O cientista político Elias Tavares analisa as recentes derrotas do governo Lula no Congresso Nacional. O veto a decretos e a possível judicialização de pautas importantes, como o aumento do IOF, pioram o clima em Brasília e evidenciam um desgaste crescente na relação entre Executivo e Legislativo, gerando incertezas sobre a governabilidade e o jogo político para as eleições de 2026.
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00:00E olha, agora a gente volta a falar do desgaste entre governo e Congresso e das sucessivas derrotas em votações importantes na Câmara e no Senado.
00:07Pra isso, eu recebo aqui ao vivo, nessa edição do Jornal Jovem Pan, Elias Tavares, cientista político e que sempre participa conosco aqui.
00:15Aliás, Elias completou 40 anos esses dias, então tá mais experiente pra trazer informação pra gente aqui.
00:22Parabéns, meu amigo, seja muito bem-vindo, prazer recebê-lo, saúde e sucesso.
00:26E eu já te pergunto a tua avaliação da temperatura entre Congresso e governo.
00:32Aonde vai parar, Elias?
00:35Evandro, muito obrigado aí pela facilidade, pela lembrança dos meus 40 anos, né?
00:40Tô um pouquinho também rouco, porque hoje o meu time avançou na Copa do Mundo de clubes.
00:46Então, ainda tenho que falar com a audiência maravilhosa aqui da Jovem Pan.
00:51Evandro, o clima tá bem amargo, né?
00:53Se a gente for levar aqui pro nosso momento, o Congresso deu um quentão amargo e o governo tá tendo que experimentar sozinho toda essa onda aí.
01:03Não é de hoje que a gente fala, né?
01:05Do desgaste, do esvaziamento do governo.
01:08O governo não se comunica, o governo não consegue articular juntamente sua base.
01:13É uma vitória, é uma derrota muito, muito, muito significativa.
01:17Ela é maior do que o impeachment da Dilma.
01:20Se a gente for levar também em consideração 98 votos apenas a favor,
01:25isso mostra que o governo tem uma base de menos de 20%, o que é muito difícil pra ele e principalmente também, né?
01:34Quando a gente vê 11 líderes do governo votando contra o governo, aí acabou, né?
01:41O próprio governo é oposição de si mesmo.
01:44Pois é, Elias Tavares, você entende que mesmo sem entregar os cargos, esses ministros hoje já estão desembarcando,
01:54ou os partidos desses ministros já estariam desembarcando de olho em 2026?
01:59Luandro, sem dúvida.
02:02É muito curioso, né?
02:03Porque você vê que a base, a maioria da votação, União Brasil, MDB,
02:08muitos partidos que hoje compõem o governo federal,
02:11eles fazem essa derrota ao governo e ao mesmo tempo ocupam os espaços,
02:17cada vez ocupam mais espaços, o governo fica vendido,
02:21cada vez mais ocupando o governo federal e cada vez mais vendido no sentido justamente
02:26de que hoje o governo não consegue implicar num compromisso político com esses partidos.
02:33Então, veja só, o cara ocupa o ministério, tem lá seu espaço,
02:37acaba fazendo ali toda a sua posição política, não implica em nada com o governo,
02:43como a gente colocou aqui, 11 líderes que eram pra ser os principais articuladores
02:48pra justamente o governo ter vitória, poder avançar as suas pautas, eles não conhecem.
02:54O Congresso e essa base do campo de centro-direita já estão em 2026
02:59e a impressão que a gente tem é que o governo ainda tá lendo esse recurso de posse.
03:04Elias Tavares, o Gustavo Segre também quer participar da nossa conversa.
03:08Vai lá, Segre.
03:09Elias, duplo parabéns.
03:11Primeiro, pelo teu aniversário e segundo, porque imagina você seja palmeirense
03:15como nosso amigo Piperno, né?
03:16Então, parabéns aí por essa conquista, muito boa, muito boa.
03:22Algo de errado não está certo nessa relação entre o Congresso e o Poder Executivo.
03:28E a sensação que fica é que o Poder Executivo está pagando para ser traído,
03:32porque grande parte da sua aliança de governo não está nem com aliança nem dentro do governo.
03:39Não seria uma boa oportunidade para diminuir de 38 majestuosos ministérios
03:45para uns 22 devolverem a esses partidos a liberdade deles expressar como oposição
03:52sem que todos nós tenhamos que pagar por isso,
03:55bancando eles dentro de ministérios que muitas vezes são totalmente innecesários?
