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NotíciasTranscrição
00:00Muito bem, vamos em frente, porque ainda tem uma pauta muito importante
00:03que está indicada, inclusive, no título da transmissão,
00:08que é um desdobramento do Vale Família do STF.
00:12O grupo Petrópolis, que já foi alvo da Lava Jato,
00:16contratou três advogados que, imagine,
00:20são parentes de ministros do Supremo Tribunal Federal para sua defesa.
00:25São eles Carine Nunes Marques, irmã de Cássio Nunes Marques,
00:30Viviane Barcy de Moraes, mulher de Alexandre de Moraes,
00:34e Maria Carolina Feitosa, enteada dele, Gilmar Mendes.
00:39De acordo com a Folha de São Paulo, as contratações ocorreram entre fevereiro e junho desse ano.
00:46Será que eles já sabiam que ia rolar essa decisão?
00:49Os três advogados atuam numa disputa envolvendo a Incopa,
00:52empresa de processamento de soja com a qual o dono do grupo Petrópolis,
00:58Walter Faria, que foi preso em 2019, tem uma disputa societária.
01:02O caso está em análise no Superior Tribunal de Justiça, atualmente, o STJ,
01:06porém há grandes chances de ele ser encaminhado ao STF, segundo a reportagem.
01:11Recentemente, como mostramos aqui, o STF liberou juízes,
01:15incluindo ministros da própria corte, para julgar casos em que as partes
01:19sejam clientes de escritórios, de cônjuges, parceiros e parentes deles.
01:24Então está aí um grupo, o grupo Petrópolis, que foi alvo da Lava Jato,
01:30contratando os parentes dos ministros do STF.
01:35E, aliás, foram três ministros.
01:37Deixa eu só checar aqui o Cássio Nunes Marques, o Alexandre de Moraes e o Gilmar Mendes.
01:40Curiosamente, três ministros, olha só, rapaz, que votaram a favor do Vale Família do STF.
01:48Eles votaram para permitir que juízes como eles possam julgar os casos
01:53dos clientes dos escritórios da parentada.
01:57Então, assim, o grupo alvo da Lava Jato contratou os parentes do Nunes Marques,
02:02do Moraes e do Gilmar Mendes para atuar no escritório.
02:06E o caso deles pode chegar ao STF.
02:09Sendo que, a gente tem que lembrar que não é só isso, né?
02:14É porque os ministros, e isso tem sido objeto de muitas matérias,
02:18de várias matérias na imprensa,
02:20eles também fazem campanha para emplacar os seus aliados no STJ.
02:25Quantas vezes a gente já falou disso aqui?
02:28Há diversas reportagens recentes,
02:30até sobre treta entre o Dias Toffoli e o Alexandre de Moraes,
02:35como já teve treta no ano passado entre o Cássio Nunes Marques e o Gilmar Mendes.
02:41Então, essa turma é influente, inclusive, em outros tribunais.
02:47O Alexandre de Moraes fez toda aquela pressãozinha ali
02:50para o Lula escolher os aliados dele para o TSE.
02:53Então, essa gente faz campanha para emplacar os seus apadrinhados em outros tribunais.
02:59E aí, você tem grupos que têm causas, você tem empresários,
03:05que foi justamente o exemplo que eu citei aqui, contratei do tempo.
03:08É um empresário rico, que pode ser multado, eventualmente pode ser preso.
03:13O que ele faz?
03:14Ele contrata o escritório que tem parentes de ministro.
03:19Ou o escritório mesmo, para ter esse chamariz,
03:22contrata os parentes dos ministros.
03:24Eventualmente, até o empresário fala para o escritório contratar os parentes.
03:28E aí, você tem um caso assim.
03:31Então, o escritório que contratou os parentes dos ministros do STF
03:36está com um cliente com uma causa no STJ,
03:39onde os ministros têm os seus apadrinhados,
03:42e essa causa ainda pode chegar no STF.
03:44E eles, Gilmar Moraes e Nunes Marques, poderão votar.
