- 31/07/2025
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o decreto que impõe tarifas de 50% aos produtos brasileiros, mas o texto inclui exceções. Setores como petróleo, laranja e aviação, que estavam entre os mais preocupados, foram isentados. Ao todo, 694 produtos brasileiros ficaram fora da sobretaxa. Charles Mendlowicz, o Economista Sincero, explicou a medida de Trump.
Apresentador: André Marinho
Entrevistado: Charles Mendlowicz
Comentaristas: David de Tarso, Mano Ferreira, Monica Rosenberg e Natalie Verndl
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NotíciasTranscrição
00:00Que semana agitada, mais um capítulo nesse armagedom institucional, nesse verdadeiro apocalipse comercial, econômico, tarifário, enfim, geopolítico e jurídico que o Brasil está mergulhado, né?
00:10Mas olha só, pessoal, na manhã dessa quinta-feira, que segue a agitadíssima, já começou com tudo,
00:15depois que o presidente americano Donald Trump decidiu adiantar a imposição da tarifa de 50% ao Brasil na tarde de ontem,
00:23o fato é que a aplicação vai acontecer apenas no dia 6, tá? Então houve uma folga nesse sentido.
00:27Mas até lá, muita coisa pode acontecer e alguns setores brasileiros conseguiram até escapar do tarifaço americano,
00:34setores estratégicos até para o mercado interno americano, insumos brasileiros que os americanos importam, né?
00:40Falamos aqui da Embraer, todas as peças envolvidas nas aeronaves, no setor aéreo, o próprio setor de aço,
00:46altamente relevante nessa balança comercial, foi eximido nesse primeiro momento.
00:51O petróleo também, definitivamente uma boa notícia, e também o da laranja,
00:55mas vários outros foram diretamente atingidos, vamos repercutir aqui no detalhe.
01:00O importante é a gente pontuar também que o Donald Trump reafirmou que não deixará ninguém atacar o dólar como o BRICS faz.
01:07Deixando ali um claro sinal, uma piscadela para o presidente Lula, também alivia a barra e a retórica
01:14nesse papo de desdolarização da economia.
01:16Mas a lista de exceções, Mano Ferreira, vou até te acionar aqui que não serão sobretaxadas,
01:22também é longa, né?
01:22São 700 produtos, quase 700 produtos que beneficiam os segmentos estratégicos,
01:26mas o impacto econômico é o mesmo.
01:28Queria ter o Abre Alas aqui para a gente saber onde a gente está pisando agora.
01:32Muito bom dia, Marinho.
01:33Bom dia para os amigos e para toda a nossa audiência.
01:36Não, o impacto econômico não é o mesmo,
01:38porque um cenário de você ter uma tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros
01:45seria muito pior do que este novo cenário,
01:50onde nós temos a tarifa de 50% para alguns produtos brasileiros,
01:55mas uma lista de literalmente 700 exceções que passam a ter uma tributação diferenciada.
02:04E aí o ponto é, a gente ainda não consegue dizer com precisão
02:10qual o tamanho da tarifa média dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
02:17Notadamente temos, por exemplo, o café que ficou de fora,
02:21a exportação de frutas, o que prejudica bastante algumas regiões do Brasil,
02:27como o Vale do São Francisco, que é um grande exportador da fruticultura para os Estados Unidos
02:32e está tendo a sua produção afetada.
02:37Mas, ao mesmo tempo, outros setores econômicos,
02:41como, por exemplo, o suco de laranja,
02:44como os componentes para aviação,
02:47o que inclui a Embraer,
02:50acabaram sendo poupados desse tarifaço.
02:54Então, o cenário hoje é melhor do que a expectativa que vinha sendo criada
03:00desde o primeiro anúncio da carta enviada por Donald Trump,
03:05onde ele falava de 50% para todos os produtos.
03:09Abre também uma margem de esperança para que a gente,
03:13já que temos 700 exceções,
03:16por que não ter 800?
03:18Por que não ter 900 exceções?
03:20Ou seja, abre a esperança que há uma margem para negociação comercial.
03:25E qual a dica para ter efetividade?
03:29Aparentemente, a dica é através do empresariado americano.
03:34Tudo indica que foi a pressão da própria economia dos Estados Unidos,
03:41dos agentes econômicos americanos,
03:47que dependem da importação de produtos brasileiros,
03:50que levou a essa longa lista de exceções.
03:53Nathalie, eu vou te acionar aqui,
03:55até porque uma das maiores dúvidas é se o tarifaço pode encarecer
03:58ou baratear o preço dos alimentos no Brasil.
04:01Se a gente olhar especialmente para o agronegócio no centro-oeste,
04:04no sul do Pará, no norte de Minas e no interior de São Paulo,
04:08eles que concentram a principal produção dos principais,
04:12enfim, os principais itens que não foram eximidos.
04:16No caso, carne bovina, suína, etanol e os seus derivados,
04:21frutas como manga, abacate, melão.
04:24Então, naturalmente, eles vão buscar alternativas ali rumo à China.
04:29Pode ser que haja um excesso aqui para o mercado interno.
04:33Queria a tua análise nesse sentido.
04:35Veja, no primeiro momento, a curto prazo,
04:37a gente vai ter que trazer esses produtos aqui para o mercado interno.
04:41Então, muito no curto prazo, acontece desses preços terem uma redução
04:45para nós, brasileiros.
04:47É claro que o volume que nós temos olhando até a nossa pauta de exportação,
04:50ele é muito elevado, né?
04:52Então, a gente tem que redirecionar toda essa produção
04:56para novos consumidores no mercado internacional.
04:59Uma possibilidade que tem sendo discutida
05:01é justamente direcionar essa produção, fazer o escoamento para a China.
05:05É claro que ela não deve ser o único parceiro comercial.
