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Enredo
A trama passa na pequena cidade de Ribeirão do Tempo. A novela aborda e gira em torno do grande resort que a empresária Arminda (Bianca Rinaldi) pretende construir na cidade, que não é bem aceita pela população do local, sendo assim todos irão contra ela, menos Joca (Caio Junqueira), que é um detetive particular que quer ter prestígio desvendando assassinatos e casos misteriosos que se apaixonará por ela e ela por ele. Filomena é uma moça humilde de Ribeirão, é querida por todos da cidade, filha de Querêncio. É apaixonada por Tito, um rapaz que é apaixonado por esportes radicais e que é dono de uma pousada. Tito namora Karina, uma "patricinha" rica e mimada dona de uma boutique na cidade. É filha de Célia e Bruno. Numa noite chuvosa em Ribeirão Tito acaba se embriagando no bar "Agito Colonial", dá uma carona à Filomena e os dois acabam fazendo amor dentro do carro, alimentando alguma esperança à Filomena de que Tito a ama. Após perceber o que aconteceu entre ele e Filomena, Tito esclarece o mal-entendido entre ele e Filomena, quebrando as esperanças da moça. Após descobrir Karina passa a odiar Filomena.
Transcrição

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Transcrição
00:00Na patrimônio eterno não faltam recursos.
00:02E nós temos total interesse em apoiar o senhor.
00:05Seja lá quem for o outro candidato, eu estou diante do melhor candidato.
00:10Disso não tenho a menor dúvida.
00:11A casa agradece.
00:13Agora, tudo depende, é claro, da nossa permanência aqui na cidade.
00:20Se o resort não for construído, vai tudo ribeirão abaixo, não é mesmo?
00:25Desce tudo na corredeira. A senhora tem razão.
00:30O paraíso está onde procuramos coisas.
00:34Pode estar nesse chardonnay, como também pode estar no beijo de uma mulher deslumbrante como você.
00:49A nossa modesta folha da corredeira vai lançar um movimento estadual, talvez até internacional.
00:56Já que o sentimento de justiça é universal.
01:00Pela libertação do nosso joca.
01:05Se a senhora já terminou o seu jantar, nós já podemos ir.
01:08A senhora vai sair?
01:09Eu e o Walter vamos visitar uns conhecidos dele.
01:12Nada muito importante.
01:13Parada aí, meu irmão!
01:20Parada!
01:20Pega o cara!
01:21Vai!
01:23Vai!
01:25Porra!
01:26Porra!
01:26O que é isso?
01:27O que são vocês?
01:28Socorro!
01:32Socorro!
01:33Você acha que o Guilherme pode estar escondendo alguma coisa da gente?
01:36Escondendo o quê, amor?
01:37Não percebi nada, não.
01:39Essa coisa dele sair, ir agora à noite, sem dizer onde iria.
01:43Isso não está me chorando bem, não, Silvio.
01:45Eu acho que esse menino está escondendo alguma coisa.
01:46Não é de hoje que ele está esquisito.
01:48Escondendo nada, amor.
01:49É você que ainda não se convenceu que o garoto está virando um homem.
01:59Desgraçado!
02:00Volta aqui!
02:01Pega o cara!
02:01Anda!
02:02Anda!
02:02Volta!
02:03Ele não pode escapar.
02:04Fica aqui, madame.
02:06Ele não vai escapar.
02:06Eu vou atrás dele.
02:11Fora, desgraçado!
02:13Você não vai escapar!
02:19Não, não vai escapar!
02:42Oi, Carmen.
02:44Oi, Patrícia.
02:44Tudo bem?
02:45Não, não está tudo bem.
02:47O Lincoln está na sala dele?
02:48Ué, ele já saiu faz tempo aberta.
02:51Ele disse que ia te buscar na livraria.
02:52Pois não apareceu.
02:54Como é que se explica isso?
02:55Me diz.
02:56Sei lá.
02:58É...
02:58É estranho, né?
03:00Será que aconteceu alguma coisa?
03:01Você já tentou o celular dele?
03:02É claro, né?
03:03Várias vezes.
03:05Não há tempo.
03:06Não há tempo.
03:06Meu Deus.
03:19Meu Deus, o que foi que eu fiz?
03:20Ai, moço.
03:23Você está machucado?
03:24Olha, você apareceu de repente.
03:26Eu não vi, eu não vi.
03:27Você está machucado, amigo?
03:28Tem uns caras me seguindo.
03:30O moço me ajuda.
03:32Eu não estou vendo ninguém aqui, não.
03:41Chama uma ambulância, moço.
03:43Chama uma ambulância.
03:44Claro, claro, claro.
03:46Calma, calma.
03:47Eu vou ligar.
03:47Chama uma ambulância.
03:48Calma, calma, eu vou ligar.
03:49Pelo amor de Deus, chama uma ambulância.
03:51Eu estou ligando, eu estou ligando, eu estou ligando.
03:53E agora?
03:54Ele foi socorrido.
03:56Nós não podemos fazer mais nada.
03:57Vamos embora.
03:57Mas ele pode denunciar a gente.
03:59Denunciar quem?
03:59Um bando de capuzados?
04:02O que pode ser que eles localizem o galpão, mas isso não tem importância.
04:05Vamos logo embora antes que a polícia, a ambulância, a bombeiros cheguem.
04:08Vamos embora, vamos embora.
04:09Vamos embora.
04:09Vamos embora.
04:09Sabe, foi uma surpresa ter encontrado pessoas.
04:39Pessoas assim como você aqui em Ribeirão do Templo, aquilo que eu imaginava ser uma
04:44longa temporada num deserto, acaba que está se configurando de outra forma.
04:49Deserto?
04:51Você mora com gente tão interessante.
04:54O Adame do Real, aquela moça arminda, pode achar ela tão bonita.
04:58Muito bonita, inteligente.
05:00Um oásis no deserto, não?
05:03Não.
