Ribeião do Tempo capitulo 49

TOP TV PLAY

Quem puder dar uma força segue o pix para doação: CHAVE PIX : erisleneribeirodeoliveira@gmail.com Vai aparecer meu nome : Erislene Ribeiro de Oliveira (Banco NUBANK) Desde já muito obrigado para quem puder ajudar , e bom divertimento.  Enredo A trama passa na pequena cidade de Ribeirão do Tempo. A novela aborda e gira em torno do grande resort que a empresária Arminda (Bianca Rinaldi) pretende construir na cidade, que não é bem aceita pela população do local, sendo assim todos irão contra ela, menos Joca (Caio Junqueira), que é um detetive particular que quer ter prestígio desvendando assassinatos e casos misteriosos que se apaixonará por ela e ela por ele. Filomena é uma moça humilde de Ribeirão, é querida por todos da cidade, filha de Querêncio. É apaixonada por Tito, um rapaz que é apaixonado por esportes radicais e que é dono de uma pousada. Tito namora Karina, uma "patricinha" rica e mimada dona de uma boutique na cidade. É filha de Célia e Bruno. Numa noite chuvosa em Ribeirão Tito acaba se embriagando no bar "Agito Colonial", dá uma carona à Filomena e os dois acabam fazendo amor dentro do carro, alimentando alguma esperança à Filomena de que Tito a ama. Após perceber o que aconteceu entre ele e Filomena, Tito esclarece o mal-entendido entre ele e Filomena, quebrando as esperanças da moça. Após descobrir Karina passa a odiar Filomena. Transcrição

Transcript

00:00Espalha pela cidade que eu tô bem e resistindo!

00:03Eu não vou me render!

00:05É isso aí, Joaquinha, que eu queria te falando!

00:08Segura as pontas aí, cumpade!

00:11Nós vamos te tirar daí!

00:12O povo tá do teu lar!

00:17O avião tá em perfeito estado.

00:19Mas aquele cheiro de queimado que você sentiu, você descobriu o que que era?

00:21Não, mas também foi uma vez só.

00:23Se fosse alguma coisa séria, teria continuado, né?

00:25Depois disso, também o Newton deu uma geral no equipamento

00:28e garantiu que tá tudo no esquema.

00:29Não pode confiar.

00:30Se vocês dois estão garantindo, tá bem.

00:31Pode ficar tranquilo.

00:32O Newton é um dos melhores mecânicos de aeronave que eu conheci em toda a minha vida de piloto.

00:36Filó, sabia que minha mãe já foi modelo?

00:38Ela pode muito bem te dar umas dicas.

00:40Com uma boa repaginada, achou até que você poderia arrumar um namorado.

00:45Obrigada, Karina, mas eu não tô pensando nesse momento.

00:47Mas deve ser tão triste ficar sozinha, né?

00:51Pode acabar te dando problemas.

00:54Se a senhora me permite...

00:55Boa noite.

00:56Bom, dona Beatriz, eu gostaria que a senhora me informasse

01:02o que as pessoas da casa estavam fazendo na noite do crime.

01:06Pessoas da casa quem?

01:08Eu...

01:09Eu tenho muita gente que trabalha aqui, como empregados, diaristas, o pessoal do Aras.

01:16Se você quer um número mais certo, eu posso chamar o administrador.

01:19Não, não é preciso.

01:22Não precisa chamar ninguém, não.

01:24Em outra ocasião, eu converso com todos os seus funcionários.

01:28Na realidade, dona Beatriz, o que eu preciso no momento é saber onde estavam

01:32e o que fizeram as pessoas da família que moram aqui na casa.

01:36A Larissa e eu fomos as bodas de ouro de um casal amigo.

01:39Passamos o dia fora.

01:43O Nicolau não saiu de casa.

01:46O Nicolau foi dormir cedo.

01:48Eu me lembro disso porque eu perguntei pra Lília.

01:52Lília era a secretária do Érico.

01:54Não sei se vai continuar trabalhando com o Nicolau.

01:57E ela me disse que...

01:59Que o Nicolau tinha ido dormir cedo.

02:02Eu acho...

02:02Ele estava meio indisposto.

02:20Vem cá, que baixaria foi essa ontem com o Virgílio?

02:22Está todo mundo aqui na pousada comentando.

02:24Eu posso saber porque você engrossou com ele na frente dos hóspedes?

02:27Eu engrossei mesmo.

02:28Não tenho culpa se tinha gente em volta.

02:30Há tempos que eu estou com ele por aqui.

02:31Ó, não aguento mais aquelas gracinhas, aquelas piadinhas.

02:35O que ele pensa que é?

02:36Peraí, mãe. Calma, calma.

02:37O Virgílio é uma pessoa da minha confiança e do meu pai.

02:39Quer dizer, do seu marido.

02:40Ela é da confiança dele porque ele não sabia da missa à metade.

02:43Porque se soubesse a história, ia ser bem diferente.

02:46Mãe, mãe, esse é o jeito dele.

02:47Ele gosta de fazer gracinha, você sabe muito bem.

02:48Você deve ter interpretado mal, só isso.

02:50Interpretado mal?

02:51Você acha que eu sou idiota, é?

02:52Naquela época ele era discreto ou melhor, ambíguo.

02:55Mas depois que seu pai morreu, ele perdeu a vergonha.

02:57Eu não tenho que aturar as gracinhas daquele cretino.

03:01Não tenho.

03:01Mãe, por favor, tá? Por favor.

03:06Você toma cuidado com o que você diz, tá?

03:08Eu preciso do Virgílio para os negócios.

03:10Eu não quero atrapalhar os negócios de ninguém.

03:12Mas eu não quero aquele cara se metendo na minha vida.

03:16Pronto.

03:16Calma, respira, fica calma, tá?

03:19Bom, me diz aí, me diz o que foi que ele te disse

03:21para te deixar assim tão irritada, tão nervosa.

03:24Ah, ele veio com aquele jeitinho, nojentinho dele dizer,

03:28saber aonde é que eu tinha passado a tarde

03:31e insinuou que eu estivesse com um amante,

03:33ou melhor, com um cliente.

03:35Como se eu fosse, sim, uma mulher de programa.

03:38Pelo amor de Deus, né?

03:39E onde foi que você passou a tarde, afinal de contas?

03:41E agora você também vai querer se meter na minha vida?

03:43Ah, tá vendo?

03:45Tá gostando?

03:46Isso é pra você ver como é bom

03:47quando os outros gostam de se meter na sua vida.

03:49Assim você para de dar palpite na minha vida com a Karina.

03:51Tá vendo como é bom?

03:52Ah, Tito, é completamente diferente.