05:08A gente precisa diversificar esses nossos parceiros.
05:11Até porque a nossa pauta de exportação, ela é essencialmente agro, né?
05:15Então, a gente precisa olhar com mais carinho
05:17para esse setor e poder diversificar essa produção
05:20que também é um desafio para o curto prazo.
05:24Isso só vai acontecer a médio e longo prazo,
05:26uma vez que redirecionar a produção é uma tarefa muito árdua e complicada.
05:31Isso é muito bem colocado.
05:32Agora, para entender, de fato, aqui os impactos
05:34da forma mais precisa possível,
05:36eu proponho que a gente acione aqui o economista sincero,
05:39sempre sinceríssimo, jamais com sincericídio, muito pelo contrário,
05:43nosso amigo aqui do Morning Show,
05:44Charles Mendelovics, que inclusive mora nos Estados Unidos
05:47e vai poder trazer o panorama aqui completo do que está pegando.
05:51Fala, Charles.
05:51Obrigado, meu irmão, pela presença novamente aqui.
05:53Eu acho que o desfecho que a gente se viu diante ontem, né?
05:58Queria muito a tua opinião, é que basicamente o Trump aplicou ali
06:01o pragmatismo imperial nacionalista dele, ou seja,
06:04poupou certos setores que a economia americana depende de importação,
06:10fertilizantes, silício, as peças de aeronave, celulose, por exemplo.
06:15Agora ele acabou, enfim, punindo, ou pelo menos castigando,
06:19setores que de alguma maneira competem ali com, principalmente,
06:22o agronegócio americano, né?
06:23Como é que ficou a tua leitura?
06:25Ficou, claro que ficou menos pior aqui do que a gente imaginava,
06:30mas ainda está longe de ser um alívio, um momento para respirar aliviado, né?
06:35Bom, bom dia para você, bom dia para todos os espectadores aí,
06:38turma da bancada.
06:40Olha, acho que o Trump foi para o pragmatismo mesmo.
06:42Ele olhou para o mercado interno americano, juro muito elevado já,
06:47e no momento desse, como é que você vai deixar subir mais ainda alguns produtos,
06:51principalmente produtos que têm uma importação aqui nos Estados Unidos importante,
06:55que nem o suco de laranja e outros produtos também.
06:58Eu acho que ele vai acabar compondo e reduzindo ou não permitindo tarifas
07:02em mais produtos dessa sexta aqui que a gente está falando,
07:05porque o que bate é o mercado interno.
07:07A gente sabe, pelas últimas eleições, que a inflação tem um peso muito alto,
07:12na popularidade.
07:13Então, como é que você vai deixar o teu mercado interno ter uma alta de preço
07:17e aí, provavelmente, até uma manutenção depois do juro elevado?
07:21Ele teve que optar pelo pragmatismo e não deixou que as tarifas alcançassem
07:26todos os produtos.
07:28Eu acho até que não teve negociação nenhuma.
07:30Na verdade, eu não acho.
07:31Foi o que a gente viu, que não teve negociação nenhuma
07:34do corpo diplomático brasileiro com o corpo americano.
07:37Foi muito mais um processo de lobby e bom senso do que uma vitória da diplomacia brasileira.
07:44Nós não vimos, nos últimos dias, o governo brasileiro apresentando.
07:48Olha, sentamos e fizemos um acordo que nem o Japão está fazendo,
07:53que nem a União Europeia está fazendo.
07:55Simplesmente, o governo americano tem lobby muito forte, a gente sabe disso.
08:00E as empresas aqui fizeram lobby.
08:02Por exemplo, no setor de aeronaves.
08:05A Embraer é muito importante.
08:06Ela vende aqui tantos jatos comerciais, jatos executivos.
08:10Como é que as empresas americanas iam pagar um preço mais caro pelas aeronaves?
08:15Alguns produtos, você demora muito tempo para exportar, para importar.
08:20Até em termos de frutas, que nem a gente estava conversando,
08:23vocês estavam conversando aí na bancada.
08:26É difícil substituir.
08:27Ah, vamos migrar as exportações de manga ou de laranja ou de castanha dos Estados Unidos para o Oriente Médio.
08:35Tudo bem, vamos migrar.
08:37Mas como?
08:38Você tem que ir numa feira, você tem que apresentar, você tem que ter o comprador.
08:42Às vezes são processos de décadas estabelecidos já.
08:46Então, acabou ficando uma situação, acho que muito menos preocupante do que poderia ter ficado.
08:53mas não vale a pena ficar provocando, falando tanto de desdolarização.
08:58Acho que o Brasil tem que ter uma postura mais diplomática e menos agressiva.
09:04E a expectativa é que haja esse aumento na oferta interna, queda aqui nos preços locais.
09:09Vamos tentar entender isso, até porque muito brasileiro aqui das camadas mais populares
09:12estava tendo que recorrer a pó de café até pouco tempo.
09:15Pode ser que o cafezinho aí fica mais amplamente acessível diante desse quadro.
09:21Pelo menos no curto prazo.
09:23Isso excluindo os efeitos inflacionários, as mudanças cambiais que podem vir no médio e longo prazo.
09:27Mas eu quero te ouvir aqui e também trazendo a Mônica Rosenberg, Charles, para a próxima pergunta.
09:32Charles, bom dia. Obrigada por estar aqui com a gente.
09:36A minha pergunta é a respeito do mercado de carne.
09:38Nós sabemos que o Brasil exporta 8% da sua carne para os Estados Unidos.
09:43Não é um número enorme, mas a carne ficou ainda com a tarifa mais alta.
09:47E os Estados Unidos estão enfrentando um problema com a doença da mosca,
09:52que está fazendo abate de vacas e aumentando o valor da carne aí.
09:57Como é que você acha que vai ser, de hoje até quarta-feira, quando vai entrar em vigor a tarifa,
10:02você acredita que pode a carne também entrar na lista de exceções por causa desse contexto todo?