05:03E se eu percebi o sentido da sua pergunta, ela não faz, meu tio.
05:17Então, Célia, temos o que para o jantar hoje?
05:22Peixe a sapo e pês-pês com camarão.
05:25Você quer mais alguma coisa?
05:26Não, não, não.
05:27Está ótimo.
05:29Você monta o cardápio dessa casa como uma rainha.
05:32Nossa, que delícia, hein?
05:34Peixe assado com camarão.
05:35Adoro peixe com cuscuz.
05:37Como vão as coisas na empresa?
05:39Bem, quer dizer, poderiam ir melhores, né?
05:42Não fosse aquela menina...
05:43Arminda?
05:44A minha chefe.
05:46E mulherzinha irritante, Célia.
05:48Ela se acha, né?
05:49O pior é que a madame de Ré, ela tem confiança cega nela.
05:52Agora, para mim, ela só tem aquele nariz empinado.
05:55Saiu hoje com a missão de dobrar os órgãos governamentais
05:58para que a gente se dê bem na audiência pública.
06:01Dobrar?
06:02Como?
06:02Célia, como é que se dobra uma pessoa nesse país?
06:06Subornando?
06:07Exatamente.
06:09Nossa, mas você diz isso com uma calma, tranquilidade.
06:11Parece que você acha tudo muito normal.
06:13Eu não acho isso.
06:14Nem normal, nem anormal.
06:16Eu não acho nada.
06:17Eu simplesmente estou fora.
06:19Muito como dessa sua posição, viu?
06:21É que se eu atacar de politicamente correto agora,
06:23se eu começar a falar coisas que não devo,
06:26eu vou acabar me dando mal no emprego.
06:28Vira essa boca para lá.
06:30E o Teixeira também suborna as pessoas?
06:32Célia, o Teixeira, ele nem trabalha na empresa.
06:37O Teixeira, ele é um funcionário particular da madame de Ré.
06:41E se você quer saber,
06:43eu acho que ele também não vai nem um pouco com a cara da Arminda.
06:47É mesmo?
06:48Você acha?
06:49É só uma intuição que eu tenho.
06:51Tomara.
06:52Assim ele pode ser seu aliado contra a Megera.
06:55Nosso aliado, você quer dizer?
06:58As boas alianças.
07:01Célia, o Teixeira pode ser de extrema importância nesse momento da nossa vida.
07:06Tchim, tchim.
07:07E agora?
07:13Quais são as nossas instruções?
07:14Desaparece e aguarde meu contato.
07:16Vamos logo que não podemos ficar dando bobeira.
07:17Vamos logo.
07:18Então, pegaram o cara?
07:29Aconteceu o imprevisto.
07:30Mas que imprevisto você está parando?
07:32Atropelaram o cara.
07:34Atropelaram?
07:35Não parece ter sido nada grave.
07:36Um motorista socorreu.
07:38Mas acho melhor a gente sair daqui o quanto antes.
07:40Deus.
07:41E aí, galera, olha.
07:52Prepare os velandres.
07:53Que o salto de vocês está programado pela manhã às nove horas, ok?
07:56Tem que perder muito, está de mais leve, porque eu tomei bastante, tranquilo.
08:02Tá bom?
08:03Que é?
08:03Ai, meu, eu posso jantar com você?
08:05Claro.
08:06Oi.
08:07Senta.
08:08Tudo bem?
08:08Estou morrendo de fome.
08:10Ótimo.
08:11Porque hoje tem aquele peixe na telha, que além de muito bom, não acaba nunca.
08:14O passeio foi demorado hoje, hein, Cloris?
08:18Foi.
08:20E eu posso saber se é da tua conta, se eu saio, se eu deixo de sair?
08:24Simples curiosidade, é que eu não te vi aqui a tarde inteira.
08:27Acho que eu vou ter que repetir, ele não escutou.
08:29É da sua conta?
08:31Que horas eu saio, que horas eu chego?
08:33Será que nós temos uma Bela da Tarde aqui em Ribeirão?
08:36Se não me engano, Bela da Tarde é um filme que conta a história de uma mulher casada
08:41que se prostituía durante a tarde.
08:44É sobre essa personagem que você está se referindo?
08:47Foi apenas uma brincadeira, mas não precisa se exaltar.
08:49Eu não estou me exaltando, eu estou apenas colocando os pingos nos ins.
08:52A minha vida é de respeito a mim.
08:55E eu nunca te dei liberdade para fazer gracinhas ou insinuações de Bela da Tarde ou o diabo que for.
09:00Eu só tentei fazer uma brincadeira, calma.
09:02É idiota, como tudo que você faz e fala, né?
09:05Aí, pega leve, assim você está me ofendendo, hein?
09:07Gente, gente, olha os hóspedes.
09:09Pô, dá um tempo.
09:10É a madame que está dando o escândalo.
09:12Eu só quis avisar.
09:13Ele está precisando ouvir algumas verdades, entendeu?
09:15Tudo bem, mas eu estou fora.
09:17Garçom, leva o meu pedido lá para o balcão, por favor.
09:21Dá licença.
09:21Quem é?
09:45Quem está aí?
09:45Sou eu, Guilherme.
09:51Eu não falei para você, não vi?
09:53Mas mesmo assim eu vim.
09:55Por quê?
09:55Está na bronca?
09:56Se não quiser, me manda embora.
09:57Tá, vai embora.
10:16Está com medo de mim?
10:18Eu não vou fazer nada, não.
10:19Não acho bom.
10:20Medo de quê?
10:21Você é um bobo mesmo, sabia?
10:23E você é uma mentirosa.
10:24Fala uma coisa que é outra.
10:26Chega desse papo enrolado.
10:28E é melhor você se mandar logo.
10:30Só quero ficar um pouco com você.
10:31Não pode?
10:32Fica até eu acabar de comer.
10:33Depois se manda.
10:37Vai querer?
10:38Não é muito para mim.
10:39Não, não.
