Ribeião do Tempo capitulo 50

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Quem puder dar uma força segue o pix para doação: CHAVE PIX : erisleneribeirodeoliveira@gmail.com Vai aparecer meu nome : Erislene Ribeiro de Oliveira (Banco NUBANK) Desde já muito obrigado para quem puder ajudar , e bom divertimento.  Enredo A trama passa na pequena cidade de Ribeirão do Tempo. A novela aborda e gira em torno do grande resort que a empresária Arminda (Bianca Rinaldi) pretende construir na cidade, que não é bem aceita pela população do local, sendo assim todos irão contra ela, menos Joca (Caio Junqueira), que é um detetive particular que quer ter prestígio desvendando assassinatos e casos misteriosos que se apaixonará por ela e ela por ele. Filomena é uma moça humilde de Ribeirão, é querida por todos da cidade, filha de Querêncio. É apaixonada por Tito, um rapaz que é apaixonado por esportes radicais e que é dono de uma pousada. Tito namora Karina, uma "patricinha" rica e mimada dona de uma boutique na cidade. É filha de Célia e Bruno. Numa noite chuvosa em Ribeirão Tito acaba se embriagando no bar "Agito Colonial", dá uma carona à Filomena e os dois acabam fazendo amor dentro do carro, alimentando alguma esperança à Filomena de que Tito a ama. Após perceber o que aconteceu entre ele e Filomena, Tito esclarece o mal-entendido entre ele e Filomena, quebrando as esperanças da moça. Após descobrir Karina passa a odiar Filomena. Transcrição

Transcript

00:00Arminda...

00:02Cheguei numa má hora.

00:04Conte pra ela, Walter.

00:05Antes que ela pergunte o que aconteceu...

00:07Era exatamente isso que ia fazer.

00:08Eu sei.

00:09A dame decidiu voltar pra Europa nos próximos dias.

00:12Voltar? Já?

00:14Esses caça cuecas não passam de um movimento diversionista.

00:18Cortina de fumaça pra esconder o real objetivo desse movimento da conspiração.

00:24No fundo, no fundo, o que eles querem é matar.

00:27Deus nos livre.

00:28Ou então eles visavam me intimidar. Quem vai saber?

00:31Mas não vão conseguir.

00:32Ah, não vão.

00:33Porque eu vou bater cada vez mais pesado.

00:35Anota o que eu tô te dizendo.

00:37Não é possível.

00:39Olha ela ali.

00:41Eu sabia mesmo.

00:54Miserável jumento desgraçado!

00:57Eu vou pegar esse filho de uma égua!

01:00O Tito veio aqui um dia sozinho.

01:02Porque ele tinha brigado com a Karina, né?

01:04No dia da tempestade, que choveu e o rio transbordou.

01:06Aquele dia.

01:07Tony veio aqui, ficou me paquerando.

01:10A gente acabou saindo junto, né?

01:12Enfim, pra resumir, eu transei com ele.

01:14Foi isso que aconteceu.

01:16E a verdade é que eu tava muito afim dele, entendeu?

01:19Primeiro com a esquerda.

01:20Tá bom, vai.

01:21Faço até duas vezes.

01:22Escrevi, ó.

01:23Até oito.

01:24Ai, isso vai acabar se desequilibra.

01:25Para.

01:26Ó, falei.

01:27Ah!

01:28Ah!

01:29Ah!

01:30Ah!

01:31Ah!

01:32Ah!

01:33Ah!

01:34Ah!

01:35Você está virando um verdadeiro arroz de festa.

01:36Eu nunca vi uma hóspede mais assídua.

01:39Ah!

01:40Mais assídua que a senhora é difícil, né?

01:42Como assim, meu bem?

01:43A senhora montou acampamento aqui na pousada, que não é o meu caso.

01:47Logo, o título arroz de festa é seu.

01:49Por mérito.

01:50Tu tem um sinal bem grandão aqui, bem na bunda.

01:53É isso mesmo?

01:54Se você tá falando da minha marca de nascer, se eu tenho sim!

01:58Eita!

02:00Parece o mapa do Brasil.

02:02Vem ver, meu.

02:03Vem ver.

02:04Vem olhar aqui.

02:05Quero olhar isso, não.

02:06Vai olhar sim.

02:07Vem aqui.

02:08Que saco!

02:10Vou trocar isso aqui.

02:11Ah!

02:12Ufa!

02:13Olha aqui!

02:14Olha aqui em cima aqui!

02:15Aqui, aqui!

02:16É mesmo!

02:19Parece direitinho o mapa.

02:22Calma!

02:23É, eu já sabia que ele tinha esse sinal.

02:25Ah, minha mãezinha, que Deus a tenha dizia que tem gente que nasce com a bunda virada

02:30pra lua!

02:31Eu nasci com o mapa do Brasil grudado na minha...

02:35É, não à toa que o Brasil é o maior produtor de cana do mundo, né, pai?

02:38Que maldade, hein, filó?

02:39Que filha é essa que zomba do próprio pai?

02:42Ah, filha que nasce com um par de olho na cara e um nariz?

02:46Que é pra cheirar bafo de cana.

02:48Obrigada, dona Sancha.

02:49Muito obrigada.

02:50Ó, Querencio.

02:51Se um dia a gente tiver que reconhecer o teu corpo, vai ser fácil, né, meu?

02:56Quer parar de gozação, Romeu?

02:58Isso é um sinal que Deus me deu?

03:00Deu pra quê, homem?

03:01Pra lá, tia?