03:48Poderão votar, eventualmente, a favor, inclusive, do grupo Petrópolis.
03:54Quer dizer, está tudo liberado.
03:56Não precisa mais de manobras, não tem mais risco de uma investigação apontar isso e tal,
04:03porque eles legalizaram tudo, sendo suspeitos,
04:06para tomar a decisão que tomaram,
04:08de nunca poderem ser considerados suspeitos,
04:11em caso de família,
04:16para deixar aqui bem claro.
04:19O Wilson ainda está comigo aqui na linha?
04:21Ou estou sozinho nessa pauta, produção?
04:23Cadê o Wilson?
04:23Não, eu estou aqui.
04:25Olha, o Vale Família do STF já é uma farra, o Wilson Lima.
04:31Já é uma farra.
04:32E nós, pobres mortais, o que nós podemos fazer?
04:35Apenas acompanhar.
04:37Aquilo que eu sempre falo.
04:39Meu sobrenome é Lima, sobrenome de pessoa da base social.
04:44Então, eu não tenho irmão, primo, cunhado, integrante de Supremo Tribunal Federal.
04:57O que eu acho impressionante nessa história toda, Felipe,
05:00é a falta de Silva.
05:03Me lembrou o Franco.
05:04Era só mais um Silva.
05:05Era só mais um Lima.
05:07O Wilson está quase fazendo aí o pancadão de...
05:10Vai?
05:10Exatamente, querido.
05:11Mas é isso.
05:12O que eu acho inacreditável nessa história,
05:15de novo, é mais uma vez a falta de dever cívicos das nossas autoridades.
05:21Os caras não pensam em um sentimento de Brasil.
05:25Os caras não pensam no país.
05:27Falam da boca para fora.
05:28Mas na hora de fazer, na hora de executar, na hora de trabalhar pelo Brasil, não fazem absolutamente nada.
05:37Eu lembrei, enquanto você estava falando do assunto, Felipe, eu lembrei de um texto que o Greve publicou sobre a decisão do STF, do final de semana, né?
05:47Que literalmente o STF fala o seguinte, lá a garantia sou Joe, né?
05:54A garantia sou eu, né?
05:56Que não vai haver qualquer tipo de desvio de conduta ou conluio.
06:01É assim, é você simplesmente deixar na mão de quem decide, né?
06:08De quem toma as decisões desse país, a garantia de que é um trâmite totalmente honesto e idôneo.
06:15É lamentável.
06:17Eu não compro um carro usado dessa turma.
06:19Eu não compro.
06:20Não, eu também não compro.
06:20O jeito chega e fala, garantia sou eu, eu digo, não compro. Muito obrigado.
06:25Não, essa turma é daquela turma que pega carro de leilão, dá aquela lavada, pinta o carro, dá aquela encerada e manda para algo, muda o odômetro e fala, olha, deixa esse troço aí, vamos vender aqui como seminovo.
06:43Infelizmente é isso que acontece, Felipe.
06:44É o jeitinho brasileiro de você ampliar o poder desses caras na Suprema Corte.
06:53E aí, Felipe?
06:54Eu vou deixar só uma provocação aqui no ar, porque é algo que sempre me perguntam.
07:00Wilson, por que esses caras, como, exemplo, Cristiano Zanin, Zanin ganhou milhões, ganhou milhões como advogado.
07:13Por que esses caras vão, largam o escritório em que eles ganham milhões para ir para o Supremo para ganhar 30, 40 pau?
07:22Pois é, já chegou fazendo valer essa diferença, é essa a impressão que dá.
07:30Porque você está indo no ponto, e a gente tocou nesse assunto na segunda-feira com a presença da Eliana Calmon, ex-ministra do STJ, que sempre denunciou isso.
07:42E ela falou, os ministros ganham pouco, obviamente ela estava falando em relação às bancas privadas, né?
07:48Teve gente ali no Twitter tentando atacá-la por causa disso, mas a pessoa tira do contexto a frase, né?