10:39Obrigado.
10:40Já comi em casa.
10:42Eu já trouxe uma coisa para você.
10:43Sobremesa boa, Bessa.
11:03Valeu.
11:05Gosta de torta de chocolate?
11:07Gosto.
11:07Quando você terminar de comer, eu vou ter que ir embora mesmo?
11:14Vai.
11:17Então come bem devagar.
11:26Será que nós podemos conversar civilizadamente?
11:28E você, por acaso, é capaz de conversar dessa forma, Vergê?
11:33O que é, hein, Cloris?
11:34Você está me estranhando, né?
11:35A gente se conhece há tanto tempo.
11:37Eu, por acaso, te autorizei a sentar na minha mesa?
11:39Não seja por isso.
11:40Não, não, não.
11:41Agora senta para a gente concluir isso que a gente estava falando.
11:43Vamos deixar algumas coisas claras para esse tipo de incidente não voltar a acontecer.
11:48Será que você poderia falar um pouco mais baixo?
11:50Se você não parar com essa conversinha, eu vou contar tudo para o Tito.
11:56Que conversinha?
11:57Como é que é conversinha?
11:58Você não sabe o que é conversinha?
11:58Não sabe do que eu estou falando?
11:59Não faço a menor ideia.
12:01As cantadas que você me dá desde o tempo que meu marido era vírgula.
12:04Olha que você se dizia amigo dele.
12:06Imagina se não fosse.
12:06Olha aqui, Cloris.
12:07Eu não admito que você...
12:08O verbo admitir não foi liberado para o seu uso, pelo menos aqui no meu estabelecimento.
12:12Eu vou ser bem clara.
12:13Item por item.
12:14Assim como se fosse uma planeia de custos para você ficar bem acessível para o seu know-how.
12:19Item 1.
12:20Eu não tenho, nem nunca tive, a menor simpatia por você.
12:24Nem como amigo, nem como funcionário.
12:26Sócio.
12:27Ex-sócio.
12:28O ingênuo do meu marido te colocou de sócio achando que poderia ser de alguma serventia.
12:33Coitadinho.
12:34Graças a Deus, o Tito teve o bom senso de te colocar no devido lugar.
12:37Olha aqui, olha.
12:38Eu me dou muito bem com o Tito.
12:39E você não vai me intrigar com ele, não.
12:41Concluindo item 1.
12:43Eu não tenho a menor simpatia por você.
12:45Item 2.
12:47Eu não te devo satisfação dos meus atos.
12:50Se eu quiser transar a tarde toda, esse é problema meu.
12:53Se eu quiser, eu tenho quantos amantes eu ia imaginar aqui no Rio, São Paulo, em Cabreira, Nova York e em Istambul.
13:00Fui clara?
13:01Perfeitamente.
13:02Então agora vai fazer o seu trabalho.
13:03Gente, eu e meu amigo fomos de uma indelicadeza imperdoável.
13:29Mesmo assim, eu humildemente peço que vocês nos desculpem.
13:35Ai, que isso?
13:36Aquela vaca!
13:37De que você está falando?
13:38A vaca da mãe do teu patrão e cara a boca.
13:41Sai daí, sai o que você está fazendo aí.
13:42Sai, sai, sai.
13:42Não tem nada a ver com isso, hein?
13:45Vagabunda ordinária.
13:48Pensa que eu não sei qual é a dela, mas está redondamente enganada.
13:54Estou com os olhos abertos.
13:56Bem abertos.
13:57Eu te conheço, né, de hoje?
14:00Sua pírua nojenta.
14:03Você vai me contar o que que rolou?
14:04A vagaba me tratou feito um esfregão.
14:07Eu fui fazer uma perguntinha pra ela social e ela me veio com mil pedras na frente dos hóspedes,
14:13na frente do Newton, que é meu empregado.
14:15Me desmoralizou sem a menor consideração.
14:18Cadela desqualificada!
14:19Vistava, está chegando, amor!
14:21Dane-se!
14:22Os hóspedes vão escutar.
14:23Dane-se.
14:24Dane-se.
14:25Mas ela vai ter o troco.
14:26E vai ser um troco bem alto.
14:29Escuta.
14:29Escuta o que eu estou falando.
14:31Escuta.
14:32Por favor, Vigílio.
14:34Ninguém me trata assim.
14:35Ninguém me trata assim, sua filha!
14:37Vá!
14:38Olha, nem ninguém me humilha.
14:40Ninguém me humilha assim!
14:41Desse jeito, você vai ter um infarte antes de se vingar.
14:46Até agora, eu estava levando na piada.
14:51Mas daqui por diante, eu vou pegar pesado.
14:54Sujo e pesado.
14:58Me aguarde, sua vaca.
15:00Me aguarde.
15:01Não é diferente.
15:02Pode voltar aí para os seus estudos aeronáuticos.
15:09Eu vou tomar um banho para ver se eu me acalmo.
15:11Vamos lá!
15:23Eu sempre morei em Ribeirão.
15:27Engraçado que meu pai é piloto e a gente viaja muito pouco.
15:29Só uma vez ou outra durante as férias.
15:31O pior é que eu me amarro em viajar.
15:34Sabe?
15:34Ir para um lugar diferente.
15:36E você?
15:37Conhece algumas cidades?
15:40Algumas.
15:41Por que você não responde direito, hein?
15:42Poxa, eu te conto todos os meus lances e você fica aí.
15:45É, sei, algumas.
15:47Não, valeu, falou.
15:49Responde direito, pô.
15:50É meu jeito.
15:51Quem não gostar, sai de perto.
15:53Um vocadinha para danar.
15:54Acho isso bonito, é?
15:56O que eu acho é que você devia se mandar.
15:58Eu estou morrendo de sono e sua mãe deve estar um ouriço sem saber de você.
16:01É, mas esse é o problema meu.
16:07Diana, posso te pedir uma coisa antes de ir embora?
16:10O que?
16:12Tira o boné.