03:02Pra que eu não sei, mas ele deve ter os seus motivos.

03:05Meu Deus.

03:06Tá aqui já arrumado.

03:07Ô, ô, ô, ô, ô.

03:08Já acabei.

03:17Bem, eu vou dormir, se é que eu consigo.

03:20Eu só espero que a senhora atenda ao meu pedido e fique pelo menos até a bendita audiência.

03:26Pode dormir tranquila.

03:28Quando sair do Brasil, não pretendo deixar nenhum assunto pendente na empresa.

03:33Eu sou certa disso.

03:35Só de pensar que vou ficar sem a senhora, eu já fico ansiosa.

03:39Boa noite.

03:40Boa noite, querida.

03:41Boa noite, Arminda.

03:43Eu ainda vou tentar fazer a patroa mudar de ideia.

03:46Tá bem.

03:47Vou saber, Walter.

03:50Tudo que tiver relação com a desastrada busca que fizemos ao meu filho, tudo, absolutamente

03:57tudo, tem que desaparecer.

03:58Estamos entendidos, não é?

04:00Não vai ficar rastro nenhum, Eleonora.

04:05Não se preocupe.

04:07Eu agi de acordo com as mais rígidas regras de segurança.

04:10Walter, meu querido, já vivi o bastante para saber que nada é infalível neste mundo.

04:15Devemos nos dar por satisfeitos se conseguimos diminuir as probabilidades de desastre.

04:22A senhora tem razão.

04:25Como sempre.

04:26Aqueles brutamontes que você contratou, por exemplo.

04:29Até que ponto eles sabem do que se tratava?

04:32Eles não sabem de nada.

04:34Eles não são da cidade.

04:36E ainda que voltassem aqui, eles não têm condições de reconhecer ninguém.

04:42Eles nem sabem para quem trabalharam.

04:45E eles foram contratados por um intermediário.

04:48Pessoa de minha inteira confiança.

04:53Aquelas listas que nós fizemos com os nomes.

04:57Enfim, todo material de pesquisa que existir deve ser destruído com fogo.

05:03Eu farei isso, mas com pena.

05:06Porque eu lamento o fim da procura.

05:09Por que isso agora, Walter?

05:11Você sempre achou que esta manobra seria arriscadíssima no que era certo da razão.

05:18Porque eu fiquei curioso em saber quem era o seu filho.

05:21Eu gostaria muito de ter descoberto.

05:23Perdão, então parece que eu contaminei você com o meu delírio.

05:27Eu nunca deveria ter saído da Europa e nunca deveria ter voltado para este ribeirão do tempo perdido.

05:35Tudo bem.

05:36Mas só mais uma coisa para amenizar a minha curiosidade.

05:42Como é que é essa tal mancha que o seu filho tem nas nádegas?

05:46Se é que ele está vivo e se a mancha não desapareceu.

05:49No bebê era um sinal enorme que curiosamente tinha forma muito parecida com o mapa do Brasil.

05:56Um sinal nas nádegas?

05:59Parecido com o mapa do Brasil?

06:02Exatamente.

06:03O menino estava predestinado a ser um patriota bundão.

06:16E se esta criatura ainda caminha sobre a terra, que Deus a proteja.

06:24Eu não quero mais saber.

06:32E aí filhão?

06:33Tudo em cima?

06:34Tudo.

06:38E sua mãe?

06:39Acabou de ligar dizendo que vai chegar tarde.

06:42Algum problema lá na secretaria?

06:44Não, ela só foi tomar um chupe.

06:45Olha só como anda as coisas.

06:47Foi tomar um choppinho.

06:49O que que tem pai?

06:50Pelo menos poderia ter me convidado né filho?

06:53Vai lá.

06:54Ela deve estar no agito.

06:56Sei não.

06:57Se não me convidou é porque não queria me ver por perto né?

07:00Pai, deixa eu ver.

07:02Tem uma notícia boa para te dar.

07:04Boa?

07:05Boa não.

07:06Ótimo.

07:07Fala logo pai.

07:08Você está lembrado daquele lance que está me pedindo faz um tempo de saltar de paraquedas?

07:13Não vai me dizer que...

07:14Digo.

07:15Que falei com o Tito e ele liberou.

07:17Você vai saltar com ele moleque?

07:19Ah!

07:20Ah!

07:21Quero só vir agora hein.

07:22E ó, vai se preparando que eu não quero ver filho meu amarelando na hora de sair do vião hein.

07:27Pode deixar pai, não vou amarelar não viu?

07:29Juro.

07:30Quero só ver hein.

07:31Pô, é uma pena que o Carlos não possa saltar né.

07:34Quem sabe a mãe dele mude de ideia.

07:36Mas o Leite?

07:38Aquilo Leite é jogo duro filho.

07:40Mas em todo caso.

07:45Liga para ele.

07:46Vê se ela não libera.

07:47Liga lá que eu vou tomar um banho que eu estou exausto.

07:49Se prepara hein filhão.

07:51Tá chegando.

07:57Alô?

07:58Carlos?

07:59Fala ai cara, você não sabe da maior.

08:00Eu vou soltar de paraquedas com o Tito cara.

08:02Não, eu estou zonzo.

08:03Fala de novo.

08:04Quantas vezes você quiser.

08:05Eu vou soltar de paraquedas com o Tito.

08:08Já tá tudo certo.

08:09Mano, que inveja cara.

08:11Vem com a gente cara.

08:12Meu pai disse que pode.

08:13Só depende da autorização da tua mãe.

08:15Mas ela não vai dar.

