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Transcrição
00:00Nessa terça-feira, 21 de novembro, foi divulgada uma foto com Javier Milley, presidente eleito da
00:08Argentina, ao lado de Alberto Fernandes, o atual presidente, no residencial de Olivos,
00:18onde mora o presidente da República. Esse é um lugar lindo, muito exclusivo, que fica ali mais
00:26ao norte de Buenos Aires, e que é gigantesco. A reunião se dá dois dias após a vitória do Milley,
00:38e coloca a foto de novo aí, que eu acho que é legal a gente ver a expressão. Alexandre Borges,
00:46eles parecem muito à vontade, qual é a tua impressão?
00:50O Milley, ele me parece realmente esse sujeito que grita muito, vai baixar a bolinha, vai entender o
01:06tamanho da responsabilidade que é governar um padíssimo como é a Argentina. Então pode ser um
01:12primeiro sinal que ele, eleito como um meme, ele não quer governar como um meme. E isso é uma boa
01:19notícia para o povo argentino. A gente não teve esse privilégio aqui, a gente acabou de eleger um
01:24meme em 2018, e foi governo de meme. E a gente pagou um preço alto por isso. Então esse risco existe.
01:33Como é que isso vai ser na Argentina? A gente não sabe. Mas ele tem ido conversar com Alberto Fernandes,
01:39que é um pato manco, que é um sujeito que nem tentou se reeleger de tão impopular,
01:45desse governo desastroso que ele fez. Então o Milley ter tido essa atitude, que é uma boa
01:52atitude, de estadista, de alguém que está entendendo o peso e o tamanho do cargo e da
01:57responsabilidade. Ir lá e pacificamente sentar. Vamos lembrar que o Trump, ele também, logo quando
02:05ele foi eleito, ele sentou com o Obama. Eles brigaram muito e tal. Principalmente o Trump na
02:10campanha com a Hillary, eles tiveram brigas verbais pesadíssimas, mas logo depois, quando
02:16saiu a vitória, o Trump foi sentar ali com o Obama, que era uma coisa que também se achava
02:22impossível. Eles sentaram, tiveram uma conversa pacífica. Uma coisa que aconteceu, por exemplo,
02:28do Jair Bolsonaro com o Lula. O Bolsonaro não reconheceu, ficou dias e dias para reconhecer,
02:36que tinha perdido, que o Lula ganhou, ele nunca reconheceu até hoje. Mas que ele não
02:40era mais o presidente da República, se mandou para os Estados Unidos, não passou a faixa,
02:44aquele papelão todo que a gente sabe, repetindo um pouco o que o Figueiredo fez e não passar
02:51a faixa para o Sarney. E talvez um dos grandes mentores hoje do bolsonarismo é um neto do
02:58Figueiredo. Então não sei se ele deu essa ideia, mas o Bolsonaro repetiu esse gesto do avô
03:04dele e também não deu a faixa, não entendeu a dimensão do cargo, como me parece que nunca
03:11foi a dele. E hoje a gente tem essa situação onde muitos desses populistas, às vezes até
03:20pioram no cargo. Você tem o Orbán, por exemplo, na Hungria, ele não era tão radical na campanha
03:26como ele virou como presidente. Você vai para a Turquia, o Erdogan, ele não era tão radical
03:33fazendo campanha do que ele virou como presidente. O Hugo Chávez não era tão radical na campanha
03:38como ele veio. Então não tem regra. Às vezes o sujeito fica mais tranquilo na presidência
03:44do que ele era na campanha, às vezes ele piora. É caso a caso. O Milene ainda está muito cedo
03:48para falar, mas é de se comemorar essa foto.
03:52É de se comemorar, né? A gente já deu até uma nota na Cruz Revo, pedi para vocês colocarem aí na tela,
04:01que é um gesto de civilidade. O Milene ainda, que tem esse discurso mais radical, ele entendeu aí a
04:12responsabilidade do cargo, né? Como disse o Alexandre Borges, e realmente foi lá conversar com o Alberto Fernandes.
04:21É óbvio que eles não vão trocar grandes ideias, nada disso, mas tem essa coisa de respeitar os rituais, né?
04:29Os rituais democráticos e de alternância de poder, certo?
04:42Obrigado.

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