16:13Pra quê?
16:14Pra quê?
16:15Pra te ver, ué.
16:16Você não está me vendo?
16:17Não tiro, não.
16:18Valeu.
16:19Então eu não vou embora.
16:20Durma aqui.
16:21Caraca, tu é pior que carrapato.
16:23Tá bom, eu tiro o boné, mas depois tu vai embora.
16:25Valeu.
16:26Tira, anda.
16:26Pronto, tirei.
16:38Agora se manda.
16:40Vai ser mais bonita, sim.
16:41Gosto de você de verdade.
16:53Eu já disse que eu não estou para esse papo.
16:55Você falou que se eu tirasse o boné, você ia embora.
16:58Tá bom.
16:59Eu vou, eu vou.
17:01Mas antes, deixa eu te dar um meijo.
17:03Você nunca está satisfeito, né?
17:13Sem essa de beijo, eu não estou afim.
17:15Você tem namorado?
17:16Ou já teve?
17:18Não é da tua conta.
17:19Se pudesse, eu casava com você.
17:23Palhaço.
17:24Se continuar com esse lero nem amigo, mais a gente vai ser.
17:27Tá, então responde uma coisa.
17:29Quando é que eu vou poder te dar outro beijo?
17:31Responde só isso pra eu poder ir embora.
17:34Tá bom.
17:35Eu vou pensar e depois te falo, tá?
17:36Tá.
18:03Agora acredito que isso seja sem maldade.
18:08Escondido na carência de um olhar amanhã.
18:14Como será que ela liga?
18:19Assim será a minha sinal.
18:27Coisa gostosa na tela se dá, que simpatia tem.
18:31E coisa louca também, antipatia tal.
18:33Eu entro pela novela que empatia tem.
18:36Saio na vida real, é fantasia tal.
18:39Vejo na tela você, tá que cardia dá.
18:41Dizendo a cena final, a vida como ela é.
18:44Eu quero ver, bato o pé, pra botar moral.
18:48Trambique politiqueiro, telecomunicado.
18:50A coisa fica pior, telecomunicado.
18:53Mas o que vai dar o nó, telecomunicado.
18:56É nosso amor vira pó, telecomunicado.
18:58Pois somos dois em um só, telecomunicado.
19:01Até a terra virar, telecomunicado.
19:04Nosso chodo.
19:31Já tivemos essa discussão, Walter.
19:33Não tinha alternativa.
19:34Precisava correr o risco.
19:35Eu não entendo por que a senhora não abriu logo o jogo.
19:38Era só chegar e divulgar que estava procurando um homem
19:41nessa faixa etária que tinha uma marca no traseiro.
19:45Essa sim seria a pior loucura que eu poderia fazer.
19:48Imagina a filha de espertinhos que teria aqui na porta do Sorá
19:51querendo se fazer passar pelo procurado.
19:53Nós podíamos entrevistá-los, verificar a tal marca de nascença.
19:58Pelo menos não precisava ter criado essa história maluca de caça-cuecas.
20:03E olha que o povo, na sua sabedoria, inventou e escolheu um excelente título.
20:07Walter, você sabe muito bem que eu não estou procurando esse filho
20:10para cair nos braços dele, me debulhando em lágrimas
20:13e esperando que ele me chame de mamãe.
20:15Eu abandonei esse filho há muito tempo, uma vida inteira.
20:18Eu não sei quem é esse homem.
20:21Aliás, conforme as circunstâncias,
20:24talvez seja até melhor que ele não fique sabendo as reais origens dele.
20:28Se é assim, faremos como a senhora quiser.
20:33Apesar de toda a confusão,
20:35você conseguiu ver o buzanfã do rapaz?
20:39Apesar do triste desfecho, a operação foi produtiva.
20:43Nós podemos descartar o sujeito.
20:46Eu olhei, não tem marca nenhuma.
20:47Coitado desse jornalista.
20:49Pagou um preço alto pra nada.
20:51Não se preocupe, ele vai ficar bem.
20:53Imagina o escarcel que ele não vai fazer no jornal.
21:03Oi, querida.
21:04E aí, mãe?
21:06Oi, amor.
21:07Tudo bem?
21:09Meu mozinho, seu pai deu sinal de vida?
21:12Por quê?
21:12Ele não está no jornal?
21:13Não, sumiu.
21:14E brigaram de novo?
21:16Ainda não.
21:18Mas hoje eu acabo com ele.
21:20Sumiu como, mãe?
21:20Sumiu, sumiu.
21:21Marcou comigo de me pegar na livraria
21:23e me deixou lá plantada na calçada
21:25esperando mais de meia hora.
21:26Sabe, nem telefonema, nada, nada.
21:28Menor satisfação.
21:30Ah, sei lá, mãe.
21:30Deve ter rolado alguma coisa.
21:31O que rolou,
21:32e eu acho que está rolando há muito tempo,
21:35é que teu pai tem uma amante, tá?
21:38Que isso, mãe?
21:39Está maluca, hein?
21:40Posso estar maluca.
21:42Agora,
21:43boba,
21:44é que eu não sou.
21:44Mãe, não viaja.
21:46O pai só pensa naquele jornal.
21:47André,
21:48eu vou te fazer uma pergunta.
21:49Não mente que vai ser pior.
21:51O que teu pai fez
21:52na noite em que eu fiquei em São Paulo?
21:54Quer saber mesmo, mãe?
21:55O pai chegou aqui em casa,
21:56ficou falando sem parar
21:57por causa daquele furo lá da conspiração.
21:59Sabe, empolgadasco,
22:00um jornal e tal.
22:02Mãe,
22:03a amante,
22:04a amante dele se chama
22:05Folha da Corredeira.
22:07Eu não sei não,
22:09mas, de qualquer maneira,
22:11eu vou esclarecer hoje
22:12essa história direitinho.
22:14Ai, mãe, relaxa, vai.
22:16Eu estou morrendo de fome.
