- anteontem
O TSE aprovou ontem uma resolução para limitar o uso da inteligência artificial nas eleições.
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NotíciasTranscrição
00:00Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral aprovou uma resolução para limitar o uso da inteligência artificial nas eleições.
00:08Pelas regras estabelecidas pela corte, o uso da chamada IAR terá que ser identificada nas propagandas.
00:17O uso da chamada deepfake foi banido.
00:21Na prática, o candidato que desrespeita essas normas pode ser alvo de uma cassação de mandato.
00:30Matheus, solta por gentileza o VT da relatora do caso, a ministra Carmin Lúcia, que foi responsável pelo estabelecimento dessas regras.
00:42Prevendo também a responsabilidade dos provedores de aplicação que não promoverem a disponibilização imediata de conteúdos e contas
00:51durante o período eleitoral em casos de risco, como condutas, informações e atos antidemocráticos
00:58tipificados no Código Penal e de comportamento ou discurso de ódio, incluída a promoção de racismo, homofobia, ideologias nazistas, fascistas,
01:08odiosas contra uma pessoa ou grupo mediante preconceito, por causa de preconceito de origem, raça, sexo, coridade e qualquer outra forma de discriminação ilícita.
01:19Também proponho a regulação do uso da inteligência artificial nos conteúdos eleitorais, estabelecendo exigência de rótulos de identificação de conteúdo sintético multimídia,
01:31a restrição ao uso de chatbots, avatares para intermediar a comunicação da campanha, que não poderá simular interlocução com sua candidata ou outra pessoa real,
01:45a vedação absoluta ao uso para prejudicar ou para favorecer candidatura de conteúdo sintético em formato de áudio, vídeo ou combinação de ambos,
01:54que tenha sido gerado ou manipulado digitalmente, ainda que mediante autorização para criar, substituir ou alterar a imagem ou voz de pessoa viva, falecida ou fictícia,
02:07que são exatamente os tipfakes.
02:10Proponho a sistematização da aplicação da lei geral de proteção de dados ao contexto eleitoral, quer dizer, a gente já aplica a lei de proteção de dados,
02:19mas para nós ficaria o que diz respeito especificamente ao conteúdo eleitoral, regras adaptadas dos regulamentos da Autoridade Nacional de Proteção de Dados,
02:30e aqui, presidente, houve uma proposta para que a gente não se valesse dela, e a própria autoridade pediu para que a gente a incluísse,
02:38com as particularidades do tratamento de dados pelas campanhas, realçando temas como encarregado de dados,
02:45canal de comunicação, agentes de tratamento de pequeno porte, obrigação dos provedores de aplicação na matéria eleitoral,
02:53agentes de operação de tratamento de dados pelas campanhas, em modelo a ser disponibilizado pela justiça eleitoral,
03:00relatório de impacto à proteção de dados, no caso de tratamento de alto risco pelas campanhas ao cargo de prefeito das capitais.
03:09Para a gente entender melhor o que o TSE decidiu ontem, eu estou aqui ao vivo já na linha com o doutor Renato Ibeira de Almeida,
03:20ele é, eu vou tentar resumir o currículo, porque é um currículo estento, doutor, então eu vou tentar resumi-lo, né,
03:26é advogado, palestrante, escritor, professor universitário, doutor em Direito pela USP,
03:30mestre em Direito Político pela Universidade de Mackenzie,
03:32tem vários livros escritos sobre Direito Eleitoral, integrante da Comissão de Direito Eleitoral da OAB de São Paulo,
03:39doutor, seja muito bem-vindo ao Meio Dia em Brasília.
03:43Wilson, é uma alegria, uma honra estar com você e com toda essa audiência tão gigantesca,
03:51é um prazer para mim colaborar de alguma forma.
03:54Doutor, eu vou te pedir, por gentileza, para a gente entender o que que na prática significa essa decisão do TSE.
04:05Havia uma preocupação sobre o uso da inteligência artificial, o Congresso chegou a discutir alguns temas,
04:10mas isso não avançou, mas o TSE já passou na frente e já tentou delimitar o que pode ou o que não pode.
04:16Na prática, doutor, o que que pode e o que não pode ser utilizado?