07:53Para fingir, enfim, que a pessoa desmereceu, o povo brasileiro, etc.
07:57Todo mundo sabe que ministro ganha muito mais do que a média da população brasileira.
08:02Ela estava fazendo uma comparação com os advogados dos escritórios privados, que ganham milhões desses empresários, muitas vezes encalacrados com a justiça, de outros clientes, etc.
08:12Então, assim, o sujeito larga um escritório onde ele fatura milhões.
08:18E aí ele topa virar ministro, que vai faturar mensalmente o teto constitucional, que é ali por volta de 40 mil reais.
08:25Então, ele não vai ter esses casos em que ele ganha milhões de repente.
08:29Só que aí, numa das primeiras canetadas, o sujeito legaliza que juízes possam julgar os casos do escritório da esposa, que é o próprio caso do Zanin.
08:42E aí o escritório da esposa do ministro fica com esse tremendo chamariz.
08:47Isso aqui é a esposa do juiz da última instância, onde a causa pode terminar.
08:55E um juiz influente, ainda mais um juiz que foi advogado do presidente da república.
09:01Eventualmente, a gente vai ter outras vagas para outros tribunais.
09:07E o Zanin pode ser influente, se é que já não vem sendo, nas escolhas do Lula, para a ocupação dessas vagas.
09:14Porque ele pode participar dessas campanhas, como fazem os outros ministros, como eu estava falando agora.
09:21Então, assim, é tudo muito claro.
09:24E a gente aponta na raiz, porque prevê a consequência.
09:28E a consequência, como tudo indica, é o enriquecimento da família.
09:33E ora, vamos ignorar isso.
09:37Aí o sujeito joga uma pipoca ali por outro lado, dá um voto contra a descriminalização da maconha.
09:44Aí o outro lado fala, ó, legal, esse cara é técnico, esse cara é bom.
09:48Olha só a canetada que ele deu no fim de semana.
09:51Ele pode ter uma ou outra convicção, que pode unir o útil ao agradável também.
09:55Pode pagar a fatura de apoio aos políticos que recebeu, para indicação, etc.
10:00Agora, o que ele fez, ajudou o STF a fazer, é muito grave.
10:08E a gente está expondo isso aqui e pautando, inclusive, o debate público.
10:12Fizemos isso.
10:13Eu fiz no fim de semana, chamando a atenção ali, principalmente ao longo do domingo,
10:18depois da formação da maioria, no sábado à noite.
10:20Chamei a Eliana Calmon aqui na segunda-feira.
10:23Ela passou a ser chamada depois por outros veículos.
10:26A Folha foi entrevistar na terça.
10:27A própria Rádio Jornal, na qual eu comento, acabou entrevistando na quarta.
10:34Uma âncora de TV fez um podcast sobre esse assunto, porque o pessoal estava marcando ela
10:39depois que eu cobrei que as TVs falassem alguma coisa.
10:42Mesmo assim, nas TVs, passou muito batido esse tema.
10:47A gravidade é muito grande para o nível de cobertura muito pontual que foi dado.
10:53Agora, ninguém quer perder fonte no Supremo, ninguém quer perder apoio de juízes e tal.
10:59E aí?
11:01E depois, só para completar isso, o faturamento desses escritórios, que são empresas privadas,
11:10eles podem não vir a público.
11:13Às vezes não é fácil saber.
11:15Pelo contrário, é bem difícil saber exatamente quanto que os clientes estão pagando.
11:20A imprensa deveria e deverá, e tomara que faça isso, monitorar para a gente ver o nível de crescimento dos lucros
11:30dos escritórios, dos parentes e cônjuges dos ministros.
11:33Mas, eventualmente, o escritório pode não revelar.
11:36Porque não é diretamente um recurso público, é um gasto público que demanda transparência
11:45porque são os pagadores de impostos.
11:46Não, é uma empresa privada recebendo dinheiro.
11:49Não necessariamente se vai ter toda a transparência a respeito desses valores.
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