10:09Olha, bom dia, primeiro de tudo.
10:11Eu acredito que sim, mas tem que ter um trabalho de lobby, tanto aqui nos Estados Unidos quanto das empresas brasileiras.
10:19Carne, teoricamente, você até consegue substituir um pouco, mandando para outros locais.
10:23Os americanos compram uma parte mais específica do boi.
10:28O problema disso tudo é que até se fala muito da incerteza.
10:33Vocês já estavam falando sobre incerteza.
10:35Outros programas e jornais estão falando sobre incerteza.
10:37O pior de tudo isso é que você tem que fazer uma programação.
10:41Então, quantos bovinos serão abatidos agora?
10:46O que você vai pensar daqui para frente?
10:48E o ano que vem?
10:49Então, essas incertezas é que elas vão causando um problema.
10:53Tem outros países com problemas sanitários também.
10:56Então, isso acaba favorecendo o Brasil, que faz um trabalho muito forte, evita alguns tipos de problemas.
11:02Quer dizer, nesse momento, a gente tem uma questão muito forte.
11:06Eu vou voltar na inflação.
11:08O governo americano não precisa de inflação nesse momento.
11:12E eu acho até que a diplomacia brasileira poderia ter aproveitado isso melhor.
11:16Quem sabe até fazendo mais acordos e não menos.
11:19O Brasil poderia agora estar sentando com os Estados Unidos e estar exportando mais.
11:23Olha o que a Argentina fez.
11:25Eles não conseguiram 80% de produtos não sendo tarifados.
11:29Uma tarifa de 10% sobre o que está sendo tarifado.
11:32Quer dizer, se o Brasil estivesse fazendo um bom trabalho,
11:36a gente não poderia estar comemorando agora 10% de tarifa e talvez praticamente outros produtos isentos?
11:42Eu acho que sim.
11:43Diplomacia.
11:44Acho que o Brasil precisa sentar com os americanos.
11:46Charles, em relação às carnes, a gente tem até a informação da ABIEC,
11:51que é a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes,
11:54que emitiu uma nota dizendo que a alíquota aplicada atualmente de 26,4% da carga tributária total sobre os produtos,
12:02mais as tarifas, ultrapassaria aí 76%.
12:06Então, compromete a viabilidade.
12:08Sendo que a expectativa do setor era de quase dobrar a quantidade de exportação de carnes.
12:15Porque em 2024 foram um pouco mais de 200 mil toneladas.
12:19e neste ano de 2025 iria para 400 mil.
12:23Então, assim, igual você falou, a questão do lobby, muitas vezes, ela fica perdida.
12:29Açaí também, que é produzido no Pará, 90% responsável pela produção aqui no Brasil,
12:34também está muito preocupado porque mais de 40% vai até os Estados Unidos,
12:40cerca de 300 mil empregos aí que são gerados aqui no nosso país.
12:43Então, todas essas situações que realmente vão repercutindo.
12:47E a gente vê que alguns setores, então, conseguiram, mas essa articulação,
12:52por mais que às vezes o setor, às vezes, não consiga esse lobby,
12:56tem que vir por meios políticos.
12:58Mas não é o que acontece.
12:59E principalmente a carga tributária aqui no Brasil, né?
13:00É muito boa a colocação.
13:04Desculpa até interromper alguém, mas só falar um ponto importante,
13:07que às vezes a gente comemora, né?
13:09Poxa, a Embraer se livrou, a WEG se livrou, grandes empresas se livraram.
13:13Isso é ótimo.
13:15Mas tem um cara pequenininho que ele não consegue fazer o lobby.
13:18Ele não consegue ter um sujeito de terno lá em Washington
13:21conversando e falando, olha, o açaí também é importante,
13:25a castanha é importante,
13:26a laranja aqui, que não está no suco, também é importante,
13:30a uva que vai fazer o espumante, também é importante.
13:34Tem gente que não consegue ter o lobby.
13:36E aí, para esse tipo de produtor,
13:38que é muito importante para o Brasil,
13:40tem que ser a diplomacia.
13:42Por isso que a diplomacia deveria estar atuando.
13:45Falando em diplomacia, Charles,
13:46ontem a gente transmitiu aqui no Morning a coletiva dos senadores
13:51que foram até os Estados Unidos.
13:53eles fizeram uma alerta que me parece importante da gente colocar na mesa,
13:58que foi a expectativa de que daqui a alguns dias,
14:03daqui a algumas semanas,
14:05os Estados Unidos anunciem um novo tipo de sanção
14:09direcionada aos países que negociam com a Rússia
14:13em função da guerra de invasão sobre a Ucrânia.
14:18Qual a tua visão sobre isso?
14:20Esse risco é real e o Brasil está preparado para lidar com isso?
14:25O que é que nossa diplomacia deveria fazer?
14:27Como que os senadores que voltaram deveriam atuar no Senado
14:32para minimizar esses riscos possíveis para a economia brasileira,
14:37na tua visão?
14:39Bom, bom dia.
14:42Diplomacia não é a minha especialidade,
14:44mas a gente está vendo que cada vez mais está ligado à economia.
14:47E quem lembra da atuação do Brasil das últimas décadas
14:51sabe que o Brasil sempre foi conhecido por falar com todas as partes.
14:57O que vem acontecendo nos últimos anos?
15:00A gente escolhe um lado, toma partido,
15:03inviabiliza o diálogo,
15:05porque o Brasil poderia estar mediando muitas questões,
15:08e afeta a economia.
15:10No caso da guerra Rússia-Ucrânia,
15:12o presidente Lula tem um viés muito mais pró-Rússia do que pró-Ucrânia,
15:17assim como no caso do Irã, assim como no caso do Hamas.