03:59Pois é, Segre.
04:02A conta é muito simples, né?
04:03O governo tem todo esse custo político e não está tendo resultado nenhum.
04:09Seria, sim, uma ótima oportunidade do governo Lula falar
04:12olha, galera, vamos para o Congresso Nacional, então, de fato, ser oposição.
04:16Está aqui, ó.
04:17Vou reduzir 10 bilhões?
04:18É muito fácil, né?
04:20Vou reduzir, então, os 10 bilhões das emendas impositivas, das emendas parlamentares.
04:25Eu tenho certeza que a opinião pública não vai ser contra isso.
04:28dá uma cara nova e eu digo mais, né?
04:31Eu entendo que talvez a própria figura do presidente Lula
04:34deveria começar a avançar um pouco mais nessas articulações também
04:38se ele quiser salvar o seu governo ainda, né?
04:40Afinal de contas, a gente não está falando muito,
04:42mas a gente teve aí a Glaze que ficou responsável de fazer toda essa articulação
04:47e que cada vez mais está difícil, a gente não consegue enxergar uma saída
04:51para o atual governo, né?
04:53E aí, na última crise que foi a do IOF,
04:56vem o governo dizer que vai tentar combater essa crise
05:00procurando e buscando solução no Supremo Tribunal Federal.
05:03O PSOL acaba dando também um apoio com um movimento já bastante esperado
05:07porque o PSOL sempre recorre ao Supremo Tribunal Federal
05:11para tentar mudar situações que possam prejudicar o atual governo.
05:14Como é que você avalia a relação que vai se estabelecer
05:19se a situação for judicializada?
05:25Olha, Evandro, é muito ruim, vamos dizer, no ponto de vista,
05:28quando o governo faz a DI e leva para o Supremo Tribunal Federal,
05:33vou deixar claro, né?
05:34É uma ferramenta que o governo tem,
05:37aí cabe, evidentemente, uma discussão jurídica.
05:39Mas é assinando embaixo a incompetência que o governo tem
05:44de fazer essa articulação, né?
05:46Então, nesse momento, eu entendo que a gente tem um estopim,
05:50já existe ali uma partidarização do STF, né?
05:54E se o STF começar a puxar essas faltas para poder salvar o governo,
05:59esse caldo tenta ficar ainda mais difícil e amargo aí em contexto geral.
06:04É aquela queda de braço que a gente vem acompanhando,
06:07já não é de hoje, entre executivo, legislativo e judiciário.
06:10Então, para o governo, é muito complicado,
06:13no meu ponto de vista, ele levar isso para o STF,
06:17ou seja, não ganha na articulação, tenta ganhar na toga.
06:22Vai lá, Segre.
06:24Como que a gente sai disso, seria a pergunta.
06:26Quais são as ações que o governo poderia ter
06:28para sair dessa situação de tapas e beijos?
06:33Mais tapas que beijos entre o Congresso e o Executivo.
06:38Segre, essa pergunta aí, se eu tivesse, eu tenho certeza que eu seria ministro hoje, viu?
06:42Porque eu tenho certeza que essa é a pergunta de milhões
06:45que o governo federal, com certeza, o Lula gostaria de ter.
06:49É um momento muito complexo, porque a gente tem ali um Congresso cada vez mais forte,
06:54um Congresso cada vez mais independente, como a gente acabou de colocar.
06:58Existem as articulações e as coalizões,
07:01mas ela não tem efeito prático, né?
07:04O governo tenta ali, no que canja o que é possível a ele, né?
07:09Fazer as articulações, não dá um retorno.
07:12Ou seja, hoje o caso é esse mesmo.
07:14Ou faz um choque de gestão de fato, como você mesmo já colocou aqui, né?
07:20Manda esse povo todo lá para o Congresso ser oposição de fato
07:23e falar que somos oposição ao atual governo,
07:25para que o governo consiga fazer alguma situação.
07:28Não vejo essa solução.
07:30Vejo situações super engraçadas, inclusive, né?
07:33Para a gente que analisa, porque Guilherme Boulos dizendo que vai fazer uma manifestação,
07:38vai ser a primeira vez na história de que a gente vai ter um movimento da população
07:43a favor de aumentar um imposto, né?
