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NotíciasTranscrição
00:00Vamos em frente. Reportagem publicada ontem pela Veja diz que o Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro,
00:05confessou à Polícia Federal ter entregado em mãos ao ex-presidente parte do dinheiro da venda de relógios de luxo recebidos como presentes de Estado.
00:15Segundo a revista, o valor seria de 68 mil dólares, com uma parte entregue nos Estados Unidos e outra no Brasil.
00:20O dinheiro teria sido depositado na conta do general Mauro Lorena Cid, pai do ex-ajudante de Bolsonaro, e depois sacado e enviado ao ex-presidente.
00:28Aliás, que havia esse dinheiro na conta do pai do Mauro Cid, e que o Mauro Cid tinha mandado mensagem para o Marcelo Câmara, se eu não me engano,
00:40que era assessor do Jair Bolsonaro, para discutir como entregar esse dinheiro ao Bolsonaro, se seria por transação bancária ou em cash,
00:49e acabaram escolhendo cash, a gente já tinha falado aqui no Papo Antagonista, com base em algumas notícias que tinham saído na imprensa,
00:57mas já tinha chamado a atenção para esse fato, e eu apontei na ocasião a estratégia de você usar dinheiro vivo nesses golpes,
01:08porque você não deixa rastro.
01:11Então você tenta se enriquecer dessa maneira.
01:17O sujeito leva o dinheiro vivo, aí vai gastando nas suas despesas, etc., e fica mais difícil de encontrar.
01:24como é que depois você tem uma prova de que o sujeito recebeu, de que ele gastou, etc.,
01:31você precisa rastrear a origem e eventualmente contar com um delator.
01:37E o Mauro Cid está virando o delator.
01:39Ainda de acordo com a reportagem, ele disse o seguinte APF, abre aspas,
01:43A venda pode ter sido imoral? Pode, mas a gente achava que não era ilegal. Fecho aspas.
01:49O Graio, antes de partir aqui para a continuação desse assunto,
01:53não posso deixar de te perguntar, porque a gente estava comentando sobre a declaração do Mauro Cid.
01:58Você quando vai fazer as coisas, você pensa assim, é ilegal ou é imoral?
02:02Ah não, é só imoral. É imoral, então eu vou fazer. Então tá tranquilo. É só imoral.
02:06Então, uhul, vamos nessa, né?
02:08Então vamos nessa. Eu me divirto. Realmente, a gente tem que rir nesse país.
02:13Se a gente não fizer a zoeira, porque a sujeira, o nível moral dessas pessoas é muito baixo.
02:21E quando isso se revela nas suas vísceras, não tem como não dar umas risadas.
02:28Uhul, é só imoral.
02:30É só imoral. Vamos para o próximo assunto que tem relação com o que a gente estava falando.
02:35Lula ficou com relógios de luxo e um colar de ouro branco que ganhou de presente em seu primeiro mandato.
02:41Os itens foram incorporados ao acervo pessoal do petista,
02:45que é uma expressão que eu acho muito engraçada,
02:47quando ele deixou o carro.
02:49O acervo pessoal, Graebi, em linguagem comum, chama-se bolso.
02:54O patrimônio privado do presidente da reputação.
02:58O patrimônio privado é o que a gente tem aqui na calça, chama bolso.
03:03Tem no paletó também.
03:04Então, quando vocês lerem essa expressão, ou virem, acervo pessoal, patrimônio privado,
03:10significa que o cara embolsou para ele mesmo.
03:13E em 2020, ou bolso ou para o punho, no caso do relógio.
03:18Em 2016, a lista de presentes dados a Lula foi alvo de uma ação da Lava Jato
03:22e de um processo no Tribunal de Contas da União.
03:24O TCU ordenou, na época, que o petista devolvesse a maior parte do que levou consigo.
03:31Hoje é inimaginável o TCU tomando atitudes contra o Lula.
03:34Vamos ver se vai ser diferente.
03:36Depois que Bruno Dantas tomou o poder lá dentro,
03:40o aliado do Renan Calheiros, e que quer uma vaguinha no STF,
03:43sob indicação do Lula, ficou bastante mais difícil.
03:46Os ventos mudaram.
03:47Após a determinação do TCU, o petista, naquela época, restituiu ao todo 453 itens,
03:54avaliados em R$ 2.258.000, incluindo esculturas, quadros, tapetes, vasos e louças.
04:01No âmbito da Lava Jato, Lula devolveu 21 bens considerados valiosos,
04:06porém o Estadão apurou que alguns objetos de luxo não foram destinados à União
04:10e ficaram no acervo pessoal do atual presidente.
04:14Fogo bolso, ou, no caso do relógio, o pulso.
04:19O pulso.