22:18Quando é que sai o rango?
22:22Vou preparar.
22:23Tá.
22:24Eu só não posso te ajudar,
22:26porque eu tenho que fazer um trabalho
22:27e é para amanhã.
22:28Sabe como é que é?
22:29Para que serve uma dona de casa,
22:31se não para preparar comida?
22:33E para reclamar do marido, né?
22:35Tá bom.
22:35Alô?
22:44É a da casa dele?
22:47Como é que é?
22:51Acidente?
22:56Sei.
22:56Tá.
22:59Tá ok.
23:00A gente já está indo para aí.
23:02Obrigado.
23:05O que foi?
23:06O pai foi atropelado.
23:07Está no hospital.
23:08Como assim, atropelado?
23:09O que ele falou?
23:10O que a pessoa falou?
23:11Não, não sei, mãe.
23:12Só falou isso.
23:13Que ele foi atropelado.
23:14Ai, meu Deus.
23:15Calma.
23:16Pega as coisas.
23:16Vamos lá.
23:17Pega as coisas.
23:17Vai.
23:18Vamos lá.
23:18Vamos lá.
23:18Vamos lá.
23:19Pessoal, pessoal.
23:29Por favor.
23:29Vem todo mundo para cá
23:30que eu tenho comunicado a fazer.
23:33Credo, Ivo.
23:34Aconteceu alguma coisa?
23:35O Lincoln sofreu um atentado.
23:37O Lincoln?
23:38Um atentado?
23:39Como?
23:40Ele levou um tiro?
23:40Só disseram que ele foi atropelado,
23:42mas está na cara que esse atropelamento
23:43não foi por acaso.
23:44Onde é que ele está?
23:45No hospital.
23:49Meu Deus.
23:52Meu amor, o que aconteceu?
23:56Já era de se esperar.
23:57Eu sofri um atentado, Patrícia.
23:59Fiquei te esperando na livraria.
24:00Você não apareceu.
24:01Fiquei tão aflita.
24:02Mas atentado como?
24:03Conta aí, pai.
24:04Sabe os caça-cuecas?
24:06Então, foram eles.
24:08A mesma coisa que aconteceu
24:09com o prefeito
24:10e aquele jardineiro.
24:12Caça-cueca não vai me dizer
24:13que eles tiraram também.
24:14Como é que ele está aí?
24:15Qual for o braço quebrado.
24:17Está tudo bem, né?
24:18É, aparentemente,
24:19de grave foi só a fratura mesmo
24:21e algumas escoriações.
24:23E os médicos já pediram
24:24alguns exames.
24:25Mas eles te bateram, foi?
24:26Não deu tempo.
24:27Você sabe que eu não sou
24:28de me submeter.
24:29Eu escapei.
24:30Corri o risco,
24:31mas felizmente escapei.
24:33E esse braço quebrado
24:34foi o quê?
24:34Acontece que quando eu saí
24:35correndo sem calças,
24:36acabei sendo atropelado.
24:38A sorte que o sujeito
24:39era um cara legal,
24:41consciente,
24:41e me trouxe aqui
24:43para o hospital.
24:45Já comunicaram à polícia?
24:46Mas que polícia, Patrícia?
24:48E adianta comunicar à polícia?
24:50Não importa se adianta
24:52ou não,
24:52tenho que comunicar.
24:54Qual é o telefone
24:55da delegacia?
24:55Eu quero lhe ligar.
24:56Eu não sei, Patrícia.
24:57Patrícia,
24:57eu não vou dar essa satisfação
24:59ao juricaba
25:00de saber que eu estou aqui
25:01hospitalizado,
25:02com o braço quebrado.
25:03Evidente que ele vai se lamentar
25:06de eu ter escapado.
25:06Por favor.
25:07Olha, gente,
25:07eu tenho o telefone da polícia.
25:09Se vocês quiserem,
25:10eu posso ligar.
25:10Por favor, faça isso.
25:13Se eles pensam
25:14que vão me amedrontar,
25:16eles estão redondamente enganados.
25:19Redondamente enganados.
25:20Me ajuda aqui.
25:22Coisa desagradável.
25:23Meu Deus.
25:30Vai.
25:31Vai.
25:32Vai.
25:33Chuta.
25:34Chuta.
25:36Dios.
25:37Pernas de palco competente.
25:38Pai, pelo amor de Deus,
25:39é só um jogo.
25:40É, só um jogo.
25:41Eles são pagos
25:42e muito bem pagos, viu?
25:44Para botar a bola
25:45dentro daquele gol lá.
25:48Só isso.
25:50Ele sabe com que idade
25:51eles se aposentam?
25:53Se o teu pai fosse jogador,
25:55eu já estaria aposentado, ó,
25:57há muito tempo.
25:58Meu Deus.
25:59Vocês não sabem
26:00o que aconteceu.
26:00Mas,
26:01eu não quero saber.
26:02Pelo tom da sua voz,
26:04coisa boa, não é?
26:05Bom, eu vou ter que contar.
26:07A Marta no telefone.
26:08Ah, então deixa eu sonhar um pouquinho.
26:10A Marta ligou
26:11para dizer que chegou
26:12um ofício lá da secretaria
26:14me oferecendo
26:15uma antecipação
26:17da minha aposentadoria.
26:18O Lincoln foi sequestrado.
26:21O Lincoln,
26:21o Lincoln do jornal?
26:22Mentira, mentira, mentira.
26:23É a mação do Lincoln.
26:24Só pode ser a mação dele.
26:26Aquele jornalista ordinário
26:28inventou mais essa
26:29só para me perturbar,
26:31para me atormentar.
26:32Mas que absurdo.
26:33Para de falar essas bobagens.
26:35O caso é sério.
26:37Então, no hospital.
26:38Eu não consigo
26:39nem assistir um joguinho
26:41de futebol
26:42na minha própria casa.
26:43Meu Deus do céu.