15:22E isso afeta, sim, as negociações.
15:25Então, caso os americanos tomem alguma medida muito forte
15:31em relação ao diesel russo, a petróleo russo,
15:35provavelmente vai espirrar alguma coisa no Brasil.
15:39Já tem um pouco de agressividade em relação à Índia,
15:42a gente já está vendo, dos americanos,
15:45mesmo sendo um aliado importante,
15:48porque no momento em que Índia e China estão crescendo,
15:50em algum momento pode ter um estremecimento dos dois,
15:54os americanos poderiam estar muito mais do lado da Índia como estão.
15:57Mesmo assim, o Trump foi duro com a Índia essa semana.
16:01Então, ele está dando um recado, olha, se afastem da Rússia.
16:04E, particularmente, eu acho que o Lula vai fazer o contrário.
16:08Mônica Rosenberg com a próxima pergunta, vamos lá.
16:11Voltando para a área da economia, Charles,
16:13você acredita que reduzir as tarifas de importação,
16:17o imposto de importação que nós cobramos dos produtos americanos,
16:20poderia ser uma iniciativa que forçaria o Trump
16:24a ter uma resposta na economia de reduzir as tarifas que ele implementou lá?
16:29Olha, talvez até sim, mas não precisa.
16:34Eu acho que se o Brasil tivesse uma postura diplomática diferente,
16:37inclusive com o Lula pegando o telefone e ligando para o Trump.
16:42É muito importante que o Brasil tenha esse lado.
16:46A gente criou um compromisso que não é necessário com China, Irã, Rússia,
16:53de ficar muito próximo dele e se afastar dos Estados Unidos,
16:57que não faz nenhum sentido para o Brasil.
17:00Voltando à história da diplomacia, né?
17:02Quem está obrigando o Brasil a ficar mal com os Estados Unidos?
17:06E, sinceramente, eu nem acho que isso gera tanto voto assim,
17:09porque vai criando um desgaste.
17:12E a economia, ela precisa de previsibilidade.
17:15Para o exportador brasileiro,
17:16vamos imaginar o cara que está no Brasil,
17:19numa cidade pequena, está no interior de Santa Catarina,
17:21tem uma ferramentaria, tem uma indústria de sapato.
17:25Você leva anos para conseguir exportar.
17:28Seria até interessante falar mais sobre isso.
17:30Você precisa produzir, você precisa ter qualidade,
17:33você precisa levar o seu produto para uma feira internacional.
17:37Então, quando vem uma medida dessa, ela é devastadora.
17:40Talvez atrase as exportações em décadas.
17:43Então, acho que não precisaria aumentar nem diminuir impostos,
17:48nada disso, tarifas sobre importações,
17:50mas seria bom.
17:51Então, o que eu acho que precisa é sentar e conversar.
17:54O Milley está dando um show no Brasil em relação a isso.
17:58É, sem nossa coisa da ligação do Lula.
18:01Fiquei pensando aqui, cá com os meus botões.
18:03Ele deve estar pensando, né, Charles?
18:04Olha, eu acho que eu vou botar o Haddad para falar com o Trump.
18:08Até porque de taxa o Haddad entende.
18:10Então, é melhor o Haddad.
18:12Até porque não sei falar inglês.
18:15Eu já estou vendo.
18:15Eu tenho certeza que isso passou pela cabeça dele.
18:18Vamos aqui com a Nathalie Wendel, por favor,
18:20para a próxima pergunta.
18:22Se a gente olhar as taxas que é o acumulado, né?
18:27Então, a gente teve ali, já tinha uma taxa de 10%,
18:30foi acumulado ali mais os 40%, chegando nesse 50%.
18:34Qual que seria a margem de negociação que a gente teria aí
18:38para esses produtos que ficaram de fora, né?
18:40Então, principalmente tratando do café e da carne,
18:43o que seria o esperado para a gente negociar aí uma taxa
18:47nos próximos passos, né?
18:51Espera-se que depois do dia 6, então depois do tarifácio,
18:53entrar em vigor, que haja de fato essa negociação, né?
18:57Qual que seria uma taxa esperada?
19:00A princípio, se não tiver uma atuação diplomática, os 50%.
19:05Não vai ter uma diminuição.
19:06O que eu estou percebendo, pude estudar nesses primeiros movimentos
19:11que a gente está vendo, é que alguns artigos estão sendo tributados,
19:15vão ser taxados, porque não tem lobby, conforme a gente disse,
19:20alguns vão ser taxados e outros não.
19:22Então, aqueles que estão na lista de taxação,
19:26ou eles vão ser taxados ou não.
19:27Não tem um meio termo, né?
19:29Tipo, ah, não, agora o produto tal vai ser de 29,53%.
19:36Está meio da base, ou tem lobby ou não tem.
19:40Por isso que a atuação diplomática é importante.
19:42Por que não uma ligação do Lula para o Trump,
19:45pedindo 90 dias para negociar,
19:48marca uma viagem para cá para os Estados Unidos,
19:50senta, dialoga, tem até mais.
19:52O Trump, ele costuma ter uma postura,
19:55é um líder diferenciado,
19:57uma postura até interessante com quem é duro com ele.
20:02Ele tem essa postura.
20:03Então, o Lula não poderia estar fazendo um trabalho
20:07de sentar com o Trump, de conversar.
20:09Eu acho que esse seria o caminho.
20:11Pede 90 dias e vem para cá conversar.
20:14Por que não?
20:14O que o Brasil perderia?
20:17Até para o Lula, não seria interessante reverter essa situação?
20:21Olha, os produtos seriam taxados,
20:23mas eu fui até o Trump e consegui um negócio muito melhor.
20:27Até para as bravatas dele,
20:29agora vamos vender tal produto,
20:31agora vamos vender isso.
20:32seria interessante.
