhes
00:47:36a respeito disso
00:47:37e das nossas vidas pessoais.
00:47:39Mas acontece aí na sociedade.
00:47:40É, exato.
00:47:41Quem nunca passou por isso, né?
00:47:43É...
00:47:44E o filme é muito bom.
00:47:46E é muito difícil você passar
00:47:47um filme de um livro
00:47:49para o cinema, né?
00:47:50É um desafio.
00:47:51Exatamente.
00:47:51Porque senão fica uma coisa
00:47:52muito repetitiva,
00:47:53só de diálogos.
00:47:54Então você adaptar
00:47:55a linguagem cinematográfica
00:47:56para a linguagem cinematográfica,
00:47:58ou seja,
00:47:59para os diálogos,
00:48:00para a luz,
00:48:00para a interpretação,
00:48:01para os cenários,
00:48:02tudo passar o clima do livro,
00:48:03é uma arte, né?
00:48:05Assim,
00:48:06eu acho que o ápice
00:48:07eu acho que
00:48:07cubre aqui com laranja mecânica
00:48:09é uma das coisas
00:48:10mais absurdas
00:48:11dessa passagem.
00:48:13E o Alta Fidelidade
00:48:13também é muito bom nisso.
00:48:15É extraordinário.
00:48:16Esse bobear é melhor
00:48:17do que o livro, assim,
00:48:17porque ele enxuga, né?
00:48:19O livro...
00:48:20Ele se demora
00:48:22em determinados temas,
00:48:23ele tem muitas piadinhas,
00:48:25muitas sacadinhas,
00:48:25aquela irreverência,
00:48:27aquele sarcasmo
00:48:27do Nick Horner, né?
00:48:28Que é o autor
00:48:29de um grande garoto,
00:48:31vários outros livros aí,
00:48:32outros viraram filmes também.
00:48:35Mas ele está em crise lá
00:48:36com a namorada Laura, né?
00:48:38A Laura,
00:48:39isso aí em português.
00:48:41Eles acabam se separando e tal,
00:48:43e aí ele maníaco por listas,
00:48:44ele faz a lista
00:48:45dos cinco maiores foras
00:48:46que ele tomou na vida,
00:48:47e aí ele vai reencontrar
00:48:49essas garotas.
00:48:50Ao mesmo tempo
00:48:50que continua trabalhando
00:48:51lá na loja de disco
00:48:52com dois auxiliares
00:48:54meio doidões, né?
00:48:55O Barry e aquele outro
00:48:56que é muito engraçado.
00:48:58Enfim,
00:48:58que fala de amor e música
00:48:59e, assim,
00:49:00ao meu ver,
00:49:01ele transcende um pouco
00:49:02o rótulo,
00:49:04o gênero da comédia romântica.
00:49:06Porque fala
00:49:07desses temas universais, né?
00:49:08Usa aquele particular
00:49:09para falar do universal,
00:49:10que é o que eu gosto
00:49:11em grandes filmes.
00:49:12E eu adoro o começo,
00:49:13me identifico muito,
00:49:14porque o começo é ele
00:49:15com o fone de ouvido,
00:49:16aí a câmera aqui,
00:49:17vai aproximando,
00:49:19vai afastando.
00:49:19Eu ouço música pop
00:49:22porque eu sou triste
00:49:23ou eu sou triste
00:49:23porque eu ouço música pop?
00:49:25Exatamente.
00:49:25Até hoje eu penso nisso também.
00:49:27Aliás,
00:49:28o Sérgio Cabral,
00:49:30pai, né?
00:49:31Não,
00:49:31o Sérgio Cabral,
00:49:32que foi governador
00:49:33do Rio de Janeiro,
00:49:34ele escreveu
00:49:35num disco
00:49:35do Luiz Carlos da Vila,
00:49:36grande sambista
00:49:37e muito romântico, né?
00:49:40Luiz Carlos da Vila,
00:49:41as letras dele.
00:49:41E ele falava
00:49:43que ele queria morar
00:49:44num samba
00:49:45do Luiz Carlos da Vila,
00:49:46né?
00:49:46E que o mundo real
00:49:47nunca entregou, né?
00:49:49Um samba tão bonito
00:49:50quanto o do Luiz Carlos da Vila.