03:54Primeiro que eu sou sua mãe,

03:55depois eu me meto na sua vida com a Karina

03:57por uma questão financeira.

03:59E eu não tenho nada a esconder.

04:02Eu passei a tarde na casa do professor Flores.

04:07Satisfeito?

04:08Na casa do professor Flores?

04:10Aham.

04:10O que você foi fazer lá?

04:11Isso não é da sua conta, tá?

04:13É da minha conta e dele.

04:15Sei.

04:17Agora eu tô entendendo.

04:19Por que você não vai atrás da sua nuivinha, hein, Tito?

04:21E larga do meu pé.

04:33Manaléia!

04:34Que prazer tê-la aqui novamente.

04:38O senhor é sempre tão fino.

04:40Apenas sincero.

04:41Eu me sinto muito feliz na sua companhia.

04:45Aliás, isso não deve ser novidade pra senhora?

04:48Todo mundo deve se sentir muito contente ao seu lado.

04:52Aliás, elogios não deve lhe faltar?

04:55Uma mulher tão interessante, tão inteligente, tão bonita.

05:02Sente-se.

05:04Eu tô ficando encabulada.

05:07Aceita o chardonnay?

05:10O que é isso?

05:12É um tipo de uva que produz um vinho com um sabor único.

05:19Inesquecível.

05:20Assim como a senhora.

05:22Eu encabulei de novo.

05:23Ah, professor, me desculpa.

05:26Mas, mas eu não bebo.

05:29É...

05:29Eu agradeço o chardonnay.

05:32Chardonnay.

05:33Chardonnay.

05:34Chardonnay.

05:36Dô.

05:37Pronuncia-se com um biquinho.

05:39Toda pronúncia francesa tem um biquinho.

05:43Chardonnay.

05:45Chardonnay.

05:45Isso.

05:47Uma francesa perfeita.

05:49Depois dessa pronúncia, só resta aceitar uma tacinha.

05:54Ai, eu não posso, infelizmente.

05:57Que pena.

05:59Eu só abro esse chardonnay pra pessoas muito especiais.

06:03É uma desfeita?

06:04Ah, bom.

06:06Se o senhor vai achar que é uma desfeita, eu aceito.

06:12E aí, gente, Diana?

06:14Como é que fica?

06:15Fica o quê?

06:15Ah, você sabe.

06:17A gente se beijou e tá rolando um lance.

06:20Lance nenhum.

06:21Você não se toca, né, cara?

06:22Me toco sim.

06:24Sabe, eu tô amarradão em você.

06:26Já te falei que eu te curto de verdade.

06:28Na boa.

06:29Guilherme, não vai ser como a gente era antes?

06:31Vamos complicar, né, cara?

06:33Você que complica com essa história de fingir que é homem.

06:35E você não para com isso tudo.

06:37Olha só, Guilherme, quando eu resolver alguma coisa, se é que eu vou resolver,

06:41você vai ser o primeiro a saber, valeu?

06:42Tá bom.

06:43Eu espero.

06:44Mas quando...

06:47Quando você quiser, tiver afim de me dar outro beijo,

06:52é só avisar, viu?

06:53Tchau, Guilherme.

06:57Ai, professor, não tem muito o que falar, não.

07:18A minha vida é um livro de poucas páginas.

07:22É, abriu, fechou, acabou.

07:25O que eu posso dizer mesmo é que...

07:28tudo ficou muito mais difícil depois que eu me envolvei.

07:32Eu entendo perfeitamente.

07:33Eu também fui vítima desse destino que deixa as pessoas sem seus pares.

07:39A solidão...

07:41A solidão é uma realidade muito dolorosa.

07:45Sim, é.

07:46Mas nós dois, eu e você, podemos nos considerar sobreviventes.

07:53Nós estamos vivos e de pé.

07:57A solidão não nos derrotou.

07:59É força e bola pra frente, como diz o povo lá da Saúva.

08:04Isso, isso, dona Léia.

08:07Isso.

08:08Como as águas do Ribeirão.

08:10Às vezes mansas, às vezes tumultuadas, às vezes traiçoeiras.

08:18A vida que segue.

08:22E a nós que seguimos com ela.

08:24A nós que estamos aqui agora, vivendo esse momento mágico.

08:41Por favor, professor.

08:43Encontrou o lugar onde o homem foi sequestrado?

09:02Encontrei.

09:03E onde é?

09:04Naquele galpão lá, abandonado.

09:07Aquele.

09:09Pra lá da ponta do Curumim.

09:10Sei, sei, sei.

09:11Quase uma ruína.

09:13Adivinha o que tem aqui.

09:17Nem imagino.

09:20A cueca.

09:22E a calça.

09:24Uma jornalistinha de bosta.

09:27Meu Deus, mas que história mais sem pé nem cabeça é essa, né, delegado?

09:31Gente do céu, deixar o homem fugir, não.

09:34Olha, se não fosse o motorista que o socorreu, ter metido uns trapos no coitado,

09:37ele ia aparecer lá no hospital com tudo de fora, que vexame.

09:40Pra mim ele esqueceu as roupas lá de propósito.

09:45O jornal, que é jornal macho mesmo, publicaria a foto dele com o traseiro de fora.

09:51Aí sim seria a liberdade de imprensa.

09:53O dono do jornal pelado na primeira página.

09:56Meu Deus, o senhor tem mesmo o ódio doentio desse homem.

10:00E não é pra ter?

10:01Olha aqui, delegado, eu acho que um pouco de serenidade é fundamental quando agimos no exercício da profissão.

10:07A senhora quer parar de me ensinar o meu ofício?

10:09Eu quero saber como é que foi lá, na dona Beatriz.

10:12Não deu em nada.

10:13Nada?

10:14Nada.

10:14Zero.

10:15Necas de pitibiribas, como diria seu pai.

10:18Meu pai não é tão velho assim.

10:19Seu avô, então.

10:20Pois é isso mesmo, delegado.

10:21Nada encontrei, nada apurei, nada de nada.

10:25Ai, meu Deus, parece que todo mundo tem um álibi bem convincente.

10:29A dona Beatriz e a irmã dela foram à festa de bodas de ouro.

10:32A tal de Lilian, secretário do senador, ficou em casa.

10:35E o Nicolau foi dormir cedo e passou mal de noite.

10:38E por aí vai.

10:39Você tem que repousar, meu amor.

10:45E aí, velho?

10:45Meu amor, lembra o que o médico falou. Repouso. Não seja teimoso, velho.

10:49Patrícia, um homem na minha posição não tem tempo pra ficar na cama, por favor.

10:55Você é teimoso? Você é teimoso como uma mula.

10:58Ai, Patrícia, deixa de ser chata.

11:01E aí, velho, tá vivo?

