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  • 31/05/2025
Nelson Jobim avaliou no programa Só Vale a Verdade desta semana se há interferência do Supremo Tribunal Federal no Congresso sobre as emendas. O ex-ministro explicou a escalada da medida, que no princípio servia para ajustar cálculos até se transformar em impositiva, com a falta de transparência dos repasses e ter se tornado uma grande fatia do Orçamento da União, que enfim “se tornou uma verdadeira balbúrdia”. Segundo o jurista, “as ações desenvolvidas pelo ministro Flávio Dino neste caso estão corretas”.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=ahRG5ujA39Y

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Transcrição
00:00Muitos acusam que o STF, o Supremo Tribunal Federal, está de uma forma e de outra interferindo no cotidiano da vida do Congresso
00:07em relação justamente às emendas parlamentares, especialmente o ministro Flávio Dino.
00:12Na leitura do senhor há esse tipo de interferência indevida do Supremo Tribunal Federal?
00:18Não vamos fazer uma coisa genérica.
00:21Vou falar primeiro nessa demanda que você falou.
00:24Ali surgiu isso, começou, não com o Flávio, começou lá atrás.
00:29Em que passou-se a exigir transparência, tinha aquele negócio de emenda, porque isso começou com a emenda de relator.
00:35Porque a emenda de relator acabava sendo aquilo que chamava o orçamento secreto.
00:40Porque a emenda do relator anteriormente era para ajustar cálculos, enfim, do projeto de orçamento, etc.
00:47Mas depois começaram a atribuir destinações, que ninguém sabia para quem era.
00:52Aí veio o tal de orçamento secreto.
00:53Houve, então, um despacho, uma decisão da ministra Rosa Weber, que estabeleceu a necessidade de fazer isso.
01:00Aí o que aconteceu?
01:02Paralelamente, vejam como é que evoluiu isso.
01:05Quando houve o conflito político da presidente Dilma com o presidente da Câmara da época,
01:13Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha aprova uma emenda constitucional tornando impositiva as emendas individuais ao orçamento dos deputados.
01:25Depois dessa impositividade se transferiu também para as emendas de bancada.
01:31E aí depois se criou a emenda PIX.
01:34Que nada mais era do que uma forma de execução das emendas anteriores.
01:39E essa emenda PIX, o que você que era?
01:41Eu mandava diretamente.
01:43E aí você criou uma balbúrdia.
01:45Uma balbúrdia que determinou, inclusive, um crescimento enorme da participação da Câmara dos Deputados na parte discricionária.
01:53Que, na verdade, não é discricionária, porque as emendas são impositivas.
01:56Logo, não é discricionária, mas pedaço deles.
01:59Hoje está a 50 bilhões o valor dessas emendas.
02:02Eu acho que as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Flávio Dino, neste caso, são corretas.
02:09Está determinando alguma coisa que seja a transparência.
02:14Não está dizendo que você mande para cá ou para lá.
02:16Tem que dizer para onde manda e quem manda.
02:18E aí você estabelecer regras do jogo.
02:20Então, com isso, eu quero dizer que o Supremo, nessa hipótese, não está intervindo.
02:26Está nada mais fazendo com que a prática orçamentária esteja adequada ao modelo constitucional.
02:34Porque a Constituição não determina isso.
02:37Mas agora há também um problema, que é outra coisa.
02:40Que é o que você está referindo ao ativismo judicial.
02:43Sim.
02:44Eu faço uma distinção entre judicialização da política e ativismo judicial.
02:49A judiciação da política decorre do fato de que derrotado na Câmara,
02:55ou derrotado na situação, leva para o Supremo o problema.
02:59Por quê?
03:01Porque a política perdeu a capacidade de resolver os seus conflitos.
03:04E com isso, o que se faz?
03:06Os derrotados, no aspecto político, dirigem ao tribunal pretendendo mudar aquela decisão.
03:14Exigindo uma decisão que, às vezes, e muitas vezes, é só da política para resolver.
