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Enredo
A trama passa na pequena cidade de Ribeirão do Tempo. A novela aborda e gira em torno do grande resort que a empresária Arminda (Bianca Rinaldi) pretende construir na cidade, que não é bem aceita pela população do local, sendo assim todos irão contra ela, menos Joca (Caio Junqueira), que é um detetive particular que quer ter prestígio desvendando assassinatos e casos misteriosos que se apaixonará por ela e ela por ele. Filomena é uma moça humilde de Ribeirão, é querida por todos da cidade, filha de Querêncio. É apaixonada por Tito, um rapaz que é apaixonado por esportes radicais e que é dono de uma pousada. Tito namora Karina, uma "patricinha" rica e mimada dona de uma boutique na cidade. É filha de Célia e Bruno. Numa noite chuvosa em Ribeirão Tito acaba se embriagando no bar "Agito Colonial", dá uma carona à Filomena e os dois acabam fazendo amor dentro do carro, alimentando alguma esperança à Filomena de que Tito a ama. Após perceber o que aconteceu entre ele e Filomena, Tito esclarece o mal-entendido entre ele e Filomena, quebrando as esperanças da moça. Após descobrir Karina passa a odiar Filomena.
Transcrição

Categoria

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Transcrição
00:00Informação é comigo mesmo.
00:02O Joca foi preso porque matou aqueles dois, o tal senador e a namorada dele.
00:06Mas que é pra nós, eu não acredito nisso não.
00:09Não duvido nada que tenha sido ele.
00:12Pensei que ele fosse só um apalermado, um vagabundo,
00:15mas pelo visto é muito pior do que tudo isso junto.
00:18Ah, mas ele gosta da madame, madame sabe disso, não sabe?
00:21Eu até pensei que a senhora tava me chamando pra mandar um bilhetinho pra ele lá na delegacia.
00:30Meus sentimentos a todos.
00:49Adeus, senador.
00:52Vossa Excelência já tinha uso campeão de nossos corações.
00:56E agora, mais do que nunca e sempre,
01:01continuará ocupando o seu quintal no peito desse povo bom de Ribeirão.
01:07A verdade
01:08é que você só se casou comigo pra esquecer outra mulher.
01:13Como é que é?
01:14Que absurdo.
01:15Quem te falou uma besteira dessas, o Leite?
01:17Hoje eu percebo com a mais absoluta clareza.
01:21Você
01:21era apaixonado pela Ellen.
01:24E quando ela te deu um chute no rabo,
01:27você veio se consolar comigo pra ver se curava dor de cotovelo.
01:30Afim de evitar especulações
01:32e fofocas maldosas
01:35de certos indivíduos inescrupulosos,
01:42eu quero apresentar pra vocês
01:44o suspeito de ter assassinado o doutor Érico.
01:48O nome do elemento é
01:51João Carlos Pelago,
01:53morador aqui de Ribeirão do Tempo.
01:55Pessoal, vamos trabalhar.
01:56Cadê?
01:57Calma, mas vamos calma.
02:03Calma, sem violência, por favor.
02:06O senhor João Carlos Pelago,
02:08o senhor está aqui perante a imprensa,
02:10portanto, me responda.
02:12O senhor assassinou o senador Érico
02:14e a sua...
02:15Quem foi que disse que eu deixei fazer perguntas?
02:17É só uma apresentação.
02:19Mas vai atrapalhar o trabalho da imprensa, delegado?
02:21A imprensa é que não pode atrapalhar o trabalho da polícia.
02:24Então responda o senhor mesmo.
02:26O suspeito confessou o crime, delegado.
02:28Eu sou inocente.
02:30Calma a mão.
02:31Todos já viram a peça.
02:33Levem-no para a carcelagem.
02:35Não é assim, delegado.
02:36É um protesto.
02:38O senhor está abusando de autoridade, delegado.
02:41Ensine o caminho da porta para esses senhores aqui.
02:45A polícia tem que trabalhar, professor.
02:47Isso é uma arbitrariedade.
02:50O senhor está abusando de autoridade.
02:53Eu não tenho medo de enxergar.
02:56O que o senhor pediu foi feito.
02:57Apresentamos o preso agora, por favor.
02:59Isso é uma arbitrariedade.
03:00Não, cara, não.
03:01Puxou.
03:22Coincidência te encontrar aqui?
03:23É verdade.
03:25Tudo bem com você?
03:26Tudo bem.
03:27Posso me sentar?
03:28Claro.
03:29Por favor.
03:31Isso que eu sou moço?
03:35É.
03:36Eu não tive tempo de almoçar hoje.
03:38Você aceita?
03:38Não, obrigado.
03:43Foi o enterro?
03:44Não.
03:45Tive outras histórias mais complicadas para resolver.
03:48Os assuntos aí.
03:49Mas e você?
03:50Aconteceu alguma coisa?
03:51Está com uma cara meio triste?
03:53Melhor nem falar nisso.
03:55Baixaria.
03:56Desembucha, rapaz.
03:57Não é para isso que servem as amigas?
04:01Sabe?
04:04Estava falando justamente sobre você agora.
04:06Falando de mim?
04:09O quê?
04:09E com quem?
04:10Com a Azuleide.
04:12Entre outras, ela me acusou de ter casado com ela para eu tentar esquecer você.
04:16Newton, por favor.
04:18Não vem com esse papo de novo, vai.
04:19Não tem papo nenhum, Ellen.
04:21O que a Azuleide falou na verdade.
04:22Eu fui sim apaixonado por você.
04:26Mas quando eu me casei com a Azuleide, já estava tudo superado e eu caí de cabeça naquele casamento.
04:31A neurose da Azuleide estragou tudo.
04:35Newton, olha aqui.
04:36Você fica falando essas bobagens por aí?
04:39Dizendo para todo mundo que eu fui a mulher da sua vida?
04:41Agora dá nisso.
04:42Não adianta você reclamar, não.
04:43Eu só digo isso para você.
04:48E o que eu digo é que com o fracasso do meu casamento, não tem para segurar.
04:55O antigo amor recebeu, Ellen.
04:58Eu já te falei que eu não quero entrar nesse assunto.
05:02Poxa.
05:04Eu estou indo embora.
05:05Peraí, peraí.
05:06Olha só.
05:07Você não precisa ir embora, tá bom?
05:08Desculpa.
05:09Termina o seu almoço desde que eu vou.
05:10Não, não.
05:11Você fica.
