- anteontem
O professor de Relações Internacionais Adriano Gianturco conversa com o jornalista Duda Teixeira sobre o empresário e político italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda aos 86 anos após ser hospitalizado para tratar uma leucemia. Neste Crusoé Entrevistas, Gianturco fala das festas bunga bunga e da torcida de Berlusconi pelo time de futebol Milan, além de tecer comparações interessantes entre Brasil e Itália
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://oantagonista.uol.com.br/
https://crusoe.uol.com.br/
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://oantagonista.uol.com.br/
https://crusoe.uol.com.br/
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo, eu sou Duda Teixeira e esse é mais um Cruzoé Entrevistas. Hoje vamos
00:14falar sobre a morte de Silvio Berlusconi. Aos 86 anos, ele foi anunciado agora a morte dele,
00:22ele tinha sido hospitalizado por leucemia. Para falar sobre Berlusconi, a gente convidou o Adriano
00:29que agora aparece na tela, ele é professor de Relações Internacionais no IBMEC, em Belo Horizonte,
00:39também cientista político. Adriano, seja muito bem-vindo ao programa. Olá, olá a todos, obrigado pelo convite.
00:46Adriano, uma pergunta difícil, mas Silvio Berlusconi deixa algum legado aí para Itália? Como é que você vê?
00:55Bom, vou te responder, mas primeiro eu acho importante lembrar que, visto que a Itália não é um país
01:02presidencialista e nem semipresidencialista, mas é um país parlamentarista, a figura do que aqui se chama
01:09primeiro-ministro, que na verdade se chama presidente do Conselho dos Ministros, que foi o cargo que Berlusconi
01:15tem menos poder do presidente no sistema presidencialista, como no Brasil, como no Estados Unidos,
01:22e do presidente no sistema semipresidencialista, como na França, por exemplo. Então, felizmente ou
01:30infelizmente, os primeiros ministros na Itália, na Espanha, etc., conseguem ter um impacto muito menor do que
01:37atrapalharia, porque o sistema é mais centrado no parlamento e o parlamento, no bem ou mal, atrapalha
01:43muito mais. Então, talvez o grande legado, diria paradoxalmente, é este. Claro que, por uma exigência
01:50de tempo, estou tentando resumir, mostrar como, não obstante tenha sido uma pessoa muito carismática,
01:57no bem ou mal, amada e odiada, claro, por outro lado, com um poder, concentrando um poder político e
02:04econômico, ao mesmo tempo, na verdade, conseguiu fazer bastante pouco, se não quase nada. E isso é devido
02:10ao sistema político parlamentar. Se até uma pessoa como Berlusconi não conseguiu implementar muitas
02:18políticas públicas, é porque, realmente, o sistema político é muito fragmentado e aí, para si, os governos
02:26da Itália costumam cair com uma certa frequência, isso é sabido, ao ponto que nunca nenhum governo na história
02:31na República Italiana durou toda a legislatura, todo o mandato. Claro, algumas coisinhas, algumas
02:37políticas públicas ele aplicou, implementou, aprovou e outras conseguiu evitar.
02:43Professor, agora, o Berlusconi, quando ele entra na política, ele já é um homem, um magnata da mídia,
02:50tinha vários canais de televisão, jornais e revistas e ele, acho que uma das promessas dele era
02:57meio que modernizar a economia da Itália. Ele chegou a fazer isso ou mais ele se aproveitou
03:06aí da política meio que para escapar de algumas denúncias, algo do tipo?
03:13As duas coisas, né? A economia italiana se modernizou mais ou menos, muito mais ou menos,
03:19na verdade. E, em parte, graças a ele, em parte, pelo mesmo efeito dos tempos, né?
03:24Do tempo, teria se modernizado de qualquer forma. Talvez o caso mais emblemático é uma reforma do mercado
03:33de trabalho, a reforma BIAG, que pega o nome de um professor de direto ao trabalho, que idealizou
03:42essa grande reforma e que flexibilizou o mercado de trabalho. Mas vale lembrar que, ainda hoje,
03:47nos rankings internacionais, por exemplo, do Heritage Foundation, da Liberdade Econômica,
03:52que mede, entre outras coisas, a liberdade do trabalho, o mercado de trabalho italiano é muito
03:59engessado. Ele quis fazer várias desburacizações, privatizações e liberalizações. Não conseguiu
04:08muito bem. Algumas tinham sido feitas, foram feitas, inclusive, até pelos governos de esquerda,
04:13paradoxalmente. O governo D'Alema, os governos Bersani, e alguns governos precedentes, e depois
04:21de Berlusconi, porque as coisas foram se alternando, que conseguiram, sim, fazer a época das grandes
04:26privatizações, como foi aqui com o FHC, para nos entender, etc. Lá também teve, nos anos 90,
04:32especialmente com o D'Alema, a privatização do mercado energético, das ferrovia, da água, do petróleo,
04:41da luz, das companhias de aviação civil, etc. Ele conseguiu muito, em parte, porque é sempre
04:47por essa questão do sistema parlamentarista ser muito fragmentado e o governo cair regularmente.