03:19Ora, eu, quando estava no tribunal, sim, surgiu muito esse caso.
03:23E nós tínhamos uma posição, é matéria interna corpus.
03:26Você diz que tem que resolver.
03:28É o Congresso que tem que resolver.
03:29É a competência do Congresso.
03:31Progressivamente, começaram a surgir as influências de um modelo acadêmico chamado neoconstitucionalismo.
03:39que estabelece a capacidade de uma interpretação ampla da Constituição
03:47para que jogue na história e façam a civilização do país.
03:52O porta-voz disso é o Presidente Supremo, o Gilberto Barroso, que tem livros e tem discursos nesse sentido, etc.
03:59O que é uma posição adequada para a academia, não para o tribunal.
04:03Mas o fato é que isso começou a funcionar dentro do tribunal.
04:06E o argumento é que a Constituição é muito ampla.
04:11Não, é verdade, a Constituição é muito ampla.
04:13Realmente é muito ampla.
04:14E ela não é ampla porque nós vamos decidir por que não ser ampla.
04:18Porque as pessoas queriam colocar na Constituição aquilo.
04:21E foi.
04:22Foi o que aconteceu em 88.
04:23Bom, o que nós tivemos logo em seguida?
04:26Você tem uma amplitude de regras que não dizem respeito a poderes, dizem respeito a direitos individuais.
04:38Acontece que você tem uma série de direitos individuais, uns distintos dos outros.
04:43Você tem os direitos civis e políticos, que foram no final do século XIX,
04:49em que a satisfação desses direitos independe de prestações.
04:56Direito dirigido.
04:59Você tem que respeitar que você não tem que me pagar nada para fazer isso.
05:05Você tem que afastar.
05:06É o que os alemães chamavam de direito-poder.
05:10Mas depois, no final do século XIX, com a emergência dos partidos socialistas,
05:16dos direitos, aí surgiram direitos econômicos e sociais.
05:19Os direitos econômicos e sociais dependem de uma prestação do Estado, correto?
05:23Ou seja, saúde, educação, alimentação, moradia, etc., tudo depende de uma prestação.
05:33É diferente daqueles direitos anteriores, direitos civis e políticos,
05:38que se satisfaziam pelo mero exercício, estes só seiam satisfeitos se houvesse a prestação.
05:45Quem é que tinha que fazer a prestação?
05:46O Estado.
05:47Há um autor italiano que você conhece, o Sartori, que diz que nesse momento a democracia entrou em déficit.
05:55Porque com o voto universal, passaram a participar dos parlamentos os beneficiários do sistema.
06:02E aí começou a surgir essa coisa que todos nós conhecemos.
06:05O que é normal.
06:05Agora, afirmar, por exemplo, que é da competência do Poder Judiciário de decidir políticas públicas,
06:16a Constituição estabeleceu políticas públicas.
06:19E quem é que executa políticas públicas?
06:21O Poder Executivo.
06:23Quem é que tem que legislar?
06:24O Poder Legislativo.
06:26Mas aí se diz o seguinte, não, nós temos um princípio do non-licit,
06:31ou seja, o tribunal não pode deixar de julgar.
06:33Não é bem assim.
06:36Não pode deixar de julgar naquilo que é competente.
06:40Porque a Constituição estabelece competências para diversos, para os tribunais.
06:44Agora, estão se entendendo de que a competência do Poder Judiciário sobrepõe-se à dos outros.
06:49Não, não é assim.
06:50Isso é uma causa também de tensão e de conflitos.
06:55Como nós estamos indo para o final, ministro,
06:58eu queria explorar justamente essa questão aqui, que é o que aparece no cotidiano, todo dia.
07:04O senhor disse assim, o partido perde a votação aqui e demanda,
07:07e lembrar que o Poder Judiciário é inerte, ele só age quando provocado.
07:11Aí o partido, só para lembrar que nos acompanha,
07:13aí obriga o Supremo a se pronunciar e deixa, como o senhor lembrou,
07:18de ser um assunto interno para ser resolvido.