05:11Eu já acabei mesmo.
05:14Por favor, Newton, não venha atrás de mim.
05:27Pode ficar com o troco.
05:28Obrigada.
05:29Não me cegou
05:30Porque sempre te vi com um olhar do perdão
05:36Você achou
05:40E nós dois assinamos um simples contrato sem data
05:45A gente tem que se preparar para o pior, Torres.
05:50Ai, nem me fala.
05:51Só de pensar me dá calafrios.
05:54A repercussão desse crime vai fazer um rombo na nossa finança.
05:58Você não andava lá muito bem das pernas, né?
06:00Mas pelo menos andava, né?
06:02Daqui por diante vai saber.
06:03Vai saber o quê?
06:04Se o empreendimento sobrevive ou morre junto com o senador.
06:07Ai, que horror, Virgílio.
06:08Vira essa boca para lá, eu, hein?
06:10Que isso, eu estou sendo otimista, minha querida.
06:13Sabe, eu já vi muita coisa ruim nessa vida.
06:15Ser otimista é muito diferente do que ser pessimista.
06:19E você é o quê?
06:20Bom, eu acho...
06:21Olha que ser otimista numa hora dessa é caso de internação, Yara.
06:24Posso me explicar?
06:26À vontade.
06:26Muito obrigada.
06:28Eu acho que no início vai ter uma onda ruim, sim.
06:30Mas depois as pessoas esquecem.
06:32O interesse pela cidade reacende.
06:34E a pousada volta a ser exatamente o que ela era.
06:37Que era o quê?
06:38Exatamente.
06:38Uma paizinha miúda.
06:40Essa micharia.
06:42Desculpa, viu, Cloriz?
06:43Mas eu acho que o pessimismo do Virgílio andou fazendo escola por aqui, hein?
06:46Ah, gente, eu sempre tive dúvidas quanto a essa pousada.
06:50Agora é com aquele otimismo, aquela fé cega do meu filho, né?
06:55Eu não entendo por quê.
06:56Porque pelo menos até a morte do senador, a pousada estava indo muito bem, sim.
06:59E tendendo a melhorar, hein?
07:00Tinha e-mails do Brasil inteiro e até do exterior.
07:03Quer ver?
07:03Separei vários aqui.
07:04Vou mostrar para o senhor.
07:05Querida, e-mail não é a moeda Correiros.
07:08E aí, galera?
07:08E aí, isso?
07:09Desculpa o atraso, se for mal.
07:10Sem problema.
07:11A gente já começou a reunião.
07:13Bom, mas e o Newton?
07:14Você devia estar aqui.
07:15Eu achei que ele viesse com você.
07:16Eu pensei que ele já estivesse aqui.
07:18Foi o que a gente combinou.
07:19Será que ele se meteu?
07:20Ele não é de da cana.
07:22Bom, não importa.
07:22Ele deve ter ficado preso com essa confusão na cidade.
07:25Vamos seguir.
07:26Você disse que você tinha umas novidades com a Iara.
07:28Você lembra aquele grupo que eu falei para você?
07:29Aquele de Porto Alegre.
07:30Não sou isso.
07:32Eles ligaram e cancelaram a reserva.
07:34Cancelaram a reserva?
07:36Não disseram por quê?
07:36A agência não foi clara, não, Tito.
07:38Eles só falaram que resolveram em outro lugar.
07:40Ah, era um grupo mais velho, interessado em turismo ecológico.
07:43Eu tenho certeza que isso foi por causa dessa porcaria desse assassinato.
07:48Justamente o tipo de cliente que eu queria atrair para a pousada.
07:50Pessoas independentes, maduras.
07:52Tem cacife para pagar longas temporadas.
07:54Ai, que inferno, hein?
07:55Que horror.
07:56Pelo Céu, até quando vai isso, hein?
07:59E esse caso aí, será que vai encalhar igual o caso da dona Dirce?
08:01Ah, não.
08:01Eu acho que agora a coisa anda.
08:03Afinal, trata-se de uma figura pública.
08:05Já tem até um suspeito preso.
08:07Ah, é?
08:07Quem é?
08:07E quem é?
08:08Daqui da gente, da cidade?
08:09É, um boboca aí que se faz passar por guia turístico.
08:14Ele está sempre lá na praça.
08:15E diz também que é detetive.
08:18Eu sei quem é.
08:19Esse cara já esteve aqui.
08:19Já até ofereceu os serviços dele.
08:21De detetive?
08:22Não, mãe.
08:23De guia.
08:23Detetive.
08:25O cara meteu a faca no senador.
08:27Não, peraí.
08:27Essa história está estranha.
08:28Não tem nada a ver.
08:29O sujeito é um mané, é um tonto.
08:31Não tem a menor cara de assassino.
08:32E assassino lá tem cara, Tito?
08:34Às vezes o cara aparenta a maior dignidade e no fundo é um cafajeste.
08:37É, mas nós não estamos falando em cafajestes.
08:39Estamos falando em assassinos, homicidas, psicopatas.
08:43Por que ele é querer matar o senador?
08:45Bom, isso a polícia vai dizer, né?
08:46E pra gente é melhor que eles resolvam logo esse caso.
08:49Tito, eu preciso conversar com você.
08:51Pode falar.
08:51Em particular.
08:53Tá bom, a gente conversa mais tarde.
08:54Depois da reunião.
08:56Eu tô esperando a Karina chegar, mãe.
08:58Mais uma razão pra essa conversa ser hoje.
09:01Depois da reunião.
09:02Agora.
09:11Bom, eu vou nessa.
09:13Eu tenho um compromisso.
09:14Vai lá.
09:14Valeu.
09:15Boa sorte, ganhou.
09:16Segura a onda, meu irmão.
09:21Valeu.
09:22E aí, Karina, você não quer no meu lugar, não?
09:25Não, não, não.
09:25Vai lá, vai lá.
09:26Vai lá.
09:26Fala com ela.
09:29Resolve isso logo.
09:30Eu sou o que?
09:32Eu sou o que?
09:32Vai lá.
09:33Vai lá.
09:33Vai lá.
09:33Vai lá.
09:34Vai lá.
09:34E aí, Karina, você não quer no meu lugar, não quer no meu lugar, não quer no meu lugar, não quer no meu lugar.
09:50Você não quer no meu lugar, nunca falou tudo bem, tem mas não dá, sorri jamais lhe convém.
09:55Você é má, mas há de ter um bem, você é danada, ninguém vai se danar, danada não perde o trem.