11:02Mais vivo do que nunca.

11:03Eles ainda não conseguiram derrubar o seu velho pai.

11:06Agora aproveita e pega uma cachaçinha, vai.

11:08Não é que cachaçinha, coisa nenhuma.

11:10Você tem que repousar, não é ficar enchendo a cara.

11:13Patrícia, deixa de ser chata, por favor.

11:16Ah, é chata.

11:17É, deixa de ser chata.

11:21E aí, pai?

11:22Quem você acha que são esses caras que te pegaram, hein?

11:24É isso que eu tô pensando.

11:26Esses caça-cuecas não passam de um movimento diversionista.

11:31Cortina de fumaça pra esconder o real objetivo desse movimento da conspiração.

11:37No fundo, no fundo, o que eles querem é matar.

11:40Deus nos livre.

11:41Ou então eles visavam me intimidar.

11:43Quem vai saber?

11:44Mas não vão conseguir.

11:45Ah, não vão.

11:46Porque eu vou bater cada vez mais pesado.

11:48Anota o que eu tô te dizendo.

11:49E o movimento de libertação do Joca, pai?

11:51Achei legal o jornal ter levantado essa questão.

11:53Uma maravilha.

11:54Todos os jovens têm que entrar nessa.

11:57Aliás, você poderia reunir o teu pessoal pra essa luta.

12:00Deixa eu tomar uma coisinha.

12:03Sim, porque no meu tempo, os jovens não eram alienados assim, não.

12:07Nós tínhamos uma consciência.

12:09Lutávamos por justiça.

12:11Ninguém ficava perdendo tempo em festinha de embalo.

12:15Bom, pai, mas a minha galera não é disso, não.

12:16Pô, parece que você não conhece.

12:18Lembro da galera que, pô, fez a manifestação contra o resort.

12:21Mas eu não estou falando de você.

12:23E esses dois querem me matar de preocupação, né?

12:26É isso.

12:27Já não basta ter sido sequestrado,

12:29ainda fica querendo envolver o André nessas duas maluquices aí.

12:33Tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim.

12:39Naquela mesa tá faltando eu e a saudade dele tá doendo em mim.

12:46A senhora não acha que está bebendo demais?

12:49Acho.

12:50O álcool pode causar uma infinidade de males, principalmente a mulher da minha idade.

12:56O que mais você tem a dizer pra me animar?

12:58Desculpe, foi só um infeliz comentário.

13:01Muito infeliz.

13:02Você acha que foi fácil pra mim tomar qualquer uma dessas decisões?

13:06Não foi.

13:07Eu tenho certeza disso.

13:09Boa noite.

13:12Arminda.

13:13Cheguei numa má hora?

13:15Conte pra ela, Walter.

13:16Antes que ela pergunte o que aconteceu...

13:18Era exatamente isso que ia fazer.

13:19Eu sei.

13:20A dame decidiu voltar pra Europa nos próximos dias.

13:23Voltar?

13:24Já?

13:25Me desculpe, mas a pergunta é inevitável.

13:28O que aconteceu?

13:29Será que por acaso a senhora já encontrou-se?

13:31Eu não encontrei ninguém e não faço mais nenhuma pergunta.

13:35A dúvida só me ocorreu por causa do que aconteceu com aquele jornalista.

13:39Tem alguma coisa a ver?

13:40Mas com que direito você me faz uma pergunta dessas, hein, Arminda?

13:44Me desculpe, foi só uma dúvida.

13:45Eleonora, a senhora não pode impedir as pessoas de pensar, de tirar as suas conclusões?

13:51A busca pelo meu filho acabou, Arminda.

13:54E com ela, a razão de eu permanecer neste fim de multo.

13:58E agora, por favor, mantenha aquela atitude que eu lhe pedi.

14:01Não se meta nesse assunto.

14:03Se a madame tá de péssimo, amor, eu vou te servir um drink.

14:13Ah, obrigada.

14:13Vou precisar mesmo.

14:17Depois de toda aquela confusão na porta da delegacia,

14:21uma canjiprina cai bem, não cai?

14:23Ou se cai.

14:24Como dizem por aí, quem morre no patente...

14:28Ah, renasce na aguardente.

14:33Quem diz isso?

14:34Eu acabei de dizer.

14:37Muita bobagem.

14:40Essa foi ruim mesmo.

14:42Será que aquele fuzueio que nós aprontamos vai servir pra tirar o joca do xadrez?

14:47Atrapalhar que não vai, lorota.

14:50Bota mais uma aqui.

14:51O importante é o povo dar o seu recado.

14:54Não podemos ficar de braços cruzados diante de uma injustiça dessas.

14:59Eu vou te dizer, querência.

15:01Tem gente que te acha um cachaceiro.

15:04Mas até que tu tem mais que pinga nessa cabeça.

15:07Eu sou subestimado, meu caro Romeu.

15:10Se eu bebesse uísque no lugar de cachaça,

15:13todos me chamariam de intelectual exceto.

15:17Quando o cara começa a falar de vício, danou-se.

15:22Ô, querência, o que diabos você quis dizer com esse intelectual excêntrico?

15:27Orota, cala a boca.

15:28Vai, fica quieto.

15:29Você não entende nada.

15:30E quer saber?

15:31Não adianta explicar.

15:32Fica na tua.

15:33Romeu, eu tô afim de ir lá na boate ver a Marizinha dançando.

15:37Vamos lá comigo?

15:38O quê?

15:40Você destrambelhou das ideias, foi?

15:42Se chancha sabe que eu fui naquele lugar,

15:44ela pega a minha tesoura de jardineiro e me pica todinho.

15:49Olha aí, companheiro, vai deixar a mulher te botar cabresto?

15:52Você é um homem ou um rato?

15:54Diz aí, Norota.

15:57Ô, meu, o burro amarrado também basta, compadre.

16:01E o que é que tem você ficar vendo as mulheres dançando?

16:07Ah, não tem problema nenhum.

16:10Pra vocês, falar é fácil, né?

16:13Tudo largado na vida, sem seriedade nenhuma.

16:17Como assim sem seriedade?

16:19Eu levo mulher muito a sério.

16:21Tanto levo que vou lá pra conferir,

16:23ver se as curvas delas continuam no lugar certo.

16:27Vamos lá, Romeuzito.

16:28O senhor não precisa fazer nada.

16:31Fica só no olhadinho e deixa o resto comigo.

16:33É, Rigo, é ele morrer de um ataque pro coração.

16:37Esse aqui é o problema.

16:41Engraçadinho.

16:42Eu queria tanto ir com vocês,

16:44mas tô cheio de serviço aqui, né?

16:48Tá bom, eu vou.

16:50Afinal, o que mal tem,

16:53vê as mozinhas dançando.