04:21Segundo o Estadão, registros do acervo privado do petista
04:24e declarações públicas apontam que Lula ficou com pelo menos dois relógios de luxo.
04:30Um deles, um Piaget, nós já tínhamos falado dele aqui,
04:33avaliado em R$ 80.000, sequer consta na lista de presentes oficiais.
04:38O petista alega que o item ficou perdido por um tempo
04:41e depois foi localizado em uma gaveta.
04:44Olha aí, achamos um reloginho.
04:47Vale lembrar que no ano passado o Lula foi visto usando esse relógio.
04:50Vamos acompanhar na tela, aliás, ano passado, só para deixar claro.
04:54Cidadão comum, sem mandato eletivo, usando um relógio que ganhou na época em que era presidente,
05:13uma missão no exterior.
05:14Essa foto aí, eu lembro bem, foi do primeiro comício do Lula,
05:20feito aqui em São Paulo, ali no Anhangabaú.
05:25Tiraram essa foto, fez morte.
05:26Esse cara, você olha o relógio do Lula aí, né?
05:28Exatamente, nós comentamos, eu me lembro, acho que fiz tweet na ocasião,
05:35porque é aquele que posa de pobre o tempo todo, mas adora um luxo, né?
05:42Na lista, também adora, aqui é claro que qualquer pessoa de baixa renda pode adorar um luxo,
05:49a questão é que ele veste aquele luxo sem que tenha sido comprado com o dinheiro do salário dele.
05:55É um presente oficial recebido na missão no exterior.
06:01E na lista, também há um relógio Cartier Santos Dumont, avaliado em cerca de 60 mil reais.
06:06A produção pode colocar na tela, está aí já a foto dele.
06:09Então, o responsável pelo patrimônio do petista, o Instituto Lula,
06:13informou que esse relógio também está sendo usado pelo presidente.
06:16O Lula continua usando, pessoal.
06:18O Cartier e o Piaget foram presentes dados em 2005 pelo governo da França.
06:23Também está na relação de itens um relógio suíço, folheado em prata.
06:26O mostrador do item tem uma imagem do coronel Muammar Gaddafi, antigo ditador da Líbia.
06:33Eu vou até ler de novo.
06:34O mostrador no item tem uma imagem do Gaddafi, ditador da Líbia,
06:42que causou um tremendo alvoroço, né?
06:45E aí teve a atuação dos Estados Unidos, foi uma polêmica da nada.
06:48Eu já escrevi um monte de comentário, de artigos naquela época, sobre o caso da Líbia.
06:53Está aí na tela para vocês verem.
06:55Será que é?
06:56Será que é que nem do Mickey, que os bracinhos ficam mostrando as horas?
07:00Os braços do Gaddafi vão...
07:01Imagina, Graeber.
07:03Aí eu queria.
07:04É.
07:05O Lula deve gostar, né?
07:07De usar um reloginho assim com um ditador de ponteiro.
07:10É.
07:10Será que ele tem um também do Castro, do Raul Castro, agora do Dias Canel, Daniel Ortega,
07:17Nicolás Maduro, Hugo Chávez.
07:20Imagina a coleção de relógios dos ditadores ponteiros.
07:25Cada um mostrando a...
07:26Vladimir Putin, Xi Jinping.
07:28A hora do seu país.
07:30Mostrando a hora.
07:32Muito pontuais, né?
07:34Os ditadores.
07:35Todo mundo tem que obedecê-los pontualmente.
07:37Além disso, o Lula ficou com um colar de ouro branco entregue em abril de 2004 pela
07:43Citigroup Corporation, uma empresa de investimento estatal da China.
07:47A produção jogou na tela aí a imagem, vocês estão todos vendo.
07:51E em nota, o Planalto alegou que não há irregularidades e que o petista não vendeu
07:55nenhum dos presentes que recebeu.
07:57Está tentando se distinguir do Bolsonaro de alguma forma.
07:59Em 2016, o TCU determinou que presentes considerados de caráter personalíssimo
08:05poderiam ficar com o ex-presidente.
08:07A regra passou a servir de base para os próximos mandatários.
08:12Porém, a corte entende que objetos de grande valor devem ser restituídos ao Estado brasileiro,
08:16que tem sido usado como argumento para cobrar de Bolsonaro a devolução de itens como as
08:20joias sauditas.
08:21Aliás, naquela decisão de 2016, a gente citou isso aqui várias vezes, o relator
08:26cita expressamente o caso de joias.
08:28Ele cita expressamente o caso de objetos de valor, que relógio...
08:32Ah não, relógio é personalíssimo.
08:34Não dá para passar como personalíssimo relógio.
08:39Me parece que o Lula usou uma margem ali, tentou ficar com aquilo que já tinha valor.