10:01Sabe nadar, mas nada sabe de alguém que sabe amar, eu quero ser seu bem.
10:06E você é má, você é maluca, você é malinda, você é malandra, só não é massa.
10:18E você magoa, e você massacra, e você machuca, e você mata.
10:28Só se danar, você é danada, ninguém nunca dará, nem mesmo um simples amém.
10:34E a deus dirá, diz que não vai até além, você não vai, mas pode ter.
10:38Que sofisticação, hein?
10:40Eu ou a mesa?
10:42As duas.
10:43Você também tá muito chique, onde você vai?
10:46Me encontrar com o Tito, onde você iria?
10:48Fez muito bem de caprichar, minha filha.
10:50Homem não gosta de mulher que se acomoda, que enfia um trapinho no corpo, um chinelinho de dedo.
10:54Agora essa mesa também sem noção, né, mamãe?
10:57Você acha?
10:57Elas, rechôs, quem vem jantar aqui? A rainha da Inglaterra?
11:01Doutor Teixeira.
11:01Ah, aquele bonitão que trabalha lá com a chefona do resort?
11:06Em pessoa.
11:07Mas o que aconteceu? Ele foi promovido? Agora eu mando a chuva de lá, é?
11:10Não, por quê?
11:11Ué, se ele é só um colega do papai, pra que tentar frescura?
11:15Ai, Karina, sem noção da você, minha filha.
11:17Você acha?
11:18Claro que ele é colega do seu pai, muito mais importante que isso.
11:21Ele simplesmente é a pessoa mais próxima à madame do réu.
11:24Ah, entendi.
11:25E eu achei conveniente que seu pai se aproximasse dele.
11:28Entendeu?
11:29Uhum.
11:30E você também devia ficar e jantar conosco, sabia?
11:32Ai, mamãe, eu adoraria ficar e conhecer melhor esse figurão que fala o ouvido da madame.
11:37Mas eu não posso dar o cano no meu noivo, concorda?
11:40Concordo.
11:41Viver, tá assim.
11:43Mamãe, parabéns.
11:44Sua mesa ficou cinematográfica.
11:48Embromação?
11:48Hum, então você acha que eu tô te levando na conversa, é isso?
11:52Você acha que eu tô enfiando o teu dinheiro no meu bolso?
11:54Mas você tem noção da gravidade da acusação que você tá me fazendo?
11:56Não tô fazendo acusação nenhuma, Tito.
11:58Eu só tô dizendo que com crise ou sem crise, o que pinta na minha conta é ridículo.
12:04E você paga no dia que você quiser, no dia que é bom pra você.
12:07Além de pedir pra parcelar, parcela, da parcela, da parcela, da parcela.
12:10Você sabia, eu te falei?
12:11Você sabia que eu não podia te pagar tudo de uma vez?
12:13Eu expliquei que esse negócio levava um tempo pra se firmar.
12:16Mamãe, nunca te enganei, eu falei a verdade pra você.
12:18Então me explica, o mês passado, isso daqui tava apinhado de gente.
12:21Eu tive que ir à cabreira, comprar lençol com a Yara pra dar conta de tanto hóspede.
12:25Aí eu pensei, bom, no final do mês vai aparecer o meu na minha conta, bonitinho, mais os atrasados.
12:29Qual não foi?
12:30A minha surpresa...
12:32Eu acredito que no meio dessa crise, depois da baixa que a Yara acabou de me anunciar,
12:35você tem a capacidade de me pressionar, entendeu?
12:37De vir pra cima de mim.
12:38Esse é que é o seu problema, Tito.
12:40Não passa pela sua cabeça, com crise ou sem crise, me pagar.
12:44Você não tá dentro da minha cabeça, mamãe, pra saber o que eu penso ou deixe de pensar?
12:47Eu não quero estar dentro da sua cabeça, eu quero estar na sua lista de credores com prioridade máxima.
12:53E eu já te disse e repeti um trilhão de vezes que eu vou te pagar até o último centavo.
13:03Eu queria ver, eu queria ver você repetir isso pra um banco.
13:09Seria bem diferente, né?
13:10Eles não ficariam me humilhando com essa desconfiança toda?
13:12Não.
13:13Eles não iriam te humilhar, eles iam tomar a tua posada.
13:17E aquela porcaria, daquela geringonça, daquele avião que arruinou a tua vida e a minha.
13:23Chama de geringonça de novo o meu avião pra ver o que te acontece.
13:26Geringonça, geringonça, geringonça, geringonça, geringonça, geringonça, geringonça!
13:37Quando eu tiver essa grana na minha mão, eu vou jogar lá inteira na tua cara.
13:42E você acha que eu vou ficar magoada?
13:45Isso pra mim é uma prova de amor.
13:53Falando em amor, o que essa Karina tá fazendo aqui, dormindo aqui em casa todo dia?
14:00Isso já tá praticamente um casamento!
14:01O que você tem a ver com isso?
14:04Tudo.
14:04Nada.
14:05Tudo.
14:05Nada.
14:06Tudo!
14:06Tudo!
14:08A gente combinou, Tito, que até você me pagar o último centavo da dívida que você tem comigo,
14:14não ia haver casamento, nem ajuntamento, qualquer coisa diferente disso pra mim é traição.
14:20Coisa gostosa na tela se dá, que simpatia tem, e coisa louca também, antipatia tal.
14:30Eu entro pela novela que empatia tem, saio na vida real, é fantasia tal.
14:36Vejo na tela você, tá que cardia dá, dizer na cena final, a vida como ela é,
14:41eu quero ver, bato o pé pra botar moral.
14:45Trambique politiqueiro, telecomunicado, a coisa fica pior, telecomunicó.
14:50Mas o que vai dar o nó, telecomunicá, é nosso amor virapó, telecomunicó.
14:56Pois somos dois em um só, telecomunicá, até a terra virar, teleco, nosso xodó.
15:11Oi, amor.
15:13Que bom que você chegou.
15:14Tava te esperando.
15:15Oi.
15:17Tô morrendo de fome.
15:19Ótimo.
15:20Então eu vou preparar um jantar bem gostoso pra você.
15:23Se você quiser, posso abrir um vinho pra gente.
15:27Não, não, não precisa, Helen.
15:29Eu como qualquer coisa rápida no sanduíche, eu tenho que estudar pra prova.
15:34Que prova?
15:36Eu te falei, não falei?