20:33O Brasil não perde nada com diplomacia.
20:36Você tem uma razão aí.
20:37Até acaba tangenciando um pouco na psicologia humana,
20:40que o cara que se propõe a ser o alfa,
20:43o valentão,
20:43ou o sujeito mais proeminente numa sala,
20:46geralmente só respeita aquele que fala grosso de volta.
20:49De alguma maneira, isso faz parte da psicologia
20:52e tende a acontecer.
20:54Eu tenho certeza que ali nos rincões do cérebro do Trump,
20:58ou da mente dele,
20:59ele deve estar um pouquinho encucado ali com o fato,
21:02até da matéria do New York Times,
21:03com um grande realce ali para o Lula,
21:07pintando o Lula como possivelmente o único cara
21:09que está respondendo de volta,
21:10ou bancando,
21:11ou de alguma maneira,
21:13enfim,
21:13fortalecendo a posição dele.
21:15Guerra de narrativas,
21:16mas, enfim,
21:16é o que está posto,
21:17pelo menos essa é a narrativa que está posta
21:18por um setor importante do jornalismo americano.
21:21Eu vou aqui com o Mano Ferreira, Charles,
21:23com a próxima pergunta.
21:24Eu acho que do ponto de vista do exportador brasileiro
21:26vai ser mais fácil recorrer a McDonald's
21:29para tentar fazer o lobby pela carne
21:32e ao Starbucks para tentar fazer o lobby pelo café,
21:35porque depender da diplomacia brasileira está difícil.
21:39Era um preço para ele ser esse machão todo
21:42dentro dessa psicologia,
21:43quem está se...
21:44é a gente, né?
21:45Pois é.
21:47Consumidor americano.
21:47É só no nosso, velho.
21:49Só no nosso.
21:50Eu queria perguntar para o Charles
21:51sobre a situação da Embraer,
21:53porque a gente viu ontem
21:54um aumento da cotação das ações da Embraer
21:59na Bolsa
22:00e uma relativa empolgação
22:03com o fato de ter havido a exclusão
22:08dos componentes de aviação
22:10dessa taxação.
22:12Como é que você avalia isso?
22:14É para ter otimismo mesmo?
22:16A situação agora para a Embraer está tranquila
22:19ou ainda há motivos para risco
22:22e essa euforia de ontem foi só pontual?
22:26O dia de hoje já é outro.
22:28Os americanos compram 45% dos jatos comerciais
22:33e 70% do restante.
22:37Então é um player muito importante.
22:38Esse é o primeiro ponto.
22:40Quando eles tiram isso da lista,
22:43pô, dá um alívio muito grande.
22:44Assim como foi um alívio para a WEG,
22:47a retirada de alguns produtos.
22:49Então, para a indústria brasileira
22:51ou para a grande indústria brasileira,
22:54porque o cara pequenininho da ferramentaria
22:56está fazendo conta agora
22:57se vai continuar exportando ou não.
22:59Mas para os caras grandes
23:00foi um movimento importante essa retirada
23:03e a Embraer precisa disso.
23:04Por isso que as ações subiram 10% ontem.
23:07Então, no caso deles,
23:09é o mercado que vai continuar.
23:11Mas, e se o Brasil não fizer diplomacia?
23:15E se a gente continuar puxando o curo da desdolarização?
23:19Será que lá na frente não pode ter uma punição maior?
23:22Se a gente ponderar numa balança,
23:24é melhor vender jatos executivos,
23:27vender jatos comerciais,
23:29ou ficar pregando que ninguém mais use o dólar,
23:33que ninguém mais tenha relação com os Estados Unidos?
23:35A minha área, de novo, a minha área é econômica.
23:38Eu não vejo vantagem comercial para o Brasil
23:41em ficar pregando algumas coisas no cenário internacional.
23:45Nenhuma vantagem para a economia.
23:48A WEG, a qual o Charles se referiu, claro,
23:50é a multinacional da nossa gloriosa Jaraguá do Sul,
23:54em Santa Catarina,
23:55responsável por potência na energia elétrica,
23:58motores, equipamentos, automação industrial.
24:01Então, é realmente um player importante nesse tabuleiro todo.
24:03Próxima pergunta aqui, meus queridos.
24:06Papo está bom, papo está agitado, papo necessário.
24:08Importante a gente trazer a nossa audiência aqui
24:09para a maior precisão possível.
24:13Mônica Rosenberg, vamos lá.
24:14Posso fazer uma provocação, então?
24:16Deve.
24:17Eu, pessoalmente, acredito que a Pax americana,
24:21que o grande domínio americano no mundo inteiro,
24:24através do dólar,
24:25está iniciando o seu declínio, tá?
24:29Não sabemos quando,
24:30mas o Trump já sentiu isso,
24:32e é por isso que ele tem reagido com tanta força
24:34contra o Brasil, contra os BRICS,
24:36contra essa fala.
24:38E aí, a minha pergunta a você é,
24:39se é um processo inevitável,
24:42talvez, não é que vai mudar para outra moeda,
24:44mas talvez descentralizar,
24:45ter várias moedas,
24:46não sei qual é o caminho.
24:48Se o processo começou,
24:50e o Brasil poderia, talvez,
24:52em vez de estar no BRICS,
24:53sendo antagonista,
24:55ser parceiro nesse processo,
24:57ou seja, para retardar,
24:59para encontrar outras moedas,
25:00para reduzir a flutuação,
25:02sabendo que a taxa de juros nos Estados Unidos
25:04está muito alta,
25:04a taxa de juros no Brasil está muito alta,
25:06ontem foi novamente mantida.
25:08Então, é um processo de longo prazo
25:10que a gente está olhando.
25:11A questão da tarifa de exportação
25:13é uma questão muito pontual.