16:56Você vai chegar em casa tão animado

16:58que Sancha vai até agradecer.

16:59Vamos lá, vai.

17:01Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô.

17:03E a conta?

17:05Pendura.

17:07Pessoal!

17:13Ah, meu amor.

17:14Eu não falei pra você esperar que eu te ajudava.

17:17Que tal se você, depois do jantar,

17:23for descansar um pouco?

17:24Patrícia.

17:24Dormir mais cedo?

17:25Patrícia, para com essa bobagem.

17:27Foi apenas um acidente.

17:28Eu preciso passar na redação pra fechar uma edição.

17:31Para.

17:32Saí?

17:33Saí hoje?

17:34Mas de jeito nenhum.

17:35Só se passar por cima do meu caralho.

17:36Eu não posso ficar de molho.

17:39Eu preciso trabalhar.

17:41Eu preciso trabalhar.

17:43Dá pra entender?

17:45Ai.

17:46Boa noite, pessoal.

17:46Que bom que cê chegou.

17:51Como é que é?

17:52Aliás, que bom que vocês chegaram, ó.

17:54Quentinho.

17:54É, mãe, não.

17:55Pode deixar.

17:56A gente já comeu um sanduba lá no centro.

17:57Ih, sanduba.

17:58Ai, filho, coma alguma coisa.

18:00Olha a cara do Sérgio.

18:02Carinha de fome.

18:03Obrigado, tô sem fome.

18:04Obrigado.

18:04Patrícia, deixa de ser chato, querida.

18:06Por favor, menos.

18:07Vamos lá, quantas novidades?

18:09O que é que aconteceu?

18:09Bom, então, pai.

18:10Eu e o Sérgio e uns colegas,

18:12a gente teve a ideia de passar um abaixo-assinado

18:13pedindo a libertação do Joca.

18:15O que cê acha?

18:15Eu acho ótimo, maravilha.

18:18Inclusive, eu vou dar uma notinha no jornal

18:20só pra reforçar, sabe como é que é?

18:23Agora eu vou dizer uma coisa.

18:24Nós precisamos conseguir libertar

18:26o nosso herói de Ribeirão do Tempo

18:28de dentro daquele cárcere infectado.

18:31Isso é o Lico.

18:31Tá aí uma notinha dessa

18:32e ia dar uma ajuda maneira pra gente, André.

18:34Não é?

18:35Então é isso aí.

18:36Vamos lá, vamos ligar pro pessoal

18:37pra convidar essa parada.

18:38Valeu?

18:39Bom, vamos lá, gente.

18:40Ó, vou mandar atirar ainda, tá em tempo.

18:43Não, não, não, não, imagina não.

18:44Tá tranquilo.

18:45Mas você é insistente, hein?

18:46Que coisa mais desagradada,

18:48que coisa mais chata.

18:49É você, para.

19:08Para um pouquinho.

19:11Vem cá.

19:12Sabe o que me deu uma saudade de você agora?

19:15Eu não sei porquê.

19:15Que isso, Lico?

19:17O que que deu em você?

19:19Olha, eu acho que esse susto te fez bem.

19:22Tô pensando até em contratar uns sequestradores

19:25pra te sequestrar pelo menos duas vezes por semana

19:29pra ver se você fica assim gentil, carinhoso.

19:32Você tem que jogar um balde de ironia em cima

19:35pra acabar com qualquer clima,

19:37com qualquer romantismo.

19:39Você, você consegue coisas incríveis.

19:42Brincadeira!

19:43Eu vou te contar uma coisa.

19:44É de uma friqueza, pelo amor de...

19:49Ai, amor, brincadeirinha, brincadeirinha.

19:52Não tô acostumada com você assim.

19:55Brincadeira, desculpa.

20:14Olha só que beleza, Romeu.

20:30É graça demais que Deus pôs nesse mundo, não é?

20:33Oh.

20:34Nem gosto de olhar muito pra não virar estátua de sal.

20:37Como uns e outros.

20:38Por uma mulher como essas, eu até arrisco virar estátua.

20:44Depois você me bota lá na pracinha com uma plaquinha dizendo

20:47morreu duro e feliz.

20:49Mas tu não presta mesmo, hein?

20:52Qual é só quem tá aí?

21:05É o prefeito.

21:07Tá vendo?

21:08Até Jumeto vem pra estar nessa boate sem cabresto.

21:11Que mulherão, hein, seu Bruno?

21:24Que mulherão.

21:25Com uma mulher dessa, eu partia pra ignorância, meu.

21:29Pra ignorância, senhor presidente?

21:32É, eu...

21:33Eu ignorava as outras mulheres.

21:35Doutor Bruno, você gostou mesmo do discurso do Nicolau?

21:43Gostei muito, achei...

21:45Achei muito seguro.

21:46Eu também.

21:47Eu fiquei até mais leve, sabe?

21:49Inclusive, acho que o Nicolau ficou mais maduro depois da morte do pai.

21:55E depois desse discurso, eu também senti mais firmeza no nosso partido aqui em Ribeirão.

22:00Ele vai segurar o poder do pai.

22:02E com isso, eu garanto a minha eleição.

22:04Ah, com certeza.

22:05Com certeza.

22:07Aliás, senhor prefeito, nos próximos dias temos que conversar com ele sobre isso.

22:11Agora você usou o miolo, doutor Bruno.

22:13É isso que nós temos que fazer.

22:15É isso, meu filho.

22:18Pode deixar, Nicolau, que eu falo pra sua mãe, sim.

22:22Boa noite.

22:22Dá o telefone lá em casa.

22:23Um beijo, meu querido.

22:26Ele volta amanhã bem cedo de Brasília.

22:29O Nicolau desligou tão rápido, ele nem quis falar comigo.

22:32Ele estava com pressa.

22:34Ela vai jantar com vários senadores no palácio.

22:37Quem diria, hein, Beatriz?

22:40Quem diria, Larissa?

22:41Olha, o mó posso acreditar, viu?

22:42Mas eu acho que o meu Nicolau realmente, ele tá tomando jeito.

22:47Ai, eu vou mandar preparar um almoço tão especial para o meu sobrinho.

22:53Acho que ele merece.

22:54Meu filho?

22:54Merece muito mais do que isso.

22:57Ai, meu Deus.

22:59Meu Nicolau tá tão mudado.

23:02Ele nem parece mais a mesma pessoa.

23:04E aí, tão gostando do show?

23:27Marisa, você é uma grande artista.

23:32Além de linda.

23:34Obrigada.

23:35Se você soubesse falar outras línguas, com certeza você estaria dançando nos grandes palcos do estrangeiro.

23:43Ora, prefeito.

23:45O corpo fala qualquer língua.