15:38A prova que eu tenho que fazer pra subir de categoria como piloto, eu quero ser piloto de linha aérea.
15:44Já tá em tempo.
15:46Eu tinha esquecido.
15:47Desculpa.
15:47Desculpa.
15:50Bom, então eu vou lá na cozinha preparar aquele sanduíche colorido que você adora.
15:58Ótimo.
15:59Você aproveita e toma um banho.
16:00Doutor Teixeira, entra.
16:08Célia, doutor Teixeira chegou.
16:10Meu caro Bruno.
16:11Que honra recebê-lo aqui em casa, doutor.
16:13Doutor Teixeira, finalmente.
16:14Finalmente o nosso encantado jantar.
16:17Obrigada.
16:18Mas olha, a gente já tinha passado dessa fase, né?
16:20De senhor, senhora, doutor.
16:22Pois é, senhor, senhora, doutor.
16:24Vamos deixar essas formalidades no passado.
16:26Vamos ao que realmente interessa.
16:27O que é que vai ser?
16:28Whisky, vinho, pra começar?
16:30Pra mim, qualquer uma das opções vai me deixar feliz.
16:33O que a Célia determinar.
16:34Bom, por mim, vamos de vinho.
16:36Que é mais suave e saboroso.
16:38Ah, como deve ser a vida, né?
16:39Suave, saborosa.
16:41Ok, vamos de vinho então.
16:42Só que vocês dois sentem-se, por favor.
16:44Eu mesmo sirvo.
16:45Obrigada, querido.
16:46Então, teve alguma dificuldade pra conseguir chegar?
16:50Eu me refiro a essa confusão que tomou conta da cidade.
16:53Não, eu acho que as coisas já se acalmaram.
16:56Ai, graças a Deus, porque foi um tumulto, né?
16:58A gente tava comentando aqui em casa que a velha calma de Ribeirão do Tempo
17:01não existe mais, acabou.
17:02Todo dia nós somos brindados com uma novidade ruidosa.
17:06É, a modernidade é barulhenta.
17:08Nossa, mas se isso que está acontecendo é modernidade,
17:11Deus nos livre e nos proteja do resto.
17:16Olha aqui, Teixeira, você tem uma cara que é experta em vinhos.
17:20Portanto, eu vou te pedir que você tenha um pouco de paciência
17:23com esse humilde iniciante.
17:27Tá aqui, ó.
17:28Eu quero que você prove.
17:30E, por favor, me diga se tá no padrão, se tá no seu gosto.
17:34Meu caro Bruno, eu não sou expert em nada.
17:37Não me joga essa responsabilidade.
17:43Excelente.
17:44Eu já percebi.
17:45Eu estou diante de um sommelier disfarçado de dinheiro.
17:49Que é isso? De jeito nenhum.
17:56Eu, desde já, vou me desculpando pelo cardápio.
17:59Não consegui fazer o que eu pensava
18:00e fiz o chamado possível.
18:02Que sempre vem o sol se o queimado.
18:05Eu gostei muito do seu bom humor.
18:07Aliás, eu proponho um brinde
18:09e a beleza das mulheres de Ribeirão do Tempo
18:11aqui tão bem representadas.
18:13Nossa!
18:15Saúde! Viva!
18:16A situação da pousada não estaria tão ruim
18:25se não fossem as retiradas de uma certa pessoa.
18:30Qual é, Virgílio?
18:32Queria tirar mais dinheiro nenhum, não.
18:33Você é que me obriga.
18:37Acontece, meu bem,
18:38que nós somos sócios.
18:41E eu apenas sugiro.
18:43Eu não obrigo.
18:44Eu não sou sócia de ninguém.
18:47A gente se associa a uma pessoa
18:48ou uma empresa quando a gente quer.
18:50Por livre e espontânea vontade.
18:53Como no casamento.
18:54Exatamente.
18:56Acontece, gracinha,
18:58que além de sócios,
19:00nós estamos, de certa forma, casados.
19:03Pelo menos no ponto de vista carnal.
19:05Ai, como você, ordinário, Virgílio.
19:08Eu fico pensando como é que é o pai do Tito.
19:10E agora o próprio Tito
19:11depositaram tanta confiança em você
19:14e nunca perceberam um cafajésimo.
19:16O que é isso?
19:19Opa!
19:21Interrompo alguma coisa?
19:22O que é isso, Karina?
19:23A gente estava aqui falando
19:24da doideira que aconteceu na cidade.
19:28E aí, tudo bem, Karina?
19:29Tudo bem com vocês.
19:31Como a vida quer e consente.
19:33Nossa, que fatalismo.
19:35O que anda acontecendo nessa cidade aqui
19:37não dá para responder de outro jeito.
19:38A morte do senador foi um baque para a gente.
19:41É, posso imaginar.
19:42Muitas desistências de última hora.
19:43Se bobear,
19:45Ribeirão do Tempo vai virar uma cidade de risco.
19:48A aventura vai servir para cá.
19:49Que nada, gente.
19:51Esse crime já está no ponto de virar lembrança.
19:53Tem até um suspeito preso, vocês não souberam?
19:55Será?
19:56Nossa, você está linda.
20:02Fiquei horas me arrumando para te ouvir dizer isso.
20:05É?
20:06O que eu mais admiro em Madame Duel
20:09é que ela é uma mulher imprevisível.
20:12Absolutamente imprevisível.
20:13Essa, de ela jogar uma flor no túmulo da tal moça,
20:16foi surpreendente.
20:19Arrojado, né?
20:20Por que será que ela fez isso?
20:22Ela não me falou nada,
20:23mas eu imagino que deva ser um impulso.
20:27Ela deve ter ficado com pena da pobre moça.
20:31Gente, me perdoem.
20:33O prefeito no telefone,
20:35ele não larga do meu pé, Sérgio.
20:37Vocês me dão licença.
20:37Eu vou atender ali no escritório.
20:39Tá à vontade.
20:45Então, gostou do jantar?
20:48Maravilhoso.
20:50Aliás, vindo de você não podia ser diferente.
20:52Clássico.
20:53É um atributo que se estende a tudo que a pessoa toca.
20:57Hum, assim eu vou enrubecer.
21:00Como se dizia nos romances que eu lia quando eu era adolescente.
21:04Mas, sabe que foi uma surpresa ter encontrado pessoas assim como você aqui em Ribeirão do Tempo.
21:12Aquilo que eu imaginava ser uma longa temporada num deserto,
21:16acaba que está se configurando de outra forma.