00:49:52É uma estrofa engraçada
00:49:53que eu acho que ele cita
00:49:54naquele texto,
00:49:54que é,
00:49:55quando ela falou
00:49:55em trocar de janela
00:49:56para outra que tinha
00:49:57a paisagem tão bela,
00:49:58eu disse,
00:49:59não troque que eu trago
00:50:00a paisagem um pouco
00:50:01mais para cá.
00:50:02Era muito Luiz Carlos da Vila
00:50:03que é,
00:50:04assim,
00:50:04é bonito,
00:50:06delicado e engraçado,
00:50:07né?
00:50:07Tem uma irreverência.
00:50:08e o Sérgio Cabral
00:50:10falava disso, né?
00:50:11Que a realidade
00:50:11nunca entregou
00:50:12algo assim
00:50:13tão esplendoroso
00:50:14quanto aquela música
00:50:15e tem a ver
00:50:16com isso, né?
00:50:17Muita gente
00:50:17que fica ouvindo
00:50:18a música pop
00:50:19fica com aquele desejo
00:50:21e tal
00:50:21e precisa ter
00:50:21um certo pragmatismo
00:50:23na realidade também, né?
00:50:24Senão você
00:50:24idealiza demais.
00:50:26É, e o filme
00:50:27mostra justamente isso
00:50:28porque, na verdade,
00:50:29quando o relacionamento
00:50:30dá errado
00:50:31e dá errado
00:50:31porque ele está
00:50:32se recusando
00:50:33a encarar
00:50:34o presente
00:50:35e a vida dele
00:50:36como ele leva a vida,
00:50:37né?
00:50:38A questão
00:50:38de ele estar
00:50:39estagnado
00:50:39naquela loja
00:50:40de discos
00:50:41e querer ser DJ
00:50:42e não conseguir
00:50:42ou querer ser
00:50:43produtor de música
00:50:44e não conseguir
00:50:45e o relacionamento
00:50:46vai se desfazendo.
00:50:47O que ele faz?
00:50:47Ele se volta
00:50:48para o passado
00:50:48enquanto, na verdade,
00:50:50a questão toda
00:50:50estava lá dentro dele.
00:50:52Exatamente.
00:50:53Isso também é bonito
00:50:54no filme, né?
00:50:55Olha só,
00:50:56a discussão sobre um filme
00:50:57aqui,
00:50:57Alta Fidelidade,
00:50:58grande momento.
00:50:59O que mais
00:50:59que você ouve
00:51:00de música?
00:51:01O que você tocava
00:51:02no piano?
00:51:03Ah,
00:51:03o piano
00:51:04eu estudei
00:51:04dos 7 aos 14,
00:51:06então tinha lá
00:51:06as peças fáceis
00:51:08do bar e tal.
00:51:10Está aprendendo.
00:51:10Ernesto Nazaré.
00:51:12Ah, que beleza.
00:51:13Que aí quando
00:51:13já faz no final,
00:51:14quando eu estava quase
00:51:14já abandonando,
00:51:16que vai ficando
00:51:16um pouco mais difícil,
00:51:17não me formei
00:51:18no conservatório,
00:51:20mas era basicamente
00:51:21isso.
00:51:23Agora no coral da PUC
00:51:24era interessante,
00:51:24porque quando
00:51:25quando falam,
00:51:25ah, cantou em coral
00:51:26e tal,
00:51:26as pessoas sempre acham
00:51:27que é só música erudita,
00:51:29né?
00:51:29Uma música de igreja
00:51:30e tal.
00:51:31E o coral da PUC,
00:51:32regido pelo Renato,
00:51:33era maravilhoso,
00:51:34porque tinha,
00:51:35a gente cantava
00:51:36Chico Buarque,
00:51:37Tom Zé,
00:51:38Góspel norte-americano,
00:51:40Ave Maria de Renda,
00:51:42tudo misturado.
00:51:43Então era muito legal
00:51:45isso, assim,
00:51:46do repertório.
00:51:47E o que que você
00:51:48tem de Belém?
00:51:50O que que Belém
00:51:51marcou na sua vida?
00:51:52O que que você
00:51:52traz de lá?
00:51:54A comida.
00:51:56Belém,
00:51:57eu falo,
00:51:59os baianos,
00:52:00os mineiros
00:52:00brigam comigo,
00:52:01mas eu digo
00:52:02que é a melhor
00:52:02gastronomia do Brasil.
