Depois do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2025 pouco crível, a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) nesta terça-feira, 3, pode pressionar as expectativas para os rumos da Selic até o fim do ano.
Os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) devem apontar um crescimento de 0,9% para o PIB no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores – quando a economia nacional avançou 0,8%. - Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
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00:00Muito bem, estamos chegando a um momento econômico, afinal todos nós aqui precisamos pagar contas e para pagar as contas a gente precisa entender se o preço das coisas vai subir, se a inflação vai voltar, se o dólar vai subir, mas eu não vou viajar, o que o dólar tem a ver comigo, o dólar tem a ver com você, porque quase tudo que a gente compra aqui tem influência do dólar.
00:20Então vamos entender o cenário econômico com o nosso querido Rodrigo Oliveira, que não pôde estar aqui hoje ao vivo, mas mandou um vídeo produzido com extrema perícia, extrema inteligência, o que lhe é peculiar, justamente para mostrar como é que o cenário econômico está nesta quarta-feira, justamente num período em que a nossa economia parece estar aquecendo, o que poderia ser bom, mas que às vezes pode ser tido como inflacionário, enfim, deixa ele falar.
00:49Rodrigo Oliveira, com você.
00:57Bom dia pessoal, bom dia quem está acompanhando a gente aí no chat, então hoje a gente vai falar novamente um pouquinho mais sobre o PIBão, de novo o PIB, como é que se diz, ultrapassando aí as expectativas, batendo o consenso de mercado, que era de 0,9%, subiu 1,4%,
01:18no mês contra mês, e aí veio a atividade industrial agora de agosto, que acabou de sair, saiu hoje pela manhã pelo IBGE, e aí ela veio menos 1,4%.
01:30Então, a indústria, que ontem o pessoal tinha dito, olha como a indústria melhorou, coisa do governo, não sei o quê, hoje ela já em agosto já apresenta um pouco de contração.
01:43Por que a indústria está contraindo? Primeiro porque a base de comparação é um crescimento muito forte de junho, que era retomada ali do Rio Grande do Sul,
02:00então, que aí cresceu muito porque em maio teve todas as enchentes, etc e tal, e isso obviamente prejudicou a atividade industrial, então você teve um pico em junho,
02:12e agora em julho você tem uma retração em agosto, né? Eu só vejo aqui direito, senão eu confundo os meses, mas é em julho.
02:22Então, em julho você tem uma retração da produção industrial, muito em função desse efeito base de junho, que a produção industrial cresceu 4,3%.
02:38Isso quer dizer o quê, afinal de contas, e por que eu estou falando isso? Eu falei que ia falar do PIB, que o PIB rimou com a inflação.
02:47Porque quando a gente olha lá para o PIB e falava da indústria, etc e tal, o que que puxou o PIB mesmo, na verdade?
02:55O de sempre, né? Demanda das famílias, né? Consumo meu, seu, de outras pessoas que estão com mais dinheiro na mão e gastos do governo.
03:06E qual é o problema disso tudo? E por que que isso é um perigo para a inflação?
03:11Porque é aquele negócio que a gente falava ontem, que quando você tem o hiato comprimido e já tem bancos e economistas e especialistas
03:22indicando que o hiato está positivo, você tem pressão inflacionária. Por que isso? O que é o hiato?
03:29O hiato é essa diferença entre o PIB potencial, é o PIB total que a economia brasileira consegue produzir,
03:39e o PIB real. O hiato é quando o PIB real está abaixo desse PIB potencial.
03:46Então, há capacidade ociosa para a indústria produzir mais, para as empresas de serviço prestarem mais serviços.
03:55Então, o que acontece quando o hiato é positivo?
03:58Você ultrapassou esse momento ali, esse limite de produção.
04:06Como é que você ultrapassa isso? Com preço.
04:09Então, ontem eu citava o exemplo que eu sempre dou aqui em casa, que é o da barraquinha de cachorro-quente.
04:14Se você consegue produzir 100 cachorros-quentes, você vai atender 100 pessoas, sem acontecer absolutamente nada, ou menos.