04:54Do ponto de vista judiciário, claro que toda a carreira política dele foi perpassada, sim,
05:00por estes vai e vem judiciários. E ele tem vários processos, e escapou de todos, de fato,
05:09não foi condenado, etc., exceto um, onde foi condenado por fraude fiscal, sonegação fiscal, etc.,
05:16algo desse tipo. Todos os outros foram ou prescritos ou foi considerado inocente. E aí, claro, há a
05:24interpretação política sobre isso. Ou seja, por um lado, alguns alegam que ele conseguiu se aproveitar
05:29do poder político para escapar destes processos, e outros alegam que, ao contrário, como ele queria
05:35reformar, e a direita queria reformar a justiça, aí a justiça teria perseguido
05:41politicamente ela.
05:43Professor, agora, a Itália tem, o povo italiano tem uma coisa que gosta, assim, de políticos
05:50populistas, como o Berlusconi. Ele meio que impediu um avanço na política, assim, para se desfazer
05:59desse tipo de coisa?
06:01Olha, eu não sou um adepto dessas teorias culturalistas, das culturas políticas, etc.
06:08Primeiro, a definição de populismo é complicada. Existe uma definição técnica, mas, geralmente,
06:13na mídia é sempre instrumentalizada para chamar de populistas quem eu não gosto.
06:17Então, os populistas são sempre os outros. E, populista ou não que fosse, provavelmente, diria que com certeza
06:26não era o único, e também não era, não é no único, só na Itália. Então, você tem líderes considerados
06:33corretamente ou não populistas no mundo inteiro. A política é um pouco isso, historicamente e mundialmente.
06:40É o famoso poder carismático do qual falava Weber. Então, com certeza, ele tem algumas peculiaridades, diria,
06:47nesse sentido de populismo. Ou seja, gostando ou não dele, ele era um cara muito agradável, simpático,
06:57social, etc., ao ponto que até os maiores inimigos políticos dele reconheciam, reconheceram,
07:06e tem que reconhecer ainda hoje, essas capacidades. Ao ponto que, quando muito jovem, ele começou a carreira
07:13profissional dele, sendo animador em festas de cruzeiros, por exemplo, para você ver o quanto era muito extrovertido.
07:21Daqui, inclusive, as grandes festas que ele deu nas casas, algumas, várias casas que ele tem, que ele tinha,
07:29na Sardínia, com Putin, Gaddafi e outros, porque gostava de se cercear de artistas, de personagens famosos,
07:38sempre estar em companhia. Essa qualidade de grande extroversão, ele queria ser amado pelas pessoas,
07:47é também um dos fatores que fez com que alguns dos erros, gafo, ou, como dizer,
07:55algumas declarações mais ou menos infelizes, a um nível internacional, inclusive,
07:59muitas famosas, muito famosas, foram querendo ou não perdoadas, por este estilo muito elegante dele.
08:10Você citou o Putin, ele era muito amigo do Putin, né?
08:14E, enfim, aqui no Brasil a gente falava muito dele na época das festas Bunga Bunga.
08:21Você acha que, e eu lembro que tinha menores de idade,
08:24algumas até chamavam ele de papi, né?
08:28E acho que ele pagava com joias, essas merinas, e, enfim,
08:34você acha que a imagem da Itália no exterior, assim, foi afetada por isso,
08:40ou meio que se perdoou, assim, não, tudo bem?
08:44Sim, isso é o que ficou muito famoso no exterior, e em termos negativos,
08:49de novo, essa questão da imagem do país é uma preocupação muito brasileira.
08:56Não tem muito essa preocupação fora.
08:59Claro que a maioria das pessoas não gostaram destes eventos,
09:03e aí teve, bom, vamos lembrar, de novo, extroversão,
09:07uma certa simpatia para o zero efemismo para com o sexo feminino,
09:13então, notoriamente, parece que teve vários casos, escândalos sexuais,
09:17algumas fotos que vazaram, aquelas festas onde é proibido
09:22entrar com telefone celular, mas algumas fotos de algumas meninas
09:25que vazaram enquanto se aprontavam nos banheiros,
09:29num banheiro na casa dele, e aí tem algumas conexões com o Brasil também,
09:34porque uma pessoa que intermediava essas conexões,
09:38na época, entre ela e algumas meninas, era brasileira,
09:42e uma dessas festas parece, a mídia conta, que usava, durante algumas festas e encontros sexuais,
09:52usava máscaras do jogador Ronaldinho, que na época, se não era, jogava no Milan,
09:58então tem coisas desse tipo, e algumas, realmente, alguns eventos bem peculiares e negativos
10:03na arena internacional.