00:52:03E é a melhor
00:52:04gastronomia do Brasil.
00:52:05Isso é um fato.
00:52:06É mesmo?
00:52:06É uma verdade.
00:52:08Sabe?
00:52:09Porque é sensacional
00:52:11aquilo ali.
00:52:12Assim,
00:52:12eu lembro...
00:52:12Quais são os pratos
00:52:13típicos de Belém?
00:52:14Só visualizar.
00:52:15Pato no tucupi.
00:52:16Aí ninguém vai conseguir
00:52:17visualizar.
00:52:18Aqui no Sudeste
00:52:18ninguém entende nada disso.
00:52:19Um pato assado
00:52:20com jambu
00:52:21que parece um agrião
00:52:22e um caldo
00:52:23que é feito
00:52:24do sumo da mandioca
00:52:25que é fervido e tal.
00:52:27Maniçoba que parece...
00:52:28É uma feijoada
00:52:29só que em vez de feijão
00:52:30usa as folhas da maniva,
00:52:34que é as folhas da mandioca.
00:52:36Tem um tacacá
00:52:36que também usa tucupi.
00:52:38Tem todas as frutas
00:52:39sensacionais
00:52:40que só tem lá.
00:52:41Copuaçuba,
00:52:41Coril Sorvete da Cairo.
00:52:45Os peixes.
00:52:46Os peixes foi uma coisa
00:52:47quando eu vim para cá
00:52:47para São Paulo
00:52:48eu senti muita falta
00:52:48porque os peixes amazônicos
00:52:49são imponentes,
00:52:50são grandes,
00:52:51são umas postas
00:52:52desse tamanho.
00:52:53Aí eu cheguei aqui
00:52:54e vi aquelas merluzas,
00:52:55tristes, anoréxicas.
00:52:59Me deu uma tristeza,
00:53:00mas o que eu mais sinto,
00:53:01eu sinto muita falta
00:53:02de Belém
00:53:02é da gastronomia
00:53:04e da linha do horizonte.
00:53:07Porque São Paulo,
00:53:08a primeira coisa
00:53:08que eu senti falta
00:53:09quando eu vim para cá
00:53:10era a linha do horizonte.
00:53:11Não tem, né?
00:53:12Você sabe qual é a comida
00:53:12típica do Rio de Janeiro, né?
00:53:14Qual?
00:53:15É a japonesa.
00:53:16Tem restaurante japonês
00:53:17para tudo que é lá.
00:53:18Você falou de peixe,
00:53:19eu me lembro,
00:53:20você come?
00:53:21Em Belém tem muito também
00:53:22porque teve uma colônia,
00:53:23uma migração de japoneses
00:53:25muito forte para lá
00:53:26que foram trabalhar
00:53:26na agricultura de pimenta
00:53:27no interior do Pará.
00:53:29Tem muitos restaurantes japoneses
00:53:30e como tem os peixes também,
00:53:32então tem muitos
00:53:33restaurantes japoneses bons lá.
00:53:35Bom, encaminhando para o final,
00:53:36Lídia,
00:53:36para a gente não terminar
00:53:38sem mais um assunto polêmico,
00:53:40estamos aí no começo
00:53:40de um novo governo Trump
00:53:42com Elon Musk
00:53:44com um cargo no governo
00:53:45ao mesmo tempo
00:53:46que é dono do X
00:53:46que causa esses alvoroços
00:53:49no próprio Brasil.
00:53:51Você tem alguma expectativa especial
00:53:53ou mais polêmicas
00:53:55e ataques de um lado,
00:53:58de outro,
00:53:59ninguém tendo muita razão
00:54:00e a gente tendo que colocar
00:54:01a bola no chão
00:54:02como jornalista,
00:54:02pelo menos fazer esse esforço
00:54:04cada um com a sua verve.
00:54:06É, eu acho que é mais ou menos
00:54:07por aí, assim, né?
00:54:08Muitas medidas malucas,
00:54:09altas confusões
00:54:11pelo que a gente já viu
00:54:13até o começo
00:54:15e a questão também
00:54:18da...
00:54:19Sempre se fica...
00:54:19Ah, ganhou?
00:54:20Ganhou de novo?
00:54:21Mas como ganhou, gente?
00:54:23Bom, aí a esquerda precisa, né?
00:54:26Se olhar para si mesmo.
00:54:27Bill Maher, né?