25:15Como é que a gente se coloca
25:16nesse longo processo,
25:18que é saber que o dólar está fadado ao fim,
25:22e o que vai entrar no lugar dele,
25:24sem se transformar em um inimigo dos americanos?
25:27Pô, excelente.
25:30Pô, pelo amor de Deus,
25:31a gente precisa de três horas de programa hoje aqui,
25:33porque esse ponto aí,
25:36ele é crucial, de novo,
25:38na história de que nós não estamos ganhando nada,
25:42desafiando os Estados Unidos
25:43por algo que a gente não controla.
25:46Então, o dólar vai acabar a dominância?
25:49Provavelmente sim.
25:50Daqui a dez anos,
25:51ou daqui a 200 anos?
25:53Ninguém sabe.
25:54A minha geração,
25:55que cresceu nos anos 70, 80, 90,
25:58cresceu com a sombra do Japão.
26:01O Japão ia dominar,
26:02a economia americana estava ficando para trás,
26:05aí veio a crise japonesa,
26:06o Japão ficou para trás,
26:08a China depois ia dominar,
26:10agora a economia chinesa
26:11já está começando a tropeçar,
26:13os imóveis já não estão valendo,
26:15subindo tanto de preço,
26:16está tendo que fazer carro elétrico
26:17e jogar no mundo inteiro.
26:19Então, o que a gente tem é o seguinte,
26:20há muito tempo se fala
26:21na queda da hegemonia americana,
26:23ia ser o Japão,
26:24depois a China,
26:25no meio teve,
26:26pô, a gente pode lembrar aqui do euro,
26:29quem não lembra quando lançaram o euro,
26:30poxa, o euro vai acabar com o dólar.
26:33E o euro subiu realmente depois
26:34e caiu um pouco no comércio mundial
26:37e o dólar continua sendo muito importante.
26:39Então, o dólar vai acabar?
26:42Vai.
26:43Só que o Brasil não precisa liderar,
26:45o Brasil pode estar conversando com todo mundo.
26:47Ah, vai ser a moeda chinesa
26:48que vai dominar depois,
26:49vai ser o euro.
26:51Poxa, o Brasil tem uma posição
26:52tão bem vista no mundo ainda,
26:55tão bem...
26:56Agora, nos últimos anos,
26:58teve um outro problema,
26:59mas ainda é muito bem visto.
27:00Então, nós podemos fazer comércio,
27:04conversar,
27:05dialogar,
27:06visitar,
27:07comprar,
27:08tudo com todo mundo.
27:10a gente não precisa agora
27:12escolher um lado.
27:14O que é muito interessante.
27:15Por exemplo,
27:16o Brasil,
27:16com qualquer presidente
27:18que tem o mínimo de consciência diplomática,
27:21pode sentar com China,
27:22Estados Unidos
27:23e ninguém reclamar.
27:25A gente tem essa posição.
27:26É uma característica muito peculiar,
27:28muito particular no mundo.
27:30E a gente, às vezes,
27:31não aproveita.
27:32eu acho que o dólar vai perder,
27:34acho não,
27:34a gente tem certeza,
27:35que ele vai perder
27:36essa questão hegemônica,
27:39mas,
27:40enquanto isso,
27:41a gente pode fazer negócio
27:42com todo mundo.
27:44Charles,
27:45a gente sempre comenta aqui,
27:46se a história deixa lições,
27:47a gente lembra que
27:48se tem uma constante na história,
27:50é que todos os impérios
27:51em algum momento colapsam.
27:53Os egípcios reinaram
27:54por 900 anos,
27:56foram retomados ali
27:57pelos assírios,
27:58depois os persas,
28:00os romanos,
28:00os mongóis,
28:01os turcos,
28:02eventualmente essas civilizações
28:03colapsam.
28:03Claro que é outro contexto
28:04e com tantos interesses
28:06envolvidos,
28:07mas essa é uma constante
28:08que está posta.
28:0910 horas e 30 minutos,
28:10eu vou pedir para você
28:10permanecer aqui com a gente,
28:11partir para um rápido break
28:12para quem está nos ouvindo,
28:13sintonizados na rede
28:14Jovem Pan de Rádio Morning Show.
28:16Volta já já.
28:17Charles,
28:18eu queria repercutir aqui
28:19contigo o fato
28:19que o nosso ministro
28:20da Fazenda,
28:21Fernando Haddad,
28:22se pronunciou
28:23sobre o assunto
28:23nessa manhã,
28:24e destacou
28:25a solidez
28:26da democracia brasileira.
28:28Proponho que a gente
28:28confira aqui
28:29a fala do ministro.
28:30Vamos lá.
28:31Eu acredito que é fruto
28:32de desinformação
28:33ou de má informação
28:35que está sendo prestada
28:36por brasileiros
28:37nos Estados Unidos.
28:39Nós somos
28:40uma das democracias
28:41mais consolidadas
28:42do mundo.
28:43É muito diferente
28:44quando você tem
28:45uma força interna
28:46trabalhando contra
28:47os interesses do país.
28:49Isso fragiliza o Brasil.
28:51E isso não está acontecendo
28:52em nenhum outro país
28:53do mundo.
28:53Só está acontecendo
28:54no Brasil.
28:56As pessoas precisam
28:57compreender
28:57que isso fragiliza
28:59a posição do país.
29:00Isso não é bom
29:00nem para a democracia,
29:02nem para a soberania.
29:03Isso não concorre
29:04para os interesses nacionais.
29:06O buffet está servido,
29:09Charles.
29:10Fique à vontade.
29:12Narrativa.
29:13Narrativa.
29:14Cada um vai falar
29:15aquilo que interessa.
29:17Então, nesse momento,
29:19a democracia do Brasil
29:20sai fortalecida.
29:22Aqui nos Estados Unidos,
29:23os americanos
29:24estão punindo
29:25os brasileiros.