23:47Mas já que o senhor pensa assim, por que não constrói um grande palco desses aqui mesmo?

23:51Já imaginou?

23:52Teatro Municipal de Ribeirão do Tempo?

23:55Muito bom.

23:56Muito.

23:57Senhor prefeito, se o senhor fizer isso, aí sim o senhor vai ficar eternizado na memória desse povo.

24:02O que é isso, seu Bruno?

24:04Eterno só ele lá em cima.

24:06Eu quero ficar eterno com os meus eleitores.

24:10A Marisa é a mulher da minha vida, Romeu.

24:13Essa pegou meu coração de jeito e guardou numa caixinha que só ela tem achado.

24:18Se tivesse o mínimo de juízo nessa cabeça...

24:22O que é que esse arejumento tá querendo com a Marisa, hein?

24:32Calma, Alpaz.

24:34Calma.

24:35Tu não vai arrumar confusão.

24:37O Skulapio já avisou que mais uma que tu aprontar aqui nunca mais te deixa entrar.

24:41Eu vou sabendo.

24:42Ela também ficou uma onça quando eu arrumo a barrago aqui.

24:45Pronto.

24:50Ela está vindo.

24:59Querem se querer?

25:02Ah, que surpresa te ver aqui, Romeu.

25:05Ação te liberou?

25:05Pelo amor de Deus, Marisa.

25:07Se ela souber que eu vim, eu estou perdido.

25:10O que é que aquele arejumento queria contigo, hein?

25:13Não é nada, umas bobagens.

25:15Fala a verdade, Marisa.

25:17Ei, fica na tua.

25:19Eu já te disse que não gosto de ninguém se metendo na minha vida.

25:23Hoje me deu uma saudade da Leninha, gente.

25:25Vocês não têm ideia.

25:27Eu tenho ideia, sim.

25:30Desculpa aí, tá?

25:31Foi mal.

25:31É que eu não gosto de ver aquele animal perto de você.

25:34Pois, trate de segurar sua onda.

25:35Eu estou trabalhando.

25:37Tá?

25:40Pois, colap, já.

25:42Mais um aí, vai.

25:44Esfria a cabeça, querência.

25:57O Filomena é engraçado.

25:59Ela pede para eu vir aqui porque ela precisa falar comigo

26:01e ela fica zanzão de um lado para o outro e nada.

26:04Carmen, alô.

26:06A coitada está trabalhando, né?

26:08Mas me fala.

26:10Ela disse o que ela queria, ela estava muito nervosa.

26:12Ai, bota nervosa nisso.

26:15Vamos ver o que essa pessoa aprontou agora.

26:17Olha, irmã, eu sei que você conhece a Filó muito mais que eu.

26:20Eu nem sei o que está acontecendo.

26:22Mas eu, sinceramente, acho que o problema da Filó

26:24é que ela não se dá valor.

26:26Ah, já falei isso para ela mil vezes, sabe?

26:28A autoestima baixa é uma coisa séria,

26:30é um buraco sem fundo.

26:32Vamos ver em ela.

26:33Oi.

26:35Obrigada por ter vindo.

26:36Oi, Ellen.

26:36Oi, querida.

26:37Eu preciso falar rápido que eu tenho que voltar a trabalhar atrás.

26:39Calma.

26:40O trabalho espera.

26:42O que aconteceu?

26:43Dá licença.

26:49Ai.

26:49A desgraçada veio aqui com a mãe dela.

26:52Que desgraçada.

26:52Ai, só pode ser a Karen.

26:54Foi ela.

26:55Claro que foi ela, Piru Botequeira.

26:56E aí?

26:56Ah, aquele papo de sempre, né, Carmen?

27:00Ah, Filomena.

27:01Eu não consigo entender como uma moça tão esforçada que nem você está sozinha.

27:05Como é que pode você?

27:07Não tem namorado nunca.

27:09Enfim, me pisoteando, me humilhando sem parar.

27:12Ela não esquece o que aconteceu.

27:14É impressionante.

27:17Oi.

27:18Desculpa, gente.

27:19Mas eu acho que eu perdi alguma parte, algum capítulo.

27:22O que que aconteceu?

27:23Você não contou pra ela?

27:25Não, você pediu pra eu guardar segredo.

27:26Ah, não, desculpa.

27:27Então, se é pra guardar segredo, desculpa.

27:29Você não precisa falar.

27:30Não, não, não.

27:30Segredo nenhum, não.

27:32Quer saber?

27:33O que era mais é que se dane.

27:35É o que eu quero.

27:36Quer saber o que aconteceu, Ellen?

27:37Foi o seguinte.

27:39O Tito veio aqui um dia sozinho.

27:40Porque ele tinha brigado com a Karina, né?

27:42No dia da tempestade, que choveu e o rio transbordou.

27:44Aquele dia.

27:45Então ele veio aqui, ficou me paquerando.

27:47A gente acabou saindo junto, né?

27:50Enfim, pra resumir, eu transei com ele.

27:52Foi isso que aconteceu.

27:52E a verdade é que eu tava muito afim dele, entendeu?

27:56É isso.

27:58Uau.

28:01Ok.

28:02Mas vem cá, o Tito contou isso pra Karina?

28:04Contou.

28:05Meu Deus, aí complicou.

28:07É, pois é.

28:08E pra piorar tudo, eles voltaram, né?

28:10E agora a Cascavel não perde a ocasião pra eu poder destilar o veneno dela em cima de mim.

28:14Ai, eu sei que eu tenho que ficar calma.

28:16Eu sei disso.

28:17O problema é que acontece isso.

28:18Eu fico desse jeito, Carmen.

28:19Não consigo.

28:20Ai, você tem que parar com isso, filó.

28:22Dá um troco nessa cretina.

28:24Esquece esse cara e segue a sua vida, cara.

28:26Se cuida.

28:27Também acho.

28:28A Karina tem razão.

28:30Você tem que reagir.

28:31Mas eu reagir.

28:32Reagir um pouco.

28:33Mas eu reagir.

28:33Gente, sinceramente, a minha vontade era sair dessa cidade e não voltar nunca mais se eu pudesse.

28:40Não adianta fugir não, filó.

28:42Você tem que enfrentar.

28:43Quando a gente tá com minhoca na cabeça, a gente pode ir pra onde for que elas vão atrás.

28:47Ai, eu queria sumir no mundo.

28:48Era o que eu queria.

28:50Mas com o pai que eu tenho, nem dá, né?

28:52Se eu desaparecer, aquele lá, coitado, não dura uma semana.

28:55Ai, eu sou uma ferrada mesmo.

28:58Quer saber?

29:00Eu acho que eu nasci pra ser capacho.