00:54:28Se conectar com o povo.
00:54:29Bill Maher,
00:54:29comediante norte-americano,
00:54:31ele é altamente crítico
00:54:32dessa esquerda pós-moderna
00:54:34e de vertente identitária
00:54:36e mais extremista
00:54:37Mas não é desconectado à realidade.
00:54:39Não, ele critica isso
00:54:41e ele fala exatamente.
00:54:42Não, esse radicalismo aí,
00:54:44esse puritanismo secular de vocês, né?
00:54:47Essa coisa autoritária e tudo,
00:54:49leva as pessoas para o outro lado.
00:54:51Ah, entendi.
00:54:51Ah, então, quer dizer que eles não têm culpa?
00:54:53A questão não é muito querer dizer
00:54:54que tem culpa, entendeu?
00:54:55Mas observar.
00:54:56Quem é que está votando?
00:54:58Os latinos votaram em peso nele, né?
00:55:01Também.
00:55:02Negros também votaram.
00:55:03Então, a questão não é
00:55:04em botar essas caixinhas mais.
00:55:06É ver esse contexto político
00:55:08e esses discursos, né?
00:55:10Exato.
00:55:10Quem está votando nessas pessoas
00:55:11e o que a gente está fazendo?
00:55:13O que a gente está propondo
00:55:14em relação a isso?
00:55:17A imigração é um problema,
00:55:19é grande a preocupação dos americanos
00:55:21com relação a isso.
00:55:21Não se pode botar...
00:55:22Exatamente.
00:55:22Perderam o discurso.
00:55:23É que nem a segurança pública
00:55:24aqui no Brasil.
00:55:25É que nem a segurança pública.
00:55:25Isso é o que eu falo.
00:55:27Principalmente no Rio de Janeiro,
00:55:29por exemplo,
00:55:29onde a esquerda perdeu completamente
00:55:31a bandeira da segurança pública.
00:55:32Fica pisando em ovos
00:55:33com relação a isso
00:55:34enquanto a população quer medidas,
00:55:36quer propostas,
00:55:37quer ação com relação a isso.
00:55:39Quer pelo menos
00:55:40que afete indignação
00:55:41com os criminosos,
00:55:42não só com a polícia.
00:55:43Também.
00:55:43É, com traficantes,
00:55:45com miliciano,
00:55:46com toda essa turma, né?
00:55:48Porque senão você vai
00:55:49ficar abrindo brecha
00:55:51para candidatos e políticas
00:55:53que são de uma linha dura
00:55:54que também invadem
00:55:55direitos humanos
00:55:56enquanto que você poderia ter
00:55:57propostas que tentem
00:55:59coadunar as duas coisas.
00:56:00Porque defender os direitos humanos
00:56:02também é fundamental.
00:56:03A gente estava aqui falando
00:56:04devido ao processo legal
00:56:05da Venezuela e tudo mais.
00:56:07Então a gente também
00:56:08não pode esquecer isso.
00:56:09Parte da direita
00:56:10também às vezes esquece.
00:56:11Critica Maduro,
00:56:13critica os abusos,
00:56:14mas às vezes
00:56:14é leniente com o abuso
00:56:16do poder de polícia.
00:56:18Exatamente.
00:56:18Então isso também
00:56:19tem que ser revisto, né?
00:56:19Exatamente.
00:56:20E tem discussões aí
00:56:21sobre...
00:56:21câmera em uniforme e tal.
00:56:23Discussões inclusive
00:56:24que já foram tratadas aqui.
00:56:25Agora, você tem
00:56:27no debate de imigração
00:56:28muitas vezes
00:56:28nem sequer a distinção
00:56:29entre o que é ilegal e legal.
00:56:31Eles tratam...
00:56:32Se a pessoa fala
00:56:33uma coisa mais dura
00:56:33contra a imigração ilegal,
00:56:35aí já chama de xenófobo, etc.
00:56:37Já mistura com a legal
00:56:39que é para fazer parecer
00:56:40que a pessoa é pior
00:56:42do que ela é e tal.
00:56:43E você pode criticar
00:56:44o que a pessoa disse,
00:56:46mas não falsifica,
00:56:47porque senão você banaliza
00:56:48e aí as pessoas ficam com raiva
00:56:50e se polariza tudo.