08:46E aí acaba dando uma margem de defesa para o Bolsonaro.
08:50Mesmo caso tendo tido um agravamento com a venda nos Estados Unidos, a tentativa de
08:55recompra depois que foi solicitado de volta, para fingir que não vendeu o dinheiro vivo
09:01que foi entregue.
09:02Mas dá uma margem de defesa.
09:05Eu acredito que os dois deveriam ser punidos.
09:08Agora, pode ser que eles consigam um mais, outro menos, se safar em razão dessa margem.
09:14O petismo vai se agarrar com unhas e dentes a essa história.
09:19Nunca tentamos vender nada.
09:22Está aí a diferença fundamental...
09:24Do patrimonialismo dos dois.
09:26Não, né?
09:27É aquilo, 2016, regra absolutamente clara, que cita explicitamente, usa joia como exemplo,
09:38joia de valor elevado como exemplo de bem que não pode ser incorporado ao patrimônio
09:45do presidente, porque há uma forma dele enriquecer.
09:49É um bem da presidência, não do fulano que a ocupa transitoriamente.
09:55E daí, o Lula deu uma de João sem braço nessa, né?
10:02Exatamente, exatamente.
10:04Quer dizer, com braço, né?
10:05Porque o relógio está lá, pendurado, né?
10:08João sem alguma coisa.
10:12Devolveu lá aquelas coisas todas que ele inclusive dizia que incomodavam,
10:17dava um trabalho desgraçado, armazenar, né?
10:21Pô, isso só me dá custo, isso só me dá problema, dor de cabeça.
10:25Só pra contextualizar isso, depois que foi descoberto tudo.
10:28Aí ele fala assim, não, eu nem queria isso mesmo, isso dá até trabalho,
10:31aquela tentativa de fingir que não tem culpa nenhuma.
10:35Mas hoje o reloginho, o colar, esses não.
10:38Esses eu quero continuar usando.
10:44Putz.
10:45É isso, a gente ri porque é um nível muito baixo de senso.
10:54Não dá pra usar dois pesos e duas medidas, né?
10:59E não dá pra desculpar o Lula agora.
11:04Eu até disse isso aqui em algum momento.
11:08O que aconteceu antes de 2016, quando não havia uma regra clara,
11:14poderia cair numa zona cinzenta.
11:17Poderia haver uma justificativa, ah, não existia regra clara,
11:20então não sabíamos exatamente como proceder.
11:22Depois de 2016, manter os bens é indesculpável.
11:30Não tem pra onde fugir.
11:32E como disse o Felipe, a tentativa de venda é uma, é um agravante.
11:39Aqui, achei, achei, tava procurando a declaração do relator do caso no TCU em 2016,
11:46ministro Valtom, Valtom Alencar, Valtom com W.
11:49Abroaspo, eu já li essa declaração nesse programa, tá?
11:52Tô relendo.
11:53Abroaspo, imagine-se a propósito a situação de um chefe de governo
11:57presentear o presidente da República do Brasil
12:00com uma grande esmeralda de valor inestimável ou um quadro valioso.
12:04Não é razoável pretender que, a partir do título da cerimônia,
12:08os presentes, valiosos ou não,
12:10possam incorporar-se ao patrimônio privado do presidente da República,
12:14uma vez que ele os recebe nesta pública qualidade.
12:17Fast Wives, quer dizer, tá citando joias.
12:21Citou o exemplo de uma esmeralda.
12:23A gente sabe que esses relógios valiosos,
12:26eles são feitos ali com as suas preciosidades.
12:30Quer dizer, é absolutamente ridículo você distinguir uma coisa da outra.
12:36Isso, a tentativa de venda é um agravante.
12:40Mas, na essência, o desejo de permanecer com as coisas é o mesmo.
12:45E precisa ser tratado da mesma maneira.
12:47Não pode aliviar para um e apertar a coisa para o outro.
12:53Então, vamos lá.
12:55Não.
12:57Não.
12:58É isso aí.
13:00Então, o que eu queria destacar é que esses dois episódios,
13:05cada um com as suas particularidades e níveis de gravidade,
13:10eles ilustram o patrimonialismo de Lula e Bolsonaro.
13:14do lulismo e do bolsonarismo como um todo,
13:17porque eles são sempre envoltos aí em núcleos de outras pessoas,
13:22a sua imagem e semelhança.
13:24O patrimonialismo é essa indistinção entre aquilo que é público e que é privado.
13:28É o tratamento daquilo que é público como se fosse privado.
13:32Foi isso que o Lula fez.
13:33É isso que o Bolsonaro faz.
13:35E o resto a gente vai acompanhar em detalhes.
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