26:44e ainda tudo por culpa
26:45desse mau caráter aí.
26:48Desse vagabundo.
26:49Desse...
26:50Vê se com essa
26:57você toma juízo, tá, mozinho?
26:59Com essa agora mesmo
27:00é que eu vou pegar em bala.
27:02Será que vocês não perceberam
27:04que eu sofri um atentado?
27:06Um atentado gravíssimo?
27:07É, mãe, é.
27:08A gente vai ter que amarrar o cara.
27:10Amarrar?
27:11É, vai ver quando eu saio daqui.
27:13Incensa.
27:14Olá.
27:15Tudo bem?
27:16E aí, Douglas?
27:16Tudo bem?
27:16Opa.
27:18Que susto, hein?
27:19É.
27:20Que alívio te ver bem.
27:22Tá tudo bem, não é?
27:23Tá, tá tudo bem.
27:24Vaso ruim não quebra fácil, não, cara.
27:26Vê, só quebra a alça.
27:30Olha, Lincoln,
27:31eu sei que você deve estar
27:31de saco cheio
27:32de contar o que aconteceu
27:33para todo mundo.
27:34Mas depois eu vou querer saber tudo,
27:36detalhe por detalhe,
27:37do que aconteceu.
27:37Vai saber por mim
27:39e pela folha da correleira.
27:40Aliás, foi bom você ter vindo aqui
27:41porque nós precisamos bolar
27:43uma manchete nova.
27:44Ah, eu já imagino, Paulo.
27:45Mais ou menos
27:46com o mesmo destaque
27:47que teve a campanha
27:48pela libertação do Joca.
27:50Uma ao lado da outra.
27:52Por exemplo,
27:53atentado à imprensa.
27:55O que você acha?
27:55Mas não foram os caça-cuecas.
27:57Patrícia, pensa?
27:59Eu ainda não sei qual é a relação
28:00disso tudo,
28:01mas uma coisa é evidente.
28:04É a mesma campanha
28:05que apagou o senador.
28:07Um atentado covarde.
28:09Podia ser assim.
28:10O jornalista declara
28:11que não vai escalar.
28:12Como a foto soa,
28:14eu posso chamar o fotógrafo?
28:16Tá aí, gostei.
28:17Boa.
28:17Você aprende rápido, hein, moça?
28:20Bom dia, Sereno.
28:40Bom dia, Sereno.
28:41Me dá um pingado.
28:46Bom dia, Sereno.
28:49O que é que tem de bom?
28:50Sei lá, rapaz.
28:52Tô só desejando um bom dia.
28:54Então tá bom.
28:57Quais são as novidades
28:57aí do tabróide da corredeira?
28:59Os caça-cuecas
29:01pegaram o seu linco.
29:02Como é que é?
29:03Pegaram o seu linco,
29:04o dono do jornal.
29:05Ele mesmo.
29:07Encontraram ele pelado
29:08no meio da rua.
29:09E o cabra ainda publica
29:10um troço desses?
29:11Vai entender.
29:12Cabeça de maluco, não é?
29:14Não.
29:15Mas que país é esse?
29:20Esses malditos caça-cuecas
29:22ainda estão sondes por aí, meu Deus.
29:24O povo sendo violentado,
29:27sequestrado
29:28e ninguém faz nada.
29:31Deixa eu ver direito, senhor.
29:33Ah, vai comprar um pra você.
29:35Larga de ser egoísta, rapaz.
29:36O que é que custa?
29:40Você tá zangada
29:41porque eles te pegaram também.
29:43Me conta
29:44o que é que eles fizeram com você, hein?
29:46Até tu, sereno.
29:48Você quer saber?
29:49Vai te catar.
29:51Fica com o teu jornal,
29:53miserável.
29:54Não me conformo, Beatriz.
30:05Você tinha que ir à posse do Nicolau.
30:07Afinal, não é todo dia
30:09que o filho se torna senador, né?
30:10Que posse, Larissa?
30:12Que posse?
30:13Eu não tenho nem ânimo pra isso.
30:15Deus me livre
30:16que eu tenha que ver
30:17aquelas caras de novo
30:18na minha frente.
30:19o senador Branquinho,
30:22o senador Lúcio
30:23e depois aquela ladainha,
30:25a mesma ladainha
30:26de sempre no meu ouvido.
30:28Força, dona Beatriz,
30:29coragem e ânimo,
30:31dona Beatriz.
30:32E o pior de tudo, Larissa,
30:34é a puxação de saco
30:35com a memória do Érico.
30:38Nunca antes na história
30:39deste país
30:40um brasileiro
30:41foi tão patriota.
30:43Nunca antes na história
30:44deste país
30:45um parlamentar
30:46honrou tanto
30:47o Congresso Nacional.
30:48Pelo amor de Deus,
30:49Larissa, pelo amor de Deus,
30:50me poupa desse fingimento.
30:52Mas eu vou te falar
30:52uma vez só, hein?
30:53Eu conheço todos,
30:54mas eu conheço, ó,
30:55um por um,
30:56um por um,
30:57todos que falavam
30:58mal do Érico.
30:59E agora estavam aqui,
31:01estavam aqui me abraçando,
31:02estavam aqui me confortando,
31:04cambada de oportunistas.
31:07Você passou a vida
31:08com essa gente, Beatriz.
31:09Já devia estar acostumada.
31:11E também não tem nada
31:13a ver uma coisa com a outra.
31:15É a posse do seu filho
31:17no Senado.
31:18você tem que estar lá.
31:19Larissa,
31:20eu não tenho que estar lá.
31:22E sabe por que
31:23eu não tenho que estar lá?
31:24Porque eu não quero,
31:25Larissa.
31:25Eu cansei da política.
31:27Eu não me meto mais nisso.
31:29Mas você não tem
31:30como não se meter.
31:32O seu filho
31:32está no Congresso Nacional.
31:34Mas é isso,
31:34exatamente,
31:35que me dá medo,
31:36Larissa.