21:18Deserto.
21:18Deserto.
21:20Você mora com gente tão interessante.
21:23Madame Duhéu, aquela moça arminda.
21:25Eu acho ela tão bonita.
21:27Muito bonita.
21:28Inteligente.
21:29Um oásis no deserto, não?
21:32Não.
21:32E se eu percebi o sentido da sua pergunta, ela não faz meu tipo.
21:39Mas, Vim?
21:40Assim eu acho que eu não vou conseguir chegar em casa.
21:42Quanto tempo você pretende ficar na cidade?
21:46Não dá pra saber até acabar as minhas tarefas.
21:49E qual é exatamente a sua função na empresa?
21:52Oficialmente nenhuma.
21:53Eu presto assessoria direta à madame dos assuntos particulares dela, mas...
21:56Eu quero saber mesmo sobre você.
22:01Eu?
22:03Ai, eu não tenho nada de muito interessante pra contar.
22:06Fui modelo.
22:07Quando eu era jovem.
22:09E isso não é interessante?
22:11Foi muito interessante.
22:14Mas acabou.
22:15Hoje eu sou dona de casa.
22:17E consigo desempenhar essa função com bastante criatividade, viu?
22:21E tem um sonho antigo de abrir um salão de chá aqui na cidade.
22:24Mas, infelizmente, ainda não foi possível.
22:26Eu gostaria muito de saber mais sobre esse salão de chá.
22:31Aliás, eu acho que nós temos muitos assuntos pra conversar.
22:35Certamente.
22:37Gente, vocês não acreditam qual foi a última do prefeito.
22:44Olha, gente.
22:45Ai, meu Deus.
22:55Isso é só uma provocação, né?
22:57Muito bonita, sabia?
22:58É pra mim?
22:59É.
23:00É.
23:03Isso tudo é pra mim?
23:04É, tudo é pra você.
23:11Tá linda.
23:12Lindo.
23:13Sabe que eu te quero muito, gatão.
23:18É?
23:19Uhum.
23:20Também te quero muito.
23:22Sempre mais e mais e mais e mais.
23:25Pousada, a cidade, o mundo inteiro pode estar do avesso.
23:36Porque entre a gente nada muda, hein?
23:38É, mas mudam as nossas caixas registradoras, né?
23:42Ai, tio, tu sabe que com esse tumulto todo, o movimento lá na loja tá se ressentindo, né?
23:48Ah, é?
23:48E pelo que a Yara me contou, a pousada também balançou.
23:52É, as coisas não vão lá tão boas.
23:57Assim, um sábado é maior.
23:59A novidade é que a minha mamãe agora resolveu me cercar.
24:04De novo, feito uma cobra.
24:06Ah, não.
24:06Por favor, sobre isso eu prefiro não falar, tá?
24:09Tá bom.
24:09Mas, fica tranquilo, meu amor.
24:13Com o criminoso preso, tudo vai se resolver.
24:18Sabe o que eu gosto é acreditar nessa história?
24:19Tô achando isso tudo muito estranho.
24:21O cara tem uma cara de paspalho, não é possível?
24:23Não acredito que tenha sido ele.
24:25É, mas desde que ele não venha matar a gente, eu quero que se danem.
24:32Pra mim, o que importa somos nós dois, juntos, aqui e agora.
24:39Vou muito além do que possa parecer, faço o meu mundo vivo hoje sem pensar.
24:47E amanhã crio algo pra fazer, não há nada que me impeça de voar.
24:55E vou longe, sim, não é?
24:59Passou meu tempo explorando o céu e o mar.
25:03E vou mais longe, vou mais fundo.
25:05Meu tempo é curto pro que a vida pode me exagerar.
25:10Olha aí, Ivo, a página ficou boa.
25:16A diagramação tá perfeita.
25:18Agora pega o pendrive, corre e manda rodar.
25:21Vou deixar ali.
25:24O cara!
25:30É que eu tô aqui vendo as fotos, chefe.
25:32Olha só, só te dizer, presta atenção.
25:37Dessa vez a folha da corredeira vai arrebentar.
25:40A edição está magnífica.
25:42Também, da bomba que a gente vai lançar, né?
25:44Nossa, eu não consigo nem imaginar, já.
25:45É, é isso mesmo.
25:48O Ajuricaba vai se estrepar, eu aposto com você.
25:51Isso é o que te dá mais prazer, né?
25:52Ferrar o pobre delegado.
25:54Vai ser um furo nacional.
25:56Ou melhor, um furo internacional.
25:57Folha da corredeira, falando para o Brasil, para o mundo, quem sabe para o universo.
26:03Você tá muito engraçadinha.
26:05Aliás, eu vou te dizer uma coisa, você mudou muito.
26:07Você não era assim.
26:09Bonito o seu vestido.
26:11Ou saia, sei lá.
26:12É saia?
26:13É?
26:13É.
26:14Bom, você gostou, chefe?
26:17Gostei.
26:18Gostei.
26:19Ah, que bom.
26:20Tá uma graça.
26:21E você chegou
26:23Me dando carinho, amor e atenção
26:27Eu tava tão mal
26:28Meu amigo, nós nos conhecemos há quanto tempo?
26:38Quantos anos?
26:38Quantas décadas?
26:40Você é um companheiro de uma vida inteira.
26:44Eu sei.
26:46Exatamente por conhecer até o meu pensamento, é que você tem que confiar em mim.
26:51Eu sei o que estou fazendo.
26:54O quê?
26:57Traindo os nossos ideais
26:58De forma nenhuma
27:00Eu nunca fui tão fiel a eles como estou sendo agora
27:05Vir aqui
27:07Você
27:08Evidentemente, Zé Mário
27:12Venha
27:13Vamos conversar em pessoa
27:15Será uma ótima oportunidade
27:18Para lhe explicar tudo e você
27:19Tranquilizar o nosso pessoal
27:22É só marcar o dia
27:25Que eu estarei te esperando
27:26Sim
27:28Um abração, meu amigo
27:30É só marcar o dia
27:32Que eu estarei te esperando
27:32O que eu estarei te esperando
27:33Que eu estarei te esperando
27:34Tchau, tchau.
28:04Eles também vão se entusiasmar, eu tenho certeza.
28:34O que aconteceu, dona Virgínia?
28:39Eu mal me deitei e a senhora já foi me acordar.
28:43Gostou?
28:44Bom, foi a Marta que ela ligou avisando que estava vindo pra cá.
