Cerca de 300 manifestantes da Frente Povo Sem Medo invadiram o saguão do banco Itaú BBA, em São Paulo, em protesto pela taxação dos super-ricos. O ato ocorreu após o Congresso derrubar a proposta do governo Lula sobre o IOF. O grupo também cobra a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais. O projeto está em análise na Câmara dos Deputados, sob relatoria de Arthur Lira. Os comentaristas Rodolfo Mariz e Leandro Ferreira debateram o caso no Linha de Frente.
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00:00Eu queria ouvir agora, meu, que o Rodolfo Maris pediu a palavra.
00:03Se você citar algum dos debatedores aqui, eu sou obrigado a dar a palavra pelas regras do debate.
00:08Então, o senhor, por favor, se quiser citar, cite, mas eu vou ter que chamar o citado.
00:13Mas o senhor queria...
00:14É, eu quero começar pela frase, pela última frase do Leandro, que eu achei sensacional.
00:18Ele falou o seguinte, o povo escolhe, o povo escolhe qual frente ela quer atacar.
00:23Agora eu peço, por favor, para a nossa produção colocar as imagens de novo desses manifestantes.
00:28Mas reparem numa coisa só, reparem na foto, Leandro, por favor, olha para a tela ali.
00:31Você e o Paulo Loyola, que estão no celular agora, não prestando atenção.
00:34Olha lá, tem um ônibus verde parado ali.
00:37E nitidamente a gente vê, se a imagem for congelada, as pessoas descendo do ônibus e saindo correndo, correndo para isso.
00:44Será que essas pessoas sabem de verdade pelo qual motivo elas estão fazendo essa manifestação?
00:49Ou elas foram induzidas a isso?
00:51Será que as pessoas, elas têm condições?
00:52Essas pessoas que estão aí, provavelmente desempregadas, será que elas estão ganhando alguma coisa?
00:57Para estar fazendo essa manifestação?
00:59Que elas nem sabem o que estão fazendo ali?
01:02Elas nem sabem o que elas estão fazendo ali.
01:04Se esse povo que está aí, do MTST, estivessem preocupados mesmo com a nossa economia,
01:13haveria uma manifestação de domingo na Avenida Paulista ou em qualquer outro lugar
01:17sobre o nosso salário mínimo, que é muito precário.
01:19Principalmente sobre as emendas parlamentares.
01:21Sabe por que essas pessoas não fazem protestos contra as emendas parlamentares?
01:26Porque provavelmente o cérebro por trás desses manifestantes se beneficia disso.
01:31E aí pega essas pessoas pobres, carentes e fazem de fantoche.
01:36E vão lá num prédio que, teoricamente, é o prédio onde está instalado o metro quadrado mais caro de São Paulo,
01:42segundo a informação aqui do nosso Crefisa.
01:45Como é que é o nome daquele negócio do Cre...
01:47A galera que vê...
01:49Cresce, do Cresce Imobiliário.
01:52Já fez propaganda da Lera aí.
01:53É, foi sem querer.
01:54Me perdoa por isso.
01:55Espero que não seja punido.
01:57Do Cresce, aqui do Leandro Ferreira, que conhece São Paulo e sabe onde fica o metro mais caro do mundo, inclusive.
02:03Olha só, essas pessoas estão se manifestando, mas elas nem sabem quais são as causas de verdade.
02:08Não pode ser um fantoche.
02:09Quer falar coisa séria?
02:10Vamos lá.
02:11É o IOF, que foi derrubado por um veto de 383 votos a favor e 93 contra.
02:18Será que essas pessoas que estão lá, que vetaram esse decreto presidencial, elas não sabem o que estão fazendo?
02:24E isso não passa de uma estratégia, de uma estratégia por parte do governo.
02:29Porque agora acionou o judiciário, fez o que manda a cartilha, porque é lícito, é constitucional e agora aciona o povo.
02:37Agora nós acionamos o judiciário e vamos acionar o povo.
02:40Qual é o próximo passo do governo tentando colocar o IOF à goela abaixo?
02:45O que será, Capês?
02:47Muito bem, eu só espero que esse critério aí de invadir o que é o metro quadrado mais caro do Brasil pare só nessa invasão.