29:01Capacho de patrão, de homem, de pai, das Karinas, da vida de todo mundo.

29:06Ei, filó.

29:07Você não pode se jogar assim pra baixo, não.

29:10Às vezes a gente acha, mesmo que não tem saída, mas não pode desanimar, não.

29:14Isso vai passar, você vai ver.

29:16Você só precisa dar tempo ao tempo.

29:18É, amiga.

29:19Você tem...

29:20Você tem tudo pra ser feliz.

29:22É, claro, Carmen.

29:23A minha vida é um paraíso.

29:26Eu acho que eu sou ferrada, na verdade, porque eu sou burra, né?

29:29Burra demais.

29:30Não, melhor.

29:31Eu sou ferrada porque eu não sei que eu não sou ferrada.

29:34Não é isso?

29:40Ai, eu não tô de sumir.

29:42Grato.

29:42Senhores, eu gostaria de fazer um brinde.

30:07Um brinde.

30:07É, um brinde em nome da nossa sorte na política.

30:11Isso.

30:12Porque aqueles que pensaram que a gente ia se ferrar sem o senador, se deram mal.

30:16Isso.

30:17Porque agora nós temos outro.

30:19Um outro muito melhor.

30:20Muito melhor.

30:21Viva o nosso eterno prefeito!

30:28Ufa, finalmente.

30:30Essa foi a minha última dança da noite.

30:32Esculapio, me vê uma água mineral, por favor.

30:34Água, Maricinha.

30:36Cuidado.

30:37Isso, faz mal pra saúde.

30:38Enferruge as artérias.

30:40Mas pelo menos não entope as ideias, que nem a tua cachaça.

30:44E aí, Romeu, gostou do show?

30:46Nossa!

30:47E mais a conta.

30:49Você é jeitosa dançando.

30:53Bota talento aí.

30:54Ah, obrigada, Romeu.

30:57Olha, pode não parecer, mas precisa de muito treino pra dançar desse jeito.

31:00Não é só sacudir o trajeiro, não.

31:02E por falar nesse corpinho lindo, que tal a gente namorar hoje?

31:06Eu tô morrendo de saudade, meu amor.

31:08Hum, eu também tô morrendo de saudade.

31:11Você é um traste.

31:13Mas eu te amo do mesmo jeito.

31:16Então, vamos dormir juntos hoje?

31:19Eu adoraria, meu amor, mas hoje não dá, não.

31:21É, por que não?

31:23Eu me comportei bem, não aprontei nada.

31:26Qual é a bronca?

31:27É verdade, mas não é isso, não.

31:29É que eu tô indo visitar uma tia que tá doente.

31:32A tia Lurdinha, lembra dela?

31:35Não.

31:35Ah, ela mora sozinha, lá em Cabreira.

31:38Mandou um recado, pedindo pra eu visitar.

31:41Eu vou, né?

31:41Eu vou até levar uns mantimentos pra ela.

31:43Não tem dinheiro, coitado.

31:44E a aposentadoria gasta tudo com remédio.

31:46É triste mesmo.

31:48Pobre morre, ele vê a conta na farmácia.

31:50Vem cá, essa tia existe mesmo ou você vai encontrar com outro cara?

31:53Você tá duvidando de mim, Querencio?

31:55E se eu fosse me encontrar com outro cara, o que você tem com isso?

31:58Aqui, Marisa, por favor, você não fala assim que eu perco a cabeça.

32:02Calma, Querencio.

32:03Você não é meu dono, Querencio.

32:05A ver se coloca um pouco de juízo na cabeça do teu amigo, vai?

32:07Eu vou nessa.

32:12Tá vendo, homem?

32:13Eu tô entregando meu coração, meu carinho e a mulher me despreza.

32:17Menos, Querencio.

32:18Tua pronta pra caramba também.

32:20E a mulher foi só cuidar da tia.

32:22Que tia? Tio Escambal.

32:24Eu quero saber onde ela vai.

32:26Eu vou tirar isso ali.

32:36Desculpe, madame, mas eu preciso dizer uma coisa.

32:38Por favor, não me leve a mal.

32:40E desde quando precisa tanto cuidado assim pra falar comigo?

32:43Sou algum monstro por acaso?

32:45Há muitos anos eu aprendi que quando a senhora está de mau humor é melhor ficar longe.

32:50Irmão, como você está bem perto, fala de uma vez.

32:54Prometo que não vou morder.

32:55Na verdade é um pedido que quer fazer.

32:58De caráter profissional.

33:00É da máxima importância que a senhora fique em Ribeirão, pelo menos até a audiência pública sobre o resort.

33:05É?

33:06Ficar pra quê?

33:08Tem você?

33:09Tem os advogados?

33:10Mas não é a mesma coisa.

33:11Sua presença pode ser decisiva pra um bom resultado.

33:14Sem querer me meter na seara alheia, eu dou toda a razão a Arminda, a senhora deveria esperar esse evento.

33:22Que estranho, Walter.

33:24Eu pensei que você fosse o primeiro a querer ir embora daqui.

33:27Eu não falei em termos pessoais, mas pra falar a verdade eu me cantei pela cidade.

33:32Tenho me sentindo muito bem aqui.

33:34Eu não concordo que a minha presença seja tão necessária assim.

33:38Eu confio plenamente em você para levar a bom termos os nossos negócios.

33:43Não sei se vai ser o suficiente.

33:45Vai sim, claro que vai.

33:47Além do mais, você possui todos os recursos necessários para convencer as pessoas que decidem.

33:54Madame, eu posso assegurar que o seu carisma pesa muito mais que alguns trocados no bolso de todos os corruptos da cidade.

34:01Por favor, fique mais um pouco.

34:04Não vai demorar tanto.

34:06Prometo que vou pensar num assunto.

34:08Ok.

34:10Mas fiquem vocês dois sabendo.

34:11Eu não aguento mais esta cidade.

34:15A ideia de procurar o meu filho foi uma verdadeira insensatez.

34:20Madame, quem sabe talvez a senhora...

34:23Chega, chega, Walter, chega.

34:27Não existe mais filho nenhum.

34:29Larga disso, homem.

34:40Ó, certas coisas, melhor nem ver e nem pensar.

34:44Fica quieto, Romeu.

34:46Cala a boca.

34:46Eu sou que nem coruja.

34:48De noite é que eu fico com o olho bem aberto.

34:50Quero ver tudo.

34:51Você está enxergando quem está dentro do carro?

34:55A minha vista já não é muito boa.

34:57Depois dessa pinga toda...

34:59Graçado, eu conheço esse carro.

35:02Não é possível.

35:05Eu sabia.

35:08Olha ela ali.

35:09Eu sabia mesmo.

35:28Miserável jumento desgraçado!

