O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos‑PB), alerta que o governo precisa “fazer o dever de casa” com cortes antes de propor aumento do IOF. Ele destaca a resistência do Congresso e do setor produtivo à taxação sem controle dos gastos públicos.
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NotíciasTranscrição
00:00De volta a Brasília, o presidente da Câmara, os deputados, Hugo Mota, manda um recado e afirma que o governo deve fazer mais a lição de casa
00:07e procurar medidas para cortar os gastos públicos. Reportagem de Luciana Verdolim.
00:14Depois da polêmica gerada pelo pacote do Ministério da Fazenda que previa aumento do IOF,
00:20o Congresso Nacional espera agora que o Palácio do Planalto tenha em caminho formalmente uma nova proposta alternativa
00:26que já está sendo muito criticada.
00:30O presidente da Câmara, o deputado Hugo Mota, diz que até entende a necessidade aqui da administração federal
00:36tomar medidas que aumentem a arrecadação de impostos, mas ele ressalta que não dá para esse ser o único caminho.
00:45O Congresso, depois de ameaçar barrar o projeto que previa o aumento do IOF,
00:51agora vai discutir o que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está chamando de recalibragem do imposto.
00:59O problema, segundo o presidente da Câmara, é que, mais uma vez, a administração federal
01:05não fala em ajustar as suas contas, apenas em aumentar os impostos.
01:13Na nossa avaliação, o governo precisa, além das medidas que tem chegado, faz de chegar a Câmara dos Deputados,
01:20ao Senado Federal, tem também que apresentar, junto dessas medidas,
01:23o mínimo dever de casa do ponto de vista do corte de gastos.
01:27É isso que eu penso que está faltando ao governo e que agora eles têm a oportunidade,
01:33diante dessas últimas medidas que foram extremamente mal recebidas no Congresso,
01:38no setor produtivo, de poder alinhar uma agenda que seja boa para o nosso país.
01:43A alternativa, segundo o Gmota, é buscar mudanças mais estruturantes e, por isso,
01:49ele aposta na apresentação de uma reforma administrativa que deve ser anunciada no início de julho pela Câmara.
01:57Ele admite, no entanto, que às vésperas do período eleitoral não é nada fácil aprovar medidas consideradas amargas.
02:05O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Pedro Lupion,
02:11diz que tudo o que o país não precisa nesse momento é aumento de carga tributária.
02:17Segundo ele, é preciso, sim, que o governo dê exemplo.
02:22Quando a gente fala de aumento de carga tributária, a gente fala de fuga de investimento.
02:25Quando a gente fala de aumento de impostos, a gente fala de diminuição de crescimento econômico
02:30em um momento em que a gente precisa do exemplo.
02:32E o exemplo que nós temos cobrado sempre é cortar na carga.
02:36O exemplo que nós temos cobrado sempre é fazer com que o Executivo, infelizmente,
02:42assuma a responsabilidade de cortar gasto público, de equilibrar as contas públicas,
02:47de diminuir o tamanho da máquina e de fazer o Brasil gigantesco do jeito que é
02:52ter minimamente equilíbrio fiscal para que a gente possa crescer, desenvolver e continuar investindo e atraindo investimentos.
02:59O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz que entende a reclamação do setor agrícola,
03:05mas que o fim da isenção de imposto de renda sobre as letras de crédito do agronegócio,
03:11as chamadas LCA's, não vai prejudicar o título, não vai torná-lo menos atrativo,
03:19nem prejudicar o financiamento do setor.
03:22A LCA, que hoje não tem a cobrança do imposto de renda,
03:28quando nós tivemos no ano passado uma inflação de 5% e uma taxa básica de juros de 10%, a Selic,
03:37portanto tinha um rendimento líquido ao investidor em torno de 5% ao ano.
03:42Hoje com a Selic de 14% para 75%, quase 15%, e a inflação ainda contida em torno de 5%,
03:48a margem está de quase 10%.
03:51Então veja, me parece que é uma alternativa que vai continuar mantendo a atratibilidade do investidor na LCA,
03:59apesar de pagar 5% de imposto de renda,
04:01porque nas outras opções de investimento pagam de 15% a 22,5%.
04:05É um setor muito seguro, muito forte.
04:07O ministro explicou que ele tinha conhecimento da proposta antes dela ser anunciada
04:12e nega que o aumento da tributação vai significar, no fim das contas,
04:17aumento também do preço dos alimentos, como têm reclamado as entidades.