10:07E, com certeza, foram coisas negativas que ninguém defendeu,
10:11porque quando você é um grande líder, um personagem público,
10:15se espera, a certa hora do que seja, um contênio, uma responsabilidade,
10:20um trato bem diferente.
10:23Do ponto de vista factual, eu focaria mais nisso,
10:26a amizade de Putin com Putin, que você citou muito bem,
10:28qual foi a política externa dele, da Itália, durante os governos de Berlusconi.
10:35Ele se gabava muito, gostava muito de ostentar essa amizade com Putin,
10:42especialmente, mas não só com ele.
10:43Vale lembrar que era um Putin também diferente,
10:47era o Putin antes da guerra.
10:48Hoje, é condenado internacionalmente, claro,
10:50mas, na época, todos os líderes mundiais apertaram a mão dele, etc.,
10:55também com o Kadhafi, mas ele, particularmente,
10:57eu leio isso muito nesses termos.
11:01Berlusconi era um personagem histriônico,
11:05muito excêntrico e super, super extrovertido.
11:11E, mesmo algumas declarações infelizes dele recentes sobre Putin,
11:16sobre a guerra, eu interpreto dessa forma.
11:18A ideia dele era, e ele falou, simplesmente,
11:20eu sou grande amigo de Putin, se fosse por mim,
11:23se me deixassem conversar com ele,
11:24eu conseguiria acabar com essa guerra conversando com ele.
11:26Mas, de novo, nessa visão muito autocentrada, egocêntrica.
11:30Agora, apesar dele ser amigo do Putin,
11:35ele não consegue mexer na política externa do governo italiano,
11:39apesar do Força Itália, o partido do Berlusconi,
11:42integrar a coalizão.
11:44E, agora, com a morte do Berlusconi,
11:45o Força Itália continua.
11:48Esse partido continua, vai ter alguma força,
11:53o Força Itália vai ter alguma força daqui para frente?
11:57Ou a Giorgia Meloni vai assumir,
12:00atual primeira-ministra,
12:02vai assumir como uma sucessora desse movimento Berlusconi?
12:08Então, muito interessante, Duda,
12:12porque ele fez uma política externa de continuidade.
12:15A Itália é um país que, desde sempre,
12:18desde a segunda, pós-guerra, desde 1948,
12:22é um país que tem uma política externa,
12:23um posicionamento nitidamente, claramente,
12:26atlântico, atlantista, europeísta.
12:29Então, está posicionado no eixo ocidental,
12:32com os Estados Unidos e com a União Europeia,
12:33sem nenhuma reserva.
12:36E ele, inclusive, continuou com isso,
12:38essa proximidade com os Estados Unidos e com a União Europeia.
12:41Isso não é colocado em questão por nenhum governo da Itália,
12:44nem quando governa a esquerda,
12:46no ocidente, nem quando governa a esquerda,
12:49ninguém chega a loucuras do tipo de apoiar Chávez,
12:54ou Akhmedinejad, ou Cuba, ou Angola,
12:58ou ditaduras socialistas em pleno século XXI.
13:02Então, ele continua nesse sentido.
13:03Recentemente, como você bem notou,
13:05ele teve essas declarações infelizes sobre Putin,
13:08sobre a guerra, mas ele já estava mais fraco politicamente.
13:12Força Itália, o partido dele, já é mais fraco,
13:15então ele deve reconhecer mais poder à direita
13:19e à Georgia Meloni,
13:20e que continua nesse posicionamento filoatlântico,
13:25filoatlantista com os Estados Unidos.
13:27E ele, que queria dar, talvez, uma aproximação com a Rússia,
13:32não conseguiu.
13:33E a Georgia Meloni, hoje, está, claro, surgindo como líder da direita,
13:38da nova direita.
13:40Não é exatamente o mesmo perfil, bem diferente,
13:42é uma política de profissão, coisa que Berlusconi não era,
13:45um grande empresário e tudo.
13:46Inclusive, sempre ostentou uma certa crítica aos políticos de profissão,
13:52e Georgia Meloni está conseguindo, hoje,
13:57surpreender bastante, inclusive, os críticos e a oposição,
13:59porque está se demonstrando,
14:02concordando ou não no mérito das propostas dele,
14:05mais profissional, menos amadora do que parecia,
14:08e o governo dela está,
14:09não obstante uma grande oposição,
14:11inclusive, na União Europeia,
14:12está conseguindo, querendo ou não,
14:15navegar e continuar.