07:46Então, assim, o governo está totalmente perdido,
07:49não consigo enxergar um movimento que possa colocar o governo no eixo
07:54e a tônica é a seguinte, né?
07:57A gente só vai saber o que vai acontecer mesmo no ano que vem,
08:00porque o governo está perdido, mas ao mesmo tempo, né?
08:03Tem um único candidato à esquerda, né?
08:06E aí esse campo do centro é a única condição que eu entendo
08:09que o governo do lado da esquerda tem uma vantagem a esse grupo
08:13que hoje domina a política nacional.
08:15Elias, e nessa crise toda, como sai o ministro Fernando Haddad?
08:19Nós acompanhamos nesta semana uma análise de que Hugo Mota tentaria colocar panos quentes
08:26para reconstruir uma possível relação, principalmente com o ministro Fernando Haddad,
08:31porque antes dessa votação, eles tinham feito uma reunião
08:33em que Haddad fez um ajuste no projeto do IOF
08:37e saiu da sala nesse encontro com os presidentes da Câmara e do Senado
08:42dizendo que a articulação foi um sucesso.
08:44Depois vem Hugo Mota e pauta não só a urgência, mas também a votação do projeto,
08:49com derrota, sim, acachapante para o governo.
08:52Você acha que tem jeito de reconstruir essa relação, depois de tudo isso,
08:55com o ministro Fernando Haddad?
08:58Evandro, se tem jeito de reconstruir, também é uma pergunta complexa.
09:02O problema é que o Fernando Haddad vai ter que conviver com esse congresso
09:06até o final do ano que vem nas eleições.
09:09Agora, é muito difícil a situação do Fernando Haddad,
09:12porque todos diziam que ele seria um nome até para sucessor do Lula.
09:17O que cada vez mais a gente vê é que todo esse desmonte,
09:20uma grande parte desse ônus que está acontecendo
09:25está indo justamente sobre Fernando Haddad.
09:28No início existia ali o homem forte,
09:30o homem que vai conseguir resolver os problemas econômicos do país
09:33e todas essas derrotas, se a gente for analisar,
09:36ela é justamente nessa área da fazenda,
09:38é justamente onde Fernando Haddad atua.
09:40Então, assim, é muito complicada a situação do ministro
09:44e ele tem ali o que seria o bônus,
09:48a pessoa que seria o futuro da esquerda e do próprio PT.
09:52A gente está vendo cada vez mais que ele vai ter esse carimbo
09:55e cada vez mais dificuldade de tirar um proveito disso.
09:59Eu não consigo enxergar o ministro Fernandade
10:02saindo do governo federal e saindo como um homem forte,
10:05um homem que fez uma diferença dentro do governo federal.
10:11E só para a gente arrematar aqui nossa conversa, Elias,
10:13a Instituição Fiscal Independente do Senado
10:15apontou uma preocupação intensa com o rumo das contas já em 2026,
10:20falando sobre um possível colapso ainda no próximo ano,
10:24diferentemente do que previa o governo,
10:28jogando, então, esse apagão lá para frente.
10:32As contas públicas também são uma preocupação extrema para você?
10:35Como é que você avalia?
10:36Evandro, sem dúvida, não só para o ano que vem,
10:40mas principalmente para o ano que vem.
10:42Eu tenho dó do próximo presidente da República
10:45que será eleito no ano que vem,
10:46porque o cenário que a gente enxerga é um cenário muito desafiador.
10:51É óbvio que tem que ter sido feito um choque de gestão.
10:54O governo tem a hora agora, que era a hora de fazer investimentos.
10:58Hoje, esse seria o ano ideal do governo,
11:02de investimentos, de aparecer,
11:03de poder fazer toda a sua...
11:06Colocar em prática tudo o que colocou em seu planejamento.
11:09Mas o sentido que a gente vê cada vez mais
11:11é a gente tendo uma dificuldade,
11:13o país passando por diversas crises,
11:16é juros que não consegue controlar.
11:19Essa questão do UF,
11:20que se a gente for levar também em consideração,
11:22acaba indo diretamente no crédito.
11:24Quando a gente pensa no crédito,
11:25a gente pensa justamente naquelas pessoas
11:27que mais precisam, de repente, às vezes,
11:29de um cartão de crédito,
11:30até para a sua sobrevivência,
11:31acaba vivendo um pouco disso.
11:32E quando a gente põe essas taxas,
11:35a gente tem justamente a opinião pública contra,