08:16Tenta cara, ela não tá em casa.

08:18Então pede pra ela.

08:19Ah, então eu vou tentar.

08:20Segura ai.

08:23Mãe?

08:24Hum?

08:25Deixa eu soltar de paraquedas.

08:26É que o Guilherme vai soltar ali se dá pra eu ir junto.

08:29Não.

08:30Mas não é com meu pai, é com o Tito.

08:32Não.

08:33Mas não tem perigo nenhum.

08:34O Tito é o melhor instrutor que meu pai disse.

08:36Já disse que não.

08:40Ela disse que não.

08:41É, eu ouvi né?

08:42Acho que o bairro inteiro ouviu.

08:43É né?

08:44Porque ela não tem a mãe que tem.

08:45Hum, eu mereço.

08:47Tomou um salto pra você né?

08:48Tchau cara.

08:49Tchau.

08:52Eu ouvi muito bem, viu mocinho?

08:56Um dia você vai me dar valor.

08:58Vai até achar bom que eu disse não.

09:01Nossa, mal posso parar por esse dia.

09:03Vai ser maravilhoso.

09:04Credo filho.

09:06Você fala comigo como se eu fosse uma megera.

09:09Você pensa que é o que?

09:10A branca de neve?

09:12Eu sou a mãe de um menininho muito mal criado que eu amo muito, muito, muito.

09:18Você não ama ninguém.

09:19O que foi que você disse?

09:22Que você não ama ninguém.

09:24Você tá falando com a sua mãe.

09:26Esqueceu?

09:27Nossa, eu esqueci completamente.

09:28Carlos!

09:29Não é isso mesmo.

09:30Você só pensa em você.

09:31O que você quer, o que você não quer.

09:33Pô, pra você não tem importância nenhuma o que os outros querem.

09:35Ai meu filho, eu não ia suportar se acontecesse alguma coisa com você naquele maldito paraquedas.

09:41Nossa, eu não ia suportar isso, eu aquilo.

09:43Eu não tô acreditando que eu tô ouvindo esse monte de grosseria da boca do meu próprio filho.

09:46Não se preocupa.

09:47Daqui a pouco você não vai ter que ouvir mais nada.

09:49Ah, não.

09:50Como?

09:51Quando eu não estiver mais aqui.

09:52Vai estar onde?

09:53Na casa do meu pai.

10:04O mundo moderno vive numa encruzilhada, Zé Marti.

10:07Toda nossa turma concorda com isso.

10:09As palavras talvez sejam as mesmas, mas as ideias nem tanto.

10:13Quando eu digo encruzilhada, eu falo do impasse definitivo.

10:17A humanidade vive num impasse.

10:20Todos os valores importantes estão indo por água abaixo.

10:23Muito rapidamente.

10:24Eu li o argumento no seu livro.

10:26No meu livro eu não pude ser tão claro com você como você era agora.

10:30Zé Mário, não há tempo para hesitação.

10:33Todas aquelas pessoas que, como nós, tem lucidez, tem discernimento, precisam tomar o poder logo.

10:40Em breve será inútil.

10:42O diagnóstico que você faz da situação atual é muito preciso.

10:45Eu concordo com ele.

10:46A maior parte dos nossos amigos concordam também.

10:48A questão é o remédio que cada um propõe para os mares do mundo moderno.

10:53Quando você fala em assumir o poder, com toda essa gana, eu me assusto.

10:58Não existe política sem poder, Zé Mário.

11:01Não adianta ficar reclamando, redigindo manifestos, assinando abaixo assinados,

11:06enquanto o mundo está aí desmoronando diante dos nossos olhos.

11:11Chega de lamúria. A hora de ação.

11:14Em política, a precipitação leva ao fracasso, Flores. A gente sabe disso.

11:18E talvez a catástrofe não seja tão eminente.

11:20Existem alguns governos por aí que são conscientes.

11:22Traidores! São todos os traidores!

11:25Você voltou um radicalismo juvenil, Flores.

11:28Se é radical, é ir na raiz do problema.

11:30Eu disse o velho Marx.

11:32A lembrança é boa.

11:42Doutor, não esquece depois de ligar para o promotor, porque ele está...

11:47Doutora Juricaba, volta para a Terra.

11:52Falou comigo?

11:53Uhum, falei.

11:54Ou melhor, tentei, mas o senhor não me ouviu.

11:56Devia estar em Vênus, bem longe daqui.

11:59Desculpa, desculpa, Dona Marta. Desculpa.

12:02Eu estava pensando nesse enrosco.

12:06Essa teia de aranha.

12:08Não tem sentido.

12:11Nada bate com nada.

12:13Essa tal conspiração, por exemplo.

12:16Que raio de conspiração é essa?

12:19De quem contra quem?

12:21Com que objetivo?

12:23Na minha opinião, eu acho que...

12:24Os secretas lá de Brasília afirmam que a ameaça contra o senador é coisas de hackers.

12:35Esses caras que entram no intestino de um computador.

12:38Eu ouvi dizer que esses computadores...

12:41Eu não...

12:43Eu não entendo nada dessa porcaria.

12:46Nada.

12:47O sistema do computador...

12:48A secreta falou...

12:50Que o hacker...

12:51Pode entrar...

12:53Dentro dos computadores da secretaria de segurança...

12:57E mandar mensagem...

12:59Que quiser, pro país todo.

13:01Pode isso.

13:03Pensa comigo, Dona Marta.

13:05Se o bandido pode entrar...

13:08Dentro dos micos, das altas patentes...

13:11Então...