02:53Porque o pessoal do Itaim, Bibi, Pinheiro, Jardins, Moema, Vila Mariana, Brooklyn, Vila Olímpia, Paraíso, Perdiz e Bela Vista estão aqui ligando desesperado.
03:00Olha, o meu metro quadrado não é o mais caro no invada que não.
03:03Mas vamos dar uma girar um pouquinho?
03:05Tem uma questão da invasão e tem a questão aí da tributação.
03:10Vamos discutir um pouco essa questão da tributação?
03:13Meu querido Leandro Ferreira, o Brasil tem uma carga tributária que precisa ser aliviada ou é necessário aumentar a carga tributária?
03:24Você falava há pouco quem é contra cortar dinheiro da educação, cortar dinheiro da saúde.
03:29Mas em 2027 vai faltar dinheiro para a educação e para a saúde, porque nós estamos começando a ter um déficit fiscal cada vez maior.
03:40Então, o que deve ser feito, então, para que não falte dinheiro para a saúde e para a educação?
03:45E como o governo deve se portar daqui para frente, cortando despesas?
03:51Que tipo de despesas ele deve cortar?
03:54Porque ou você sobe muito a arrecadação ou você corta a despesa.
03:57Não tem.
03:57Qual é a solução para que 2027 não comece com impacto econômico, como os economistas estão dizendo?
04:04Olha, Capês, vou começar pela sua primeira pergunta que é sobre se a carga tributária precisa ser aumentada, diminuída, aliviada e, na verdade, ela precisa ser redistribuída para começo de conversa.
04:16Então, o que nós precisamos é que quem tem mais recursos passe a pagar mais dessa carga tributária que já existe, que é um princípio de todo bom sistema tributário no mundo, em qualquer lugar.
04:33As pessoas têm que prezar pela proporcionalidade, pela progressividade da carga tributária.
04:40Qualquer sistema, isso inclusive os Estados Unidos, inclusive os países mais liberais, Japão, Inglaterra, todos esses olham para a questão da progressividade e regressividade.
04:51A carga tributária brasileira é regressiva e, recentemente, a direita aderiu ao discurso da regressividade na questão do consumo, que é verdadeira.
05:02E, finalmente, houve um acordo ali pilotado entre o Fernando Haddad e o Arthur Lira à época para fazer a reforma tributária do consumo, que vai se transformar num único imposto que substitui alguns, inclusive o ICMS, que de fato é muito regressivo.
05:19Mas a carga tributária também é regressiva em relação aos seus demais componentes.
05:25Porque esse imposto de renda, que uma parte da população bastante grande paga retido na folha de pagamento, aquele famoso retido na fonte, faz com que esse cidadão pague uma maior parte da sua renda.
05:39Se você ganha R$ 5 mil, paga 20% disso em imposto, o cidadão que ganha R$ 1 milhão paga 4%.
05:48Ou seja, ele paga muito menos proporcionalmente porque o dele não tem o retido na fonte.
05:54O dele vem de um monte de investimentos financeiros que são remunerados pelos bancos que não pagam imposto de renda na hora de cair da conta do cidadão.
06:03Então, passar para uma carga mais progressiva, independentemente de ela aumentar ou diminuir, é muito importante.
06:10O segundo ponto, Capês, para não me estender muito e poder ouvir aqui, inclusive as críticas dos meus colegas, é que a gente precisa de uma carga tributária
06:20que não tenha tantos gastos que, tecnicamente, levam o nome de gasto tributário.
06:27Ou seja, aquele gasto que o governo faz para fazer com que alguém não pague imposto, que é a famosa isenção, benefício creditício e assim por diante.
06:36Hoje o Brasil gasta R$ 800 bilhões, dando esse tipo de incentivo majoritariamente para os mais ricos, enquanto que gasta R$ 160 bilhões
06:47para pagar, por exemplo, o Bolsa Família, que é a política de enfrentamento à pobreza mais bem-sucedida do mundo na história das políticas públicas.
06:55Então, a gente precisa reduzir gastos tributários e aumentar gastos em políticas sociais, compensando uma coisa e outra,
07:04corrigindo essas distorções e dando maior progressividade à carga tributária.
07:08Não precisa aumentar a carga, precisa redistribuir e fazer com que quem tem mais, pague mais.