28:47Diz que é assunto de urgência.
28:49Você queria o quê?
28:50Que eu deixasse ela te pegar na cama?
28:52Olha aqui.
28:53Não dormi nem duas horas.
28:55Vida desgraçada.
28:56Meu Deus do céu, será que tudo isso não podia esperar pelo menos mais alguns meses?
29:03Se eu estivesse aposentado, eu iria lá na praça, ficava sentado lá, olhando, jogando dominó, jogou uma trancelada.
29:12Olha ela aí, ó.
29:26Bom dia, doutora Jupe Capa.
29:28Olha, desculpe o mau jeito.
29:30Mas eu achei que o senhor tinha logo o que saber do que está acontecendo aqui.
29:33Não dava pra esperar.
29:33Mas, meu Deus, o que que aconteceu?
29:36Bom dia, dona Virginia.
29:38Olha só, eu aqui de novo, mais uma vez incomodando, não é?
29:41Pra mim não tem problema.
29:43O problema é esse aí, que fica dando coice no vento.
29:46Você conhece bem a figura, não conhece?
29:48Sim, conheço.
29:48Vocês duas aí, querem parar com esse papo furado?
29:51Vai, Marta, diz logo o que é.
29:53Tá querendo me enlouquecer?
29:54A novidade está aqui no jornal, doutor.
29:57Que pau.
29:59Deve ser aquele miserável do Ligo outra vez.
30:02Eu juro que o dia ainda meto uma bala no queigo daquele filhote do terrorismo.
30:11Ah, o que que diz, hein?
30:12É mais uma outra acusação, delegado.
30:15Mas dessa vez a coisa é séria.
30:21Bom, é isso mesmo que eu estou vendo?
30:26Senador foi vítima de conspiração política.
30:30Conspiração política?
30:32Ainda existe isso no Brasil?
30:35Eu pensei que com o fim da ditadura militar, isso tivesse acabado.
30:39Eu não sei se isso é verdade, madame, mas está escrito aqui no jornal.
30:43Esse tempo que eu vivo no país, eu acostumei a acreditar em tudo.
30:48É, você tem razão.
30:50Aqui no Brasil a gente nunca pode prever o que vem pela frente.
30:53Principalmente no mundo político.
30:55Bom dia, madame.
30:57Bom dia, madame.
30:57Walter.
30:59Bom dia, maché.
31:01Sente-se, porque o dia de hoje promete ser tão animado e surpreendente como os anteriores.
31:08Não vai me dizer que houve mais um assassinato nessa cidade.
31:11Não, não se trata de um outro crime.
31:14Afinal, estamos numa cidade histórica e não em um matadouro.
31:18E o que é, então?
31:19Lê as manchetes pela era, Walter.
31:22Senador foi vítima de conspiração política.
31:25Altos escalões da polícia envolvidos.
31:29Detetive particular descobre maquinação política por trás do crime e é preso.
31:37É verdade ou você está de brincadeira comigo, Walter?
31:41Eu adoraria ser um homem de brincadeiras, Arminda.
31:45Mas, infelizmente, me fizeram sério, sim.
31:50Você está me parecendo mais um delírio.
31:52Detetive particular descobre maquinação política.
31:57Mas, afinal, quem é esse detetive particular?
31:59Existe isso aqui em Ribeirão do Tempo?
32:01A senhora não vive dizendo que Ribeirão deveria se modernizar?
32:05Sim, mas de onde surgiu esse detetive?
32:07Tem a informação aí, Arminda?
32:11Arminda, você está me ouvindo?
32:15Desculpa, madame, não ouvi o que foi.
32:17Eu perguntei de onde surgiu esse detetive.
32:19Não sei, mas aqui está escrito que esse indivíduo se chama Joca Pelago.
32:30Ele havia sido preso como suspeito do crime.
32:34Joca Pelado?
32:36Pelago, uma dama com G.
32:38Um cidadão ribeirense.
32:40Tem uma foto do sujeito aí.
32:41A cara não me é de toda estranha.
32:46Acho que eu já vi esse sujeito em algum lugar.
32:48Na praça ou em algum outro lugar, não me lembro.
32:54Eu trouxe um jornal para vocês me dizerem o que vocês acham.
32:58Assim, o Joca está ferrado, não está?
33:00É porque se isso aqui é verdade, é coisa de gente das altas, grauda.
33:05O Joca não é ninguém, não é nada.
33:07Então, sobra para ele.
33:09Calma, mulher.
33:11Mas vai acontecer verem que o Joca estava lá fazendo uma investigação e soltar ele depois.
33:15É só olhar para o Joca para ver que ele não é de matar ninguém.
33:18Nem mosca.
33:19Mas também não é tão santo assim.
33:21Teu filho é um herói, Leia.
33:23É municipal, estadual, nacional e se bobear, internacional.
33:27Tem razão.
33:28É, meu pai tem razão, dona Leia.
33:30Não vou fazer nada de ruim com ele.
33:31A senhora vai ver, ia pegar mal, não tem jeito.
33:33O meu amigo sempre foi um cara super bacana.
33:36E agora está na hora de reconhecerem o valor dele, é isso?
33:38Já está, filozinha, reconhecido e sacramentado.
33:42Eu sempre disse que ele era um bom garoto.
33:44É, aí você disse tudo.
33:46Um garoto.
33:47Uma criança brincando de detetive.
33:49E fez a maior besteira se metendo nessa história.
33:52Não me ouve?
33:53Nunca me ouviu.
33:54É, dá isso.
33:55Garoto, Leia.
33:56Me exagera, vai.
33:58Eu só queria saber que raio de conspiração é essa.
34:02O que é que essa gente quer?
34:05E o que é que eles lucraram, hein, Xanxa?
34:08Apagando o senador.
34:09Pof, pof, pof, pof.
34:10Sei não.
34:11Só sei que é capaz de danarem com a gente também.
34:14Eu confesso que eu fiquei com medo, viu?
34:16Porque se mataram o doutor Érico e a Eleninha,
34:18podem muito bem matar qualquer um de nós.
34:20Não fala besteira, filozinha.
34:22O senador Érico morreu porque sabia demais.
34:25Na certa estava metido em alguma maracutaia.
34:28Apagaram ele.
34:30Queima de arquivo.
34:31Eleninha, não.
34:31Eleninha morreu de gareta porque deitou na cama errada.
34:35Sacou?
34:36É.
34:38Pensando bem.