13:13Ele pode fazer...

13:14O que quiser com o pobre cidadão aqui debaixo.

13:19Raciocina, Dona Marta.

13:21Se o tal hacker...

13:23Pode entrar...

13:25Dentro dos computadores de Brasília...

13:29Então...

13:31Ele pode mandar ordens pro país todo, certo?

13:35Hã?

13:37Pode virar um computador ditador, Dona Marta.

13:40Pode...

13:41Acabar com a constituição...

13:45Os três poderes...

13:47As forças armadas...

13:52Acaba com a república, Dona Marta.

13:57Isso é coisa que se faz.

13:59Dona Marta só está me ouvindo.

14:01Eu só estou arrumando a papelada, delegado.

14:03E me deixa aqui falando com as paredes.

14:06As paredes daqui têm ouvidos, delegado.

14:08Melhores que os meus.

14:09O senhor não estava precisando de mim.

14:22Se eu engano é quando fala de vários remédios para o mesmo mal.

14:27A farmácia da história não oferece alternativas.

14:30Não existem mais aquelas estantes com mesinhas pra gente escolher.

14:33O tempo é outro.

14:34Você está subestimando a inteligência humana.

14:37E se estivesse?

14:39Olhe por aí.

14:41Leia os jornais.

14:42Viaje pelo mundo.

14:43Constate você mesmo.

14:45A humanidade está apodrecendo.

14:48Ou aqueles que conhecem a verdade tomam as rédeas.

14:52Ou o destino da humanidade está selado.

14:53A verdade é uma palavra muito ambiciosa, Flores.

14:57Cuidado.

14:58Mas nós somos ambiciosos ou não?

15:00Eu, você, nossos companheiros, sempre acreditamos que estávamos do lado da verdade?

15:06Negar isso é nos reduzir a nada.

15:08Quando você fala em tomar as rédeas com essa tranquilidade toda, eu me assusto.

15:11Você sabe o significado que você está dizendo?

15:13Você sabe o que significa um pequeno grupo como o nosso, por melhor que seja, tomar as rédeas?

15:21Diga você. Significa o quê?

15:23Significa acabar com a democracia. Significa passar por cima da vontade do povo.

15:29Democracia.

15:30Essa democracia é uma impostura, Zé Mário.

15:36Essa democracia burguesa a que você se refere é que está tornando o mundo de cabeça para baixo.

15:42Você sabe disso?

15:43Alguém uma vez disse que a democracia é o pior dos regimes, com exceção de todos os outros.

15:48Eu respeito muito essa ideia.

15:50Uma bela ideia.

15:52Nos velhos tempos, quando haviam vários caminhos, hoje a realidade é outra.

15:57Quer dizer que a democracia não vale mais nada?

15:58A verdadeira democracia, Zé Mário.

16:02É uma ideia para o futuro.

16:07Essa falsa liberdade que existe hoje está nos destruindo.

16:13Na verdade, nós vivemos numa encruzilhada.

16:17Dois caminhos. Um leva para a morte, a morte total.

16:21O outro pode nos salvar.

16:24Qual deles você prefere?

16:28Flores, essa nossa conversa está muito teórica.

16:35Eu gosto.

16:36É sempre um enorme prazer discutir ideias com você.

16:39Mas vamos descer um pouco para a terra?

16:42Vamos falar de fatos?

16:44Que venham os fatos.

16:46Eu quero falar de tudo o que está acontecendo aqui em Ribeirão do Tempo.

16:49Esses crimes.

16:50Essa conspiração misteriosa que está dando o que falar no país todo.

16:54Me diga a verdade, Flores.

16:55Em que medida você está envolvido nisso tudo?

16:58Por hoje chega, Walter. Já vimos o essencial.

17:02Nós pensamos em todos os detalhes.

17:03Mas, como eu prometi para a Arminda.

17:08Eleonora, fique mais um tempo por aqui.

17:11É importantíssimo.

17:13Pare de ser dramático, Walter.

17:15Você representa muito mal este papel.

17:18Eu vou dormir.

17:20Faça o mesmo.

17:22Eu ainda vou tomar um drink.

17:23Ah, uma coisa.

17:25Eu lamento muito o que aconteceu com o jornalista.

17:28É, eu também.

17:30Foi...

17:31Foi lamentável.

17:34E mil perdões.

17:36Mil perdões por ter falhado na busca por seu filho.

17:41Pare de se culpar, Walter.

17:43Talvez tenha sido melhor assim, para ele e para nós.

17:46Só teria despertado inveja, cobiça e só Deus sabe quantas loucuras mais...

17:50É mais prudente que aquela mancha fique para sempre escondida dentro das calças.

18:00Até amanhã, Walter.

18:01Até amanhã.

18:13Acabou a cachaça, eu vou pegar outra garrafa.

18:15Não, não.

18:16Para mim chega.

18:17E acho bom você também parar de beber antes que caia duro.

18:19Ah, eu preciso muito mais que isso para me derrubar, Zé Mar.

18:21O que é isso?

18:22Eu quero retomar nossa conversa.

18:24Você remanchou, remanchou, deu mil voltas teóricas, mas ainda não respondeu a minha pergunta.

18:29Vou repetir.

18:31Até que ponto você está envolvido nesses estranhos acontecimentos aqui de Ribeirão do Tempo?

18:35Para ser mais direto, se tem alguma coisa a ver com o assassinato do senador Érico?

18:38O senador Érico.

18:41Zé Mar, eu comuniquei a vocês que ia começar o movimento.

18:45Eu cansei de esperar.