04:21Como é que os candidatos vão ter que observar isso?
04:24E como é que o eleitor pode ficar atento ao uso de uma tecnologia que hoje parece ser irreversível o seu uso?
04:32Bom, primeiro é importante destacar o seguinte, existia no Congresso Nacional, ainda existe,
04:38mas a tramitação anda muito devagar, no Congresso Nacional, um projeto de lei que determinava a questão das fake news.
04:47Acontece que isso não andou.
04:49E a Justiça Eleitoral, ela trabalha com o calendário, ela tem que realizar a eleição em outubro
04:55e tem que normatizar as questões que estão ainda por meio de algumas lacunas,
05:01algumas coisas que não estão claras para a sociedade brasileira.
05:03No caso, a própria Justiça Eleitoral, ela tem essa tribunção prevista na lei,
05:10que é de estabelecer resoluções.
05:12Isso é uma coisa que a Justiça Eleitoral, ela tem, então ela tem um poder normativo
05:18e é válido como lei aquilo que estabelece por meio de resoluções o TSE, Tribunal Superior Eleitoral.
05:25E foi justamente isso que o TSE fez.
05:28O TSE pegou situações que eram sensíveis, olha, como é que a gente vai lidar com isso?
05:32Como é que nós vamos levar o entendimento para todos os municípios,
05:37os mais de 5 mil municípios no Brasil todo, desde as capitais até municípios pequenos do interior do Brasil?
05:44Levando esse tipo de norma.
05:47E ontem, a ministra Carmen Lúcia, que foi a relatora desse processo todo,
05:53de colheita, inclusive de audiências públicas, ouvindo a sociedade, chegou a esse texto.
06:01Tem muita coisa importante.
06:02Eu destaco essa questão da inteligência artificial, a utilização do tipo e fake.
06:08Isso é um problema, porque a tecnologia, eu sempre digo que o direito, ele está olhando para trás,
06:13porque ele julga coisas que já aconteceram, mas a gente tem que tomar cuidado
06:17de como lidar com situações que são absolutamente novas.
06:21A deep fake, lembre-se lá da campanha na Argentina, do Massa.
06:27O candidato Milley venceu, o candidato Massa, que era o seu opositor,
06:32teve um vídeo assim atribuído em que ele fazia o uso de cocaína.
06:35Era o sujeito cheirando cocaína e era um rapaz mais jovem, tudo mais,
06:40que tudo levava a crer que era o, então, candidato mais jovem.
06:45Só que eles introduziram o rosto do candidato por meio de inteligência artificial.
06:50Então, pegaram um vídeo original de uma pessoa fazendo uso da droga
06:55e fizeram a introdução do rosto dele e preencheram isso com inteligência artificial.
07:00Tanto é que as pessoas olhavam aquilo e levavam a acreditar que era realmente o candidato.
07:06Imagine, Wilson, se isso é utilizado numa cidade pequena, nas vésperas da eleição,
07:12o horror que isso pode fazer, como isso pode destruir a reputação, a honra,
07:19além do que destacou o ministro Alexandre de Moraes,
07:21que pode mudar efetivamente o resultado das eleições.
07:25Eu estou falando de uso de drogas, mas pode ser uma questão extraconjugal,
07:29pode ser uma coisa envolvendo crimes.
07:32Tudo isso pode ser feito por meio do deepfake,
07:35que é a utilização da inteligência artificial para fazer esses vídeos.
07:38Então, esse ponto é fundamental.
07:40Outro ponto, o chatbot, né?
07:43Porque é uma forma de você interagir artificialmente,
07:46se passando pelo próprio candidato.
07:48Então, isso está proibido também.
07:50A produção de conteúdos de maneira digital.
07:55Isso tem que ficar claro.
07:56Então, o conteúdo que não é esse deepfake,
07:59mas o conteúdo lícito utilizado, tem que ficar claro para o eleitor.
08:03Ó, isso aqui está sendo feito por inteligência artificial.
08:06Eu acredito que essas sejam as principais mudanças.
08:09Também foi acolhido a questão dos direitos autorais.
08:13Isso é muito importante, porque era muito comum, Wilson.