31:37Aliás,
31:37me dá muito medo.
31:39Eu acho que o certo
31:40era ele ter feito
31:41o que o pai queria.
31:42O pai queria o quê?
31:43Que o Nicolau
31:44renunciasse.
31:45Medo de quê?
31:47O Nicolau
31:48só vai nos dar
31:49muito orgulho.
31:50Você vai ver.
31:51Será?
31:52Não seja injusta
31:54com o menino,
31:55Beatriz.
31:56Ele está tão animado.
31:59Larissa,
32:00vamos deixar ligado
32:00a televisão
32:01porque já já
32:02começa aquela
32:02lenga-lenga, né?
32:03Aí eu só saio daqui
32:07depois que acabar
32:09o discurso
32:09do meu sobrinho,
32:11que com certeza
32:12vai ser o mais
32:13interessante de todos.
32:15Peraí, peraí,
32:16vai começar.
32:16Ela é aquela
32:21Ela é a tal
32:24Vive na dela
32:26E não lhe dá moral
32:29Ela é aquela
32:31Ela é a tal
32:34Oi, madame.
32:35Já leu o jornal hoje?
32:37Como vai, tião?
32:38Ainda não, por quê?
32:39Não falei que o farinha d'água
32:41é mesmo um herói?
32:43Isso daí é tudo conversa.
32:45Daqui a pouco alguém vai descobrir
32:46que esse paspalho
32:47é um bandido muito perigoso.
32:49Ou então um farsante
32:50querendo se dar bem
32:51às custas
32:52da desgraça alheia.
32:53Tome cuidado, tião.
32:55A senhora fala isso
32:56só da boca pra fora
32:57que eu sei.
32:57A madame gosta
32:58do farinha d'água
32:59senão não mandava
32:59aquele bilhetinho pra ele.
33:01Eu já te falei
33:02que aquilo ali
33:03foi um ato
33:04de solidariedade.
33:05Eu fiquei com pena
33:06do infeliz.
33:07Sei.
33:09Leva pra senhora.
33:10Eu sei que a madame
33:10vai querer ler mais tarde.
33:13Ué, veio bem acalhar.
33:15Acabei pisando
33:15no cocô de um cavalo
33:16ali atrás.
33:17Esse jornal eco aqui
33:18vai servir pra limpar
33:19o meu sapato.
33:20Obrigada.
33:21Tchau.
33:21As circunstâncias trágicas
33:30que me trouxeram
33:31a esta casa
33:31e a esta tribuna
33:33serão a motivação maior
33:35do meu mandato.
33:37Estar aqui é uma honra,
33:38mas é também
33:39profundo sofrimento
33:40pra minha alma.
33:41Porque paira
33:42sobre aquela cadeira
33:43a sombra do assassinato
33:45de meu pai.
33:47Esse mandato era dele.
33:48E se tive que assumi-lo,
33:50que seja para não deixar
33:51calar o clamor
33:53por justiça
33:54que se ergue
33:54em toda a nação,
33:56principalmente em nosso estado
33:57e em Ribeirão do Tempo,
33:59cidade
33:59a que ele dedicou
34:01a vida
34:01e hoje abriga
34:02em seu solo
34:03o corpo ensanguentado
34:05do mártir.
34:06Deixa eu chamar o pessoal.
34:08Corre, gente!
34:09Corre!
34:10O que o senhor Nicolau
34:11tá falando?
34:12Já está.
34:12Acorda aqui.
34:14Depois a gente
34:14toma esse chão.
34:16Ele está falando
34:17muito bem, Beatriz.
34:19Eu não sabia
34:19que meu sobrinho
34:20era um orador
34:21tão veemente.
34:22Larissa,
34:23cala a boca!
34:24Deixa a gente ouvir!
34:25O assassino
34:26ou assassinos
34:29continuam impunes,
34:33rindo do povo
34:34que hoje chora
34:35à morte daquele
34:36que amava
34:37e respeitava.
34:39Por isso não posso
34:40fazer do meu discurso
34:41de posse,
34:42se não um grito
34:43de dor e revolta
34:45no que sei
34:46que conto
34:47com a solidariedade
34:48de vossas excelências.
34:49Bravo, Nicolau!
34:50Bravo, Nicolau!
34:51Não pretendo,
34:52senhor presidente,
34:53dar trégua
34:54aos que se colocam
34:55por trás
34:56de um distintivo policial
34:57apenas para esconder
34:59a sua própria incompetência
35:01ou talvez
35:02infinitamente
35:04mais grave
35:05esconder
35:06a sua cumplicidade
35:08no bárbaro crime
35:10que me timou
35:11o senador Érico,
35:12meu amado pai.
35:14Ô, padrinha,
35:15quem é que está
35:16discursando aí?
35:17Tá vendo?
35:18É o novo senador.
35:21E olha só
35:23o safado
35:24do Nicolau.
35:26Cala a boca,
35:27que você está aí.
35:27A ameaça
35:27que precedeu
35:28o assassinato
35:29partiu dos computadores
35:32da Secretaria
35:33de Segurança.
35:36Será, senhor presidente?
35:39Será,
35:40excelentíssimos
35:41senadores,
35:43que o Estado
35:44abrigue em seu próprio
35:45seio
35:46a serpente criminosa?
35:49E que serpente
35:49é essa
35:50que se intitula
35:52a conspiração?
35:54conspiração
35:56contra quem?
35:58Contra o que?
36:00Quem vai responder
36:01a minha vida?
36:02Quero garantir
36:03a votação...
36:04Caramba,
36:05o cara está falando
36:06bonito, meu.
36:07A boca, meu,
36:08deixa eu escutar.
36:09E a todo
36:09o povo brasileiro
36:11é que podem
36:12contar comigo
36:13para as batalhas
36:15que vierem
36:15a ser travadas
36:16pelo bem na nação.
36:18A pátria amada
36:19repita um juramento
36:21do nosso hino.