18:47Agora eu vou provar a vocês que estou certo.

18:49Na prática.

18:50Que práticas são essas?

18:51É isso que eu quero saber.

18:52Foi você que matou o senador Érico.

18:55Não.

18:56Mas eu sei quem fez o serviço.

18:57Quem?

18:59Eu vou te contar, Zé Mar, porque eu confio em você.

19:03Nós estamos no mesmo barco.

19:06Somos solidários, não é?

19:09E eu sei também que você pode discordar de mim, mas jamais vai me trair.

19:14É ou não é?

19:15Eu não estaria aqui se não fosse assim.

19:19Pois bem, quem matou o senador foi o Nicolau.

19:24O filho dele.

19:25Que horror, Milton.

19:26O homem foi assassinado pelo próprio filho.

19:29Sob esse ponto de vista, pode parecer um gesto hediondo, matar o pai.

19:34Por outro lado, se você observar que temos um senador corrupto,

19:39um dos piores reacionários da história desse país,

19:42o crime pode parecer não tão feio assim.

19:47É ou não é?

19:48O que você acabou de me dizer é de um cinismo alarmante.

19:51E esse Nicolau com certeza é um psicopata.

19:53Ele é meu aliado.

19:55E vai nos prestar grandes serviços.

19:57Que serviços, Milton? Um louco desvairado.

19:59Ele tem carisma.

20:01E o mais importante, é despido de qualquer escrúpulo.

20:05E daí vai servir pra quê?

20:07Pra ajudar a desmoralizar tudo isso que tá aí.

20:09Pra facilitar a derrocada da podridão que vivemos.

20:13Eu sei perfeitamente o que estou fazendo, Zé Mario.

20:18Tá tudo aqui.

20:20Na minha cabeça.

20:22Nesses dias que você vai passar aqui,

20:24eu vou lhe falar todos os planos, todas as teorias.

20:27E eu vou te convencer de que estou certo.

20:32Meu amigo,

20:33O caminho pode parecer tortuoso.

20:38Mas o objetivo é reto.

21:03E aí, fulaninho.

21:04Tá sonhando?

21:05É.

21:06E aí, fulaninho.

21:07Tá sonhando?

21:23Libera uma pra mim ali.

21:24E aí, fulaninho.

21:26E aí, fulaninho.

21:28E aí, fulaninho.

21:29E aí, fulaninho.

21:38E aí, fulaninho.

21:39Amém.

22:09Amém.

22:39Amém.

23:09Amém.

23:39Amém.

24:09Amém.

24:11Amém.

24:12Pão de queijo.

24:13Valeu, cara.

24:14Eu vou guardar pra mais tarde.

24:15Eu já comi umas frutinhas.

24:17É.

24:18Só que você não sabe da melhor.

24:19Eu vou saltar de paraquedas com o Tito.

24:21Aquele cara lá na pousada.

24:22Tá brincando?

24:23Não, cara.

24:24É sério.

24:25Eu vou daqui a pouco.

24:26Tem certeza que você não quer vir comigo?

24:27Pra quê?

24:28Pra invés de saltar, ué.

24:29Eu posso ir no avião?

24:30Não.

24:31Eu falei com meu pai.

24:32Ele disse que só pode ir o piloto e quem vai saltar.

24:34Não tem passageiros nesse voo.

24:35Não.

24:36E mesmo que pudesse, eu não ia querer ir, não.

24:38Pra assistir aqui debaixo.

24:39Eu entendi.

24:40Você tão amarradona em saltos.

24:42O que que te deu?

24:43Vai dizer que você ficou com raiva só por quê?

24:45Eu não tô com raiva.

24:46Só que sei lá.

24:48Eu vou ficar muito nervosa.

24:50Nervosa?

24:51Por quê?

24:52Se tivermos saltar, não vai ser legal.

24:56E você vai ficar preocupada comigo, ué?

24:59Com medo do paraquedas não abrir e eu morrer?

25:01Não é isso.

25:02Eu não quero ver.

25:03Só isso.

25:04Ah.

25:05Então quer dizer que você se preocupa comigo?

25:07Quer dizer que você gosta de mim?

25:10Pode ser bobo, Guilherme.

25:12Vai lá dar seu salto e me deixa em paz.

25:14Olha lá.

25:15Ficou vermelhinha.

25:16Olha, por que você não diz que é verdade?

25:19Que você gosta de mim?

25:20Se cuida, cara.

25:22Se você se arrebentar aqui no chão, quem vai me trazer pão de queijo de manhã?

25:26E aí?

25:45Bom dia, amor.

25:46Bom dia, Silvio.

25:47Bom dia, Silvio.

25:48E o Gui?

25:49Vamos tomar café?

25:50Saiu cedo.

25:51Ela tomou café.

25:52Ah, disse que ia chamar um amigo pra ver ele saltar.

25:55Ah, é que é amigo.

25:56Passa o suco pra mim, amor.

25:57Sei lá.

25:58Olha, Silvio, eu não consigo entender como é que você fica tranquilo.

26:02Você tem certeza que isso não tem o menor perigo?

26:04Nenhum perigo, amor.

26:05Para com isso, hein?

26:06Que isso?

26:07Não consigo deixar de me preocupar, viu?

26:09Pois não fique.

26:10Ó, o Tito é craque, amor.

26:12Tem uma longa experiência em salto duplo.

26:15Bora lá ver ele saltar.

26:17Ele vai ficar amarradão.

26:18Eu?

26:19É.

26:20Deus me livre.