14:17E não caiu ainda,
14:18que é uma surpresa, praticamente, na Itália.
14:21Então, pode se revelar uma promessa
14:23para o presente, barra futuro.
14:26Professor, gostei das duas comparações
14:29que você fez com o Brasil.
14:30Uma é que são os brasileiros,
14:32que ficam sempre preocupados,
14:33como é que o mundo está olhando para a gente,
14:36a Itália não é tanto assim,
14:37e que a política externa italiana é mais coerente,
14:41mais coesa,
14:42não tem essa coisa de sair apoiando ditadores.
14:46Nesses dois pontos aí,
14:47a Itália está melhor que a gente, certo?
14:50É, no segundo, com certeza,
14:52diria que sim,
14:52diria que não é pegadoridade da Itália,
14:54talvez a exceção é mais o contrário,
14:56diria que, repito,
14:57nem na França isso acontece,
14:59Canadá, se você olhar Canadá, França,
15:01Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra,
15:04nem quando ganha a esquerda,
15:05não muda a política externa
15:07apoiando ditaduras socialistas.
15:09E mesma coisa na Itália,
15:11então não é exceção.
15:13E se posso lembrar um caso interessante,
15:15inclusive,
15:15além dessas conexões divertidas com o Brasil,
15:20às vezes,
15:23assim, na margem da legalidade,
15:25como lembramos antes
15:26nessas festas,
15:27encontros sexuais,
15:30Berlusconi também, se não erro,
15:31foi o último,
15:32foi durante o governo Berlusconi
15:35que teve a última viagem
15:37de um primeiro-ministro,
15:39entre aspas, italiano,
15:40ao Brasil, se não era em 2008.
15:42Desde lá,
15:44o primeiro-ministro da Itália
15:45nunca visitou o Brasil.
15:47E ele tem alguns méritos,
15:51de fato.
15:51É um cara que, gostando ou não,
15:54já entrou nos livros de história,
15:56será estudado,
15:57que fez parte da história italiana,
15:58e eu queria distinguir especialmente
16:01dois Berlusconi.
16:03O Berlusconi não político,
16:05antes, até os 56 anos,
16:07e o Berlusconi nos últimos 30 anos.
16:09Berlusconi pré-política,
16:11sem sombra de dúvida,
16:12um grande personagem de sucesso.
16:14É um cara que não é exatamente pobre de família,
16:18mas que ascendeu,
16:19virou o homem mais rico da Itália,
16:21primeiro na área,
16:22no setor imobiliário,
16:23depois na TV,
16:26na publicidade,
16:28na editoria,
16:29e no futebol.
16:30Todo mundo lembra do Milan,
16:33campeão do mundo,
16:35Milan,
16:36que era um dos times mais fortes do mundo,
16:38que inovou muito.
16:40Ele foi o cara que criou,
16:41de fato,
16:42a TV privada na Itália,
16:45com três canais,
16:45como se tivesse criado,
16:46mais ou menos, a Globo,
16:47para você entender.
16:48Até os anos 80,
16:49não tinha nada disso.
16:50Tinha só três canais de TV estatais,
16:53então,
16:54sem sombra de dúvida,
16:55grande sucesso.
16:57E claro,
16:57quando entra em política,
16:58em 93, 94,
17:00depois de Tangentopoli,
17:02da operação Mãos Limpas,
17:05tipo a operação que teve aqui,
17:07de Lava Jato,
17:08para nós entendermos,
17:10ele, obviamente,
17:11começou a atrair
17:13tanto seguidores,
17:14quanto detratores.
17:16E aí lá,
17:16obviamente,
17:18há mais críticas,
17:19e o legado é mais polêmico.
17:22Ótimo.
17:22professor,
17:23superobrigado
17:24pelo seu tempo hoje.
17:26Eu conversei com
17:26o professor Adriano
17:28Gianturco,
17:29professor de Relações Internacionais
17:31e cientista político
17:32do IBMEC,
17:34em Belo Horizonte.
17:35A gente conversou aqui
17:36sobre a morte
17:37do Silvio Berlusconi,
17:39italiano,
17:40que foi primeiro-ministro
17:41aos 86 anos na Itália.
17:44Adriano,
17:44superobrigado,
17:45viu?
17:45Um abraço.
17:46Obrigado,
17:47até mais.
17:47Tchau.
17:49Tchau.
17:51Tchau.
17:52Tchau.
17:52Legenda por Sônia Ruberti
Recomendado
5:33
|
A Seguir
3:23
9:01
3:56
29:39