29:26Cada um hoje
29:27vai falar
29:28aquilo que convém.
29:29Cada um acordou
29:30de manhã
29:30cantando vitória.
29:32no médio e longo prazo
29:34é que a gente tem
29:34que entender
29:35o que funciona.
29:37A história da lei
29:38Magnitsky
29:39e todos os outros fatos
29:40não fica bem
29:41para o Brasil também,
29:42mas é narrativa.
29:44Então,
29:45o Lula
29:46pode ter um aumento
29:47nas pesquisas?
29:48Talvez pode ter
29:49um aumento
29:49na aprovação,
29:50uma diminuição
29:51da desaprovação.
29:52Será que isso
29:53já não aconteceria
29:54porque ele estava
29:55tendo um pico
29:55de desaprovação
29:57e já cairia?
29:59É difícil,
30:00mas hoje
30:01é o grande dia
30:02das narrativas.
30:03Só temos vencedores.
30:05Todo mundo venceu.
30:07É sintomático.
30:08A gente vive
30:09nos tempos
30:09da pós-verdade.
30:10Não tem jeito.
30:11As pessoas torcem,
30:12moldem,
30:13torturam os fatos
30:14para encaixar
30:14na sua narrativa
30:16político-ideológica
30:17que atende
30:17os seus próprios propósitos.
30:20Acho que define bem
30:21o espírito do nosso tempo
30:22em todos os sentidos.
30:24Mas,
30:24de qualquer maneira,
30:25eu queria só repercutir
30:26aqui com a bancada.
30:26Mano Ferreira.
30:27Eu queria,
30:28eu posso trazer
30:28mais uma pergunta
30:29para o Charles?
30:30Porque a gente viu
30:31o ministro Haddad
30:32e eu me lembrei
30:32que ele tem falado
30:33sobre um plano
30:34de contingência
30:36lançado
30:36ou que está sendo
30:38preparado pelo governo
30:40para tentar socorrer
30:41os setores brasileiros
30:44que sejam afetados
30:45pela tarifa.
30:47Mas isso
30:47num contexto
30:48em que não tem dinheiro
30:50no Brasil, né?
30:50A conta não fecha,
30:52a gente tem
30:53uma crise fiscal,
30:54o próprio governo
30:55já assume
30:56que em 2027
30:58o cenário
30:58é de colapso,
30:59não vai ter dinheiro
31:00para nada
31:01porque os gastos
31:02obrigatórios
31:02vão ser maiores
31:04do que o orçamento
31:05federal.
31:07E o Tribunal de Contas
31:09até publicou
31:10uma,
31:11deu uma declaração
31:12a alguns ministros
31:13dizendo que,
31:14ah não,
31:15o plano de contingência
31:16pode descumprir
31:17o arcabouço,
31:18a gente vai fazer
31:19de conta
31:19que não está vindo.
31:21Como é que você
31:22avalia esse cenário?
31:24O plano de contingência
31:25que não respeita
31:26regra fiscal
31:28pode acabar
31:29saindo uma conta
31:30ainda mais cara
31:31para o país?
31:33Com certeza sim.
31:34O Brasil é o país
31:35do já que não tem dinheiro
31:36vamos gastar um pouco mais.
31:38A gente está vendo isso
31:39todos os meses
31:40pintam uma despesa
31:42e você coloca
31:43fora do orçamento.
31:44O que quando você
31:45explica para uma pessoa
31:46de bom senso
31:47é algo muito louco, né?
31:48Porque se uma família
31:50ganha lá 10 mil,
31:52o dinheiro já não está dando,
31:53ah, mas vamos gastar
31:54mais 2 mil?
31:55Como?
31:56Ah, coloca fora do orçamento.
31:58Não existe essa figura
31:59de colocar fora do orçamento
32:01alguma coisa, né?
32:02Mas no Brasil
32:03isso só vem aumentando
32:04e vai mudar o governo?
32:06Pode ser centro,
32:07pode ser direita,
32:08pode ser extremo centro,
32:10pode ser direita, esquerda.
32:11Isso vai continuar
32:12porque está acontecendo.
32:14Então, no Brasil
32:16está se falando isso
32:17de criar alguma forma
32:19de compensação
32:21talvez para os produtores
32:22que se ferem uma perda
32:23tem que olhar muito forte
32:24para a indústria,
32:25principalmente a pequena indústria,
32:27mas acabou o dinheiro.
32:28Só que já acabou
32:28há muito tempo.
32:30Então, você falou em 2027,
32:32a previsão é que o próximo presidente,
32:34seja o Lula-Releito,
32:35seja o Haddad,
32:36seja o Bolo,
32:37seja o Tarcísio,
32:38vai pegar uma bomba
32:40fiscal muito grande,
32:42vai ter muita dificuldade
32:43no início.
32:45É, meus amigos,
32:46estão falando aí
32:46de pacote
32:47com crédito subsidiado,
32:48linhas de crédito
32:49com juros subsidiados,
32:50até compras públicas
32:51para absorver
32:52os estoques excedentes
32:54aqui dos produtores locais,
32:55até a criação
32:56de um fundo privado
32:57para poder oferecer
32:58essa retaguarda.
33:00Mas não sei,
33:01é claro que você falou
33:02que algo que está posto,
33:04o pequeno e médio produtor
33:06de alguma maneira
33:06precisa ser contemplado
33:07e não jogado ao léu
33:09a própria sorte
33:09e poder ali ver
33:10tudo que eles deram duro
33:12uma vida inteira
33:13para construir
33:13caírem ali
33:14na bancarrota.
33:15Então, algo tem que ser feito
33:17a ver se esse plano
33:19de contingência
33:19atende esse intuito.