26:21Você tá louco?

26:22Antes do menino saltar, capaz de Deus saltar desse mundo, Silvio.

26:24Deixa de ser ondeira, mulher.

26:26Que isso?

26:27Na toque dos extremos não tem acidente, não.

26:29Lá todo equipamento é de primeira, tá?

26:31Com revisão periódica.

26:32É o mínimo que vocês podem fazer, né?

26:34Olha, vamos mudar de assunto, vai.

26:36Senão eu vou ficar mais aflita.

26:39Foi difícil dormir essa noite depois daquela nossa conversa.

26:52Mesmo com toda a cachaça?

26:54Pois eu dormi o sono dos justos.

26:56Fico impressionado com a tua frieza.

26:58Ai, eu me sinto totalmente revitalizado, Zé Mario.

27:02Assim como se eu estivesse novamente 18 anos.

27:05O que é que te resveneceu?

27:06O que é que você anda fazendo?

27:08Eu saí do marasmo de décadas.

27:10Entrei de novo em ação.

27:12Dessa vez pra vencer.

27:14Você me imagina como isso é revitalizante, meu amigo.

27:17Ah, revitalizante até no amor.

27:19Eu tô tão perplexo com o que você tá dizendo que eu nem sei o que dizer.

27:23A nossa geração, Zé Mario, nasceu pra fazer a revolução.

27:27Falhamos no passado, mas ainda temos uma chance.

27:30A revolução.

27:31Exatamente.

27:32Se engaje novamente nela, meu amigo.

27:34Que você também vai rejuvenescer.

27:37Que revolução é essa que você tá falando, Flores?

27:39Uma revolução sem as massas, uma revolução sem o proletariado.

27:42O proletariado se corrompeu totalmente no mundo de hoje.

27:45Não existe mais como classe revolucionária.

27:47Você não sabe o que você tá dizendo.

27:48Ah, não sei.

27:49Os operários hoje só sabem comprar um carrinho, uma roupinha de grife.

27:54Traíram a revolução.

27:55São todos uns burguesinhos acomodados.

27:57Então a revolução não é mais possível.

27:59É possível, Zé Mario.

28:00Só que nós temos que procurar outras forças.

28:03Que forças, Milton?

28:06Que forças?

28:08Olha o nosso senador aí.

28:14Ai, meu querido, meu querido.

28:17Como é que foi de viagem?

28:18Foi legal.

28:19Gostou do meu discurso?

28:20Ai, meu filho.

28:22Mamãe ficou assim tão emocionada, viu?

28:24Foi tão bonito, tão imponente.

28:27Eu tenho certeza que seu pai ia ficar muito orgulhoso.

28:30Menos, dona Beatriz.

28:31Menos, hein?

28:32Não vem exagerar, não.

28:33A única parte importante do meu discurso

28:36foi quando eu exigi a prisão dos assassinos do velho.

28:38Deixa de ser modesto, menino.

28:40Para com isso.

28:41Larissa, coisa bonita de se ver, não foi?

28:43Nicolau, foi uma fala assim cheia de vigor, de entusiasmo.

28:48Parabéns, meu sobrinho.

28:50Você arrasou.

28:52Valeu, tio.

28:53É verdade.

28:54Lilia, você cortou cabelo, pintou.

28:58Você tá linda.

28:59Obrigada.

29:00Lilia, você mudou completamente.

29:02Você tá muito bonita.

29:03Obrigada.

29:04Aproveitei a saída pra Brasília e mudei um pouco o visual.

29:08Mas me conta, como foi lá em Brasília?

29:10Os senadores, a imprensa...

29:13Dona Larissa, melhor impossível.

29:15O discurso do Nicolau causou um impacto enorme.

29:19Praticamente toda a imprensa deu destaque.

29:21Aliás, dona Beatriz, eu trouxe uns jornais aqui comigo

29:24que eu imaginei que a senhora queria guardar.

29:26Com certeza.

29:27Olha esse.

29:28Jovem senador exige justiça.

29:31Gente, exige.

29:33Olha que maravilha, Larissa.

29:34Senador assume cadeira e denuncia marasmo da polícia.

29:38Nicolau tá lindo aqui, lindo, lindo.

29:40Tem mais outros aqui.

29:41Ai, que maravilha.

29:42Olha, eu prometo pra você que depois eu vou ler todos.

29:44Agora, Lilia, obrigada, viu?

29:46Obrigada mesmo.

29:47Agora, pelo amor de Deus, meu filho, conta tudo pra sua mãe.

29:49Eu quero saber tudo.

29:50Como é que foi a recepção no palácio, tu tão aflita, Nicolau.

29:53Olha, eu quero saber todos os detalhes.

29:56Foi bacana, mãe.

29:58Olha, eu até tô simpatizando com aquela corda, viu?

30:01O pessoal foi solidário comigo.

30:03Até o presidente veio e me deu um abração.

30:05O presidente?

30:07Como o meu sobrinho está importante.

30:10Ô Nicolau, eu confesso pra você que eu nunca fui com a cara daquele homem, viu?

30:15Já que ele tratou bem do meu filhinho,

30:18Eu acho que aquele camarada, ele vai ganhar uns pontinhos comigo, viu?

30:25Ele tratou como um príncipe.

30:31E aí, compadre?

30:33E aí?

30:34Como é que tá a máquina voadora?

30:36Tudo uma perfeição.

30:37Aqui não tem erro.

30:38Tamo com a manutenção todo em dia.

30:41Pode ir vós sossegada.

30:42Enquanto isso, eu não tenho a menor dúvida, meu irmão.