07:20O STF poderia devolver a questão ao Congresso e falar,
07:25vocês resolvam, não é da minha competência.
07:27Nesse caso, como essa interferência, entre aspas,
07:31dizem alguns do STF, que é constante quando demandado,
07:35o senhor acha que ele está ultrapassando o que determina a Constituição?
07:38Ah, em alguns casos, sim.
07:40Não é geral.
07:41Sim.
07:41Fica a casos.
07:42Agora, acontece o seguinte, tem certos casos que são simpáticos.
07:45Veja, a discussão que está sendo feita sobre a droga,
07:52sobre o consumidor de droga.
07:55A diferença é entre o traficante e o consumidor.
08:01Lembra-se da discussão que deu no tribunal?
08:03Quantas gramas poderia ser?
08:06Ah, uns queriam X gramas, outros X mais 1, outros X mais 12.
08:10Tem cabimento?
08:11Não é disso.
08:12Isso é para uma decisão do Poder Judiciário.
08:15Aliás, Legislativo, não Judiciário.
08:17Mas lá, resolveram.
08:18Discutindo tem que ser tantas gramas, tanta grama para casa,
08:21porque isso é injusto tratar o viciado ou o consumidor
08:25na mesma forma que o traficante, etc.
08:28Confusão.
08:30A questão do aborto, por exemplo.
08:33Você acha que o aborto é algo da competência de juízes não eleitos?
08:39Poderam gostar de que há uma corrente enorme de costumes hoje que é contra o aborto.
08:47Mas é o que temos.
08:49E o que temos tem que ser respeitado.
08:52Vamos mudar.
08:53Podemos mudar.
08:53Eu, por exemplo, favorável.
08:55Mas eu também reconheço que os outros, sendo maioria, vão controlar a decisão.
09:00Agora, nós queremos atalhar o fato de não termos poder político para conseguir isso
09:08e conseguir isso via o Poder Judiciário.
09:11Isso não leva bem.
09:12Porque isso é muito bom quando acontece com os outros.
09:17Mas um dia pode acontecer contigo.
09:19Estamos indo para o final, mas tem uma última questão.
09:23Vou passar para o senhor, quer dizer, de uma forma sintética.
09:26O senhor falou, usou a expressão, juiz não eleito.
09:29Eu acompanho diariamente, até porque estudei lá, o México.
09:33E lá agora, no domingo, vai ter eleições para todo o Poder Judiciário.
09:38E está havendo uma polêmica danada.
09:41Inclusive uma campanha de abstenção, não em votar.
09:44O senhor acha que juiz não pode ser eleito?
09:46Não deve.
09:47Porque não é função.
09:48Juiz não é representante de ninguém.
09:50Ele tem um sentido.
09:53Foi criado o Poder Judiciário para aplicar a lei feita pelo poder competente, que é o Legislativo e junto com o Executivo.
10:02É isso.
10:03Para interpretar a lei no caso concreto, você não está representando alguém.
10:09Você está exercendo uma função que é uma função do Estado.
10:11Logo, não tem nada de politização nisso.
10:17Agora, eu observo na experiência que eu tenho com o advogado, enfim, o AB, essas coisas todas.
10:22Toda vez que você começa as discussões políticas dentro do Poder Judiciário, não da parte judiciária, mas da parte das associações,
10:31pode ter uma briga.
10:33A eleição de uma associação de juízes não é uma coisa simples, não.
10:37Também não é sempre no AB.
10:38Ou seja, é uma disputa sem experiência.
10:43Agora, eu tenho uma coisa curiosa a te mostrar.
10:47A minha geração foi uma geração que se criou na política estudantil.
10:54Eu fui produto da política estudantil secundarista,
10:58em que havia em Santa Maria, a União Santa Maria de Estudantes,
11:01havia a organização do Estado, etc.
11:04Depois vieram os centros acadêmicos.