35:31Eu vou pegar esse filho de uma égua!

35:34Não faz isso, dama!

35:38Tu não é o dono dela.

35:40Tu sabe muito bem a vida que Marisa leva.

35:42Eu sei, eu sei!

35:45Mas essa eu não vou deixar barato.

35:48Não vou deixar barato mesmo.

35:50Cori jumento, não!

35:52Você ainda não me respondeu, amor.

35:58Oi, amor.

35:59Você não acha uma ideia fantástica

36:01fazer um desfile de modas aqui em Ribeirão?

36:03Posso ser sincero?

36:05Deve.

36:06Acho meio sem noção.

36:07Ué, por quê?

36:08Por que não tem público para esse tipo de evento aqui, amor?

36:11O chamado poder aquisitivo é baixo em Ribeirão do Tempo.

36:14Era, não é mais.

36:16Cada dia que passa vem mais gente com grana morar aqui.

36:19Deus te ouça.

36:19Não, e gente com grana não compra na rua do comércio, né?

36:23Sem contar que o próprio desfile pode despertar o interesse das outras cidades da região.

36:27Maravilha, amor.

36:28Tomara que aconteça isso que você está dizendo.

36:30Que bom.

36:32Boa noite, povinhos.

36:34Oi, mãe.

36:35Boa noite, dona Clori.

36:37Parabéns, Karina, pela constância.

36:40Você está virando um verdadeiro arroz de festa.

36:43Eu nunca vi uma hóspede mais assídua.

36:46Mais assídua que a senhora é difícil, né?

36:48Como assim, meu bem?

36:49A senhora montou acampamento aqui na pousada, o que não é o meu caso.

36:53Logo, o título arroz de festa é seu, por mérito.

36:57O que, naturalmente, é uma alegria para o meu noivo, porque poucos homens na idade dele têm a felicidade de conviver tanto com a própria mãe.

37:04Olha, vocês duas, por favor, podem parar.

37:06Eu não montei acampamento, minha querida.

37:10Eu moro aqui.

37:12Aqui é a minha casa.

37:13Eu sou a proprietária.

37:16Que eu saiba, o proprietário é o título.

37:18Será assim que ele quitar a dívida comigo?

37:21Enquanto isso, nós temos uma sociedade na qual eu sou a sócia majoritária, porque eu enfiei todo o meu dinheiro aqui dentro.

37:27Prontina, chega.

37:28Eu vou dar uma festa, regada, champanhe no dia que você for embora daqui.

37:31Então, meu amor, é melhor você começar a economizar, porque é um bom champanhe, custa uma fortuna.

37:36E pode ser que esse dia, feliz ou infelizmente, demore um pouco.

37:40Vocês duas podem parar, por favor.

37:41E de repente, mesmo com a dívida quitada, pode me dar na telha de continuar morando aqui.

37:47Não, olha que eu posso me encher dessa situação e radicalizar, hein?

37:50Radicalizar como, meu bem?

37:51Tipo, eu ou ela pode ser perigosa.

37:53Mas pra quem?

37:54Pra você, mãe.

37:55Chega, acabou.

37:56Parou, chega a festa, acabou, já deram um show, a plateia já assistiu, tá lotado o teatro.

38:00Foi o maior mico.

38:01Vambora, vai, chega.

38:06Ih, rolou um barraco.

38:07Não, Yara, comigo não rola barraco.

38:11Eu simplesmente me dou o direito de não gostar de certas pessoas e deixar isso bem claro.

38:20Marisa, não podia ter feito isso comigo.

38:23Ali, jumento, mas é descer muito baixo.

38:26Que diferença faz ele pra qualquer outro?

38:29Senta aí.

38:30Senta.

38:30Se tu gosta tanto dela, devia é oferecer compromisso sério e tirar a moça dessa vida.

38:42Terrible.

38:44Eu já pedi a Marisa em casamento.

38:47Jura?

38:48E ela não quis?

38:50Não, disse que só casa se eu largar a moça branca, como ela diz.

38:54Põe a mão na consciência, companheiro.

38:58Essa pinga tá te fazendo perder coisa demais.

39:02Isso é problema meu.

39:04Só eu sei da dor que eu trago aqui no meu peito.

39:07Pra fazer essa dor passar, só um trago...

39:10Eu sou completamente louco pela Marisa.

39:20Só de margem nela com aquele, Ed.

39:26Chega!

39:29Quer se matar de bebê?

39:30Quero.

39:33Se conformo.

39:36Não!

39:37Eu não vou me conformar nunca.

39:39Eu quero morrer sim.

39:41Quero morrer aqui!

39:42Agora!

39:44Eu quero morrer hoje!

39:46Então vamos pra casa que tu morre lá.

39:50Dá menos trabalho depois.

40:10Eu não sei onde chancha, guardo as copinhas.

40:15Toma.

40:17Copo.

40:18Grande.

40:19Agora, se tu morrer, do chão não passa.

40:25Estamos em casa.

40:26Valeu, meu amigo.

40:29E eu te acompanho...

40:31Que eu não sou de abandonar companheiro...

40:33Em hora de precisão.

40:35Tu vai segurar esse tranco.

40:51É coisa da vida.

40:57Eu tô despedaçado.

40:59seco por dentro.

41:01Eu morri.

41:04Morreu, não!

41:08É que nem minhas plantas.

41:15Ó.

41:16Ó.

41:17Quando eu vejo uma lá fraquinha...

41:22Eu sei que está na hora de apontar...

41:25Trac, trac, trac.

41:27Aí depois, ó.

41:28Nasce tudo verdinho de novo.

41:32Eu gosto da Marisa.

41:34Eu gosto da Marisa de verdade.

41:36Do fundo do meu coração.

41:40Fala baixo.

41:41Senão vai acabar acordando a chancha.

41:43Eu não posso.

41:45Eu não consigo calar todo esse amor aqui dentro do meu peito.

41:49Marisa!

41:51Meu amor!

41:52Eu te amo!

41:59O que é isso?

42:00O que é que diabo está acontecendo aqui?

42:03Inferno!

42:08Nada não, Sancho.

42:09É só o que é isso que não está passando muito bem.

42:13Se quiser, eu tenho um óleo de risco maravilhoso.

42:15Passa isso rapidinho.

42:17Não precisa não, Sancho.

42:19Sabe o que é?

42:20Pra dizer a verdade, eu e meu amigo Romeu, seu querido marido,

42:26a gente foi até lá na...

42:28A gente foi tomar um golo, Sancho.

42:30Depois da manifestação, na delegacia e coisa e tal.

42:35E aí a gente acabou exagerando um pouquinho.

42:39Um pouquinho?