30:44Mas e aí?

30:45Liberou o moleque pro sol ou não?

30:46Cara, o que ele tá me enchendo o saco com isso não faz ideia.

30:49Mas não dá.

30:50Quer dizer, legalmente eu posso.

30:52Se tem minha autorização, eu não preciso dela, né?

30:54Mas o difícil vai ser encarar a Zuleide depois, meu irmão.

30:57Já viu que é impossível, né?

30:58Se é.

30:59Pô, mas o moleque vai ficar boladão, né?

31:01Vendo um amigo soltar e ele não.

31:03Que jeito.

31:04Na vida é assim.

31:05Vai ter que segurar a onda.

31:07É, isso aí.

31:13E aí, Ara?

31:14E aí, tio.

31:15Até que pincel aparecer já tá todo mundo lá na pista.

31:17Calma, tudo bem. Tranquilo.

31:18Cadê o Guilherme que vai soltar comigo?

31:19Ah, já tá lá também.

31:20Já tá lá já?

31:21Bom salto pra vocês, galera.

31:24Tudo bem?

31:25Tranquilo.

31:26Eu quero conversar contigo depois, pode ser?

31:27Claro.

31:28Eu até imagino o que seja.

31:29É o barraco que rolou com a tua mãe, não é isso?

31:31É isso e outros assuntos.

31:32A gente conversa mais tarde, pode ser?

31:33Tá bom, então relaxa pra fazer um bom salto.

31:35Vai lá.

31:36Obrigado.

31:37Vamos.

31:39Bora, Ara!

32:03Grande mestre, aqui é o seu discípulo mais aplicado.

32:13Magnífico discurso, meu rapaz.

32:16Eu nunca tive dúvidas em relação ao seu talento.

32:19Mesmo assim, você me surpreendeu?

32:22Foi uma sensação nova pra mim, mestre.

32:24Sabe que eu nunca tinha me sentido assim?

32:26Quando eu subi naquela tribuna, me senti confiante, cheio de força, poderoso.

32:33Os sares do poder inebriam, Nicolau.

32:36A gente via que você estava energizado.

32:39Eu acho que eu vou me divertir muito.

32:41Claro que vai.

32:42E quando é que a gente leva aquele papo?

32:44Eu estou com um hóspede aqui em casa.

32:46Logo depois que ele foi embora, a gente se fala.

32:49Agora, aproveita pra se distrair, enquanto a poeira acaba de baixar.

32:54Valeu, professor. Aguardo o sinal.

32:56Parabéns. Até.

33:01Zé Mário?

33:03Zé Mário? Onde é que você está?

33:24Jumos como nós, solitários, deveriam ter direito a um pouco de paz e sossego, não é mesmo?

33:31Ah, quem me dera.

33:33prices Cadena?

33:40Ainda não era nem certo.

33:46Ainda não é mesmo?

33:48Zé Mário?

33:52Ainda não é.

33:56E aí? Vai encarar mesmo ou vai amarelar?

34:07É, não amarelar nada. Vambora.

34:09Vambora.

34:09Ah, pena que seu amigo não vai saltar, né?

34:11É, aquela chata da mãe dele, né?

34:13Bom, vambora que tá na hora. Vamos levantar.

34:16E aí, Silvio?

34:17Fala, chefia.

34:17Vamos levantar esse avião ou não vamos?

34:18Boa, demorou.

34:20E aí, filhão? Com medo?

34:21Ah, um pouco, né, pai? Mas dá pra segurar.

34:23Eu quero só ver. Não vai amarelar não, hein, moleque.

34:25Ah, ele tá tranquilo.

34:26Cara, vamos equipar. Bora.

34:27Bora, bora.

34:28Obrigado.

34:37E aí, artista?

34:41Como vai, estrangeiro?

34:43Bem, só não posso sentar mais com o meu trabalho em pé sem problemas.

34:48Saindo de casa cedinho, sem falar com ninguém, eu fiquei preocupado.

34:52Porque tu já vinha na bronca por conta da Marisa e o...

34:56Lá na boate.

34:58Eu não tô afim de falar disso, falou?

35:01O que que é isso aqui?

35:03Não dá pra ver, não.

35:05É um autorretrato.

35:06Eu vim aqui pintar pra botar os meus sentimentos negativos pra fora.

35:10A arte serve pra isso.

35:12Os caras chamam de sublimação, sabia?

35:14É claro que não sabia.

35:17Eu tenho as minhas leituras, não sou burro como vocês, não.

35:21E o meu vivendo e aprendendo.

35:25Sublime ação.

35:27Bonito.

35:27E tá conseguindo?

35:28Tô.

35:30O sofrimento tem essa vantagem.

35:32Serve pra despertar a criatividade, a emoção.

35:36Ó, agora me deixa trabalhar em paz que eu quero ficar sozinho com a minha obra, falou?

35:39Ó, tu tá ficando, é mais besta do que já era.

35:44Vamos nessa, Alfredo.

35:46Antes que eu fique com vontade de dar um chute no traseiro dele.

35:51Me sublimação.

35:55Avisa o formigueiro, vem aí, dama do ar.

36:09Mandou me chamar?

36:11Uhum.

36:12Mandei.

36:14O que é que você tem?

36:15Resfriado?

36:16Nada.

36:16Dor de cabeça.

36:17Resultado da comemoração do partido ontem.

36:19Ah, seria pela posse do senador?

36:22Exatamente.

36:23Ah, Hermindo, eu acho que eu exagerei na bebida.