11:07Não vieram depois, já existiam, mas saindo do secundarismo,
11:12fomos para os centros acadêmicos.
11:13E nós aprendemos política fazendo política estudantil.
11:17Com o advento do regime militar,
11:22não tivemos, não houve nenhuma experiência
11:24deste tipo de experiência que a minha geração teve.
11:29Ou seja, houve um gap,
11:31em que não se aprendeu a fazer política.
11:34Então é bom se pensar se isto tem ou não.
11:37É também uma concausa para os programas de hoje.
11:41Perfeito.
11:42Uma questão complexa, mas como falta um minuto aí,
11:46o senhor acha que a designação, tal qual dispõe desde a Constituição de 1891 até agora,
11:52da designação do ministro do Supremo, tem de continuar igual?
11:55Ou seja, o presidente indica, o Senado sabatina e aprova não?
11:59É um modelo que nós vivemos.
11:59Tem outros modelos.
12:01Eu, por exemplo, sou favorável ao mandato.
12:04Favorável. De quantos anos?
12:05Quer dizer, 12 anos.
12:0612 anos.
12:07É um modelo mais razoável.
12:09E aí tem que fazer um cálculo com matemática complicado,
12:11porque você não pode fazer uma substituição de um tribunal integral no mesmo ano.
12:17Bom, fora disso, houve uma discussão na época, na Constituição de 88, na Constituinte,
12:26por exemplo, havia uns que queriam que fosse indicado,
12:32uma terça parte fosse indicada pelo Poder Judiciário,
12:36uma terça parte pelo Poder Legislativo e a outra terça parte pelo Executivo.
12:41Isso não ia funcionar.
12:45Ou seja, candidatos, começaram a ir a ser candidatos para disputar na Câmara a eleição para ser ministro.
12:55Os acordos políticos que começavam a surgir aí seriam terríveis.
12:58Nós sabemos disso.
13:00Veja, a OAB tem o quinto constitucional.
13:05O quinto constitucional da OAB era escolhido, três, divulgados pelos desembargadores,
13:11pelos tribunais de justiça que enviavam o governador e o governador de escravidão, um deles.
13:16Aí na Constituinte, por sugestão da OAB da época, o Márcio Tomás Bássio era o presidente da OAB,
13:22estabeleceu-se que a OAB faria uma lista cêxtupla.
13:28E essa lista cêxtupla era enviada ao Poder Judiciário.
13:31Funciona assim hoje.
13:32Cêxtupla era enviada ao tribunal, o tribunal reduz para três e manda para o Executivo decidir.
13:41Como é que se indicam esses seis, essa lista cêxtupla?
13:46A experiência não deu certo, não funcionou.
13:50No meu ponto de vista, não funcionou, porque aí passou a ser um instrumento político também.
13:55Se eu sou candidato a diretor da OAB, talvez os colegas da OAB não gostem disso,
14:02mas se eu for candidato a presidente de uma subsessão, aliás,
14:09nós subsedamos isso da Conceito Seccional Estadual da OAB,
14:14eu olho e vejo que durante o meu mandato vão ter três vagas no quinto constitucional.
14:20Se eu posso fazer seis personagens em cada vaga, serviço tem dezoito.
14:27Tem dezoito pessoas e aí eu posso dizer,
14:29se você me apoia, eu te garanto que vou te cobotar na lista.
14:33E aí?
14:35É complicado.
14:37Vamos trabalhar com os fatos, vamos tratar os fatos.
14:41Bom ou mal são eles, são assim.
14:43E nós temos que ter capacidade de falar somente a verdade sobre os fatos,
14:49mas não a verdade dos fatos.
14:51Para dizer, temos que fazer alguma coisa.
14:53Temos.
14:53Eu concordo que nós estamos num momento difícil, porque o mundo vem no mundo.
14:57Nós não sabemos realmente onde é que vai parar isso.
15:00Qual é o modelo que vai surgir?
15:01Que mundo vem por aí?
15:03Não sei.

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