42:40Se vocês dois espirrarem ao mesmo tempo,

42:42essa casa vai pelos olhos de tanta cachaça

42:44que tem essas carcaças aí.

42:47Não dá pra ficar bebo em silêncio, não?

42:49Romeu, pelo amor de Deus.

42:52Tem gente que precisa trabalhar amanhã e tem que dormir.

42:54Vamos tratar de ir pra cama, dormir, vamos?

42:57Isso aqui é lindo.

42:59É uma mulher amada que chama seu marido para o leito matrimonial.

43:03Calma tua boca, querência,

43:05que se a tua filha chega e te pega nesse estado,

43:07aí mesmo é que ninguém dorme.

43:08Bora, passa.

43:08Vai, Romeu, vai.

43:10Acompanhe a tua amada Julieta juntos para sempre.

43:15Até a eternidade.

43:17Passa logo com onda.

43:20Deus amou.

43:22Caraca, virou mena.

43:34Papai, ainda acordado?

43:37Esperando minha filhinha querida

43:38para saber como foi seu dia.

43:40Tá bom, sei.

43:41Tudo bem com você?

43:43Tudo ótimo.

43:44Tudo muito ótimo.

43:46Muito ótimo, né?

43:47Já vi que andou enchendo a caveira.

43:48Que nada.

43:50Só os mesmos golinhos de sempre lá no Jaé.

43:52Eu sei bem.

43:53Posso até fazer um 4 para você ver, quer ver?

43:55Não precisa não, pai.

43:55Sei que o senhor está bêbado que nem gambá.

43:57Não faço, eu faço.

43:57Não faço.

43:58O que é isso, filha?

43:58Não, não precisa.

43:59Vou mostrar para você.

44:00Olha aqui, ó.

44:01Ai.

44:01Ó.

44:03Primeiro com a esquerda.

44:04Tá bom, pai.

44:05Faço até duas vezes.

44:06Escrever, ó.

44:07Dá oito.

44:08Pai, só vai acabar, se desequilibra.

44:09Para.

44:10Ó, falei.

44:11Ah, quem é isso?

44:12Ah, quem é isso?

44:15Ah, pai.

44:17O que aconteceu?

44:18Eu me cortei, filha.

44:19Eu me cortei.

44:20Tá doendo, filha.

44:22Tá doendo muito.

44:23Por favor, filha.

44:25Vem, acorde.

44:26Eu vou morrer, filha.

44:27Eu vou morrer, filha.

44:28Eu não sabia.

44:29Filha do cachaceiro chegou lá bem barraca na minha casa.

44:33Olha, Ana Sasha.

44:33Acorde aqui que meu pai tá ferido.

44:35Ferido?

44:35Ah, não.

44:36Calma, hein.

44:37Tá doendo muito.

44:38Tá doendo muito.

44:39Onde que é, filha?

44:40Ah, que filha.

44:42Meu Deus do céu.

44:42Como é que você fez isso, pai?

44:43Filha, pelo amor de Deus.

44:45Me leva para o hospital, senão eu vou ter uma hemorragia.

44:47Xanxa.

44:49Eu não quero morrer sangrando, filha.

44:51Eu tenho um copo no bolso de trás da calça.

44:54É muito, muito.

44:55Deixa eu dar uma olhada nesse caso.

44:56Calma, Xanxa.

44:57Vem, apavoramento.

44:58Tá doendo muito.

44:59Olha a boca.

45:00Esqueceram que eu sou enfermeira?

45:01Vai buscar minha mão de primeiro socorro lá dentro, vem.

45:03Deixa eu dar uma olhada nisso.

45:05Já cuidei de coisa muito pior.

45:07O meu vive se cortando com as ferramentas dele de asmagem.

45:10Vamos abaixar nessas calças para poder olhar?

45:12Ah, não, não, não.

45:13O que é isso, Xanxa?

45:14Como assim?

45:16Por favor, desculpa.

45:17Não, não.

45:17É melhor não.

45:18É melhor ir para o pronto-socorro mesmo, filha.

45:20Vem aqui e baixa essas calças logo de uma vez, querendo.

45:23Eu não sou nenhum caça-cueca.

45:25Manda!

45:25Fala sério, Karina.

45:30Para o caso de terminar com tudo agora.

45:31É sério.

45:32Tô cansado, entendeu?

45:34Pô, já falei um milhão de vezes.

45:35Se eu não gostasse tanto de você, juro, eu terminava, acabava com tudo.

45:38Mas, Tito, foi ela que começou.

45:40Karina, eu já expliquei um milhão de vezes essa situação.

45:42Acontece que eu não tenho sangue de barata.

45:44Mas você tem que me ajudar, meu amor.

45:46Você tem que compreender.

45:47Por que eu tenho que compreender e ela não?

45:49Porque você é jovem.

45:49E você é minha noiva.

45:50Claro, eu sou sua noiva.

45:51Eu não sou um saco de pancada.

45:53Eu não aguento mais, sabia?

45:54Você agotou?

45:55Eu tô cansado, eu tô exausto.

45:58Vocês estão acabando comigo com essa brincadeira, sabe?

46:01Ficar essa briga interminável.

46:04Ô, meu amor.

46:07Calma.

46:09Eu vou te relaxar.

46:12Não, não, Karina, eu tô tenso, vai.

46:14Tô tenso, Karina.

46:18Vai me rejeitar, amor?

46:20Qual é?

46:25É, eu tô tenso.

46:27Se inscreva.

46:57Se inscreva.

47:27Ah, devagar, Sancha.

47:29Tá doendo muito.

47:30Tá deendo muito.

47:32Nem gostei.

47:33Agradece a cachaça, paella, que te dá isso.

47:36Quis beber?

47:36Agora aguenta.

47:38É, pessoal.

47:39Olha a situação do homem.

47:42Dona Sancha.

47:43Você não sabe mesmo fazer esse curativo?

47:45Mais do que você sabe seu próprio nome.

47:48Trabalhei anos na enfermagem.

47:50E mais um comentáriozinho desse, tu vai ver do que eu vou te chamar.

47:54Se eu botar...

47:56O que é isso?

47:58Tu tem um sinal bem grandão aqui, bem na bunda, é isso mesmo?

48:02Se você tá falando da minha marca de nascer, se eu tenho sim.

48:07Eita.

48:09Parece o mapa do Brasil.

48:11Vem ver, meu, vem ver, vem olhar aqui.

48:14Não quero olhar isso, não.

48:15Vai olhar sim.

48:16Vem aqui.

48:17Que saco!

48:19O que é isso aqui?

48:22Olha aqui.

48:23Olha aqui em cima aqui.

48:23Aqui, aqui.

48:25É mesmo.

Categoria

Transcrição

Recomendado