33:21Mas, Charles,
33:22se você me permite,
33:22queria trazer outro ingrediente
33:23aqui, que é o fato
33:24que em meio a toda
33:25essa confusão,
33:26essa encalacrada monumental
33:27entre Brasil e Estados Unidos,
33:29uma pesquisa
33:29do Poder Data
33:30aponta, pessoal,
33:31que os brasileiros
33:34não estão nada felizes
33:35com isso.
33:3659% da população
33:37prefere
33:38que o Brasil
33:39esteja mais próximo
33:40comercialmente
33:40com os Estados Unidos
33:41do que com a China,
33:42com quem também
33:43tem uma longa história
33:45de trocas comerciais.
33:46Claro que o auge
33:48dessa relação
33:50comercial Brasil-China
33:51se deu no primeiro boom
33:52de commodities
33:53no primeiro governo Lula,
33:54já com os Estados Unidos
33:55vem de muito,
33:56muito mais tempo
33:56e até vai da natureza
33:58dessas duas superpotências.
33:59Os Estados Unidos
34:00com todos os defeitos
34:01ainda é pela proximidade
34:03geográfica,
34:03previsibilidade jurídica
34:05de certa forma,
34:06toda, enfim,
34:08esse longo histórico
34:10facilita.
34:10Já a China
34:11tem alguns defeitos,
34:12é um país
34:13expansionista,
34:14distante,
34:15um mercado
34:16bem ou mal fechado,
34:17dizem que até
34:18mercantilista,
34:19tecnonacionalista,
34:20queria te ouvir.
34:23A gente está vendo aí,
34:2459% brasileiros
34:25preferem estar
34:26perto dos americanos.
34:28Óbvio que isso
34:29é um soft power
34:30muito, muito forte
34:32das últimas décadas,
34:34foi feito
34:34no mundo todo,
34:36mas quando a gente
34:37olha os dois
34:38estilos de poder,
34:41de democracias,
34:43os Estados Unidos
34:44com todos
34:45os seus problemas
34:46estão muito
34:47mais próximos
34:48do estilo
34:49de vida
34:50e do que a gente
34:50prega
34:51do que a China.
34:53Não estou falando
34:53culturalmente,
34:54eu estou falando
34:55no estilo.
34:56O Haddad acabou
34:57de falar
34:57de uma democracia
34:59pujante,
35:00que a democracia
35:00continua,
35:02que ela é muito
35:03forte,
35:04funciona assim
35:05na China também
35:06ou não funciona
35:07assim?
35:08Que tipo de modelo
35:09de governo
35:10a gente quer?
35:10que tipo
35:11de diplomacia?
35:12E de novo,
35:13enquanto ninguém
35:15começar a colocar
35:17o Brasil
35:17na parede
35:18para escolher
35:18um lado,
35:19por que a gente
35:20precisa escolher
35:21um lado?
35:22O Brasil
35:22não poderia ser
35:23justamente o país
35:25que ficasse ali
35:26tendo uma boa
35:28relação entre os dois?
35:30Daqui a pouco
35:30a sensação
35:31que me parece
35:32é que o Lula
35:33vai tentar um embate
35:34tão grande
35:35com os Estados Unidos
35:36que a China
35:37vai ficar
35:38muito melhor
35:39com os americanos
35:40do que o Brasil
35:40com os americanos
35:41e eu não vejo
35:42sentido nisso.
35:43Pode ficar brincando
35:45durante um tempo
35:45assim?
35:46Pode.
35:47Mas brincar
35:48por muito tempo
35:49você pode acabar
35:50criando uma confusão
35:51muito grande
35:52e quase irreversível
35:53depois.
35:55Muito bem colocado,
35:57né?
35:57E sejamos sinceros
35:58aqui também,
35:59o brasileiro
35:59normal,
36:00diria a grande maioria,
36:02de certa forma
36:03exalta
36:04ou pelo menos
36:04admira o modelo
36:05de sociedade
36:06ou de vida
36:07do americano médio
36:08muito mais
36:08do que o chinês
36:09que é absolutamente
36:09distante
36:10exceto a relação
36:11comercial por si só.
36:13Ainda que a esquerda
36:13tenha um princípio
36:14de derrame,
36:15um AVC
36:15ao ouvir isso,
36:17vamos ser sinceros,
36:17a própria esquerda
36:18importa suas pautas
36:19e formas de atuação
36:21aqui do próprio
36:21Estados Unidos
36:22de movimentos
36:23progressistas americanos.
36:24Então,
36:25vamos ficar com isso
36:26em mente, né?
36:26Sempre.
36:27Estou errado ou estou certo,
36:28Charles?
36:28A gente está se despedindo
36:29e um momento aqui
36:31de uma palavra final
36:32para você.
36:33Bom,
36:34queria muito agradecer,
36:35você está certíssimo
36:35e a gente pode depois
36:37só bater nessa tecla
36:38de ninguém está pedindo
36:41para o Brasil
36:41brigar com os Estados Unidos,
36:43brigar com a China,
36:44brigar com o Israel,
36:45brigar com o Irã,
36:46brigar com...
36:47O Brasil é o país
36:48que poderia estar falando
36:50com todo mundo.
36:51Eu acho que essa é a grande lição
36:52que a gente deveria estar tomando.
36:54Queria agradecer
36:54a todo mundo da bancada aí,
36:55obrigado pelo carinho,
36:57respeito, tudo.
36:57e que a gente volte aqui
36:59talvez para falar
37:00no futuro
37:01de o Brasil
37:02estar igual a Argentina,
37:03com a maior par
37:04dos produtos
37:05sem tarifa
37:06e tarifado
37:07só em 10%.
37:08Bom dia, gente.
37:10Sonhar de graça, né,
37:11Charles?
37:12Obrigado demais
37:12pela presença aqui
37:13e agregando em muito
37:15você diferenciado.
37:16Tamo junto.
37:16Obrigado.
37:16Obrigado.
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