08:15Aquele tchutchá-tchá, alguém pegava uma música,
08:18que eu acompanho, e fazia disso a paródia.
08:22E a Marisa...
08:23Teve até jurisprudência do Tiririca, né?
08:27Que ele, inclusive, foi alvo de um processo do Roberto Carlos,
08:29pelo uso da...
08:30Acho que foi da música No Portão, se não me engano, né, doutor?
08:33Isso, isso mesmo.
08:35E era tido como lícito isso.
08:37Hoje, o TSE entendeu que não mais fará dessa forma.
08:43A partir de agora, vai adotar um entendimento
08:45de que somente com a devida autorização.
08:49Porque tem assuntos que podem...
08:51Não tem nada a ver com o candidato.
08:53E, afinal de contas, existe todo um trabalho intelectual e artístico
08:58feito na música, na composição, na letra e tudo mais.
09:02Isso não pode ser utilizado sem autorização.
09:04Agora, doutor, uma pergunta que se cabe nessa situação é a seguinte.
09:10O TSE, ele sempre foi muito criticado pelo fato de não conseguir dar uma resposta rápida
09:15a determinadas demandas.
09:16Ainda mais nesse processo, nessa fase agora de deepfakes, etc.
09:22Será que a justiça eleitoral vai conseguir, de fato,
09:25atuar de uma forma mais efetiva para combater isso?
09:28Porque é algo muito complexo, né?
09:30Imagina, você tem, por exemplo, vídeos de WhatsApp circulando
09:33de um candidato em uma situação constrangedora,
09:36como o senhor, inclusive, exemplificou aqui para a gente.
09:40Como é que vai ser feita essa fiscalização?
09:42Tem que ser um pouco do cidadão?
09:43Tem que ser um pouco das campanhas?
09:46A justiça eleitoral vai conseguir dar conta
09:48de identificar o que é fake, o que não é fake?
09:52É um processo complexo, não, doutor?
09:54É um processo muito complexo, isso envolve toda a sociedade.
10:00E eu digo mais, a gente está aprendendo, né?
10:04Nós, na minha condição de advogado e professor,
10:07os membros do Ministério Público, os membros da magistratura,
10:11estamos todos aprendendo a lidar com essa realidade.
10:14Porque é uma coisa que, em 2016, nem sequer,
10:17nas eleições municipais daquele ano,
10:20nem sequer se falava na possibilidade de impulsionar,
10:22impulsionar, era tudo ilícito.
10:24E era ainda uma coisa rudimentar.
10:26Você se lembra que a eleição de 2018,
10:28a eleição presidencial,
10:30a internet já foi usada de uma maneira muito mais forte,
10:34muito mais sofisticada.
10:36Isso, dois anos depois.
10:38A eleição municipal de 2020
10:40foi feita totalmente pela internet,
10:42até porque nós estávamos em período de pandemia.
10:452022 foi aquela enxurrada de assuntos
10:49na internet, fake news e tudo mais.
10:52Então, a justiça eleitoral, ao longo de todos esses anos,
10:56ela tem se preparado,
10:58ela tem investido, inclusive, no treinamento
11:00dos seus servidores, que são muito capacitados,
11:04justamente para dar uma resposta rápida a isso.
11:07É um trabalho difícil?
11:08Com certeza.
11:09É um trabalho de aprendizado constante?
11:11Sim, porque a justiça tem que dar uma resposta.
11:14A justiça eleitoral já é a mais séria do Brasil.
11:16Ela já dá respostas mais rápidas
11:19quando a gente compara com a justiça do trabalho,
11:22com a justiça comum e tudo mais.
11:23Mas tudo tem que ser feito também
11:25dentro de uma lógica
11:27e contando com a colaboração da própria sociedade,
11:30de não passar esse conteúdo para frente,
11:33de ajudar a justiça eleitoral
11:36a punir quem vem, porventura,
11:39a fazer esse tipo de material,
11:41porque esse é o único caminho.
11:43Para vocês terem uma ideia,
11:44eu tenho um dado que é alarmante.
11:46Só do que é colocado no YouTube
11:48todos os dias,
11:51são mais de 720 horas
11:53de conteúdo subido no YouTube
11:55todos os dias.