34:40Tem razão.
34:42Tiene razão.
34:43Isso aí, Romeu.
34:45Eu sempre tenho razão.
34:46Sabe por quê?
34:47Porque eu penso bem.
34:48E agora, no momento, eu estou pensando.
34:50Será que os caça-cuecas desistiram de ver traseiro
34:53e estão afim de ver sangue?
34:55Já disse que eu não quero ouvir esse papo de caça-cueca.
35:00O meu Zito ficou com trauma de retaguarda.
35:04Não estou gostando, Xanxa.
35:07Tu não pode me desrespeitar dentro da minha própria casa.
35:10Pai, para, para.
35:11Tá, gente?
35:12Olha, eu vim aqui pra me acalmar e fiquei mais aflita.
35:17E eu que nem aflita tava, agora eu fiquei.
35:18Mas é muita loucura do seu pai.
35:24Publicar uma matéria desse porte, com tantos detalhes.
35:28Por quê, mãe?
35:29Porque isso vai virar o país de ponta cabeça.
35:31Ficar cutucando instituições, forças, poderes.
35:36E tudo baseado em informações fornecidas por um pamonha.
35:39Mas eu sei que pamonha ou não, mãe,
35:41o Joca descolou um grande furo.
35:43Uma conspiração.
35:45Será mesmo?
35:46É, ele inventar isso tudo por quê?
35:47Esse Joca não tem a menor credibilidade.
35:50Nunca fez nada que prestasse.
35:53E de repente, é isso que me irrita,
35:54de repente seu pai eleva o sujeito
35:56à categoria de herói nacional, sabe?
36:01Quem será tão cedo?
36:03Filho, atende aí que eu vou colocar um hobby, tá?
36:17Bom dia.
36:18Eu acho que vocês bateram na porta errada.
36:20Não é necessário.
36:22Nossa, que cheirinho bom de café.
36:25Vocês estão servidos.
36:27Obrigado, dona...
36:28Senhora, dona Patrícia.
36:31Eu vim falar com o Linco, quer dizer, com o senhor Linco,
36:33com o senhor marido da senhora.
36:35Urgente!
36:36Ele está dormindo, passou a noite em claro trabalhando.
36:39Lamento, mas a senhora vai ter que acordá-lo.
36:42Mas eu não vou acordar, mas de jeito nenhum.
36:44O coitado acabou de dormir.
36:46Dona Patrícia, de verdade, é muito urgente.
36:48É questão de segurança nacional.
36:50É que dá fala.
36:52Mas ninguém merece.
36:55Patrícia, André, por favor, vá lá pra dentro
36:57antes que a conversa descambie pro baixo calão.
36:59Eu vim aqui em caráter profissional.
37:01Senta aí.
37:04Ah, suas ironias não me irritam mais, não, viu, seu Linco?
37:09Você já virou folclore.
37:11Você já virou...
37:13Bom, eu vim aqui porque aconteceu...
37:16Aconteceu, a juricaba, que você sonhou
37:19que o Brasil voltou pra época da ditadura
37:22e que você veio aqui na minha casa
37:23pra me prender.
37:25Um sonho da juventude.
37:27É, aliás, quem é que não gostaria
37:30de regressar à juventude?
37:32Dispenso suas nostalgias.
37:34Eu tenho mais o que fazer.
37:35Então faça.
37:37Eu quero saber como foi que o senhor conseguiu
37:40todas aquelas informações...
37:42Você quer saber das minhas fontes?
37:45É.
37:46Você já ouviu falar em sigilo profissional?
37:49Ah, não seja turrão, Linco.
37:52Não percebe que esses seus segredinhos
37:54só atrasam o trabalho da polícia?
37:56A polícia, quer dizer, a sua polícia
37:58não precisa do meu trabalho pra isso
38:01porque ela já nasceu atrasada
38:03e inoperante.
38:05Inoperante.
38:06Delegado, por favor.
38:08Sr. Lincoln,
38:09o senhor afirma no jornal
38:10que obteve esse tal manifesto com o Joca
38:13que, por sua vez, eu teria retirado
38:15do computador da casa da vítima.
38:16Perfeitamente.
38:17Como o senhor conseguiu isso com o Joca?
38:20Se ele foi preso ainda na casa da moça
38:22e não teve contato com mais ninguém
38:24a não ser com a mãe dele
38:25e com o advogado.
38:26Isso aí também é sigilo profissional?
38:29Também.
38:30Também.
38:31Ah, fora a bolas.
38:31Pelo amor de Deus, onde é que nós estamos?
38:34Tenha santa paciência.
38:36Juricaba, juricaba, juricaba.
38:37Aceita o meu conselho.
38:39Sai do meu pé.
38:40Volta pra tua delicacia
38:42porque você deve ter algum trabalho a fazer.
38:45Afinal de contas, o povo te paga pra isso.
38:47Isso já desacata a autoridade!
38:48Não vai ser o meu jornal
38:50que vai te ajudar a desvendar essa situação.
38:53Você tem que a obrigação
38:55de esclarecer essa tal de conspiração azul,
38:59desmantelar o bando
39:00e botar todo mundo na tua cadeia.
39:03E não é o senhor
39:04que vai me ensinar a minha obrigação,
39:07viu, seu livro?
39:07Mas alguém tem que fazer isso, delegado?
39:10Espera aí, Ica.
39:10Calma, calma.
39:11Delegado, por favor.
39:12Nós não viemos aqui pra brigar, tá?
39:14Não.
39:14Não.
39:15Não.
39:17Não.
39:17Não.
39:18Não é impressionante?
39:25Conspiração?
39:26Que loucura.
39:27Eu tô chocada.
39:28Olha, eu confesso pra vocês
39:30que nada, nada mais me assusta nessa vida.
39:35A morte do Érico
39:36me revelou um passado que eu desconhecia.
39:39E agora tem uma coisa.
39:41Enquanto eu não aceitar esse passado,
39:43eu não posso pensar no presente e no futuro.
39:45Mas olha, até lá,
39:48eu acho tudo a mesma coisa.
39:50Nada, nada faz muito sentido.
39:53Bom dia, meus amores.
39:55Bom dia.
39:55Bom dia.
39:56Bom dia, meu filho.
39:57Já tomou café?
39:58Já acordei cedo.
39:59Você já liu os jornais hoje, Nicolau?
40:01Aliás, o jornal aqui de Ribeirão?