00:56:51Assim, a esquerda identitária,
00:56:53ela banalizou muito
00:56:54certas expressões
00:56:55que precisam ser guardadas
00:56:56para o momento em que
00:56:57as pessoas se enquadram nelas.
00:56:59É racista, xenófobo,
00:57:01tudo isso,
00:57:02nazista, fascista e tal.
00:57:04Então passa a chamar
00:57:05todo adversário,
00:57:06todo rival com esses nomes.
00:57:07Quando chega alguém
00:57:08que se enquadra,
00:57:10a pessoa já não acredita mais, né?
00:57:11E principalmente,
00:57:13acho que segmentos da população
00:57:14que se identificam
00:57:15com determinadas pautas,
00:57:16eles se sentem atacados,
00:57:17se sentem ofendidos.
00:57:18Quando a gente liga
00:57:19nessas emissoras de TV
00:57:21mais chapa branca atualmente,
00:57:23extrema direita
00:57:25é um termo assim
00:57:25que parece que ele está
00:57:27sendo usado como uma vírgula.
00:57:30E você falou das suas posições
00:57:31sobre droga e agotinho,
00:57:32a posição contrária,
00:57:34ela é legítima
00:57:35no debate público,
00:57:35a pessoa pode ter aquela posição,
00:57:37ela vai argumentar,
00:57:38ela vai contra-argumentar e tal.
00:57:40Agora, se você chama
00:57:41a direita inteira,
00:57:42no mundo inteiro,
00:57:44de extrema direita,
00:57:45todas as pessoas
00:57:46que às vezes se identificam
00:57:47com outras pautas
00:57:48que nem são aquelas
00:57:49mais problemáticas
00:57:50de um lado mais aloprado
00:57:51ou que defende algo criminoso
00:57:53ou golpista
00:57:54ou ditadura e tal,
00:57:56são pautas ali
00:57:57dos costumes,
00:57:58do Estado, etc.
00:58:00A pessoa se sente
00:58:01chamada de extremista
00:58:02por um lado
00:58:03que não quer entender,
00:58:04que não quer se conectar.
00:58:06Então, isso está acontecendo
00:58:07nos Estados Unidos,
00:58:08aconteceu no Brasil
00:58:09recentemente
00:58:10e vamos estabelecer
00:58:11aqui todas as nuances
00:58:12possíveis
00:58:13no nosso trabalho.
00:58:15Para a gente fechar,
00:58:16Lídia Maria,
00:58:18Brasil 2026,
00:58:20você falou aí
00:58:20de um caminho
00:58:21mais para o centro,
00:58:23você vê aí
00:58:24Tarcísio,
00:58:25Romeu Zeme,
00:58:26Eduardo Leite,
00:58:27você vê figuras
00:58:28capazes de furar
00:58:29essa polarização,
00:58:31Ronaldo Caiado,
00:58:33de Lula com Bolsonaro,
00:58:35na esquerda
00:58:36ou mais do centro-esquerda,
00:58:38Ciro Gomes,
00:58:39Estaba Tamaral,
00:58:40João Campos,
00:58:41quer dizer,
00:58:42vai dar para
00:58:43se ter um debate
00:58:46com essas figuras
00:58:47ou ainda vai ficar
00:58:48muito em torno
00:58:48de Lula e Bolsonaro?
00:58:50Olha,
00:58:51eu sigo muito
00:58:52a mensagem
00:58:54do Milor,
00:58:55sabe,
00:58:55é melhor ser pessimista
00:58:56do que otimista
00:58:57porque o pessimista
00:58:58fica feliz
00:58:58quando ele erra
00:58:59e quando ele acerta.
00:59:01E eu acho que
00:59:02no Brasil
00:59:02eu estou meio pessimista
00:59:03com relação,
00:59:04eu acho que
00:59:05essa polarização,
00:59:07essa tendência
00:59:07bem dicotômica,
00:59:08eu acho que
00:59:09ela ainda vai perdurar,
00:59:10mas existem,
00:59:11não vou falar em nomes aqui,
00:59:13mas existem grupos
00:59:14que tendem
00:59:16a ir mais para o centro
00:59:18e eu acho
00:59:18que o trabalho
00:59:19é esse,
00:59:20não sei qual o nome
00:59:21que surgirá daí.
00:59:23Todos os nomes são ruins,
00:59:24centro é ruim,
00:59:25terceira via é ruim.