04:22Agora, se tem uma demanda maior do que 100 pessoas, e você não investiu, e isso é importante de se entender,
04:32e você não investiu na melhoria, na ampliação da sua carrocinha de cachorro-quente, você só consegue produzir 100 cachorros-quentes,
04:39o que você vai fazer?
04:40Você vai vender os 100 para aqueles 100 clientes mais dispostos a gastar um pouco mais pelo cachorro-quente.
04:50Então, você aumenta um pouco o preço e pressiona a inflação.
04:55E aí, qual é o resultado dessa conta matemática toda?
05:00É que se os agentes econômicos começam a aumentar os preços, o Banco Central vai de volta para aquela ferramenta
05:10que ele mais usa para tentar segurar a inflação, que é a taxa de juros.
05:14Não à toa, ontem, os juros curtos, a gente comentou isso no meio-dia, no comecinho do dia,
05:20os juros curtos subiam com muita força, enquanto os longos caíam,
05:25muito em função dessa ideia de que é dado que o juro vai aumentar em setembro agora, nos dias 17 e 18,
05:35que é a próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central.
05:39E é uma reunião que já pode ter aí o novo presidente do Banco Central sabatinado.
05:45Ele não é um presidente de direito e nem de fato, porque o Roberto Campos ainda estará lá de direito e de fato,
05:53mas é o próximo. E aí tem gente que acha que não, pode ser que com o Galípolo,
05:58apesar da falação dele lá de que ele vai ser mais austero com inflação, com juros, etc.
06:04Apesar dessa conversa toda, ele vai ouvir o Lula e não vai subir os juros e vai tentar segurar os juros.
06:11Lembrem-se, portanto, e no entanto, que o grupo de não indicados pelo Lula ainda é maioria dentro do Banco Central,
06:22o que o Roberto Campos Neto tem feito nas últimas falas, que o pessoal tem falado,
06:27que ele está sendo mais dovish, mais relaxado, apontando para uma política monetária mais relaxada,
06:35é controlar as expectativas para não precificar um aumento de 50 pontos base na Selic,
06:42o que faria com que a Selic, que hoje está em 10,5% ao ano, fosse para 11% ao ano já em setembro.
06:50Aí ele falou, olha, vai ser gradual, etc.
06:54Indicando para todo mundo que, olha, se houver um aumento, o aumento será de 0,25 ponto percentual.
07:02Se houver, o mercado nem ouviu e nem quer ouvir.
07:06De acordo com a precificação da curva de juros, com as opções digitais de Copom lá na B3,
07:13dado que a gente vai ter um aumento, e o aumento deve ser de 0,25 ponto percentual,
07:20mas é o primeiro aumento de alguns, algumas casas aí, já prevendo a Selic de volta a 12 ou 12,5%
07:29no comecinho de 2025, que já vai ser o Banco Central comandado aí pelo Galipo,
07:36em um Banco Central com maioria de indicados do presidente Lula.
07:42E se não subiu os juros?
07:43Bom, aí vai ter que lidar com a credibilidade, né?
07:47Não subiu porque realmente não precisava, ou não subiu porque obedeceu o presidente Lula.
07:54Se o mercado entender que foi só porque sofreu influência política,
08:00aí teremos outros problemas de descolamento, de expectativa de inflação,
08:05o que se torna um problema aí que vai ser uma bola de neve lá para frente.
08:09Enquanto isso, o governo tem uma opção para ajudar o juro a ficar baixo,
08:15que é fazer o ajuste fiscal, começar a gastar dentro daquilo que arrecada,
08:21e olha que já está arrecadando bem mais do que arrecadava antes.
08:25Beleza?
08:26Então, é isso que o PIB quis dizer ontem para todos os agentes econômicos e para a gente,
08:33que também é um agente econômico, que embora não estejamos aí,
08:37alguns não estão no mercado financeiro, estão todo dia comprando, vendendo,
08:43recebendo seu dinheirinho, poupando quando dá, e vão elevando a vida desse jeito.
08:47Então, isso tudo afeta a sua vida aí, com certeza.
08:52Beleza?
08:52Eu vou ficando por aqui nesta quarta-feira, dia 4 de setembro de 2024,