40:04Li, não duvido nada
40:05que seja tudo invenção
40:06desse jornalista babaca.
40:07Isso é uma acusação muito grave, Nicolau.
40:10Eu não posso acreditar
40:11que alguém seja tão leviano
40:12ao ponto de publicar
40:14uma notícia dessa sem provas.
40:16Eu nunca acreditei
40:17no que a mídia escreve.
40:18Pra mim foi aquele vagabundo
40:20que se diz detetive
40:20que matou meu pai.
40:22Essa história de conspiração política,
40:23isso é pra desviar a atenção,
40:25pra livrar a cara desse marginal.
40:27Mas isso precisa ser investigado, Nicolau.
40:29É uma acusação grave.
40:31Vai deixar, tia,
40:31que eu vou me inteirar dos fatos.
40:33Se precisar,
40:33eu boto um bom advogado de acusação
40:35e o moleque nunca mais sai da cadeia.
40:37Agora, por favor,
40:38vocês me dão licença,
40:39eu preciso resolver uns assuntos.
40:40Líria, você podia vir comigo
40:41até o escritório,
40:42eu preciso resolver
40:43a papelada da posse.
40:44Tá, claro.
40:45Vocês me dão licença, Nicolau?
40:48Por favor, meu filho,
40:50tenha cuidado.
40:51Cuidado com o quê, mãe?
40:52Corta essa, ela, hein?
40:53Você não acha curioso, Larissa?
40:55O Érico,
40:56ele fez tanta pressão,
40:58mas tanta pressão
40:59pro Nicolau renunciar.
41:01E agora meu filho
41:02vai substituir o pai no Senado.
41:04chega a ser irônico,
41:06você não acha?
41:11Nossa, meu amor,
41:12o que é isso?
41:13Tô tomando posse do que é meu.
41:15Agora não é hora pra isso.
41:17Por que não?
41:17A vida continua,
41:18o Senador morreu,
41:19o Senador,
41:20eu tô vivo,
41:20você tá aqui.
41:22Como é que você consegue falar assim?
41:24Você não queria
41:25providenciar as coisas da sua posse?
41:28Depois.
41:29Agora vem aqui, vem.
41:31Quando é que você vai assumir?
41:38Logo, logo.
41:40Agora esquece o Senado.
41:43Toma conta da excelência.
41:45naquela mesa,
41:47ele sentava sempre
41:48e me dizia sempre
41:50o que é viver melhor.
41:53O meu ficou
41:55bravo pra caramba
41:57quando eu falei
41:58dos caça-cuecas.
41:59O cara
42:00ficou invocado.
42:02Eu também ficava querendo, senhor.
42:05Você tá rindo
42:05porque não aconteceu contigo.
42:07Você já imaginou
42:08um homem se obrigado
42:09a riar as calças
42:11sem nem saber pra quê?
42:12Ah, meu irmão, é dose.
42:14É dose mesmo, né?
42:16Mas pior do que isso
42:17é esse negócio aí, rapaz,
42:18de conspiração azul.
42:20Esse troço
42:21é meio brabo mesmo,
42:22não é não?
42:23No contato,
42:24tudo se esclarece.
42:26Aí é que tá,
42:27não sei não, meu irmão.
42:28Talvez nunca se esclareça.
42:30Sabe por quê?
42:31Porque o que mais existe
42:32hoje em dia
42:33nesse país
42:34é crime sem solução.
42:36O que interessa
42:37nisso tudo
42:38é que da noite pro dia
42:39o Joca virou um herói.
42:41Até então
42:42ninguém dava nada
42:43pelo cara.
42:44Pois é.
42:45De guia turístico
42:46pulou pra assassino
42:47e de assassino
42:48pra detetive afamado.
42:50É mole.
42:52Olha quem tá chegando aqui.
42:55O amor da minha vida.
42:58E aí, Marisinha,
42:58tá melhor?
42:59Ah, tô não,
43:00esculado.
43:01Piori.
43:02Eu não me conformo
43:04com nada disso
43:04que tá acontecendo.
43:05Nem tô entendendo
43:07mais nada da vida, viu?
43:09É, morte de amigo
43:11não é fácil, não.
43:12Só mesmo o tempo
43:13pra aliviar o tranco.
43:15Marisa,
43:16quer tomar uma branquinha
43:18pra arejar as ideias?
43:19É oferta da casa,
43:20do Alfredo Lourota.
43:22Ah, não.
43:23Obrigada, Alfredo.
43:24Se eu começar a beber agora,
43:25eu acho que não paro mais.
43:27Passa tua tristeza
43:29pra mim, meu amor.
43:30Eu dou um jeito nela.
43:32Não, meu querido.
43:33Se eu pudesse.
43:35Vamos lá pra praça
43:39comigo?
43:40Vamos fazer o que?
43:41Ah, sei lá.
43:42Sair daqui,
43:43tomar um ar fresco.
43:44Vamos?
43:44Eu não tô conseguindo
43:44ficar no lugar fechado.
43:46Tá legal.
43:49Pendura aí,
43:49Lourotinha,
43:50que já já é o pó.
43:51Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô.
43:54É sempre assim.
43:56Sempre sobra pra mim.
43:57Oi, Madone.
44:05Já viu que ele tá na primeira página?
44:09Já vi, sim.
44:12Não disse que ele não era assassino?
44:14Diz aqui, ó, que ele descobriu o lance de altos bandidões.
44:17Cara, é um herói.
44:17Você gosta mesmo desse sujeitinho, não é, moleque?
44:22É, o Joga tem esse jeito de panaca, mas a gente, tipo,
44:25me divertiu pra caramba, zoou na cara dele.
44:28Mas eu também gosto de farinha d'água, não gosta?
44:30É, ele também me diverte.
44:40Será que vão deixar ele preso?
44:43Pelo que tá escrito aí no jornal, ele deve ser solto em breve.
44:47Qual o seu nome, rapazinho?
44:49Tião.
44:50Da madame eu já sei, é Arminda, né?
44:52Também com essa roupa bacana, com esse cabelo, chama logo atenção.
44:56Não é toa que farinha d'água ficar mole que nem mingau quando a senhora passa.
45:00Tião, tião, será que você me faria um favor?
45:07Claro, faço baratinho pra senhora.
45:10Será que você pode levar um bilhetinho pro farinha d'água?
45:15Mas lá na delegacia?
45:17Onde pode ser, não é lá que ele está?
45:30Onde pode ser?
45:34Onde pode ser, não é?

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