00:59:26isso é preciso,
00:59:27exato,
00:59:28mas é preciso,
00:59:29a gente tem que fazer
00:59:30esse esforço
00:59:31de tentar sair
00:59:31desses polos,
00:59:32senão vai perdurar
00:59:34e vai continuar assim.
00:59:35E suas referências
00:59:36no jornalismo,
00:59:36só para o ensinar,
00:59:37você falou Milor
00:59:37duas vezes,
00:59:38é uma referência
00:59:39muito importante,
00:59:40aliás,
00:59:40quando ele morreu
00:59:40eu sempre falo aqui,
00:59:42eu escrevi naquele mesmo dia,
00:59:43o poeminha para o Milor,
00:59:44fiz uma homenagem
00:59:45ali para ele,
00:59:46que também é uma referência
00:59:47para mim,
00:59:48porque essa referência
00:59:49de independência,
00:59:51de vigilância
00:59:52sobre o poder,
00:59:53de sagacidade
00:59:54bem-humorada,
00:59:56de irreverência,
00:59:58uma verba
00:59:59de cronista também,
01:00:01eu acho muito importante
01:00:03e acho lamentável
01:00:04que boa parte
01:00:05do mercado
01:00:05da comunicação,
01:00:06muitas vezes
01:00:06eu nem chamo
01:00:07de jornalismo,
01:00:08tenha se afastado
01:00:09tanto dessas premissas,
01:00:11desses valores
01:00:12jornalísticos mesmo.
01:00:14É,
01:00:15o Milor,
01:00:16eu fiz uma mostrada
01:00:17e foi sobre
01:00:18a pifipáfia do Milor,
01:00:19então,
01:00:20tenho várias citações
01:00:21dele na minha cabeça,
01:00:22sou fã mesmo,
01:00:23o Nelson Rodrigues
01:00:24também gostava muito.
01:00:25Pois é.
01:00:27Mas,
01:00:29eu acho que assim,
01:00:29e é tão divertido,
01:00:30é tão mais divertido
01:00:31escrever
01:00:32e olhar para a realidade,
01:00:34cobrir a realidade
01:00:35sem ter lado,
01:00:36sem ficar buscando lado,
01:00:37é tão mais arejado
01:00:40do que ficar preso
01:00:41nesses polos,
01:00:41assim,
01:00:42acho que
01:00:43a empresa tem que voltar
01:00:44a valorizar isso,
01:00:45entendeu?
01:00:46É bom mostrar
01:00:47visões dos extremos,
01:00:48mas também é bom
01:00:49a gente ter,
01:00:50dar essa arejada,
01:00:51é muito mais divertido
01:00:52trabalhar assim.
01:00:53Exatamente.
01:00:53Lídia Maria,
01:00:54senhoras e senhores,
01:00:55um prazer recebê-la
01:00:56no Podcast O.A.
01:00:58Muito obrigada,
01:00:58Filipe,
01:00:59adorei a experiência.
01:01:01Muito obrigado,
01:01:02a gente agradece imensamente,
01:01:03eu também adorei a experiência
01:01:04de recebê-la aqui,
01:01:05toda segunda-feira,
01:01:06agora,
01:01:07Podcast O.A.
01:01:07às 19h30,
01:01:08a gente faz um esforço
01:01:09muito grande,
01:01:09porque trazer figuras
01:01:11importantes aqui
01:01:12para a nossa redação,
01:01:14dia de semana,
01:01:14de tarde,
01:01:15gente muito trabalhadora,
01:01:16nem sempre é fácil,
01:01:17mas a gente está sempre lutando
01:01:19para manter esse programa
01:01:20semanal,
01:01:21segunda-feira,
01:01:21às 19h30,
01:01:22no canal de YouTube
01:01:23de O Antagonista.
01:01:23Lembrando que o nosso
01:01:24programa jornalístico diário
01:01:26é o Papo Antagonista,
01:01:27às 18h,
01:01:28na TV BMC
01:01:29e também no nosso
01:01:30canal de YouTube,
01:01:31assim como o Meio Dia
01:01:32em Brasília,
01:01:33que como o nome diz,
01:01:34é Meio Dia,
01:01:35também na TV BMC
01:01:36e no canal de YouTube.
01:01:37Um grande abraço
01:01:37e até a próxima.
01:01:38Podcast OA
01:01:46Conversa boa de ver
01:01:48e ouvir.

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