36:25Tô com uma ressaca danada.

36:26Mas tudo bem.

36:27O que é que você quer?

36:28Eu preciso de uma informação.

36:30Se eu puder dar.

36:31Eu acho que pode.

36:34Bom.

36:37Vem aí, audiência pública do resort.

36:39Isso.

36:40E a meu ver, a empresa precisa ser mais simpática ao povo da cidade.

36:45Eu acho bom.

36:46E seria mais simpática como?

36:48Eu não defini bem ainda.

36:49Mas eu pretendo recorrer às figuras mais pitorescas, mais populares de Ribeirão.

36:55De repente promovendo algum evento com elas.

36:58Sei lá, alguma coisa desse tipo.

36:59O que você acha?

37:00Eu acho uma ótima ideia.

37:02Pois é, eu também acho.

37:03E eu queria a sua ajuda pra fazer uma relação dessas pessoas.

37:06As figuras que o povo mais gosta, mais simpatiza.

37:10Que não sejam políticos, obviamente.

37:12Ah, obviamente.

37:13Pera.

37:14Ah, quer ver?

37:16Tem o regente da bandinha da cidade.

37:19O pessoal gosta muito dele.

37:21Ele é gordo, a vessa.

37:23Ele anda sempre por aí com um bocal de trompete.

37:25E dizem que ele tira qualquer música com aquele trompete.

37:28O apelido dele é Bocalino Trompetão.

37:31Olha só.

37:31E quem mais?

37:33O Ventania, o advogado.

37:34Esse não pode faltar na lista.

37:36Ele é um boêmio inveterado.

37:37Todo mundo gosta dele.

37:38Ele tem uma citação em latim pra qualquer coisa que você disser.

37:42Além dele, tem a cega vidente.

37:44Dizem que ela lê o futuro só passando a mão no rosto das pessoas.

37:49Agora cá entre nós, eu acho que nem cega ela é coisa nenhuma.

37:52O músico, advogado, cega vidente.

37:55Isso.

37:56Ah, o Querencio.

37:58Quem é o Querencio?

37:59Querencio é o artista da cidade, o pintor, o bebum.

38:03Foi ele que pintou aquele retrato do Enforcado.

38:06Aquele que o prefeito deu pra madame na festa, lembra?

38:08Claro que eu me lembro.

38:09Então, ele é super popular, super querido aqui na cidade.

38:14Todo mundo gosta dele.

38:15Querencio.

38:16Querencio.

38:19Querencio.

38:23Querencio.

38:24Amém.

38:54Oi.

38:56Oi, Sancha.

38:58Você não tinha nada que ter saído de casa, não.

39:00É, não deu pra ficar.

39:04Eu tava chateado.

39:06Muito agoniado.

39:08E agora, como é que tá?

39:10Melhor.

39:12A pintura sempre me valeu.

39:14Esse daí é tu mesmo, né?

39:18Até que enfim alguém o conheceu.

39:20É isso aí, Sancha. Sou eu.

39:24Quer dizer, a minha alma.

39:26Sofredora.

39:28E como é que tá aí a retaguarda?

39:32Sofredora demais também?

39:34Assim de pé eu nem me lembro.

39:36Agora, quando sento ela reclama.

39:40Tu tem que dar um tempo de molho.

39:44Mas é na cama e não na cana.

39:47Eu não posso.

39:49Eu já tô triste pra danar.

39:51Se eu ficar parado então é que os pensamentos fermentam de vez.

39:55Eu tenho que botar a minha agonia pra fora aqui.

39:57Com tela e pincel.

39:59Meu destino é esse.

40:01De artista.

40:03Tá bom.

40:05Eu só passei pra saber notícia mesmo.

40:11Obrigado.

40:13Obrigado mesmo.

40:15Obrigado mesmo.

40:19Você e o Romeu são gente muito boa.

40:23Você também é um cara muito bacana.

40:27Se cuida.

40:29Não sofre mais do que necessário, tá?

40:33Tá legal.

40:35Pode deixar.

40:37Eu só vou sofrer o que precisar.

40:41Tchau.

41:07E aí, Zilco.

41:09Estamos na área, chefia.

41:11Aí, moleque.

41:12É boa, hein.

41:13Tá pronto?

41:14Bora aí, área.

41:15Manda ver.

41:16Tchau.

41:17Tchau.

41:19Tchau.

41:46Tchau.

41:47Tchau.

41:48Tchau.

41:49Tchau.

41:50Tchau.

41:51Tchau.

41:52Tchau.

41:53Tchau.

41:54Tchau.

41:55Tchau.

41:56Tchau.

41:57Tchau.

41:58Tchau.

41:59Tchau.

42:00Tchau.

42:01Tchau.

42:02Tchau.

42:03Tchau.

42:04Tchau.

42:05Tchau.

42:06Tchau.

42:07Tchau.

42:08Tchau.

42:09Tchau.

42:10Tchau.

42:11Tchau.

42:12Tchau.

42:13Tchau.

42:14Tchau.

42:15Tchau.

42:16O meu tempo explorando o céu e o mar.

42:24Protege o Guilherme, por favor.

42:30Os teus olhos tão bonitos, sabia?

42:35Diana.

42:46O que você faz?

42:49Enquanto o guilherme, por favor.

42:52O que você faz?

42:54Vem do céu!

42:56Vem do céu!

42:59Vem do céu!

43:01Vem do céu!

43:03Vem do céu!

43:05Vem do céu!

43:08Vem do céu!

43:11Vem do céu!

43:13Oi.

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