11:56Ou seja, se a gente quiser assistir
11:58o que foi levado para o YouTube
12:00na data de ontem,
12:02no mundo inteiro,
12:03nós precisaríamos de mais de 82 anos.
12:06Então, esse que é o ponto fundamental,
12:08é levar em consideração
12:09que é muito conteúdo,
12:11é muita coisa rodando no Brasil inteiro,
12:13e a justiça eleitoral,
12:15evidentemente,
12:15que tem as suas limitações.
12:19Agora, doutor,
12:19só para a gente fechar aqui,
12:22esse assunto é maravilhoso,
12:23eu quero, inclusive,
12:25voltar nele em outras edições do programa.
12:28Tem uma pergunta aqui
12:29de um espectador falando
12:31sobre campanhas indiretas
12:33de perfis na internet.
12:36O TSE não se debruçou
12:37sobre esse assunto ontem,
12:38especificamente,
12:39sobre essa campanha cruzada,
12:40mas eu lembrei de uma palestra
12:44que o senhor deu ontem,
12:46em que o senhor falava um pouco
12:47sobre essa questão
12:48do que pode e o que não pode
12:49nas eleições.
12:50Só para a gente tentar resumir,
12:52perfis de internet,
12:56empresas que fazem campanha,
12:58o que pode e o que não pode?
12:59Por exemplo,
12:59pode um perfil de Twitter
13:00fazer campanha para A, para B,
13:02não pode?
13:02O que é conduta vedada?
13:04O que não é conduta vedada?
13:05E como é que o cidadão
13:06pode ficar atento a isso?
13:09O cidadão,
13:10o cidadão,
13:11nós,
13:12cidadãos brasileiros,
13:13nós podemos fazer
13:15a livre manifestação
13:16do nosso pensamento.
13:17Isso está absolutamente
13:18legalizado.
13:20Então, eu posso,
13:21caso queira,
13:22fazer uma manifestação
13:24a favor de um candidato,
13:25o contrário a outra,
13:27e tudo mais.
13:28O que não pode ser feito
13:29é um perfil falso,
13:31perfil que você sabe
13:32que é organizado por empresas,
13:34porque existe toda uma engrenagem,
13:36isso é feito de forma profissional.
13:39É uma ilusão acreditar
13:40que é um adolescente
13:41atrás de um celular
13:42fazendo isso.
13:43Não,
13:44é gente utilizando
13:45de maneira profissional
13:46para destruir
13:48a reputação de alguém.
13:50Então,
13:51isso acaba sendo ilícito.
13:52Ilícito é a utilização
13:54de perfis falsos.
13:56E também é ilícito
13:58a utilização de perfis
13:59de pessoas jurídicas.
14:01Então, imagina lá,
14:02uma prefeitura
14:03fazendo escancaradamente
14:06propaganda para o prefeito
14:07para que ele seja reeleito.
14:09Daí nós caímos
14:10no abuso de poder político.
14:12Lembrando que o próprio
14:13ex-presidente Bolsonaro
14:14está inelegível
14:15justamente pela utilização
14:17da máquina
14:18em favor da sua reeleição.
14:21Então,
14:21esse é o ponto central.
14:23Não se pode utilizar
14:24o perfil da prefeitura
14:25como exemplo,
14:26que é mais clássico,
14:28para tentar angariar votos
14:30e fazer com que o prefeito
14:31ele tenha um desequilíbrio
14:32em relação
14:33aos seus adversários.
14:36O mesmo vale
14:36para igrejas,
14:37o mesmo vale
14:38para sindicatos,
14:39o mesmo vale
14:39para empresas.
14:41Imagine que absurdo
14:42se uma empresa
14:42falasse,
14:43olha,
14:43tem que votar
14:44em tal candidato
14:45a prefeito
14:45e não naquele
14:46porque a empresa
14:47está aprovando
14:48e está dizendo
14:50que esse candidato
14:51é melhor.
14:52Isso não faz nenhum sentido.
14:53Quem pode se manifestar
14:55é o cidadão.
14:55Quem é cidadão?
14:56Aquele que tem título
14:57de eleitor
14:58e tem CPF.
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