36:22Um filho seu
36:22não foge à luta.
36:24Eu não fugirei.
36:27Qual é?
36:28Qual é?
36:28Qual é?
36:30O cara vinha bem.
36:32Esse final
36:32foi uma pataca.
36:34E nada,
36:35o cara mandou bem.
36:37Fiquei arrepiado.
36:38Arrepiou?
36:39Lá da mão
36:40de ser trouxa
36:40de ser tudo cascata,
36:42Romeu.
36:42Se liga, Romeuzito.
36:43O cara só está lá
36:44por causa das mamatas.
36:46Erdou as maracuteias
36:48do pai.
36:48Só isso.
36:50Eu acho que vocês
36:51estão com a tremenda
36:52dor de cotodelo.
36:54Eu também gostei.
36:55Ah, é, tá, tá, tá, tá, tá, tá.
36:57Então acabou.
36:58Vamos cuidar da vida.
36:59Pronto.
36:59Fala ali,
37:00vocês vêm no jornal.
37:01Poxa.
37:01Me dá aqui.
37:02Vai comprar
37:03os caça-cueca de novo.
37:05Ah, meu Deus.
37:06Isso já fundou piada.
37:08Eu não estou falando nisso.
37:09Eu estou falando
37:09do Joca.
37:11O Joca continua preso.
37:13Uma barbaridade.
37:14Ah, querido,
37:15se você leu a notícia
37:16até o fim,
37:16então você está sabendo
37:17que o jornal começou
37:19uma campanha
37:20para a liberação do Joca.
37:21Claro que eu li.
37:22Li e concordo.
37:24Eu vou agitar essa.
37:25Acho uma boa bandeira
37:26para a gente abraçar.
37:27Tu pode contar comigo.
37:30Se eu puder ajudar,
37:31eu estou dentro.
37:31Eu também estou nessa.
37:33Vamos lá.
37:33Vamos começar a juntar o pessoal,
37:35chamar todo mundo
37:35lá do bairro da Saúva.
37:37O Joca é querido lá.
37:38Vamos embora.
37:39Vamos embora.
37:40Eu estou nessa.
37:41O que vocês acham disso?
37:43Acabei de bolar.
37:44Joca, Joca, Joca.
37:45O Joca é meu amigo.
37:47Mexeu com ele.
37:49Mexeu comigo.
37:51Gostei.
37:52Joca, Joca, Joca.
37:54Joca é meu amigo.
37:55Mexeu com ele.
37:57Mexeu comigo.
37:59Joca, Joca, Joca.
38:01O Joca é meu amigo.
38:03Mexeu com ele.
38:04Mexeu comigo.
38:19Guarde o seu sorriso só pra mim.
38:23Sujeitinho patético.
38:30Que interesse alguém poderia ter
38:32nesse capial, palermado?
38:34Eu sou um fã do seu jeito.
38:50Sou fã da sua roupa.
38:54Sou fã desse sorriso estampado em sua boca.
38:59Sou fã dos seus olhos.
39:03Sou fã sem medida.
39:07Sou fã número um e com você sou fã da vida.
39:13Olha aqui o que você fez.
39:25Doeu muito?
39:27Muito.
39:32Ai, desgraçada.
39:34Fã do seu fã dos seus olhos.
39:37Sou fã sem medida.
39:41Fã número um e com você sou fã.
39:46Fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã do seu fã.
39:50Liberdade para o Joca.
40:20o Joca é meu amigo.
40:27Obrigada.
40:43Fã do seu fã do seu fã.
40:44De novo, por favor.
40:47De novo, por favor.
40:49Eu já disse às senhoras que não adianta ficar vindo aqui pedir dinheiro, meu senhor.
40:53Isso aqui não é banca, é delegacia, não é senso?
40:56Por favor.
40:57Por favor, minha senhora.
40:59Por amor de Deus.
41:01Ninguém aqui...
41:02Que batenda é essa lá fora?
41:04Será que ela não tem direito a um minuto de sossego?
41:07Querem acabar comigo?
41:09E a senhora, dona Marcos?
41:10E a senhora?
41:11Não está ouvindo essa gritaria lá fora?
41:13Eu estou sim, delegado.
41:15Eu estou ouvindo a deles e a sua.
41:17Meu Deus, olha, desculpa, eu tenho mais o que fazer.
41:20Olha, por mim, eles se esgoelam até cansar.
41:23E olha, o promotor está pedindo urgência no cerramento desse processo.
41:26Ótimo!
41:26Quer dizer que se eles botarem fogo aqui na delegacia,
41:30vocês todos vão morrer sem levantar uma palha.
41:35Está rindo por quê?
41:36Não tem graça nenhuma.
41:38Vai lá, vê o que está acontecendo?
41:41Já devia ter ido?
41:45Tira, tira, tira, tira.
41:47Tira, tira o Joca da toca.
41:48Tira, tira, tira, tira.
41:50E tira o Joca da toca.
41:52Tira, tira, tira, tira.
41:54Tira o Joca da toca.
41:56Tira, tira, tira, tira, tira.
41:57O que vocês estão fazendo aqui?
42:00Não dá pra perceber não, meu chapa.
42:02Solta o Joca.
42:04Vão dizer pra ele o que a gente quer, pessoal.
42:06Joca, Joca, Joca.
42:20Grande, Zé Mário! Quanto tempo!
42:38O Mário tinha que vir, não é verdade?
42:40Não foi por falta de convite que você demorou tanto.
42:43Nós vamos entrando. Fez boa viagem?
42:44Fiz. Melhor foi chegar na cidade. Lugar bonito, hein?
42:48Ribeirão do Tempo é um lugar maravilhoso.
42:51Mas vamos para a biblioteca. Depois eu mostro o seu quarto.
42:53Temos muito o que conversar, meu amigo.
42:55Ah, finalmente! Eu vou poder te convencer, Zé Mário, que eu estou certo.
43:00A revolução está a caminho.

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